segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Que 2018 que nada! Feliz minuto ou até segundo que vem aí

Tenho o costume de rever  páginas que escrevi pela vida afora, apesar de detestar esse passado de rabiscos. Detesto tudo o que foi publicado. Por isso, quando aparece alguém me elogiando, boto um pé na frente e outro atrás, feliz mas desconfiado. Percebo que  tudo está desatualizado. O tempo corre mais depressa que meus toques no teclado do computador. Juro sem receio: o passado recente me parece distante, talvez uma idade média, ou antes  disso, uma pré-história. Repito: o que era meu pensamento recente, exceto quando enalteci a vida de alguém merecedor, parece-me mais antigo que a invenção de Gutenberg, a imprensa. Daqui a pouco estarei odiando esta página. Fazer o quê,  se produzir textos é o que aprendi na vida mais ou menos? E amo rabiscar coisas e coisas desde criança.

Ao chegar um novo ano, então, é que o bicho pega. Tudo a mesma coisa: 1999 para 2000, 2004 para os anos seguintes e do ano passado para este ano: “Meus sinceros votos de felicidades” — eis uma frase repetidíssima nas produções surradas. Chega agora 2018 e, daqui a pouco, vem março, passadas as festas iniciais e comuns da temporada de verão-outono — virada do ano, Carnaval, Semana Santa — o que era da moda cai em desuso.  Em abril estará quase na hora de as lojas começarem a mostrar o mesmo papai noel,  barrigudo e baranga, vestido de vermelho, que ornamenta o comércio até o fim de dezembro. Está na hora do quase mito Roberto Carlos.

Como escrever um texto sobre o ano novo? Lembro-me de um amigo que labutou comigo no velho, inesquecível e extinto Diário de Minas, quando acabava de completar 18 anos. Éramos repórteres. O redator-chefe do jornal da Praça Raul Soares, em Belo Horizonte, pediu-lhe  que escrevesse uma matéria  sobre Jesus Cristo. Estávamos quase na Semana Santa. Em uma réplica, fulminou o editor com a pergunta: “Contra ou a favor?” Fiquei chocado e paralítico naquele momento. Como? Será que alguém ousa avaliar o Rei dos Reis, além dos malvados que o condenaram à cruz?

Meu Deus! — voltei a exclamar. Num dado momento de folga, numa lanchonete próxima ao jornal, resolvi fazer-lhe a pergunta sequente e normal: “Você vai escrever contra quem morreu na cruz para nos salvar?” Ele respondeu: “Ia escrever a favor, mas o chefe me pediu neutralidade.” Entendi. Jornalismo é isso aí, sem lado e sem paixões, imparcialidade acima de tudo. Só que ainda continuei perplexo e levei para o travesseiro a seguinte reflexão: num mundo todo destemperado, repleto de ideias diferentes e complicadas, será que alguém consegue ser imparcial?

Neste 2018 entrante, a humanidade se depara com uma pilha de problemas aparentemente insolúveis: terrorismo, desigualdade social, fanatismo, preconceitos, violência, criminalidade, corrupção, uso de drogas, alcoolismo, desentendimentos familiares, ganância, egoísmo, falsidade, hipocrisia. No meio de tantas questões, elaborei uma nova reflexão: haverá quem seja dono de uma receita para que a vida se torne realmente bela como eu próprio ando propagando em palestras? A conclusão  deixo para o leitor, livremente. Na verdade, a vida dá respostas diferentes para inteligentes ou tapados. Todos pensam à sua maneira e  cada um carrega a cruz própria. O importante é que existam satisfeitos com arguições e respostas particulares, e vivam em paz.

No início do ano, este escriba, igual aos demais mortais, também troca de idade. Sim, a expressão é esta: permutar o número que valeu por um ano e seguir com outro imediatamente acima, ostentando a idade como se fosse um cartaz imaginário pregado na testa. A pergunta muito frequente que as pessoas fazem é a seguinte: “Quantos anos você tem?” A resposta, cuja metade dela aprendi com Mário Quintana, tornou-se agora uma tréplica:: “Não tenho anos, os anos me tiveram. O que possuo é o tempo que vem  a seguir” ... e que me concede mais uma oportunidade para cumprir a minha missão neste planeta.

Então, assim será 2018 para todos nós: uma oportunidade por dia, hora, minuto, ou segundo, pelo tempo correspondente que devemos agradecer a Deus diariamente. Que na concessão de permanência neste globo terrestre façamos não apenas o que queremos e desejamos, mas o que está traçado no nosso contrato formulado com o Dono do Mundo.

Existe, sim, um Grande Projeto para que todos os seres humanos, indefinida e indiscriminadamente, executem. Eis aí o caminho da vitória numa vida em que muitos supõem seja sem sentido e que dela sairemos derrotados: ter o que fazer de sublime. Descubram logo o segredo  porque é a chave da realização humana. Não tenho dúvidas. O alerta é para sempre. Sem tempo de errar, sequer de duvidar.

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