sábado, 20 de abril de 2024

NARRATIVA IMAGINÁRIA DE ENCONTRO PRÉ-ELEITORAL REALIZADO ENTRE AMIGOS

 

Os personagens são muito falados em Itabira. O diálogo ocorreu na semana passada em conhecida  padaria



Foi assim....Alguém pegou o telefone lá no paço principal de Itabira, um aparelho celular, é claro. E toca um número certinho, super anotado da Padaria São João. Não é para encomendar sem nenhum favor o melhor pão da cidade, nem "bombocado", quindim, olho de sogra, rocambole e outras guloseimas, mas, sim, marcar uma audiência. Ou seja, ao invés de chamar lá, marca para o chefe vir para cá.

 

O marcador de encontro chama-se  ML, que chega à padaria. O anfitrião, JI, surpreso pela visita e pelos olhos rútilos que aparecem, o poder faz coisas, recebe com um sorriso meio lá e meio cá. E vamos transcrever o diálogo suposto e imaginário que se trava entre eles, os personagens. Não vamos informar o horário para não complicar o relógio de ponto, que pode apontar “ganga” no serviço, como dizem os peões da Vale.

 

JI Seja bem-vindo!

ML — Obrigado pelo aceite de nosso bate-papo amistoso e sem dificuldades. E vou adiantar: espero abordarmos política, eleições municipais e coisas que ainda não conversamos na vida. Espero que saiba,  agora, nas vésperas eleitorais eu possa pedir-lhe não só votos, quem sabe apoio, quem sabe você seja meu vice. Há quase quatro anos tivemos o seu total apoio, nada lhe ofereci, mas agora podemos, quem sabe fazer um negócio extra: eu seria seu pré-candidato a vice-prefeito, você decide ser o chefão.

 

JIÉ uma proposta?

ML — Não propriamente uma grande proposta, mas na esperança de ser considerado um democrata por excelência, podemos inverter os lados, que tal?

 

JIÉ...

ML — Vamos fazer o seguinte. Primeiro, eu quero agradecer pelo seu grande apoio em 2020, estava me esquecendo e o apoio dos milhares de votos que me arrumou.

 

JIAceita um cafezinho?

 

(Um minuto. JI pede água e café).

 

ML — Aceito, obrigado. Vamos falar da Unifei. Vou mudar a minha opinião e vamos assinar todos os papeis, mas somente os papeis, neste semestre, só para agradar a você, homem de respeito, homem muito admirado pelo povo itabirano,

 

JIO cafezinho está bom? Quer mais um?

ML — Obrigado, aceito mais água. E por falar em água você ouviu dizer que a Vale vai doar 14 milhões para abrir caminho para a captação de Rio Tanque. O que acha disso?

 

(Mais um  minuto. JI pergunta à uma balconista se tem água na torneira). Aguarda a resposta).

 

ML — Acho que vou oferecer água mineral na prefeitura para quem não tem em casa ou quem tiver água suja...

JIHum... hum... hum...

 

ML — O que acha disso?

JIHum... Hum... Hum...

 

(Mais dois minutos e a moça do balcão informa que a água servida é mineral).

 

ML — Essa ideia é minha. Sei que você é muito inteligente e saiu na frente. Quero que você participe da colaboração do  meu programa de sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida em Itabira. Garanto e você sabe que não sou político do ataque e do ódio. “Esquizofrenia” é um substantivo feminino que cada um interpreta como quer e para mim é elogio. Só a Câmara Municipal entra nesse chicote.

JITudo certo.

 

ML — Só quero agradecer a vossa sabedoria pelos conselhos a mim passados e dizer que conto com o seu apoio, prometo realizar tudo o que estou prometendo agora, como cartão de crédito, fiz tudo o que prometi no ano de 2020.

JITudo certo.

 

ML — Esqueci-me de dizer que já iniciei a rotina intensa de inaugurações de praças, todas remodeladas, outras para consertar, vou gastar um ninho de dinheiro na Acrísio de Alvarenga e terei intensas festas até as eleições. Você deve saber que reformei escolas, PSF’s  e tapei a maioria dos buracos da cidade, inclusive aqui na porta de sua padaria.

 

JIObrigado pela visita.. 

JS (Zé do Burro e Vice-Versa)

20/04/2024

segunda-feira, 15 de abril de 2024

COMO PERDER AS ELEIÇÕES E COMEÇAR VIDA NOVA

Zé do Burro ensina a receita completa que pode ajudar o candidato a não jogar tempo fora e o eleitor a  saber quem vai ganhar. A partir daí a vida começa pra valer


Meu nome não é Dale Carnegie e nem poderia ser. Esse gigante escritor norte-americano faleceu em 1955. Só que com ele muitos brasileiros, principalmente, aprenderam a técnica de perder eleições, com uma vantagem: não entregarem a rapadura, ou seja, levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Para que não digam que estou tentando imitar algum escritor ou marqueteiro, vão aí as principais regras para uma estupenda derrocada nas eleições municipais de 2024.

 

REGRA NÚMERO UM (LIMPAR OS COFRES)

 

Se o seu município arrecada muito dinheiro você vai nadar de braçada, de costas e fazendo piruetas. Agrada a gregos e troianos bancando o orador de primeira grandeza. Volte mesmo o populismo porque, com certeza, o povo de sua cidade merece ser esmagado por um elefante numa só pisada.

 

Gaste o dinheiro assim: aplicando em reforminhas, fazendo obrinhas e pintando “meios-fiosinhos”. Gaste o dinheiro todo, limpe o cofre da prefeitura. Afinal, não se arrependa, mais tarde, de não ter sido o Tio Patinhas de sua cidade.

 

REGRA NÚMERO DOIS (REFORMINHAS, A SOLUÇÃO)

 

A ideia das pracinhas vem do ninho de rato das esquerdas radicais. No meio da pracinha pode até ser criado um, com a ajuda do Saae e dos tatus, buraco tridimensional para guardar recursos a serem dispendidos na hora certa.

 

O FUTURO ESTÁ POR FORA (SAIA FORA DELE)

 

O passado pode nos ensinar alguma coisa e, principalmente, como perder eleições para sempre. O presente não existe porque todo horário tem um passo à frente mostrado pelo “segundeiro” do relógio que não para de girar. E o futuro, esse tempo verbal é o maior chute no saco pois ele só a Deus pertence. Nós só podemos bancar o falso profeta. Diante de toda incerteza, siga na contramão do porvir, já que se ocorrer uma catástrofe, você pode estar noutro país, preferencialmente na Itália ou nos Estados Unidos.

 

NÃO LIGUE PARA CRÍTICAS (NINGUÉM CHUTA CACHORRO MORTO)

 

Um detalhe interessante ocorre com os vira-latas e as pessoas que têm esse tal complexo inventado pela psicanálise de porta de clínica. Vem um carro e bumba no cão e ele retorce e morre. O cachorro pode ter sido o vilão de qualquer rua, mas ninguém corre lá para chutá-lo. A intensidade das críticas que toca o candidato é a mesma da derrota que vem aí, em breve.

 

NÃO FAÇA OBRA GRANDIOSA (OBRINHA NOS BAIRROS DÁ MAIS VOTOS)

 

Se você constrói cinco, seis, sete pracinhas agrada a gente de todo lado. Mas se traz uma indústria do tipo de aliada do primeiro mundo, o eleitor, que pensa como o candidato, não percebe. Ele prefere que o candidato tape os buraquinhos somente de sua rua, sua porta.

 

FALTA  ÁGUA EM SUA CIDADE? (VEJA QUE SOLUÇÃO MÁGICA...)

 

Ora, ora, para que perder tempo com preocupação? Faça mais e mais palestras, muitas e muitas lives, pois, afinal, você ainda não mereceu o doce apelido de sofista? Deve ser uma grande encarnação que antecedeu você pertencia à democrática e exemplar Grécia antiga. A dona Maria abre a torneira e vê que não cai um pingo. Então, age assim: vai escutar o seu sofista preferido e acredite que o serviço de água de sua cidade está muito preocupado. Isso compensa.

 

VEM BARRO QUANDO ABRE A TORNEIRA (PODE SER CHOCOLATE LÍQUIDO)

 

Pois é isso mesmo. Um presente de pós-carnaval. A inteligência de sua cidade que está fazendo a administração desistir das festanças. E comer barro é um grande sacrifício para você, candidato ou eleitor, de ir para o céu. Lá não tem barro.

 

SUA CIDADE É RICA E VAI FICAR POBRE? (NÃO ESQUENTE POR ISSO)

 

A ideia magistral da administração de seu município é fazer o custo de vida cair vertiginosamente. Veja o raciocínio inteligente do pessoal: o povo cai todo no desemprego e passa a não mais comprar. Aí o super ou hipermercado abaixa o preço. Viu como é fácil.

 

PARA ENCERRAR, O LIXO (PODE SOSSEGAR QUE ESTÁ TUDO RESOLVIDO)

Há 24 anos o dinheiro para construção de uma Central de Resíduos está à disposição da prefeitura de sua cidade. Se ninguém pegou ainda é por medo de ser um dinheiro amaldiçoado. Seja supersticioso e acredite nisso. Afinal, o povo que votou no prefeito atual nem sabe o que é coleta seletiva e faz mais de três anos o lixo está todo misturado e voltamos a ser lixão do capeta.

Fique tranquilo. Depois vamos lhe ensinar como viver feliz depois de uma clamorosa derrota reservada para esse candidato cumpridor de afazeres leais.


ZÉ DO BURRO

 15//04/2024

Fotos: redes sociais

quinta-feira, 11 de abril de 2024

ITABIRA 2040: A CIDADE FANTASMA EXISTE (Capítulo 4)

 


O presidente do Metabase e conselheiro da Vale, André Viana, que não é profeta mas não ficou emburrado, sabe o que vai acontecer

 

Estamos no ano incerto de 2040. Não temos mais a dita milagrosa mineração. Chegou a Itabira um marqueteiro desconhecido e determinado. Ninguém viu a sua cara, ninguém sequer dele ouviu falar, mas ele amarrou sua égua na porta do palácio dilapidado. Portanto, não se sabe como apresentá-lo a quem quer que seja. Mas, para melhor entendimento, vamos dar-lhe um nome qualquer, um Zé Ninguém Irresponsável da Silva.

 

Ele tem audiência marcada com o senhor prefeito de Itabira, que também é um desconhecido. Faz mais de 16 anos esse Zé Ninguém frequenta o terceiro andar do Paço Municipal Juscelino Kubitschek de Oliveira. Só vem para buscar o seu vil metal: ele fez um acordo com o prefeito da época de continuar recebendo algum pagamento pelo seu trabalho a partir de 2021, quando montou um programa porreta para o “sem noção” dono da cadeira de chefia do executivo.

 

O PROJETO MAIS PICUINHA DO MUNDO

 

Zé Ninguém nem entra em fila. Chega chutando portas e cadeiras. Recepcionistas estão treinadas a buscá-lo no meio da sala de espera. Ele já chega recebendo o seu quinhão, mas ultimamente tem pelejado muito porque todos os menos ignorantes sabiam que faltaria dinheiro nos cofres municipais itabiranos.

 

Zé Ninguém fez um projeto arrojado para a Prefeitura da Terra de Drummond. É o seguinte, resumidamente: “A partir de agora (2021) você esquece tudo o que falou na campanha eleitoral de 2020. E também não liga para sugestão alguma. A administração se baseará em construir picuinhas. O que são picuinhas?  Tapar buracos, capinar matos, pintar meios-fios, preparar pracinhas, o máximo que puder. E ser populista”.

 

As ideias precisam se encaixar num programa de governo que nada tem a ver com a cidade. Reza o contrato com a Prefeitura o seguinte: “1. Esqueça o metrô prometido. 2. Programa de educação como Unifei, nem pensar. 3. Parque Tecnológico, Aeroporto Industrial e Porto Seco, fora de discussão. 4. Abastecimento de água na cidade sai do contexto até Itabira não precisar mais de água porque a maioria do povo vai picar a mula. 5. Central de Resíduos, mesmo sendo com o dinheiro da Vale, como a água, trocar por migalhas”.

 

“APRENDA A FAZER POPULISMO SÉRIO”

 

Lembra-se de Getúlio Vargas? Pois será exatamente o caudilho quem inspirará o lado externo do governo para sempre. Enganar o povo como Getúlio enganou e até continuar rolando no chão com as criancinhas que adoram cara feia e embuchada. Aí estaria um verdadeiro sacrifício para o “sem noção maior”.

 

Agora Zé Ninguém, que frequenta o paço desde 2021, não está mais recebendo a sua parte. O pagamento era perpétuo, até a décima oitava geração dos viventes do século 21.

 

Mas, se dane o Zé que rodeia o terceiro andar, onde nem papel existe mais. Os servidores municipais, desolados, foram construir a vida fora do espaço itabirano. O atual MAL desapareceu. Mas ele está, também, recebendo uma parte na distribuição da falta de receita. Só quero dizer que a falta de coragem do povo e a grande ilusão de ver a cidade em polvorosa, percebendo o dinheiro correr, tiveram o poder de arregalar os olhos do povaréu, mas muito tarde.

 

Uma pena. A doce ignorância de um povo sem noção fez e faz a pequenez de uma gente que nunca mais se levanta. As repetidas entrevistas dadas desde muito tempo por cidadãos e autoridades, como pelo presidente do Metabase, André Viana Madeira, de que Itabira se tornará uma cidade fantasma, soaram como linguagem de macaco no ouvido de macacos.

 

E ninguém teve medo de Itabira. Nem de fantasma.

 

(Continua na próxima semana)

 

José Sana

Em 11/04/2024

sábado, 6 de abril de 2024

A REPÚBLICA DOS SEM NOÇÃO INSTALADA EM ITABIRA

Felizmente, estou percebendo que a terra de Drummond  ainda pode ser salva, apesar dos “demônios a assolarem”

  
                Pessoal chegando de fora para trabalhar na Prefeitura de Itabira

 

“Treim bão é não ser candidato, né, Zé? — bradou uma voz na fila da lotérica lá do Bairro Areão, em Itabira. E nem pedi explicações. Sua constatação vai de encontro ao que ando rabiscando faz tempo — e se não rabiscar, juro que morro porque, de verdade, amo Itabira como ninguém. Sou quase exclusividade.

 

Ultimamente tenho reparado a quantidade de neologismos que vêm surgindo na Língua de Camões. E são frases às vezes longas que o povo inventa. Há pouco tempo era a expressão “como assim”, depois o tal de “vou lá tipo duas horas”. A mais falada era “tipo assim”, mas agora surgiu o “sem noção” Até resolveram criar a República soa Sem Noção.

 

Sem noção é uma expressão popular utilizada para descrever alguém que age de forma inadequada, sem considerar as consequências de suas ações ou sem ter consciência do impacto que causa nos outros. Essa pessoa geralmente não possui bom senso, não entende os limites sociais e age de maneira inconveniente ou inapropriada. É o sujeito também irresponsável. Itabira está apinhada desses malévolos.

 

Semana passada escrevi sobre um candidato a prefeito de Itabira e até de seu vice, ambos embrenhados no mistério do anonimato. Ninguém até então batia os olhos ou comentava minhas burrices em letras. Mas saiu o texto “Aparece o 9.º pré-candidato a prefeito de Itabira” e milhares, desculpem o exagero, de dezenas me contataram. Como diz o ditado popular, “a curiosidade já matou o gato”.

 

Agora tomo a liberdade de chamar o itabirano peculiar de “Sem Noção” . Essa falta de consciência pode ser detectada a partir de 1910, no Primeiro Congresso de Mineração, promovido em 1910, em Estocolmo, na Suécia.

 

Enquanto os sem noção itabiranos batiam o pé em chorar sobre o leite derramado, considerando que o ouro já tinha se exaurido, o empresário norte-americano Percival Farquhar anotava a conclusão do encontro de líderes internacionais: “Itabira é dona da maior reserva de hematita pura do mundo, representada pelo Pico do Cauê”.

 

E mesmo com a longa distância do país nórdico para o Brasil, quando os ouvintes do Congresso de 1910 aqui chegaram — só não viajaram a pé — os brasileiros já tinham trocado o Cauê por tostões.

 

Satisfeitos com a mineração consumada na criação da velha Companhia Vale do Rio Doce, esperto como um coelho, o genro de Getúlio Vargas e interventor do Rio de Janeiro, Amaral Peixoto, manobrou até conseguir instalar a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda, deixando a Itabira Ore Iron Company a chupar dedo. Foi fundada a República da Itabira Sem Noção (RSN).

 

Drummond tentou alertar os sem noção cem anos depois da governança entristecida de Antônio Alves de Araújo, o famoso Tutu Caramujo, mas o poema “Itabira”, que fez parte da obra “Alguma Poesia” (1930), revelou que não mais seria possível o mudar o rumo.

 

Recentemente, as Três Marias presentearam a Itabira  com uma série de obras científicas e acadêmicas. Não me canso de lembrar Maria das Graças Souza e Silva (“A Terceira Itabira”/2004), Maria do Rosário Guimarães de Souza (“Da Paciência à Resistência”/2007) e Maria Cecília de Souza Minayo (“Os homens de Ferro”/1986). Em breve, baseado em Baginha, Zara e Minayo, deve surgir um “Um levantamento do Povo Sem Noção”.

 

E há outros que tentam abrir os olhos dos sem noção, mas cada vez mais difícil vai ficando porque em 2021, como se fosse uma expedição italiana fugindo do bem e inaugurando o MAL. Um caminhão de “imigrantes” sem serviço foi entornado na Prefeitura e aí se consolidou a República dos Sem Noção.


Para não dizer que me esqueci das flores, os verdadeiros itabiranos construíram uma frente de guerra que, aos poucos, vai conseguindo estabelecer um front eficaz para lutar contra a ignorância dos sem noção, os pés-rapados

 

E vejam esta: os sem noção, que menosprezam compromissos com as futuras gerações, já propagam a ideia “Itabira  que se dane!” Nesses dias mesmo tentaram despejar mais sem noção na Prefeitura, criando três secretarias desnecessárias e eleitoreiras. Deu zebra para eles, felizmente.

 

Parabéns ao vereador e presidente da Câmara  Heraldo Noronha Rodrigues, o líder da defesa itabirana, que evitou a derrocada, e está criando com outros responsáveis, outra frente de combate, a República dos Com Noção.


José Sana

Em 06/04/2024

domingo, 24 de março de 2024

“E NÓIS, QUE AINDA NEM MORREMOS?”

 


Não precisamos mais explicar coisa alguma, já que estamos bancando mortos-vivos 

Meu telefone toca o dia todo e, infelizmente, é perda de tempo atender. Quase todas as ligações são de telemarketing, aquelas vozinhas de sono oferecendo planos de venda de veículos, ou casas, ou bananas. Não vale a pena...

 

Não atendo. Mas desta vez tratava-se de uma ligação insistente, com mensagem de “urgente”. Foi bom ter atendido porque acabei tendo motivos para escrever estas malditas (ou serão benditas?) linhas.

 

— Alô — diz a voz grossa do outro lado, de um rapaz que parecia ser fino.

— Pronto — dou a resposta  assim meio desconfiado.

— Eu só queria lhe dar uma pauta de suas crônicas que estão chocas, sem gosto, parecem chuchu com abóbora de porco.

 

Aí, lhe perguntei:

— Os textos da DeFato Online, da Notícia Seca ou do Zé do Burro?

"Levei tinta" ao mencionar Zé do Burro porque  recebi uma resposta amaldiçoada:

 

— Não leio Zé do Burro porque, além de ser de um astuto, o desânimo é declarado.

— Tudo bem, me faça o seguinte: me dê seu nome e endereço completos para continuarmos a falar. Desconfio que estou falando com o Pedro Rapadura. Briguei com ele e ele continua me ligando.

— Olha, estou lhe falando para o seu bem, para te passar um bom assunto. Se não quer, vou desligar.

— Conte a sua novidade.

E ele rasgou o verbo:

— Escreva um título qualquer e não se esqueça de mencionar que o tema é para tirar as dúvidas de todos os tempos. É o seguinte: o itabirano é burro? Só isso e ponto final.

— Ponto final, que nada! Diga-me o motivo...

— O senhor se baseia em quê e por quê o itabirano é asno? — estas duas perguntas são minhas.

— Olha uma evidência estarrecedora: a cidade está crescendo, engenheiros civis não dão conta do trabalho. Qualquer um que quer ser pedreiro, carpinteiro, encanador, ajudante, escriturário, motorista, operador de máquinas, cozinheira, faxineira, basta só procurar o endereço mencionado pelo recrutador, ou ir ao Sine, na  Avenida das Rosas nº410, Bairro São Pedro. Só isso queria resumir: mais da metade de casas, barracões, apartamentos e até mansões vão sobrar em Itabira. A Vale já está se despedindo. O itabirano não sabe a hora que está com fome. E não vou exagerar: não sabe se está vivo ou se está morto!

 

Não disse mais nada, apenas que estava saindo para ver um acidente que acabava de ocorrer nas proximidades da casa dele. “Ligo depois!” — suas últimas palavras.

 

O informante chegou ao local — MG 434 — e presenciou as conversas que se travavam lá. Um veículo de pequeno porte tinha capotado quatro vezes. A Polícia Rodoviária Estadual emitia o seu boletim. Conversou com o motorista do acidente. Nem ele, nem o passageiro tiveram qualquer coisa de grave, ou melhor, nada tiveram. Só babas escorrendo na boca do passageiro “chapado.” Ele tinha bebido tanto que desmaiou.

 

Ficou sabendo mais detalhes da capotagem. Contou-lhe o motorista, muito sério e tranquilo.

 

Foi assim o que explicou o motorista: “Perdi o controle do carro, não sei o que houve. Estivemos numa festa e eu não bebi sequer café, só um copo de guaraná. Saímos de lá, a uns quatro quilômetros e eu estava com sono. Então, cochilei e isso aí aconteceu”.

 

O motorista continuou a narrativa: “Vendo aquele quadro, o veículo todo amassado, meu companheiro roncando dentro do veículo, tive medo de qualquer coisa, um incêndio, por exemplo. E gritei com ele, o babão, puxei-lhe a perna:

  — Levanta, pô! Capotei o carro três ou quatro vezes e precisamos sair daqui, o tanque de gasolina está vazando”.

 

Ao tentar levantar-se, o bêbado, de olho esbugalhado, soltou a frase do dia, ou da noite:

— E nóis, nóis morremos?

Só para concluir, o informante retornou rápido, pegou o telefone, discou meu número  e  completou a sua opinião sobre  o que acabava de ocorrer:

 

“Eu não te falei que o itabirano nem sabe se está vivo ou se está morto?”

 

José Sana

Em 24/03/2024

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Itabira subiu no telhado

Os itabiranos terão que aprender a viver com pouco dinheiro. Sempre usaram o vil metal sem regras. No momento o esbanjamento tornou-se desrespeito ao que vem por aí


 Itabira está dividida em quatro partes, pelo menos neste próximo fim de semana que começa amanhã. Uma parte só pensa na Itaurb. A outra vive o clamor da falta de água e do barro que uma fração itabirana está consumindo ou comendo mesmo. A terceira parte, a mais significativa doente como sempre pela folia, só come, bebe e dorme o carnaval. A última está vidrada no seguinte: a receita itabirana municipal começou a cair e muita gente já sabe que a despencada não vai parar de descer a  pirambeira até chegar e estacionar-se no tema que a Vale anunciou ao ser criada, em 1942, o Bolsão de Pobreza.

 

FALANDO GREGO

Informações que vêm de fontes diversas, na verdade estão contidas num linguajar bem complicado, uma espécie de grego dos sofistas, que aborda preço do minério em determinado tempo, cálculo de valores da Cfem, detalhes confusos que ninguém entende, ainda mais em termos técnicos.

 

Na verdade o que interessa mesmo é o seguinte: — a Cfem está mesmo caindo morro abaixo como o minério nos britadores de antigamente? — A Prefeitura de Itabira corre o risco de não saldar seus compromissos em 2025? — Afinal, o que vem por aí com absoluta segurança?

 

QUEM ENTENDE DO ASSUNTO?

 

Item por item vamos transmitir as respostas que, evidentemente, o cidadão de Itabira, principalmente, quer saber. Eis as explicações do mesmo Senhor X que, segundo apurei, é quem mais entende de finanças públicas em Minas Gerais, talvez no Brasil:

 

1. Não deve faltar dinheiro, Itabira recebeu muitos recursos em 2021/2023 e tem muita sobra de caixa. Este ano deve utilizar essa sobra, provavelmente zerar o caixa, com despesas de custeio

 

2.“O minério chegou a 220 dólares a tonelada em 2021. Essa cotação influencia o ICMS nos anos de 2023 e 2024. Ou seja, este é o último ano da influência do minério a 220 dólares. Como o ICMS é sempre calculado pela media de dois  anos, em 2024 Itabira recebe a influência de minério de 2021 e 2022.

 

3. Em 2025  o cálculo será com base na média de 2022 e 2023. Este ano, comparado ao ano passado, Itabira receberá o ICMS 36% menor do que 2023. Em 2025 (comparado a 2023) o ICMS devera ser 50% menor.

 

4. Por outro lado, o custeio será muito maior de 2025 comparado a 2023, em virtude do novo plano de cargos e salários e subsídio ao transporte, entre outros.

 

5. Para os compromissos atuais não vejo problema. Mas, a partir de 2025, Itabira terá muita dificuldade para manter o custeio no ritmo atual: o próximo prefeito terá a tarefa de cortar despesas... ou endividar a cidade.

 

6. Itabira terá que aprender a conviver com menos dinheiro. Por enquanto, está vivendo a ilusão do reflexo do minério a 220 dólares a tonelada.

 

FIM DA CERTEZA E INÍCIO DA ESPERANÇA

 

Conclusão: a critério do cidadão inteligente. Como diziam os antigos ao se referir a grana com os filhos que gastavam demais: “Não temos um pé de dinheiro no quintal”. Assim, a mineração parece enquanto dura, um pé de riqueza que só para de jorrar quando chega ao fundo do fim. Pronto. Acabou.

 

Não acredito que Itabira vai adiar o carnaval por causa desse anúncio de despencar da receita. Não sei também se o Poder Público local está preocupado de como serão pagos os exorbitantes valores do novo quadro de cargos e salários. Até mesmo os enxertos requeridos pela demagogia das passagens urbanas e rurais.

 

Só me coloco como apenas um cidadão que quer bem a todos. Eu daria a minha vida para alguém me acalmar. Confesso que estou mesmo precisando de “cloridrato de paroxetina”, pelo menos 20 mg. Vou pedir a receita a um de meus médicos, Dr. Colombo Portocarrero de Alvarenga, de 102 anos e sete meses de idade, completamente credenciado a entender de séculos e séculos na sua bela vida de premiada memória. Quem sabe ela me prova que quem não ouve a voz que atravessa o deserto da clareza não recomenta acreditar no óbvio.

 

José Sana

Em 18/01/2004

 


quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Humor caprino: CABRITO RESOLVE TODOS OS PROBLEMAS DA CIDADE

 Prefeito de Cabritolândia, Caboclo MAL, foi a Brasílbode para buscar parecer de eleitores dos poderes sem poder.  Cabrito Doido ganha um feche de capim para resgatar parecer favorável


O chefe da aldeia de Cabritolândia, assim chamada desde 1º. de janeiro de 2021, muito conhecido pelas suas iniciais, registrado sua nascença em cartório do distrito de Pablo Escobar, em 12/01/1964, deu uma pernada em seus eleitores caprinos.

 

ATAS E OUTRAS BAGUNÇAS

 Antes de chegar ao tema é bom explicar que esse MAL tem o preconceito de câmara municipal, ou seja, detesta mandar projetos para serem julgados pelos conselheiros municipais. A sua assessoria erra sempre na redação, não tem afinidades com as exigências legais e gramaticais.


Outro preconceito é de julgamento de valores. Não se sabe a razão, é algo misterioso, ele manda todas as licitações para atas, normalmente citadas em municípios pequenos e mas distantes. É uma norma denominada “passa a perna”, ninguém viu e ninguém verá. Só municípios como São José do Cata Prego, Cafundós do Judas e outros similares entram na solução de não ser chamado de bonito ou feio.

 

NOVOS ELEITORES DE MAL


O prefeito de Cabritolância não se satisfez com as migalhas que caem por segundo nas contas bancárias caprinolenses (até o ano que vem serão as merrecas de R$ 4 bilhões), resolveu economizar a verba que era destinada por contrato, legalmente, à Universidade Federal de Maracujá (UFM).

 

Disse o executivo em nota publicada em jornal cabritolense, ter ido a Brasilbode, hospedando-se em hotel 10 estrelas, comido nos melhores restaurantes, frequentado o covil dos deputados e conversado por dez minutos com um senador e o presidente reserva da República. Só queria saber deles se podia negar verba à UFM, recebeu apoio unânime, com direito a dois votos minguados e caros.

 

Ficou assim sentenciado com a medida: por jurisprudência caprina daqui para a frente estão dispensadas as eleições municipais, não são os eleitores cadastrados no TRE os verdadeiros eleitores, não precisa mais de fazer promessas absurdas, como metrô, deixar a cidade sem água, concordar com a LOC, que estabelece trazer água para Itabira no ano 3000.


“Eu vim para ser candidato com o fim de ensinar vocês a sintetizar tudo”, teria dito o ultra cabrito mais popular da região. Completou: "...cambada de jacus, vocês nunca darão palpites em meu governo. Para isso eu tenho dinheiro à vontade para viajar, tenho carros à vontade para o aeroporto, hotéis à escolha e, no tardar da noite há sempre uma bodega pra visitar na Capital da República!"


E o melhor: "Para me reeleger em Cabritolância não preciso de quem quer que seja, quem vota são dois gatos pingados, aos quais devo favores de uma fotozinha caprichada."

 CABRITO DOIDO

Imagens: N.S.

 

P.S: Fatos de Cabritolândia são reais dentro das condições estabelecidas pelas leis caprinas. Qualquer semelhança com o que chamam de área humana não pode ser considerada realidade, é a mais desastrosa coincidência.