Se você for um esportista e
procurar na internet alguma referência ao futebol, vai constatar, com absoluta
certeza, algo como alertas para brigas entre as torcidas. É sempre assim em
toda parte, o mesmo no Rio de Janeiro em Fla x Flu, em São Paulo em Corinthians
x Palmeiras, e em outras capitais que têm times rivais disputando torneios.
Parece que não vai mudar.
Ou a imprensa não quer mexer nesse queijo, porque ele é dos
ratos, ou são mesmo uns tapados, tolos, surdos, mudos e cegos de olhos abertos.
Quem torce para quem quer que seja não briga, nunca perde a esportiva, a não
ser os malucos de pedra. Torcedores apenas brincam, discutem, defendem suas
equipes, menosprezam ou valorizam o adversário. Matar ou morrer é um filme de
terror.
Aparece um voador e faz a quase imbecil pergunta: por que,
então, esses confrontos de facções que costumam resultar em mortes,
principalmente em torcidas organizadas? Ontem mesmo, dia 28, escrevi sobre o
oportunismo dos políticos que aproveitam o período eleitoral e ficam apontando
para o adversário o dedo da acusação referente ao seu nada fazer. Tudo se
resume em enrolação porque quem abre a boca para mostrar a cara de supostos
culpados está em busca de votos. Escolhem, em cada momento, um chamado bode
expiatório que consideram necessário no momento de sua eloquência rompante. São
os “caçadores de recompensa” muito comuns no cinemascope que eram feitos no
Oeste Americano.
Um grande jogo, um clássico entre equipes rivais não passa de
oportunidade para os traficantes e consumidores de droga externarem seu ódio
contra o rival, que tem seu grupo de traficantes e de consumidores de
ingredientes ilegais. Apenas isto e não adianta separar atleticano de
cruzeirense, flamenguista de tricolor, corintiano de são paulino. Na semana da
disputa começa a besteira de textos bonitos em faixas que levantam hipóteses e fazem
apelos pela paz (que, na verdade, não desejam). Enquanto isso, os grupos das
drogas, “amigavelmente” combinam locais e momentos de enfrentamento, que
acontecem e assustam.
Com certeza, vão perguntar em que lugar, em que fonte busquei
estas informações e digo que dentro dos próprios sinalizadores e nos jornais
disponíveis. Só um cego não sabe disso. Então, neste momento, fico receoso de
que seja tudo combinado. É como o casal que briga todo dia e numa hora qualquer
um vai para um lado e outra vai para o seu canto. Ao se despedirem apenas
dizem:
— Fica, portanto, combinado: eu não lhe telefono e você não me
telefona.
Como na véspera do carnaval:
— “Até quarta-feira!”
Os traficantes e consumidores dizem para a torcida e os cartolas
tolos: “Um sábado ou domingo de muito sangue para você!” E ninguém interpreta
ou entende o recado.
Acordem, dorminhocos porque a droga já tomou conta do mundo. Até
os ditos bem-comportados estão fumando e cheirando. Mas os traficantes
continuarão sendo marginais.
José Sana
Em 29/03/2022