Nesta data (22/10/2021), Dom Marco Aurélio Gubiotti celebra, missa às 19 horas, na Catedral Diocesana de Itabira, em intenção da alma de Dom Mário Teixeira Gurgel, marco de seu centenário de nascimento.
sexta-feira, 22 de outubro de 2021
É HOJE O “DIA D” DO CENTENÁRIO DE DOM MÁRIO TEIXEIRA GURGEL: REMEMORANDO SUA VIDA RESUMIDAMENTE
quinta-feira, 21 de outubro de 2021
FALTAM 2 DIAS PARA A “DATA D” DO CENTENÁRIO DE DOM MÁRIO: SEU “BRAÇO DIREITO” DURANTE 35 ANOS FALA SOBRE ELE
José Sana – Silvério, você se lembra qual foi a última foto de Dom Mário? Silvério Bragança – Foi exatamente a tirada por seu filho Júnior quando eu saía com ele do Hospital, em Belo Horizonte ou Nova Lima, o Biocor. Naqule dia, para levantar a sua moral, o médico achou melhor que ele viesse de carro para Itabira. Paramos na entrada da Serra da Piedade e lembramos as vezes nas quais ali estivemos. Quando chegamos, permanecemos na porta da Capela do Santíssimo na Catedral e fizemos orações, agradecendo e pedindo a Deus por sua melhora, depois fomos para sua casa. Dias depois, infelizmente, era chegada a sua hora, ele faleceu.
quarta-feira, 20 de outubro de 2021
FALTAM 3 DIAS PARA A “DATA D” DO CENTENÁRIO DE DOM MÁRIO: VEJAM E APRECIEM PALAVRAS DE UM SEU ADMIRADOR PRÓXIMO
O professor e mestre José Carlos Fernandes de Lima escreve a nosso
pedido:
“A partir da criação da Funcesi, tive a alegria e a honra de poder aprender muito com Dom Mário. Foi um líder visionário inspirador, de espírito ecumênico e sempre aberto para o diálogo. Sua capacidade de mobilizar, aglutinar e envolver pessoas contribuiu substancialmente para a implantação e desenvolvimento de várias iniciativas e projetos em Itabira.
A comemoração do centenário de seu nascimento está sendo uma
excelente oportunidade para resgatar todas as contribuições de Dom Mário a
Itabira, desde quando aqui chegou até sua partida para o descanso eterno.
Sua convicção no “emponderamento” da sociedade civil organizada manifestou-se claramente na criação das Comunidades Eclesiais de Base (Cebs); das Associações de Moradores, dos Clubes de Mães, nos mutirões e na criação da própria Funcesi, que ele considerava como o seu “gol de placa”. Exerceu na plenitude o seu papel de Bispo assumindo as responsabilidades inerentes do seu cargo, bem como enfrentou inúmeros desafios em Itabira e nos municípios pertencentes à jurisdição da Diocese.
Um Bispo piedoso, absolutamente convencido de que o poder da fé e
da oração são capazes de transformar as nossas vidas. Além de piedoso, também
“piadoso”, pois sempre ilustrava suas pregações, suas palestras, suas reuniões
e conversas com piadas e pitadas de humor que ajudavam a quebrar a rigidez das
formalidades, propiciando espontaneidade, leveza e compreensão dos assuntos
abordados. Dom Mário Teixeira Gurgel, eterna ausência presente, que continua
nos animando e guiando a missão de construir uma sociedade mais justa, fraterna
e solidária... ‘O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos
afastemos muito, vamos de mãos dadas’ (CDA)”.
Texto de: José Carlos Fernandes Lima. (professor, ex-diretor de
várias áreas da Funcesi desde a sua criação, em 1993).
Fotos: Arquivo (Foto 1 - Professor José Carlos Fernandes de Lima, autor do texto); Foto 2 - Dom Mário faz pronunciamento em solenidade na Funcesi).
(OBS. O texto está também publicado no Facebook)
terça-feira, 19 de outubro de 2021
FALTAM 4 DIAS PARA A “DATA D” DO CENTENÁRIO DE DOM MÁRIO: POLÍTICA, SEQUESTRO E MULTIDÃO
É claro que Dom Mário Teixeira
Gurgel não era um santo. Claro também que tinha os declarados “inimigos”
políticos. Ele mesmo contou que uns próceres da vida pública itabirana foram a
Brasília pedir a sua saída da Diocese. Temos este e outros casos ou causos a narrar agora. Entre os
outros, um tal sequestro, negado por ele, além de uma tarde inesquecível no
Estádio Israel Pinheiro.
Com certeza, dirão os céticos, os quais existem às dúzias, ou resmas, que o prelado
nordestino-itabirano tinha as suas preferências partidárias e derrubava
candidatos até considerados invencíveis. Vamos acreditar que tal crença seja
verdadeira. Para tentar descobrir o segredo, fiz com ele uma série de
entrevistas, algumas publicadas na imprensa local.
DOM
MÁRIO, UM POLÍTICO?
A pergunta seguinte partiu de um
jornalista e a presenciei, bem como a resposta: “Dom Mário, o senhor demonstra
explicitamente que tem simpatia por um fulano candidato; é verdade?” Ele: “Fujo
definitivamente de levantar polêmicas, mas se me provocam me torno mais claro
na resposta; declaro com todas as letras: é lógico que tenho os meus candidatos
preferidos, mas somente Deus, a urna e eu sabemos quais são” — eis aí a sua réplica.
DOM
MÁRIO SEQUESTRADO?
Em outro tema, a pergunta partiu de
mim: “O senhor foi sequestrado um dia ou tentaram raptar o senhor depois de uma
missa celebrada da Catedral Diocesana de Itabira?” Resposta: “Não tenho
conhecimento deste fato, até porque não sou celebridade sequestrável. Pergunto:
haveria resgate e qual ou quanto seria?
Que vantagem levaria o sequestrador por manter-me em um cativeiro? Concluo, então, que não tem
fundamento esse rapto imaginário”.
Outros fatos ocorreram e tenho sugestões de amigos dele propondo-me continuar narrando a história do
clérigo. A proposta tem um aceite, desde que possamos montar um grupo e esse
trabalhar com afinco.
DOM
MÁRIO EM DIA DE GLÓRIA
E vou contar um fato em que fui um
coadjuvante. Briga entre nós — sim, ele, o cara e eu o insignificante — fizemos
sair faíscas de palavras no ar. Teimoso e
interessado na verdade, fui rude publicamente ao trocamos farpas
metafóricas. Segui um conselho dado por ele mesmo, até que Deus transferiu o
eterno lema de sua vida, suponho — “como aquele que serve” —para alguns minutos
de minha vida.
Tentando resumir: Silvério
Bragança, seu amigo número 1, nomeado por ele próprio, o bispo Dom Mário,
liga-me e me convida para filmar o Dia da Diocese, evento anual celebrado por
todas as paróquias. Tarde de domingo, 22 junho de 1986, 21 anos da Diocese e um
outro marco na família do titular .
Aceitei o desafio, era dos poucos
que tiveram acesso ao centro do gramado do Estádio Israel Pinheiro. Vinte mil
ou mais católicos se acotovelavam nas arquibancadas. Momento máximo da festa:
Dom Mário fala, ao vivo, com sua Mãe, Ana Alda Teixeira Guedes, que estava,
como sempre, no Ceará. A multidão caiu no delírio como se fosse um gol épico do
Valeriodoce contra o Botafogo, fato ocorrido em 17 de fevereiro de 1957 no
mesmo palco.
Nos alto-falantes ressoava o
carinho de Dom Mário pela genitora que,
coincidentemente, fazia aniversário: “Mamãeeeeeeee”, soltou ele retumbantemente
a voz, que percorreu todas as fontes auditivas ali presentes. Registrei
tais momentos e este especialmente,
dobrei-me, de joelhos ou deitei-me na grama, no palco, no alambrado, em busca de todos os ângulos possíveis. Num
instante ele, depois de alguns meses de inimizade, sorria para mim,
convidando-me a viver em paz, como se traduzisse o seu gesto floreado de
sorriso pacífico.
DOM
MÁRIO: “VOCÊ É UM CRISTÃO”
A festa terminou, edito a fita e
guardo-a, esperando o momento certo. Ligo para a residência do bispo uns dias
depois. A resposta vinda da casa
episcopal: “Pode vir hoje às 15 horas”. E assim aconteceu. Mas não entrei,
preferi entregar o objeto todo fechado num envelope a uma funcionária da casa.
Outro telefonema: ele me chamava para ver a fita com ele. Tremi todo.
Marcamos a data e, novamente,
encaminho-me à residência do prelado. Convida-me a uma sala. Liga a TV e o
videocassete. Assistimos em silêncio, que parecia, em cada momento um grito de
emoção. Para os costumes da época, era
eu um emérito carregador de câmera. No momento da fala dele —
“Mamãeeeeee” — agradeci a Deus por eternizar a sua felicidade. Gratificante.
“Eu não vou agradecer pelo que você
fez, mostrando a sua humildade no esforço de
filmar um momento importante de minha vida. Gesto muito espontâneo, muito bom que retribuo assim: “Você é um cristão legítimo!”
Se eu já estava mudo, fiquei engasgado.
Instante de ir embora, depois de um
café bem acompanhado. Ele me abraçou e repetiu as palavras, atribuindo-me o
título benemérito de “cristão legítimo”. Também não respondi, não agradeci,
nada fiz. Mas tinha a certeza de que
naquele momento nascia uma grande amizade.
A afetividade duraria, como durou e
dura, para sempre.
José Sana
Em 19/10/2021
Foto: Arquivo (Dom Mário em São
Sebastião do Rio Preto)
segunda-feira, 18 de outubro de 2021
FALTAM 5 DIAS PARA A “DATA D” DO CENTENÁRIO DE DOM MÁRIO: NOSSO BISPO ERA UM “POLÍTICO”?
Já deixo minha opinião que, com certeza, não puxa nem tem a pretensão de agradar a ninguém: político, sim, na acepção correta da palavra. Alguns chamados de socialistas o taxavam de capitalista; outros, desse lado ou neoliberais, apelidavam-no comunista.
FATOS E EVIDÊNCIAS
Contei o fato de tê-lo conduzido a um evento para benzer suas instalações comerciais. Os donos do comércio eram, ou são, declaradamente de direita radical. E lá estava ele, Dom Mário, o benzedor. De cabeça erguida.
Numa outra semana, levei-o a uma missa ao ar livre que celebrou no Bairro Pedreira do Instituto. Na igrejinha inacabada, tinha o emblema bem conhecido dos moradores como de iniciativa de Sua Excelência Reverendíssima. Por aí se vê que seria, então, um socialista capitalista ou o contrário. A meu ver, repito, Dom Mário nunca ocupou um lado ideológico, mas carregava a cruz da Igreja Católica, Apostólica e Romana.
A Salvatorian Mission dos Estados Unidos e a Misereor da Alemanha Ocidental, de países definitivamente capitalistas, enviavam mantimentos a Itabira em vagões da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Representavam que tipo de ideologia seguida por ele? Evidentemente nenhuma. Esse processo de doações durou quase os 25 anos de trabalho de Dom Mário na Diocese Itabira-Coronel Fabriciano.
A liderança de Dom Mário no salvamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Itabira (Fachi), transformando-a no primeiro braço forte da Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira (Funcesi), demonstra claramente que ele imaginou uma entidade forte, como fundação comunitária, portanto, nos moldes itabiranos, eminentemente um povo operário e liderado pelo capitalismo de uma empresa de negócios internacionais, transformada em sociedade anônima. E a mineradora, hoje denominada Vale, é uma das acionistas da Funcesi, graças a influências do bispo.
Quando, no início dos anos 2000, o Hospital Nossa Senhora das Dores estava à beira do fechamento, falência prevista por ditos setores da economia, restou aos membros da Irmandade Nossa Senhora das Dores recorrerem ao bispo nordestino, entregando-lhe a provedoria.
E qual foi a primeira ação do prelado, paralelamente à frente de uma grande diocese, com 50 paróquias e ancorando o ensino superior, mesmo com balanços de números negativos, avermelhados? Dom Mário mexeu com os pauzinhos, tomou providências e anunciou a instalação de UTIs com atendimento de alta complexidade. Hospital salvo.
Perguntado qual seria a sua lógica por investir sem dinheiro, o religioso foi claro em dar uma resposta taxativa: “Temos que evitar a transferência do enfermo para a capital por falta de atendimento de nível elevado e, paralelamente, tornar a nossa casa de saúde não só prestadora de serviços aos segurados do SUS, mas também a particulares e a planos de saúde.
E, assim, depois de salvar a Fachi, transformando-a em Funcesi, resgatou o HNSD, fazendo-o eficiente e lucrativo. Para tornar viável os investimentos, bateu em portas e buscou recursos, enquanto os investimentos retornaram rapidamente.
Vale dizer que o atual provedor, Márcio Labruna, também já vinha e está adotando tais medidas.
José Sana
Em 18/10/2021
domingo, 17 de outubro de 2021
FALTAM 6 DIAS PARA A “DATA D” DO CENTENÁRIO DE DOM MÁRIO GURGEL: “DEIXEI A DROGA DO BISPO EM ITABIRA..."
Dom Mário Gurgel tinha um carinho todo especial para com a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário em Santa Maria de Itabira.
sábado, 16 de outubro de 2021
FALTAM 7 DIAS PARA A “DATA D”: “USE LIMÃO NO LUGAR DE SAL”, DIZ O BISPO DOM MÁRIO AO SEU MOTORISTA
O telefone toca, atendo, e era um pedido, ou melhor, uma ordem. A ligação vinha do inseparável amigo de Dom Mário durante anos a fio, Silvério Bragança. Ele me pergunta se estou ocupado às 20 horas. A resposta: “Estou, mas não estou; ou melhor, faço-lhe uma pergunta: “O que me propõe fazer?”. Ele: “Às oito da noite você pode buscar Dom Mário em sua casa e levá-lo a um tal lugar?” (“Esse tal lugar” não vou revelar, desculpe-me quem eventualmente me lê). Outra resposta e minha afirmação: “Pode deixar que farei o que pede, com muito prazer”.
Às 19h45 estava eu em frente à Igreja de
Nossa Senhora da Piedade, no Bairro Campestre, já aguardando o bispo, que
também não se atrasa. Dom Mário entra no carro e, depois dos cumprimentos
protocolares, bombardeio-o de perguntas, entre as quais esta: “O senhor sabe
aonde vai?” Ele responde: “Sei sim, é num tal lugar assim, assim, assim”. As
perguntas continuaram de mim para ele que até mais tarde preocupou-se com elas.
Deve ter questionado de si para si: “Este moço nunca conserta!”
Seguimos com calma a curta viagem. Num
minuto, chegamos ao destino proposto. Parei na porta do tal lugar e ele me
pergunta “Você não vai descer?” Respondo-lhe: “Não”, e acrescento que o
Silvério ficou de cumprir a essa tarefa daqui a aproximadamente uma hora. Ele,
então, tenta rasgar um meio-verbo: “Quando você puder e caso queira, vá lá à
minha casa que preciso conversar com você”. Ok, dei-lhe a resposta ao assumir a
perplexa e impaciente curiosidade, tanto que no dia seguinte atendo o seu
pedido, toco a campainha no horário mencionado como possível, às quatro da
tarde mais ou menos.
Ele me acolhe sorridente ao abrir a
porta e me aponta uma cadeira: “Você veio depressa demais! Pelo seu jeito, acho
que não dormiu bem” (rs... rs ... rs...). Achei graça na frase e fui ao
possível assunto logo ao ocupar a cadeira: “O senhor está me condenando porque
fiz uma condenação?” Ele, que não era nada bobo, retruca: “Não estou condenando
porque não condeno ninguém; aliás, a questão clara é que você ficou se estranhando
por eu ir dar a bênção àquela casa”.
Fez bem clara essa explicação, ainda
mais extensa, que aceitei como fantástica. Realmente, me intriguei com aquela bênção um
pouco fora do padrão que eu seguia. Preferi não queimar as mãos e a língua, economizo essa
manifestação. Registro o seu maneiroso esclarecimento: “Olha, já foi o tempo em
que os padres e bispos deixavam até de visitar os que estavam na boca do povo
como maus; hoje, não, o esclarecimento que temos está no Evangelho, sintetizado
assim: ‘não julgueis para que não sejais julgados’; fique tranquilo que só
queria lhe dar uma orientação e digo que não faço parte de nenhum conselho de
sentença”.
Fecha assim o prelado a conversa que
parecia fora do contexto: “Não coma sal; evite essa malícia; use limão em seu
lugar e nunca mais reclamará que a comida está destemperada”. Realmente era
verdade, sal é veneno e pode ser substituído, principalmente porque requer
muita água como o julgamento sugere um incômodo de consciência.
Abraçamo-nos,. Que lição esplendorosa
tive naquela tarde! Considero-me um
privilegiado por receber tanta graça! Nunca mais esquecerei, embora possa errar
porque esta situação é humana. No meio da conversa havia lhe perguntado:
“Silvério buscou o senhor?” A resposta veio na ponta da língua: “Buscou, sim,
ele nunca falha”. Mais uma pergunta: “O senhor receitou-lhe limão no lugar de
sal para ele?” Seu imediato retorno: “Ele já sabe”.
Conclusão: sou um ser humano teimoso e pecador,
é claro que sou, mas um conselho sigo ao pé da letra: evito o sal, tanto de
cozinha quanto do dia a dia desde aquele belíssimo diálogo.
José Sana
Em 16/10/2021
OBSERVAÇÃO: Contagem regressiva do Centenário de Dom Mário Teixeira Gurgel está sendo publicada no Facebook de José Sana.