terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Brasil, o país das casas noturnas situado no Planeta Boate

A ignorância tomou conta do Planeta Terra das Américas às Arábias, passando pelo Japão e Antártica. Quantos milhões de anos já são passados e o ser, habitante deste pingo de nada diante dos trilhões de planetas idênticos no Universo — e continuamos andando como vacas atoladas em pântanos — nunca saímos do lugar. Há anos era assim: uma tragédia nacional é seguida de comoção, certo, tudo bem, mas a classe, principalmente dos políticos, acelera os passos para tomar as suas providências demagogas e demagógicas. Quantas boates foram fechadas ontem, segunda-feira, dia 28 de janeiro, 24 horas depois de consumada a tragédia em Santa Maria (RS)? Ninguém sabe, foram centenas. E quantos projetos de leis ou normas começaram a ser redigidos para combater o risco de incêndios e outros malefícios em boates? Idem, sem resposta precisa.

Recentemente, cientistas anunciaram que existem trilhões de planetas idênticos ao Planeta Terra entre os detectáveis pelos instrumentos sob seus controles. Depois do primeiro anúncio do incêndio no Rio Grande do Sul, imaginei que somos, então, uma boate apenas, como querem a mídia e a classe política, principalmente. A nossa presidenta Dilma Rousseff, bem comportada nas lágrimas, é claro — quem não chorou ao ver a dor se espalhar daquela  forma tão cruel? — mas muito desmedida em dedicar  todas as suas preocupações à ex-Boate Kiss, localizada numa cidade de menos de 300 mil habitantes num estado simpático como o Rio Grande do Sul. Quantas providências seu staff tomou ontem mesmo? E as emissoras de televisão saíram pelo país afora dando flashes de violência contra proprietários de até então inocentes boates. Pareciam dizer: “Regularizem as boates e não teremos mais problemas, nem os ladrões e corruptos existirão; e também as drogas serão extirpadas”.

Quem não se alardeou com o acontecimento e suas repercussões? Diria que o 27 de janeiro no Brasil foi o 11 de setembro nos Estados Unidos. Daqui para a frente, saibam todos, não será bom negócio abrir uma boate, pois todas elas ganharão vigilâncias especiais,  cujas ordens de fechamento e linchamento de donos virão com força, de cima para baixo. Até mesmo uma discoteca comum será perseguida nessa história maluca de sofrermos riscos apenas em lugares escuros, com luzes piscando e aquele barulho infernal impedindo a comunicação.

Ao ver o escândalo das boates só pensei na BR-381. Ela era a minha boate obsessiva. A presidenta Dilma, pelo que sei, conhece, sim, o que é a BR mineira, de Belo Horizonte a João Monlevade principalmente, ou mais precisamente até Governador Valadares. Em 2012, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) morreram 1.200 pessoas nas rodovias federais mineiras e cerca de 75% sucumbiram na famosa Rodovia da Morte. Está certo, numa noite morrem 231 pessoas, é uma tragédia. Mas será que 1.200, sendo alijadas do mundo paulatinamente, em prestações suaves (?), não doi tanto? Mais ainda: o funcionamento de uma boate não supõe mortes de seres humanos, mas um feriadão dá para se saber, com segurança, a previsão dos que morrerão.  A própria PRF e os Anjos do Asfalto, sabem, de antemão, que a cada fim de semana prolongado ou simples,  verão o sangue escorrer a rodo em várias rodovias brasileiras. E não excluam as estaduais também, como a Itabira a Nova Era, a nossa mini-Rodovia da Morte Regional.

Vai aí um recado às autoridades e à mídia sensacionalista: vidas se foram no Rio Grande do Sul, como se foram naquele trágico acidente da TAM em Congonhas, São Paulo, em outros incêndios, em circo, em prédios públicos e acidentes dramáticos na aviação, a exemplo do Air France Rio-Paris. Em cada acontecimento de dezenas ou centenas de mortos se faz um grande alarde, a mídia continuará mostrando os fatos de Santa Maria até que outro aconteça e seja lembrado e dedilhado.

Mas, gente, pelo amor de Deus, mais uma vez:  nas rodovias estão morrendo, pingadamente, um montinho de pessoas em cada dia, acidentes a todo momento que significam muito mais, muito porque, como a BR 381, que requer duplicação, de que se fala há mais de dez anos, tornou-se uma novela sem fim graças ao desinteresse político de nossos desleais representantes.

Por essas e outras é que morar na Boate Terra não é uma grande vantagem. Morremos dentro das casas de shows, mas morremos com mais  violência e frequência no caminho de nossas casas ou de nosso futuro nas rodovias assassinas que não conseguem despertar do sono os seus responsáveis diretos e indiretos.

Um comentário:

  1. BR 381 - 262 - nADA CONTRA AS BOATES DA VIDA, A SITUAÇÃO DE SANTA MARIA -RS- É IGUAL EM B HTE, RIO OU SAO PAULO, VAI TER FECHAR TODAS.....MAS, a 381 262 rodovia da morte, cada vez que precisamos passar por ela vamos rezando para nada de ruim aconteça.

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