quarta-feira, 29 de setembro de 2021

GUIA COMPLETO E ATUALIZADO DE TRÂNSITO EM ITABIRA FEITO POR SUA EXCELÊNCIA O SENHOR BOM OU MAU CABRITO

Se você mora em qualquer cidade do Brasil e quer chegar a Itabira, Minas Gerais, Brasil, América do Sul, Mundo, pode precisar entender as seguintes orientações que só dependem como complemento da qualificação de quem faz a análise:


 

 

1ª — Itabira tem 50 mil residências e mais de 70 mil veículos automotores; quer dizer que existem, em média, 1,5 veículos por moradia. Falando de moradores, isto é, distribuindo os veículos para os 120 mil habitantes, existe um alto número de 0,6 carros por cada itabirano. Dica: você não encontrará vaga para se estacionar na cidade, a não ser na periferia.

 

2ª— As ruas e avenidas, além de íngremes e estreitas, são esburacadas; o maior causador dos buracos é o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), que precisa sempre arrebentar o chão, seja asfaltado, calçada ou mesmo em terra batida, seja empoeirada ou barrenta, para atender a demanda da população, mesmo que ela esteja vivendo sem água, como camelos ou papagaios.

 

 3ª — Foi feito um levantamento sobre o trânsito nas ruas, avenidas e becos principais da cidade que chegou à seguinte conclusão: grande volume de trânsito ocorre entre 7 a  9h30, no horário do almoço (meio-dia a 14 horas) e de 16h30 a  19h30. Entregadores de mercadorias, caminhões da Itaurb e outros desfilam pelo centro o dia todo e embaralham cada vez mais a ameaça ao pedestre, este que não tem praticamente passeio a caminhar. Passeios esburacados também fazem ofertas à insegurança social.

 

4ª — Fora esse horário acima determinado, 86% dos veículos de serviço ou passeio acham-se estacionado, em faixa chamada de “Para Azul” ou irregularmente e eles pertencem a donos de casas comerciais (23%), empregados (16%), população em geral (28%) e veículos em exposição para venda (19%). Observação: não são computados os veículos abandonados nas vias, muito comuns, nem o trânsito acrescido pelos automotores vindos de cidades vizinhas, sabendo que somos uma cidade-polo, mesmo que algum distraído venha pronunciando um sonoro “não”.

 

5ª — Ônibus, caminhões, vans e kombis compõem também os espaços disponíveis, por falta de garagens, em áreas próximas ao centro nervoso, como em ruas, praças, becos e avenidas dos bairros Pará, Campestre, Esplanada da Estação e outros.

 

6ª — Nos fins de semana, a partir de sexta-feira à tarde, sábado até 14 horas, e domingo depois de 16 horas, na “procissão das trouxas”, motoristas de todas as qualidades e defeitos tocam para a chamada “rua”, e é o momento em que o trânsito se torna insuportável, diz um conhecedor: “Somos espremidos”.

 

7ª — Aproximadamente 17 mil motos rodam direto e reto na cidade, cortam dos dois lados, aceleram os filhos de papai e voam os ligados ao delivery. Com a pandemia, esses entregadores aumentaram em número e em pressa, com maior número de moto-táxis.


8ª — Se você procura um endereço para qualquer visita ou mesmo se abrigar, saiba que os números de imóveis são completamente malucos, além dos nomes. Por exemplo, existem duas ruas Itabirito, duas vias Daniel Jardim de Grisolia, duas ruas Granito. Além disso os números sobem e descem, fazem curvas, ou seja 50-51-52-14-15, 18, 58, 59 etc. Neste caso, melhor é ir a uma agência de correios e consultar os carteiros que já estão acostumados com essa loucura de desencontros de trânsito e de numerologia.

 

9ª — Outro risco que ameaça a vinda à cidade, seja empresário ou não, é desistir de conhecer Itabira, principalmente quando alguém ver placas tipo assustadoras como “rota de fuga” e “ponto de encontro”. A primeira citação não se refere ao filme estrelado por Sylvester  Stallone e Arnold Schwarzenegger; a segunda não se trata de nenhuma promoção do dia dos namorados nem é uma chamada para algum bordel. Podem interpretar ao pé da letra mesmo, ou imaginarem a visão de velhos, mulheres, grávidas, puérperas, crianças, deficientes, desesperados em disparada correria em busca de salvação porque já vem água e barro atrás. Sem exagero, essas placas alucinam até os espertos cabras, bodes e outros bichos.

 

10ª — Vou parar por aqui porque senão alguém sugere ao prefeito ou aos vereadores que contratem uma consultoria especializada de trânsito, o que já deve ter sido feito mais de duas mil vezes, basta consultar os arquivos e computadores dos órgãos públicos citados.

 

Conclusões:         1 — O Cabrito fica somente nas dez orientações para não fazer confusão na cabeça de quem exerce função urbanística e acaba de chegar a Itabira, cidade completamente diferente das demais 5.570  brasileiras.

                     2 — Para confirmação de números citados não precisam questionar esta excelência chamada Cabrito, Bom ou Mau. Basta consultar o Google, hoje substituto do dicionário e chamado de “pai dos burros”.

 

Cabrito (Bom ou Mau)

 29/09/2021

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

IRMÃ MIRIAM: UMA VIDA PAUTADA POR ALEGRIAS FESTIVAS E RISADAS ANTOLÓGIC AS (Capítulo II)

Não era planejamento deste escriba tocar mais profundamente  no tema “Pernilongo”, mas ele se aflorou de tal maneira que, devido à exiguidade de tempo e espaço, resolvo  fazer sua inserção em caráter exclusivo. Até porque, como podem  perceber, a alegria de minha Tia Irmã Miriam de Almeida comigo tocava muito na citação dos pernilongos.

Então, vamos abordar o assunto com mais detalhes, avisando que, provavelmente, surgirão outros causos engraçados do mesmo inseto perturbador da ordem. “Vamos ao que  segue”, como dizia meu Professor Chaves, de Geografia e História, no Ginásio Estadual de Guanhães, hoje Escola Estadual Milton Campos, onde estudei durante dois anos.


PERNILONGOS SAUDOSOS DE MIM



Pernilongo era sempre o prato do dia nas conversas à vontade com Irmã Miriam. O inseto me deixava curioso quanto à sua origem. Não o conhecia “pessoalmente”, primeiro problema. Na época em que fiquei sabendo de sua existência, mantive-o como sinal de progresso, porque na roça eles não perambulavam, só nas grandes cidades. Hoje, com a denominada indevidamente “evolução”, já tenho, desde os tempos da brilhantina, explicações pelas causas dessa epidemia que, na verdade, é proveniente da intensa urbanização. Então, considerava Itambacuri uma cidade de grande porte. É aconchegante, mas quanto ao culex pepeans fatigans (nome científico do pernilongo), hoje está contra  o progresso. Portanto, dá sinal de poluição e não de desenvolvimento. É um problema do Brasil, talvez do mundo e “não de Bacuri somente”, diz um morador das redondezas.

Os pernilongos de Itambacuri  ficaram famosos graças a Governador Valadares e Teófilo Otoni, além de outras cidades da região. O calor exagerado traz sua fama para todo o Vale do Mucuri. Mesmo assim, Irmã Miriam os tratava com supremo bom-humor.  Vejam esta...

Fazia tempo que ligava para ela semanalmente. Estreitamos nossos contatos a partir do cinquentenário de sua vida religiosa, em 2001.  Quando não, ela me chamava para contar ou buscar as últimas novidades. No fim de todas as nossas conversas, dizia: “Um abraço para você e todos aí”. Depois, completava: “Os pernilongos lhe enviam também um forte abraço, com picadas mais fortes ainda! Eles mandam dizer que estão com muita saudade!” (ha... ha... ha... he...he...he...).

 

ARAPUCA PARA PERNILONGOS


O dia amanheceu em Itambacuri, em 15 de agosto de 2018, feriado, com o povo todo na rua. Era o fechamento da festa religiosa anual da cidade. Acordei todo vermelho, picado dos pés à cabeça por esses culex malditos. Na hora do café, minha Tia me olhou e colocou a mão em meu rosto: “Coitadinho!” – exclamou ela – “os pernilongos fizeram festa com você nesta noite!” E promoveu um desabamento  daquela inesquecível  gargalhada, a ponto de  estremecer todo o Convento das Irmãs Clarissas Franciscanas do Santíssimo Sacramento. E arrematou: “Hoje vou cuidar deles, você vai dormir tranquilo... se é que pretende dormir aqui ... ha... ha... ha... he... he.... he!”

Aconteceu assim: minha Tia pede  ao José, funcionário muito querido das irmãs, para colocar um véu, tipo filó, em volta de uma cama. Na hora de dormir, lá pelas dez da noite, me leva ao quarto e apresenta-me ao conjunto que ela mesma denominou “arapuca para combater pernilongos”.

Dormi sossegado. Mas aconteceu o imprevisto. Como sempre nas madrugadas acordo para ir ao banheiro. Vou sempre de olhos semi-abertos para não perder o sono. Só que não me lembrei do véu e acordei no banheiro todo enrolado nele. Tive a impressão de que era um peixe e havia caído numa rede, em pleno mar. Sacudi de todo lado, na verdade me enrolei todo. Graças a Deus, acordei-me por inteiro depois de dançar samba, bolero, twist e chá-chá-tchá, Custou-me um tempo alongado para me safar das redes do pescador José...

Não deu outra: de manhã, quando fui narrar o ocorrido à Tia, o que aconteceu todos já sabem: riu como se tivesse encontrando a mina do Rei Salomão. E sempre contava o fato para seus amigos itambacurienses, que riam mais ainda.

 

CIÚME DOS PERNILONGOS



Como sempre num espaço bimestral, estou indo a Itambacuri, notável cidade do Vale do Mucuri, Minas Gerais. Em lá chegando, naqueles dias quentes de novembro de 2013, minha Tia me encurrala na parede da sala do Convento, onde reina pendurada  a famosa e poderosa Oração de São Francisco de Assis: “Estou desconfiada que você está vindo muito a Itambacuri e não é para me ver, mas sim para saber da história dos Almeida e mais alguma coisa”. Respondo-lhe, perguntando: “O que é mais alguma coisa?”

Toma ar perto da janela, suspira, respira e solta esta: “Você está mais comprometido com os pernilongos e vem aqui para estudá-los”. Risos para inundar o ambiente depois que fecho a conversa: “Vou denunciar aos primos e amigos que a senhora está com ciúme dos pernilongos”. Ela me abraçou e nada disse mais, somente deu a registrada gargalhada continuadamente.


PALESTRAS SOBRE O CULEX


Em 2013, já estou de saída da revista, depois de 20 anos ininterruptos de chefia de redação, viajando neste tempo uma média de 5 mil quilômetros por mês. Agora tento uma ocupação mais leve, de palestrante. Conto para Irmã Miriam a ideia e ela fica mais atenta, fazendo-me várias perguntas.

Silencia-se depois do interrogatório e caminha rumo ao seu quarto de dormir, segurando o aparelho telefônico, mandando-me tomar banho e vestir-me com a melhor roupa. Burro que sou, não percebo que me preparava uma surpresa. Apenas penso: acho que vamos abrir uma garrafa de vinho. Ela tinha uma predileção pelo tinto-seco. Mas será que ela quer que eu me vista bem somente para ingerir uma garrafa de vinho? Voando como uma andorinha no verão estou ainda.

São 18h30 e sou chamado no corredor. Quem me intima é a Irmã Camila, com aquela doce voz, bem calma: “Irmã Miriam está chamando o senhor; está na sala de visitas”. E completou a querida freira: “Tem visita para o senhor!” Neste momento me sinto mais perdido que cego em tiroteio, imaginando mil e tantas opções.

Chego na sala e lá está um senhor de postura muito simpática. Levanta-se, cumprimenta-me  e Irmã Miriam lhe diz: “Este é o meu sobrinho de que lhe falei. Espero que se entenda sobre o que ele pleiteia”. Susto meu. Esse “pleito” deixa-me outra vez agarrado a incertezas: “Meu Deus, o que foi que requeri à minha Tia?” Lembra-me de várias conversas,  mas não consigo  concluir o que ela me apronta agora.

Volto à apresentação: a visita era de um presidente de sindicato da cidade. Ele na retaguarda da conversa, aguarda que eu fale, mas continuo perdido. Mais uma vez Irmã Miriam intercede: “Vamos, rapaz, conte para ele o que você está pretendendo fazer em Itambacuri”.  O  nome do sindicalista me foge à mente, anotei num caderno, mas esse desapareceu. Abro um parágrafo para dizer que tento obter com Irmã Francisca o nome dele, mas até agora não tenho muitas referências.

Fecho o parágrafo. Pronto. Agora sei que minha Tia quer que eu combine com o presidente do sindicato uma palestra para seus associados. Pisei no chão, finalmente. Irmã Miriam escolheu uma entidade em que pudesse palestrar. Ela queria  presentear-me sempre mostrando-se atual e prestativa.

Depois de duas horas de conversa, o sindicalista me passa seu telefone (já disse que o perdi, bem como o seu nome, fato normal de septuagenário). No dia seguinte é hora de retornar a Itabira. Acerto tudo com o sindicalista, só falta um pequeno detalhe. É o que informo à minha Tia  na hora de retornar a Itabira.

Disse-lhe  mais: “Não acertamos tudo porque faltou  escolhermos o tema. Preciso ver mais de perto as necessidades que se juntam à luta maior da organização”.

Então, ligo o motor do veículo e começo  a arrancá-lo. Ela, intrigada, afirma: “Você viaja tanto tempo e não escolhe um tema simples?” – penso que ela pensa.  Mas  solta mesmo a voz, antes e depois da gargalhada  diz com força nos pulmões: “Oh, José, faça uma palestra sobre os seus amados e idolatrados  pernilongos”.

E deu “tchau”, sem parar de rir... Eu também.

José Sana

13/09/2021

 

 

 


sábado, 4 de setembro de 2021

“ESQUECERAM DE MIM”

 Itabirana, professora, historiadora, pedagoga, embaixadora cultural, escritora, palestrante, comendadora, acadêmica, premiada em vários países, tem destaque de livro de sua  coautoria em Feira de Lisboa. Anotação inevitável: celebridade lá fora do país, seu nome continua praticamente no anonimato na terra natal

 

Poderia  abordar neste momento Carlos Drummond de Andrade, ou João Camilo de Oliveira Torres, ou Cornélio Penna,  ou dezenas de autores de artigos em universidades, faculdades, mas me detenho em figura pouco, ou quase nada,  lembrada da antiga Itabira do Mato Dentro.

Refiro-me ao nome de cartório e pia batismal de Denise Andrade Félix; filiação: José Salvador Félix e Gemima de Andrade Félix; profissão: professora na Escola Estadual Mestre Zeca (Emza) e na Escola Municipal Filomena Jardim, em Itabira; padrinhos: ninguém.

Há  sete  anos, exatamente em 2014, iniciou a sua maratona vitoriosa internacional, obtendo premiações em vários países, a partir de menção honrosa recebida em Paris por artigo de mestrado – “Metacognição, especifidades e estrutura” – na Universidade Iberoamericana.

Seu destaque de ouro: está se desenrolando, de agosto (28) a setembro (11, a Feira do Livro de  Lisboa, cujo transcurso já teve a presença do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que adquiriu um exemplar da obra recém-lançada, de sua coautoria, “Sem fronteiras pelo mundo VI”.

Constrangedor registro, pelo menos no entender deste pobre  escriba: apenas a Câmara Municipal de Itabira, em 2018, homenageou a itabirana notável com Moção de Aplauso, além de receber ela, da sociedade, troféus diversos. Muito pouco para tão nobre conterrânea.

 

LISTA  DE DESTAQUES









Denise Félix recebeu homenagens mundo afora, seu nome de escritora se espalhou e só não pegou, por enquanto, em Itabira. Na foto com o Conde Thiago Menezes







Resolvo ver a lista de comendas conquistadas pela itabirana Denise e me assusta não a extensa lista, mas a simplicidade que chega a ocultar suas geniais vitórias. Eis algumas que a fazem comendadora e embaixadora:

— Comenda Trovador Rocha Ramos como Benfeitora da Cultura Brasileira (2017).

—  Comenda Escritor Graça Aranha.

— Comenda Láurea Acadêmica Qualidade Ouro pela Federação Brasileira  dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes do Rio de Janeiro.

— Embaixadora da Paz, elo Brasil/Argentina.

— Embaixadora Cultural 2018.

— Embaixadora da Paz e Meio Ambiente 2019 pela ACLAPT CTC no Espírito Santo.

— Imortal Cadeira 12 e Acadêmica Fundadora da Academia de Belas Artes do Rio Grande do Sul.

— Nucleo Accademico Italiano di Scienze, Lettere e Arti.

—  No próximo dia 24 deste mês, Denise Félix receberá, no Rio de Janeiro, a Comenda Luís Vaz de Camões, Prêmio Destaque Literário 2021 e  lançará  a  Enciclopédia Greco-Francesa. Seu nome será gravado em  um azulejo na Parede da Galeria dos Imortais,  na Casa dos Poetas  em Petrópolis (RJ).  A homenagem ficará junto de outras, como de Jô Soares,  Fernanda Montenegro, Paulo Betti, Thalita Rebousas, Caco Barcellos, entre tantas  celebridades.

 

RESUMO DE PREMIAÇÕES







Perguntem à itabirana internacional quem lhe deu a mão, quem abriu portas para ela, mesmo quando saiu para o exterior, em 2014? Ela responde humildemente: "Ninguém!"








— Troféu Elo Brasil/Argentina;

— Prêmio Diamond Arts And Education Áustria (2020);

— Melhores do Ano Literarte; Personalidade do ano 2019 e 2020 em Taubaté, SP;

— Honra ao Mérito Assis Chateaubriand, São Paulo;

— Professora destaque em Minas Gerais  2017;

— Troféus em Itabira: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Pedro Aleixo.

A Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade está promovendo preparativos com vídeos para o Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira) . Denise sabe disso e ofereceu-se para colaborar na organização do evento. A todo o momento ela recebe ligações do exterior e agenda  entrevistas com a imprensa internacional.  Hoje (4) ela foi entrevistada pelo pessoal do Clube de Leitura no Shopping Bretas de Itabira. Resumo: uma ilustre desconhecida da elite da cultura e de parte das autoridades locais. É simples como o mais humilde de todos os itabiranos.

 

ALGUMAS OBRAS DE DENISE


Livros publicados: Antologia Fernando Pessoa e Convidados, Portugal/Brasil, Editora Mágico de OZ; Luís Vaz de Camões e Convidados, Portugal/Brasil, Editora Mágico OZ e ABCdário dos Animais e Outras Histórias Incríveis; Brasil/Áustria, Associação Internacional de Escritores a e Artistas (Literarte),

 

LIVRO INTERNACIONAL



Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo 
de Sousa, na feira do livro, adquire um 
exemplar do livro internacional


O livro “Sem Fronteiras pelo Mundo” é baseado no tema
  sentimentos extraídos de viagens, cuja experiência a escritora Denise é expert. Denise, de cultura  contagiante, principalmente quando se vê nela a seriedade em ensinar em sala de aula, diria que nem olha para os preconceitos que podem ou atacariam seus sentimentos. . Não é para muitos esse dom que denuncia que dentro dela há uma espécie de complô pela obra divina de reconstrução do mundo.

Esta é uma análise particular que expresso, mas que, levada ao conhecimento das pessoas, obtém delas a plena concordância em sentido integral. Após o fim do lançamento oficial da Flip Lisboa, em 11 de setembro, o livro será distribuído  nas maiores livrarias brasileiras, e  também em Itabira, é claro, onde a santa não faz milagre mas, pelo menos,  lança luzes de esperança.

A obra da Editora Sem Fronteiras percorrerá o mundo em E-book e com tradução impressa em cada idioma dos países determinados, destacando-se, além de Portugal e Brasil, Moçambique,  Timor Leste, Angola, Nigéria, Senegal, França,  Espanha, Itália, Reino Unido, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Suíça, Áustria, Líbano entre outras computadas 23 nacionalidades.

 

CONCLUSÃO



   Ano de 2018, vereadores de Itabira, da Legislatura anterior, prestam homenagem à itabirana esquecida. Na época, o vereador Vetão oferece sua participação. Hoje, ele é presidente da Câmara Municipal e sabe da trajetória de Denise Félix

Sempre em contato com a itabirana Denise desde 2018, quando a acompanhei em homenagem recebida  da Câmara Municipal de Itabira, ela ofereceu seus  préstimos gratuitos à Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e diretamente, por WhatsApp, ao prefeito Marco Antônio Lage, para colaborar  com  sua experiência na  realização do Flitabira, que está sendo preparado para outubro próximo. Ainda não teve resposta, nem negativa, sequer positiva. Uma lástima!

Vou persistir na defesa de nosso patrimônio humano de Itabira. Se não conseguir justiça para Denise Félix terei, pelo menos, um livro, ou filme  a ser levado ao  conhecimento geral: “Esqueceram de mim” cairia bem  como título para as telas ou livrarias. Ou mesmo, a confirmação de que, realmente, santo de casa não faz milagre mesmo. Só não vou parar de pedir justiça para os nossos artistas, artesãos, poetas e escritores itabiranos. Itabira está agora  pensando em construir o seu futuro. Sem união geral, nada feito.

Conheço muito bem o nosso prefeito e sou capaz de apostar que ele não tem conhecimento desta situação intrigante. Ele é muito atento, principalmente  sobre temas  culturais e históricos. Sempre  destaca a justiça como emblema de seu trabalho de chefe do executivo.

José Sana

04/09/2021

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

IRMÃ MIRIAM: UMA VIDA PAUTADA POR ALEGRIAS FESTIVAS E RISADAS ANTOLÓGICAS (Capítulo I)

Chega de chorar a partida de Irmã Miriam! Só não chega de escrever sobre a sua vida de passagens lindíssimas em várias cidades brasileiras, de norte a sul de Minas e até do País. É preciso repetir que ela nasceu em São Sebastião do Rio Preto, onde plantou muitas páginas de religiosidade na evangelização, e viveu maior parte da vida em Itambacuri, cujo povo a ama fervorosamente e jamais a esquecerá. 

Agora resolvo fazer uma pequena seleção de momentos de júbilo que ela promoveu em seus quase 100 anos de vida, utilizando sua memória impressionante. Daria um livro essa existência fecunda e feliz e renderia uma enciclopédia o transcurso de suas lutas e glórias.

Aviso a todos que a sequência destes capítulos não é cronológica, embora pareça. Vou tentar pontuar para segurar você, meu ilustre leitor, com fatos vividos por ela, com a minha complementar presença fofoqueira. Sou assumido e mereço crédito, modéstia às favas.


AÇÚCAR NA CHUPETA

Tenho uma irmã que se chama Maria das Graças, a terceira da prole de dez da escadaria fértil de Itália Sana e Tãozinho do Godó. Chorona quase inconciliável, criada com leite de cabra que ficava complementando os berros na porta da cozinha, forte pra chuchu, ninguém dava conta dela quando resolvia choramingar. Na hora de dormir soltava um berreiro de atropelar ouvidos da pequena Vila São-Sebastianense, ex-Cachoeira Alegre.

Só havia uma pessoa que, em minutos, calava esse choro persistente: Nenzinha do Godó, ou Raimunda, futura Irmã Miriam da Natividade, depois Irmã Miriam de Almeida. Meu pai acelerava os passos da Rua de Cima à Rua de Baixo para buscar a reboque minha Tia Nenzinha, que parecia ter o segredo da mágica que causava  silêncio profundo após sua chegada e interferência no ambiente ao redor.

A repetição do ato parecia um milagre e tinha certa curiosidade geral. Anos a fio, Maria das Graças cresceu e o “milagre” de Irmã Miriam se perpetuou misterioso. Muitos queriam saber, até que meu Pai resolve, um dia, já tardiamente, a menina já era mocinha, fazer-lhe a pergunta: “Me conta aqui o que fazia para calar a choradeira de Maria das Graças?” Irmã Miriam, depois da sua solene gargalhada, disse para todos ouvirem o seguinte: “Nada eu fazia, apenas mergulhava a chupeta molhada na xícara de açúcar e colocava em sua boca; era o que bastava para devolver-lhe o sono”. Risos gerais.

UM TAPA NO GINÁSIO SÃO FRANCISCO

Estamos em pleno ano letivo de 1959, eu aprisionado no Alcatraz de Conceição do Mato Dentro, ou excelente Ginásio São Francisco, dirigido pelos Padres Capuchinhos, onde um diploma de Ensino Fundamental equivale a um curso superior, sem brincadeira. Estou na terceira série. Sou surpreendido por uma visita inusitada de minha Tia Irmã Miriam, da mesma Congregação dos padres capuchinhos e do diretor Frei Isaías da Piedade, das Clarissas Franciscanas de São Francisco de Assis.

Neste momento, estou em sala de aula e um regente me chama à porta, intimando-me a comparecer na sala da diretoria. É o momento em que a barriga de qualquer menino de 13 anos gela, ainda mais quando a zombaria geral pode ser imaginada como admoestações dos freis disciplinadores. Com o coração dando pedaladas junto de meus passos, disparo-me no rumo da sala do bravo Frei, que me aplicava sempre boas “cocadas” (coques na cabeça). Ele me detém na antessala e me diz sorrateiramente: “Sua Tia Irmã Miriam, minha companheira de Congregação, está aí e quero que você lhe faça uma surpresa; ela não sabe que você está aqui; só quero que lhe beije a mão como gosto que os alunos façam com seus mestres superiores, você sabe!”

Prendo a respiração, o medo abrange duas suposições: enfraquece-me no gesto afetivo e ser repreendido pelo Frei (estava com nota baixa em “procedimento”, quesito que mantinha o aluno na espécie de “solitária”) ou minha Tia não aprecia devido à sua costumeira intempestividade e bravura indômita.

Entro e corro para ela, que me reconhece e me abraça. Olho de lado, Frei Isaías da Piedade me contempla intempestivamente, braços cruzados e cabeça inclinada, demonstrando nota zero para em comiseração e nega seu sobrenome. Resta-me a penosa tarefa de lascar um beijo na mão direita de minha Tia, e sabem o que aconteceu?

Ela me desfere a outra mão, que quase pega o olho, num tapa para se consagrar e me deixar como autêntico vencedor da parada. Uma doce vingança, almejada por um menino peralta. A Tia ainda aplica uma freada que me arrepia dos pés à cabeça, apesar de ser repreensiva a atitude: “Onde você aprendeu isso, menino? Eu não sou nenhuma rainha!”

Minha felicidade cresce ao olhar a cara do barba-longa e avermelhado diretor, um capuchinho tido como disciplinador de fazer tremer qualquer rapaz forte, que supera os outros diretores, menos rigorosos que seu antecessor, o italiano Frei Gabriel de Melilli e Frei Agatângelo, além do Capelão Frei Manoel. Esse adorava falar sobre capeta e inferno, além de outros padres que moravam ao lado do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos e que jogavam futebol com a batina marrom.

O rigor reinante no colégio fazia com que os pais dos alunos para ali mandassem seus filhos. Eu mesmo fui parar naquele presídio devido ao que chamavam de vadiagem praticada durante os dois primeiros anos no Ginásio Estadual de Guanhães, onde tive a vida de reizinho, até apelidado de Cheiroso.

Anos depois minha Tia comentava o fato, reprisado sempre em momentos de relaxe comuns em nossos encontros. Quando lhe falei que a cerimônia do beija-mão era ritual de exigência do nobre disciplinador, restou-lhe deixar vazar, como sempre, a sua irrefreável gargalhada.

CARONA EM ITAMBACURI

Nas minhas muitas idas a Itambacuri, a partir de 15 de dezembro de 2001 (depois conto a história desta viagem) tem uma vez em que estou aí para presenciar a Festa de Agosto, que agita a cidade. Irmã Miriam me arranca quando espreguiço no quarto e me diz em voz de autoridade (ela sempre foi muito franca e nunca guardou rancor, nem amor, é preto no branco), me disse: “Me leve ao banco?” Pulei da cama, me penteei, prontificando-me a atender as suas benditas ordens, com muito prazer, é claro.

Entra no carro, puxa o cinto e determina: “Vá direto!”. Sigo as ruas planas da cidade, passando por barracas da festa e parando em frente ao Banco do Brasil. Desce e despede-se. Pergunto se devo esperá-la, responde com um sonoro “não” e explica: “Vou passar também nas barracas e comprar umas coisinhas; pode voltar para o seu descanso!”.

Retorno e marco no relógio  a hora de busca-la: 11h20, antecedendo o almoço. Penso: “Daqui a pouco vou buscar essa Tia teimosa”. Em 40 minutos, volto ao local em que ela desceu, estaciono o veículo e percorro as barracas e até compro uma camisa do Galo, que guardo entre as minhas dezenas do Clube Atlético Mineiro.

Surpresa e susto: não encontro a querida Tia e fico preocupado, as ruas estavam repletas de festeiros. Retorno ao Convento. Em lá chegando, ela rezava para o almoço com as outras irmãs. Em seguida, me reprime: “Procurei você no quarto e não estava lá; você se perdeu na cidade?” Pergunto: “Como a senhora veio parar aqui?” Saiu de novo aquela sua tradicional barulhenta, doce e barulhenta risada. A explicação sai de uma freira muito simpática: “Essa nossa Irmã Superiora (ela dirige a casa) não anda dez metros a pé em Itambacuri; todos os motoristas a conhecem, gostam dela e lhe oferecem carona; até de caminhão costuma chegar aqui e nunca paga um táxi”.

 “ATÉ QUANDO VOCÊ PRETENDE FICAR AQUI?”

Chego a Itambacuri. Estamos em 2010. Sou editor de revista, cargo que carrego durante 20 seguidos anos. Desço do calhambeque, toco a campainha, portão aberto, subo a rampa que, vez por outra, chamo de ladeira. Encontro três irmãs, que gentilmente batem palmas e fazem verdadeira “festa”, saudando o “sobrinho de Irmã Miriam”, como muitas ainda me chamam. A Irmã Superiora me recebe feliz, me leva para o café, chego na hora certa. Ela pergunta: “Cadê a sua mala e a Marlete? Não vem dizer que não vai ficar aqui hoje!” Eu, meio fofoqueiro que sou, apenas aceno, zonzo de fome, devoro um pão sem manteiga, me apresentam a margarina  e, em seguida, me levanto para buscar os apetrechos que estão no veículo.

São três malas: uma grande, com filmadora e equipamentos de fotografia; outra menor, com um computador e revistas para distribuir; a terceira com roupas. Subo de novo a ladeira, empurrando duas e carregando uma, esta sem rodas. Fecho o trânsito da subida e a Tia amada vem correndo, para, põe duas mãos na cintura, sapateia e esbraveja logo, com pose de surpresa: “Até quando você pretende ficar aqui?”. Não lhe dou resposta.

Faço-me de cansado, assento-me, pego um calendário que retiro do bolso e respondo: “Estamos em agosto (sempre fui lá neste mês)”. Engulo em seco, mostro o calendário e aponto para os dias: “Vou embora dia 13 ou 14 de dezembro deste ano de 2010. Dia 12 tenho um compromisso aqui, sou padrinho de casamento de um funcionário do Convento”!

Sabem o que ela retruca? Nada. Silêncio total. Em seguida arrebenta o ambiente com a sua ampla e gostosa gargalhada, de marca registrada, só dela e de mais ninguém.

Mais tarde, chamo-a para ajudar-me a abrir as malas e lhe mostro o que tem nelas. Ela, que não perde uma viagem, ainda me diz: “Ainda bem, você me aliviou, mas cadê o terno deste casamento, eu me interesso por esse casório”.

Desta vez quem ri sou eu kkkkk.

José Sana

Em 01/09/2021

(Continua no Capítulo II. E saibam todos que ela - Ir. Miriam e eu -  já reprisamos “n” vezes todas as nossas trapalhadas).