segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

OS APARELHOS AUDITIVOS E EU

 



Quem me lê ou somente folheia minhas páginas, guarde, por favor esta frase: “Ver a Idade Média com os olhos da Idade Média”. O significado qualquer um entende

 

Já disse no meu último livro — O ECO DA SUPERAÇÃO — na página 13, a primeira frase que o estudante de História deve aprender. Acrescentei, simbolicamente, que vivi  cinco gerações (Pedra Lascada, Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e Contemporânea). Sou obrigado a repetir a frase de historiadores: “Ver a Idade Média com os olhos da Idade Média”.

 

Desde o lançamento daquela simples obra, a quarta de minha autoria, venho recebendo telefonemas, mensagens escritas, faladas e abordagens nas ruas, esquinas, praças, restaurantes, botecos (que até não frequento), salão de barbeiros, de beleza e velórios). Graças a Deus, sim, muitos interessam pela história e dessa forma o livro assim tem a possibilidade de ser lido. Muitos elogios, para os quais sempre agradeci com o termo “não mereço” e “não gostei de...”, para os quais sou grato também, é claro, pois me ensinam.

 

TEIMOSIA

Tira-teima em Portugal com a sobrinha de Lúcia

Sou um teimoso incorrigível. Não é mania de velho. Nasci assim e hoje  é muito tarde para mudar. Questionei padres, freiras e catequistas até sobre a existência de Deus. Por causa desse tema fui excomungado muitas vezes. Queria ver Deus. Quando do aparecimento de Nossa Senhora de Fátima em Portugal, lembro-me de que dizia: “Eu acredito até que me provem o contrário”. Aí apareceram os verdadeiros céticos, os ateus contritos achincalhando-me. Quando chegou a hora — fui a Fátima verificar “in loco  — aprendi lições de historiadores de novo: “Ver a Idade Média com os olhos da Idade Média”.


A verdadeira revolução na tecnologia dos aparelhos auditivos ocorreu na década de 1990, com a introdução dos aparelhos auditivos digitais, conta a história. Esses dispositivos utilizam processamento de sinal digital para amplificar e processar o som, permitindo uma qualidade de som superior e uma gama mais ampla de recursos avançados.

 

Teimei e teimo descaradamente, briguei, apanhei, bati ao defender que não sou surdo. Foi, instrução que aprendi no único livro de autoajuda que li na vida, “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie (1936 e anos a seguir). Assimilei-me que o domínio do inconsciente, poderoso, nos conduz ao bem realmente verdadeiro. Somos o poder e precisamos desenvolvê-lo.

 

Os aparelhos auditivos digitais, programáveis e que empreendem a filtração dos sons chegaram ao Brasil na década de 1990. Os analógicos, já estavam na praça. No dia 6 de outubro de 1975, parei de teimar que não era surdo, sem problema, e poucos dias depois já estava usando o aparelho analógico, era o único, o melhor, o insubstituível que existia. Dr. Ayrton Rosemburg e Dr. Godofredo Cândido de Almeida Júnior me convenceram que Glorinha estava errada, que sou surdo mas não sou burro. Agradeci e me mudei de comportamento.

 

“Trinta anos sem usar aparelho, negando que é surdo, não é burrice? ” — ouvi muitas vezes tais afirmações. A teimosia ocorre com 2,3 milhões de brasileiros e com mais de 9 milhões de seres humanos, segundo fontes fidedignas do IBGE e da ONU. Existem afirmativas também sobre óculos, que grande maioria não aceita. A certeza disso pode e deve absolver a minha extrema teimosia.

 

PRESSÃO PROFISSIONAL

Eu jamais usaria esse aparelho auditivo analógico 


Vivia brigando em defesa de não ser surdo porque guardava segredos no inconsciente, o poderoso que há dentro do ser humano. E para qual objetivo iria assumir a deficiência? Primeiramente, não havia uma legislação que protegesse o excepcional. Tentava não ser um deles. Em segundo lugar, havia, sim, motivos claros que obrigavam a então Companhia Vale do Rio Doce a demitir ou rejeitar  o chamado “incapaz”. Se fosse exonerado àquela altura deixaria dois filhos e uma companheira sem proteção financeira. Para se ter uma ideia mais clara, a então CVRD, empresa estatal, mencionava em todos os seus editais de recrutamento de pessoal a idade máxima para contratação, 50 anos. Confiram os velhos e veros amigos.

Em terceiro lugar, repetindo a assertiva do historiador, da época de meu nascimento (década de 1940) até quase hoje, o surdo era também achincalhado, maltratado, discriminado. Feliz, pensava eu,  quem não tinha o apelido de  "Teiú"  ou “Tiú”, aos gritos, nas ruas, até quando desfilava com namorada.

Finalmente, não existia o termo Bullying para proteger-me, sequer há hoje, a não ser que  todo  animal do gênero de répteis,  Tupinambis, da família Teiidae, são moucos.

Só para fechar, agradeço dois comentaristas de meu livro, que afirmaram não ter sido eu um vitimista. Grato também. E continuo à disposição do mundo para todo e qualquer debate.

 

José Sana

08/12/2025

Imagens:

 

PS  1. Se me perguntam (e muitos já o fizeram tal questionamento) por que não expliquei tal crônica no livro, tenho várias respostas: não queria estender o caso de um “apelido” e imaginei que pudesse ajudar-me a vender o livro, o que pode estar ocorrendo agora.

 

PS 2.Sobre a verdade dos fatos citados, podem consultar os links que desejarem, mais resumidamente o seguinte:

(https://clinicaaudiogroup.com.br/a-historia-dos-aparelhos-auditivos-como-eles-evoluiram-desde-os-primeiros-dispositivos-ate-os-modernos-aparelhos-atuais/)


quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

ITABIRA JÁ TEM FUTURO: PAPAI NOEL É A INSPIRAÇÃO

 

Prefeito Marcolage acompanhou de perto sua "obra-prima" (foto PMI)


A escolha ainda não foi oficializada, mas  é do prefeito Marcolage a ideia (foto de perfil, visitando sua “obra-prima") inspiração extraída das Altas e Baixas Idades Médias

 

Foi no dia 28 de novembro (sexta-feira) que, em discurso inflamado, a exemplo de todas as suas falas que o atual prefeito de Itabira, Marcolage, de posse de um microfone poderoso, ligado diretamente em sua mais suntuosa realização, pronunciou as seguintes palavras, agora gravadas para a eternidade: “Isso (os enfeites da praça) vale (m) mais que uma grande indústria para Itabira”. E, pelo que consta, somente o independente Diário de Itabira teve a coragem de publicar.

Ousadia, ou audácia porque Itabira teve 42 prefeitos, praticamente todos trabalharam anos a fio para encontrar a vocação econômica itabirana. somente a cabeça de gênio do executivo itabirano, de repente, finalmente, no apagar das luzes (a Vale está indo embora) Lage encontra no Artesanato, presente como meio de vida feudal nas Alta e Baixa Idade Média, a solução econômica para o município emancipado em 7 de outubro de 1833. A frase do politiqueiro de Ipoema  redundou em comentários internacionais que ainda vamos transcrever.

DESCULPAS AOS ARTESÃOS

Zé do Burro & Vice-Versa pedem desculpas em nome das redondezas periféricas e centrais e explicam que não há menosprezo à atividade praticada por nobres artistas. Conhecem muitos e sabem da capacidade de cada um.

Pelo contrário, apesar de ter sido o feudalismo superado pela Revolução Industrial, no século XIX, o regime artesanal continuou como notável e permanece vivo principalmente em Itabira. No Vale do Jequitinhonha, onde DeFato fez grandes reportagens, antes e depois do ano 2000, visitamos cidades incríveis, e nunca negamos divulgar as riquezas do Norte e Nordeste de Minas Gerais. 

Temos testemunhas valiosas, como Afra Regina Sana, que adquiriu mais de uma tonelada de objetos na região de Capelinha, Carbonita, Minas Novas e Veredinha. Chegamos a transportar várias peças artísticas para atender encomendas de amigos.

Haverá teatro na Praça Acrísio, mas a figura principal ainda não nasceu (foto DeFatoonline)


Zé do Burro & Vice-Versa

Em 04/12/2025

Imagens: redes sociais e Prefeitura de Itabira


P.S.: O garimpo da Vale rende hoje, somente para a Prefeitura de Itabira, cerca de R$ 1,2 bilhão anualmente. Com a mudança de atividade econômica anunciada pelo chefe maior da cidade, o município inteiro itabirano deverá fazer circular cerca de R$ 200,00 (uma merreca que pode ser simbolizada na fugidia  nota que ninguém vê). Há quem se atreve a propor internação em manicômio para o imperador atual de Aliança.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

NATAL. QUE NATAL?


Ninguém quis comentar: nem Burro do Zé, nem Bom ou Mau Cabrito, nem Pedro Rapadura, nem Pé de Pato, sobrou para este aqui como ghost writer

 

Foi a maior notícia, a mais alvissareira do século 21, diria que de todos os séculos. Ia eu passando, montado no Burro do Zé, na Praça Redondíssima, bem à noitinha quando ouvi pipocar de pipocas mesmo. Um vereador, muito tem entendido do assunto, foi líder de proibição de fogos — Bernardo Rosa — e assim o silêncio reinou nos ares itabiranos.

 Aconteceu. O prefeito MarcoLage, muito entusiasmado, refém do voto, fez várias revelações importantíssimas com destaque para três delas: que a primeira ou última dama (como explica  o ex-assessor MMP) é recomendada para ser vista com bons olhos pelo excelentíssimo dono do poder; que o Natal, depois de significar apenas ocasião de comer leitoa assada e perus do pescoço pelado (não se sabe ainda porque não matam cabritos e gambás), não é mais, definitivamente, nascimento de Jesus, nosso Rei dos Reis; finalmente, a maior bomba: que está  resolvida a questão do futuro de Itabira, sem discussão, sem bla-bla-blá e sem lero-lero.

 CAPRICHO COM  A DAMA  MASTER

Pronto. Tudo decidido. Prestar a atenção na dama máxima tem sentido. É a súplica do chefe do executivo, embora muito tardiamente.  Ela é uma grande e anormal candidata a deputada, feroz, artista, consegue transformar água em vinho e talvez por isso tenha desviado a atenção do nascimento de Jesus Cristo. E somado ao caso de fazer as pessoas prestarem a atenção no seu empenho, vale lembrar que tentou criar em Itabira uma magistral fábrica de fraldas. Se não deu certo, a culpa deve ter sido do Pé de Pato.

SIGNIFICADO DO NATAL

 A Praça Dr. Acrísio de Alvarenga significa que, realmente, o cristianismo é extinto na cabeça de sua excelência o chefão, todos conhecem seu notável ateísmo. Animado, dançando uma espécie de "chá-chá-chá", da Era Chacrinha, atualizado, ele, finalmente, fez um  elogio magistral a artistas itabiranos, o que não ocorria desde o século passado, quando o Vila Nova tinha sido campeão amador itabirano pela última vez. 

AGORA, O FUTURO

 Desde o período em que embarcava em Itabira e dela desembarcava o grande personagem da mineração de nome Percival Farquhar, depois Getúlio Vargas, as figuras que mais apareceram na história itabirana, viviam preocupados com o futuro da cidade. Já tivemos discussões com vários prefeitos — Virgílio Gazire, Olímpio Guerra, Jackson Tavares, José Maurício Silva, João Izael Querino Coelho, Ronaldo Magalhães — e vários nomes e, apareceu um tal de MAL.  Depois que MarcoLage enfiou o pé no bumbum da Unifei ele se redime e faz o seguinte: descobre que o artesanato é a solução para Itabira voltar a brilhar. Sou mesmo um Burro, conforme diz meu nome.

 A FRASE MÁGICA 

“Isso (apontando para o grande trabalho dos artesãos itabiranos) vale mais que uma grande indústria para Itabira”. É bom repetir, por ser notório e histórico: "Isso  vale mais que uma grande indústria para Itabira”. Muita gente bateu palmas de contentamento porque quem não acha o artesanato um trabalho manual caprichado e com destaque na inteligência humana está mais por fora que joelho de escoteiro.

 MarcoLage esclareceu, por meio do sentido de suas palavras, que se a Usiminas, ou a Arcelor Mittal, ou uma montadora de veículos, ou  a Unifei, com o  projeto de Renato Aquino, que fazia como há em Sophia Antipolis, na França, o maior Parque Tecnológico do Mundo, opinaria a favor do  Natal todo dia, todo mês, todo ano, com Papai Noel e sem Jesus Cristo, no lugar do Artesanato. Perguntem a um artesão, ou artesã, que ninguém abomina um empreendimento de grande porte, embora todos amem o trabalho artístico manual.

Agora a sentença: quem  estava juntando as trouxas para ir embora de Itabira, desista, há o milagre chamado MarcoLage nos assediando e dando força para nosso faturamento de R$ 5 bilhões, não por um mandato, mas para um ano no orçamento, ser real e não imaginário. Então, palmas repetidas para o grande nome da história itabirana, mentecapto que carrega as iniciais mágicas e proféticas: MAL.



José Sana (ghost writer de Zé do Burro).

Imagens: N.S.

02/12/2025