segunda-feira, 26 de setembro de 2022

AS ELEIÇÕES DO FIM DO MUNDO

 No meu tempo de criança e adolescente declarava-me “comunista”. Pintava muros e garagens com os nomes de Fidel Castro, Chë Guevara, Mao Tsé-tung, Lênin, Joseph Stálin e Nikita Khrushchev, além de Karl Marx, Engels e outros vermelhos menos votados. E gostava de roupas vermelho-sangue.


Mas quis Deus que eu deixasse de ser um bobalhão e ficasse apenas com o epíteto bobo, mais simples e menos destacado. Em BH, na época do ensino médio, gostava de fazer zoadas em passeatas esquerdistas para azucrinar os mais velhos e implicantes. Até que me deixassem em paz.



No terceiro grau de ensino, na Fafi-BH, me arrisquei num comício anti-governo, na Praça da Rodoviária, com meu primo Zé Flávio e acabamos indo para o xilindró. O policial nos disse isto, integralmente: “Vocês não fizeram nada, mas vão presos assim mesmo.


 Quase varamos a madrugada no Dosp, felizmente não passamos pela sala de tortura. Dispensados, com cara de crianças, descemos a Afonso Pena e fomos alfinetados de novo, desta vez pelo alçapão anti-vadiagem, o “carburão”. Dramático e hilário, nunca vi estudante vadio.


O tempo passou, tornei-me vereador em Itabira, inscrito no MDB, mas que tinha uma resposta na ponta da língua, como esta, dita a um assessor do governador Ozanam Coelho durante o Encontro Estadual de Cidades Mineradoras que promovemos em junho/julho de 1978. Ele me perguntou:


- Você é direita ou esquerda?

Minha resposta imediata:

- Sou redondo. Não tenho lado.


O tempo passou, resolvi estudar História, ser professor por algum tempo; também acrescentar ao currículo duas pós-graduações e, finalmente, Letras. Estudei Inglês e Francês para viajar por algumas cidades do mundo, detendo-me mais na geopolítica para entender das manobras que se movem no rumo dos inoperantes líderes mundiais. Ler e viajar tornou-se meu leme para guiar uma canoa segura e sem furos.


Aproximo-me do tema de hoje: o mundo vive uma estupidez lamentável, uma espécie de conspiração, lá fora quase todos de olho no Brasil, dos poucos países do mundo que vão dando certo. Além de extenso geograficamente, economicamente rico, populoso e dos poucos resistentes contra o terrorismo que ronda a face do Planeta Terra. Resistente pelo fato de ser, na verdade, uma ilha cercada de bandeiras vermelhas por todos os lados, exemplos de fracasso econômico, social, financeiro e governamental, uns mais antigos, como Cuba, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Panamá e os mais recentes, Chile e Argentina. Esses últimos tornaram-se, da noite para o dia, retratos do inferno. Quem duvida, vá a esses sofredores ou informe-se via fontes fidedignas.


Se seguirmos o que dizem os próceres da esquerda desnorteada, entenderemos o quanto nos revelam o desejo ver o brasileiro infeliz. Há, indiscutivelmente, três vertentes de esquerdismo no Brasil: a esquerda caviar, rica, que atingiu o seu ápice de fortuna, cuidando de seus iates e haréns; a esquerda massacrada, paupérrima, ignorante, desinformada e a classe média besta, a que a tropa pré-comunista quer colocar para pedir esmolas, pensando por ela e bloqueando a inteligência de filhos de Deus.


No domingo, 2 de outubro de 2022, teremos eleições presidenciais da República, dos Estados e parlamentares brasileiras. Não será decidido quem vai governar por mais quatro anos, A ou B. Teremos a escolha de um governo: comunista e ditatorial ou democrática e livre.


O governo atual vem sofrendo incríveis perseguições desde o seu primeiro dia, inacreditável o que se vê, a imprensa de modo geral já deixou de informar para exercer a simples e vergonhosa função inédita de ativista.


A partir de segunda-feira, 3 de outubro, saberemos: o Brasil continua a sua trajetória de temente a Deus, defensor da Pátria e amante da liberdade; ou um país masoquista, que persegue a corrupção, a fome e a ditadura.

 

José Sana

26/09/2022

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

"Horizonte sem fim" (Meu ‘cara’ da semana)

 Um amigo, ou ex-amigo, acho que ex porque sumiu, disse-me um dia que não existe ex-jornalista, como não existem muitos ex  badalados por  aí. Deu alguns exemplos dos que jamais deixaria de fazer parte da classificação. Resumo: calou a metade de meus argumentos.


Desse fato  já se transcorre um tempão e hoje resolvo discordar dele: sou um ex-jornalista e um ex-professor de História e Letras. Só escrevo os meus três livros, o primeiro quase pronto, meu sonho é ser lido pelo menos no quarteirão em que residimos. Quanto às profissões acima descritas, se não me abdicar delas poderei tornar-me um ativista. Nunca, jamais, desculpem-me os que pensam diferente. Esqueçam-me, por favor! Agora sou mesmo e apenas um cidadão aposentado e desempregado.

Desde a minha primeira aula de jornalismo, com Maurílio Brandão, no extinto Diário de Minas, quando já era um velho de 18 anos, passando pelas salas da Fafi-BH (hoje Uni-BH), a definição de jornalismo jamais me saiu da cabeça: “Aqui não entra sequer um adjetivo”, proclamou o editor do então melhor jornal da Capital, que subira numa cadeira para notabilizar o seu pensamento;  outro, o professor Anselmo, o “Careca da Fafi, exigiu que anotássemos em nossos cadernos “Atentem-se para a aspa, um dos mais importantes sinais da comunicação”; completou: “... para que tiremos o nosso ... da reta”.


Disse tudo isso para apontar aqui o meu “Cara da Semana”, promoção independente e só minha, de um egoísta que pode acertar ou errar. E já vou dizer o nome do eleito, de cartório e pia batismal, mas antes esclarecer que a  eleição já dura mais de 50 anos, ou precisamente, 44 invernos, quando viajamos juntos ao Rio de Janeiro, em agosto de 1978, em busca de contatos pela reivindicação de uma faculdade de Engenharia de Minas em Itabira: Márcio Antônio Labruna.

Ele era um técnico da Vale e, em nome da Ativa, tinha decidido acompanhar-nos, corajosamente, ainda mais quando o Boeing em que viajamos, por coincidência, tinha lá os verdadeiros “donos” do Departamento das Minas da CVRD, começando por Francisco Schettino, Amaral, Rubens Trindade e mais uns dois ou três, que me fogem à memória. Eu de férias e presidia a Câmara Municipal; Labruna “fugia” do serviço. Schettino era seu chefe, Labruna foi à sua poltrona, antes da decolagem do avião, e soprou-lhe  palavras ao ouvido. Duas das frases eram assim resumidas: “Ontem não consegui falar com o senhor e informar que viajaria hoje”; e a resposta dele: “Que é isso, Labruna, você é de extrema confiança e nem precisa justificar!”. Eu já conhecia  Márcio Labruna desde quando implantou e dirigiu o Mobral, movimento de alfabetização empreendido em todo o município itabirano.

Para os iniciantes no tema, teria de escrever um livro, ou mais, uma série de lembretes de páginas, contando uma vida cheia de lutas e vitórias. Não tenho espaço para essa atividade, vou omitir a sua passagem triunfal pelo Rotary (foi governador internacional), pela Fiemg, sua busca da Escola do Sebrae na Áustria, e dezenas de outras conquistas. 

Nada mais vou citar, prometo, acho que o itabirano o conhece perfeitamente, já foi provedor do Hospital Nossa Senhora das Dores em outros anos;  já o entrevistei  em várias ocasiões; brigávamos seguidamente em todas as reuniões do Rotary (era eu vereador e ele me cobrava demais, devo a ele lutas empreendidas graças às implicâncias dele). Agora reencontro-o à frente, de novo, do HNSD como provedor e  principal autor da conquista do Centro de Radioterapia, que começa a ser construído e  deve tornar mais feliz uma população de 500 mil habitantes de 28 municípios mineiros. O prefeito Marco Lage, vereadores e toda a plateia que esteve no lançamento da pedra fundamental, neste 22 de setembro, bateram palmas.

A notoriedade é que o magistral socorro vem do Governo Federal,  a mais notável ajuda de todos os tempos,  que deve chegar ao montante de R$ 30 milhões até a conclusão das obras. Então, para deslanchar a seriedade de mãos dadas com o humor, vai lá outro conceito dele:  Labruna tem sei lá seus anos de vida, saúde de ferro e é mestre em enganar alguma coisa que foi  famosa no mundo, a tal Covid-19. Enfrentou toda a pandemia do Coronavírus agarrado ao que chamavam “local de alto risco”, o hospital, e sequer um raro espirro o incomodara. Abençoada a sua luta.



É claro que Márcio Labruna é um predestinado e por  isso deve, mais uma vez, perdoar-me por expô-lo. A minha insignificância é ancorada pela realidade, por isso questiono: puxar saco de Labruna para quê? E ele, talvez tenha de dizer: “Chega, deixe-me em paz, preciso viver com os meus robbys, o trabalho e a vontade de servir!”

Não vou deixar e ponto final.

José Sana

23/09/2022


OBS.: “Horizonte sem fim” é o título do livro dele (Labruna, Márcio Antônio. Horizonte sem fim, Belo Horizonte: Clio Gestão Cultural e Editora, 2017, 264 p).