quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Itabira subiu no telhado

Os itabiranos terão que aprender a viver com pouco dinheiro. Sempre usaram o vil metal sem regras. No momento o esbanjamento tornou-se desrespeito ao que vem por aí


 Itabira está dividida em quatro partes, pelo menos neste próximo fim de semana que começa amanhã. Uma parte só pensa na Itaurb. A outra vive o clamor da falta de água e do barro que uma fração itabirana está consumindo ou comendo mesmo. A terceira parte, a mais significativa doente como sempre pela folia, só come, bebe e dorme o carnaval. A última está vidrada no seguinte: a receita itabirana municipal começou a cair e muita gente já sabe que a despencada não vai parar de descer a  pirambeira até chegar e estacionar-se no tema que a Vale anunciou ao ser criada, em 1942, o Bolsão de Pobreza.

 

FALANDO GREGO

Informações que vêm de fontes diversas, na verdade estão contidas num linguajar bem complicado, uma espécie de grego dos sofistas, que aborda preço do minério em determinado tempo, cálculo de valores da Cfem, detalhes confusos que ninguém entende, ainda mais em termos técnicos.

 

Na verdade o que interessa mesmo é o seguinte: — a Cfem está mesmo caindo morro abaixo como o minério nos britadores de antigamente? — A Prefeitura de Itabira corre o risco de não saldar seus compromissos em 2025? — Afinal, o que vem por aí com absoluta segurança?

 

QUEM ENTENDE DO ASSUNTO?

 

Item por item vamos transmitir as respostas que, evidentemente, o cidadão de Itabira, principalmente, quer saber. Eis as explicações do mesmo Senhor X que, segundo apurei, é quem mais entende de finanças públicas em Minas Gerais, talvez no Brasil:

 

1. Não deve faltar dinheiro, Itabira recebeu muitos recursos em 2021/2023 e tem muita sobra de caixa. Este ano deve utilizar essa sobra, provavelmente zerar o caixa, com despesas de custeio

 

2.“O minério chegou a 220 dólares a tonelada em 2021. Essa cotação influencia o ICMS nos anos de 2023 e 2024. Ou seja, este é o último ano da influência do minério a 220 dólares. Como o ICMS é sempre calculado pela media de dois  anos, em 2024 Itabira recebe a influência de minério de 2021 e 2022.

 

3. Em 2025  o cálculo será com base na média de 2022 e 2023. Este ano, comparado ao ano passado, Itabira receberá o ICMS 36% menor do que 2023. Em 2025 (comparado a 2023) o ICMS devera ser 50% menor.

 

4. Por outro lado, o custeio será muito maior de 2025 comparado a 2023, em virtude do novo plano de cargos e salários e subsídio ao transporte, entre outros.

 

5. Para os compromissos atuais não vejo problema. Mas, a partir de 2025, Itabira terá muita dificuldade para manter o custeio no ritmo atual: o próximo prefeito terá a tarefa de cortar despesas... ou endividar a cidade.

 

6. Itabira terá que aprender a conviver com menos dinheiro. Por enquanto, está vivendo a ilusão do reflexo do minério a 220 dólares a tonelada.

 

FIM DA CERTEZA E INÍCIO DA ESPERANÇA

 

Conclusão: a critério do cidadão inteligente. Como diziam os antigos ao se referir a grana com os filhos que gastavam demais: “Não temos um pé de dinheiro no quintal”. Assim, a mineração parece enquanto dura, um pé de riqueza que só para de jorrar quando chega ao fundo do fim. Pronto. Acabou.

 

Não acredito que Itabira vai adiar o carnaval por causa desse anúncio de despencar da receita. Não sei também se o Poder Público local está preocupado de como serão pagos os exorbitantes valores do novo quadro de cargos e salários. Até mesmo os enxertos requeridos pela demagogia das passagens urbanas e rurais.

 

Só me coloco como apenas um cidadão que quer bem a todos. Eu daria a minha vida para alguém me acalmar. Confesso que estou mesmo precisando de “cloridrato de paroxetina”, pelo menos 20 mg. Vou pedir a receita a um de meus médicos, Dr. Colombo Portocarrero de Alvarenga, de 102 anos e sete meses de idade, completamente credenciado a entender de séculos e séculos na sua bela vida de premiada memória. Quem sabe ela me prova que quem não ouve a voz que atravessa o deserto da clareza não recomenta acreditar no óbvio.

 

José Sana

Em 18/01/2004