Antigamente eram
dois apenas, biblicamente falando: Adão e Eva.
Em mais um
tempinho, ou tempão, porque o primeiro casal viveu cerca de mil anos, aportaram-se
mais dois no mundo: Caim e Abel. Somaram-se quatro.
Mas Caim matou Abel
e o censo mundial ficou em três cabeças, ou seja, a caída se registrou em 25%.
Segundo a
bíblia, Adão gerou mais filhos e, entre outros: Set, Cainan, Enós, Malaleel,
Jared, Henoc, Matusalém, Lamec, Sem, Cam e Jafé. Noé apareceu e, crescido e
velho, mas forte e idealista, construiu a tal arca de que tanto falam. E não
havia Climatempo para avisar que vinha toró por aí. Quem avisou a Noé a vinda
do chuvão? Ele guardou o segredo da ordem divina para que salvasse as origens,
por pares naturais. Morreu todo mundo
não socorrido no dilúvio e salvaram-se os resgatados. Acho que nós éramos da turma que
se aglutinou na abençoada arca. E estamos aí.
Hoje, 25 janeiro
de 2020, estima-se que a população do mundo tenha chegado a 7,7 bilhões, aproximadamente,
de acordo com os ditos entendidos. As Nações Unidas preveem que a ralé humana
chegará a até 11,2 bilhões em 2100. Quem
viver verá.
Conclusão:
quanto mais gente, mais poluição, mais doenças, mais problemas, mais desafios.
Peste, fome, guerra, desgraça, horror, terrorismo – quem inventou tantos substantivos
não fui eu, nem você. E ainda os bordaram com os piores adjetivos. Quem não se
ateve ao fato, acorde que o relógio despertador está tocando sem parar. É hora
de fazer alguma coisa, planejar, executar, agir.
Há bem pouco
tempo — e eu estava neste mundo já — a poluição terrestre se resumia de pequenas
cutucadas nos barrancos a gambiarras construídas em beiras de córregos e rios. Tinha um ou outro probleminha cuja culpa caía,
irremediavelmente, no próprio ser que ergueu a sua choupana em lugares
impróprios. O lixo nem era conhecido desses incautos terrestres, nós os cegos.
Córregos e rios
fluíam livremente. As nascentes mandavam com limpidez a água cristalina para as
casas, recolhido o H²O em bicas. O homem não tinha Saae/IT, nem Copasa/MG, nem
Cedae/RJ, nem Sabesp/SP, e vivia muito melhor. O aumento populacional
incontrolável (primeiro problema) gerou o nascedouro dessas companhias
fornecedoras do conhecido e chamado precioso líquido.
O mundo perdeu o
freio. O Brasil disparou sem contenção, mais que a média mundial, em desafios.
As populações se concentram em pontos nos quais o dinheiro circula mais
(segundo problema: esse é, na prática, o deus do mundo). Muitas terras no Mato
Grosso, Amazonas e estados do Nordeste ficaram e permanecem praticamente
abandonadas. O Brasil tem estados, a exemplo do Acre, que nada produzem. Moradores
acreanos (ou acrianos), como outros na vizinhança, vivem exclusivamente das merrecas enviadas
pela União.
Estamos nos
maiores pontos de concentração dos aglomerados urbanos do país. Cada um levanta
o seu barraco onde pode, de acordo com o seu poder aquisitivo, com materiais de
primeira, segunda, terceira categoria e até de papel e tábua podre. Os espertos
fazem aterros e vendem para os distraídos e de poder aquisitivo baixo. Os
barrancos dos pontos ocos são cobertos com lonas de há muito tempo, que nada resolvem.
Onde era vegetação natural não sofre ameaças, mas noutros lugares concentram-se
os riscos.
O novo problema,
dos maiores (o terceiro), é o tal lixo. Segundo dados oficiais, o Brasil produz
11.355.220 milhões de toneladas de escória plástica por ano. Cada brasileiro tutela
1 kg desse lixo plástico por semana. Essa média dobra por habitante quando se
incluem outras sujeiras. Os detritos entopem bueiros e provocam transbordamento
de regatos, córregos e rios. Outros fatores, lembremo-nos do criminoso asfalto,
provocam as enchentes, que arrastam e matam tudo e todos os que aparecem pela frente.
A chuva foi
inventada por Deus para molhar a terra e dar vida a ela. Daí surge a
alimentação de toda a raça global. Existe, desde os tempos bíblicos, ou melhor,
a criação operada por Deus. Ela reveza com o sol no processo de adubagem normal
do solo e do subsolo. Tanto a rejeitaram que “sua excelência” (deveria ser
chamada assim e não os políticos) passou e se estacionar retida por um bom
tempo em algum ponto da atmosfera. Como exemplo, vê-se claramente que o sol era
e é de “rachar catedrais”, como diz o linguajar popular. Fim de dezembro e
início de janeiro, meses recentes, ninguém suportava se expor a ele por muito
tempo, nem nas praias ou beiras de piscinas. Fechado em quatro ou mais paredes,
o morador passou a depender do ventilador ou do ar-condicionado. Mas o metido a
inteligente não via, principalmente os adoradores do mar, das piscinas e os amantes
da vida mansa e imediata, o perigo diante de si.
Em tempão retida,
onde quer que fosse, fez a chuva tomar um rumo fácil de ser afirmado, enquanto cair,
cair, cair era e é o seu sonho normal e natural. “Chove chuva” — não cansou de
cantar Jorge Benjor com a sua bela voz, mostrando a beleza e a necessariedade
dela, que merece por vezes e por pessoas lúcidas ser chamada de bênção, até de “linda
de morrer”. Ou viver.
Armada a arapuca
pelo próprio ser humano — esse não planejou as populações; construiu em
ribanceiras e encostas; entupiu a passagem da água com lixos de todas as
classificações possíveis; desmatou o quanto ambicionou; enfim, fez o que quis e
o que não lhe mostrava resultados negativos imediatos — até que setores
especializados em meteorologia anunciaram para um mero fim de semana, mixos
quinta, sexta e sábado, talvez domingo — que haveria catástrofe no seio das
moradias do impertinente, cego, surdo, doido, burro, tolo, idiota e babaca criminoso
ser humano.
O resto nada
mais preciso acrescentar porque nós mesmos preparamos o nosso meio-fim, sabendo
que o fim total está prestes a vir, talvez já. Não adianta, também, chorar o
leite derramado, a armadilha nossa para nós mesmos só teria um jeito de ser
desmontada: a conscientização geral. Mas o incorrigível habitante do globo
terrestre sabe pouco, ou nada do meio-tudo ou do tudo-total e, infelizmente, o sonhado milagre
não vai ocorrer.
Encerrando este
texto, só tenho um toque a dar aos raríssimos que me leem e pouco em mim acreditam,
e o faço numa linguagem muito conhecida pelo mundo afora, escrita em francês: “Au
revoir ou même plus jamais!”
José Sana
Em 25/01/2020
Excelente alerta! Tomara que surta algum efeito!
ResponderExcluirTexto saboroso, mesmo com o final sem esperanças...
ResponderExcluirFANTÁSTICO. O GRITO ENSURDECEDOR DAS PALAVRAS COM ENCAIXE E SINCRONIA,...
ResponderExcluirASSIM TEMOS UMA GRANDE SINFONIA REAL E QUE POUCOS VÃO OUVIR NA SUA PLENITUDE...
PARABÉNS ZÉ DO BURRO...E QUE DE BURRO NÃO TEM NADA.
FANTÁSTICO. O GRITO ENSURDECEDOR DAS PALAVRAS COM ENCAIXE E SINCRONIA,...
ResponderExcluirASSIM TEMOS UMA GRANDE SINFONIA REAL E QUE POUCOS VÃO OUVIR NA SUA PLENITUDE...
PARABÉNS ZÉ DO BURRO...E QUE DE BURRO NÃO TEM NADA.
FANTÁSTICO. O GRITO ENSURDECEDOR DAS PALAVRAS COM ENCAIXE E SINCRONIA,...
ResponderExcluirASSIM TEMOS UMA GRANDE SINFONIA REAL E QUE POUCOS VÃO OUVIR NA SUA PLENITUDE...
PARABÉNS ZÉ DO BURRO...E QUE DE BURRO NÃO TEM NADA.