A democracia é o
sistema de governo mais perfeito do mundo, que se conecta diretamente ao nosso
estado natural de ser. Quer dizer: ela nos permite ser livres em qualquer lugar
do país, falar o que desejamos e agir como queremos. Mas é preciso: ser livres
até onde começa a liberdade de outro; falar até a altitude vocabular que não tenha
como foco uma ofensa a alguém ou a instituições; e agir sem quebrar o ciclo limítrofe
do nosso quintal. Tem fronteiras, portanto, e quer dizer que há um poder para resolver
os litígios, o Judiciário.
Referi-me às
vantagens da democracia. Agora, os defeitos: permite a quem detém o poder ou
dele participa mentir até quando queira e ser demagogo sem limite. Pune, no
entanto, os caras de pau autuados pela consciência crítica do povo, mesmo sendo
demorado esse processo. Vemos no momento o festival anual de demagogia, cinismo
e hipocrisia. Esse período, que ocorre de dois em dois anos, é chamado, também,
de eleitoral.
Acabo de ler
neste momento o bom texto do economista Ricardo Amorim em “Última Palavra”, página
90, da revista Isto É desta semana. Resume ele o seu tema intitulado “Como
resolver todos os problemas sem fazer força” nas seguintes expressões, colocadas
em epígrafe: “Queremos tudo, queremos já e queremos de graça. Em resumo, queremos ser enganados”. Está aí tudo
o que faz o cidadão brasileiro diante do processo eleitoral, cujo desfecho
ainda não temos a esta altura.
Perlustrando
as páginas
do mesmo número da revista (pág.30), a
qual considero 70% imparcial, sobrando o restante quase sempre para
escolhas de temas a serem pautados, me detenho na frase do cientista político
Ricardo Guedes sobre as avaliações de candidatos neste momento: “As eleições
estão longe de serem definidas”. Segundo ele, só metade do eleitorado definiu
seu candidato e a diferença do voto certo entre Marina e Aécio é de menos de
4%”. Pronto, o resto deixo por conta de meu leitor, se é que ele existe.
Falo aqui agora
apenas das repercussões na cabeça do eleitor. Esse prefere fazer a sua análise
momentânea e esta é, exatamente a diferença entre o pensamento popular, ou do
senso comum, diante das análises científicas. Como exemplo, cito a Copa do
Mundo, naquele seu estalar de frases intempestivas: “Não vai ter Copa” e “Vai
ter Copa”. Somente agora todos dizem ou são obrigados a engolir que não teve
Copa. Ou teve, mas com resultados completamente negativos.
Agora, o Governo
Brasileiro, com a história trespassada na sua garganta, justifica a nossa
entrada na recessão motivada pela Copa que terminou. Ou seja, a maior disputa
futebolística do mundo nos deixou a marca não apenas dos 1 x 7 agarrada na
garganta, mas também o prejuízo econômico e financeiro. Para não dizer que está
falhando o seu plano econômico, a equipe de Dilma Rousseff é obrigada a assumir
o fracasso de uma história que começou há sete anos, quando o Brasil ficou
definido como palco da disputa. Entrar a recessão, agora só Deus sabe quando
vai terminar. Por enquanto, já posemos sentenciar: afinal, para nós,
brasileiros, essa não foi a tal “Copa das Copas” ou, simplesmente, NÃO TEVE
MESMO A COPA.