No tempo de meus avós o recado era ou mal escrito, ou mandado
no famoso recurso boca a boca. Havia uma certeza de 99,9% de que chegaria
intato ao seu destino e 100% quando a notícia era ruim demais (morte) ou boa (loteria).
Hoje ninguém crê numa mensagem via MSN ou WhatsApp ou E-mail ou site, ou Twitter ou transmitida online, senão usando pelo menos outros recursos para chegar à fonte correta.
Um jornal antigamente chegava com a data de hoje e temas de ontem.
A notícia era perfeitamente entendida, em último caso conferindo outras fontes.
O acerto se firmou como praticamente irrefutável.
A internet pode transmitir notícias incontestáveis (por
exemplo, placar de jogo de futebol, ocorrências políticas, policiais), mas nem
sempre traz uma informação correta, ou pode ser uma total fake-news, ou editar um tema com outro foco, com objetivos escusos,
a ponto de tornar a informação uma real provocante de desinformação.
A imparcialidade nunca existiu na imprensa em tempo algum. A
escolha de temas a serem focados na imprensa mostra este lado pecável da
notícia. Há muito mais parcialidade na omissão de assuntos do que em escolhas
de pautas. Nos meios de comunicação não há espaço para todas as notícias, bem
como, sequer, o mínimo percentual desejado, mas existe como esconder assuntos
que seriam indispensáveis ao bom sentido da informação. O jornalista que gosta
de opinar, avaliar e até julgar é o mais comum dos erros da imprensa e que
torna a notícia praticamente inválida.
Destes curtos tópicos focalizados pode-se ter uma conclusão:
cada tempo na sua devida época e relativa interpretação. A comunicação
melhorou, é mais ágil. No entanto, quanto mais parece ser eficiente, mais
torna-se susceptível às mentiras e más interpretações, bajulações ou malhações.
Para abordar um assunto que interessa a muitos, contam os
arquivos históricos da Idade Média que um estudioso aventurou-se em pesquisar e
escrever a “história do mundo”. Para que pudesse levar adiante o seu objetivo
anunciou que esperava contar com a ajuda de todos os intelectuais que pudessem
alcançar tal propósito: enviassem-lhe capítulos de acontecimentos locais e, de posse
deles, pudesse juntar fatos e organizar um só volume histórico a respeito da
vida no globo terrestre.
Seu trabalho foi levado adiante até que em certa tarde, ao
observar de sua janela, um desentendimento entre vizinhos, no seu prédio, eles
trocaram desaforos e cada um defendia uma espécie de argumento a respeito de questões
diferentes. Viu, analisou, concluiu no seu pensamento particular a visão de um
fato, ao vivo e a cores.
Fechou a janela e foi para o banho, em seguida o jantar e,
por último, recebe a visita de um outro vizinho que lhe contou o confronto como
o por ele presenciado, análise e conclusão completamente diferentes do seu
entendimento. Em seguida, chamou o visitante para ver em seu escritório as
toneladas de informações que recebera de vários historiadores espalhados pelo
mundo.
Dando prosseguimento ao que lhe passava pela cabeça, pediu
ajuda ao visitante e decidiu transportar numa carruagem o papelório para ser
depositado num terreno baldio não tão distante. Juntou todas as anotações,
preparou a fogueira que não era de São João, pegou uma caixa de fósforo e ateou
fogo em tudo, mesmo com apelos fortes e insistentes do amigo vizinho que lhe
fizessem desistir da estapafúrdia
decisão.
O fogo subiu aos ares, a fumaça encobriu uma extensa área. O ex-historiador
pronunciou as seguintes palavras: “Se um fato que aconteceu hoje mesmo é visto
e analisado de forma diferente por duas testemunhas, o que diria se ocorressem em
várias épocas, vários países, sob o foco da mesma análise, e por seres humanos
normais e confiáveis?”
No fim do fogaréu, conclui de seu raciocínio considerado por
ele lógica a derradeira frase: “Se o que acaba de ocorrer hoje, agora, aos meus
olhos e de pessoa confiável, o que seria a realidade neste imenso mundo que
queríamos conhecer?” E concluiu a sua frase para fechar o ato que acabava de
praticar, pronunciou as seguintes palavras: “Verdade, eis a homenagem que lhe
devoto!”
José Sana
Em 13/02/2022
Muito chic
ResponderExcluirValeu J de Almeida
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