quarta-feira, 21 de agosto de 2019

ET ABRE O VERBO EM ENTREVISTA RASGADA

PLANETA ESCURIDÃO

Faz mais de um ano que estou no pé do ET para mais uma entrevista. Todos sabem que já travei vários bate-papos com ele. Achei que eram páginas antológicas as publicadas. Vejo, a esta altura, que foram bestialidades incríveis, tanto que ele disse: “Nunca mais lhe dou a minha palavra!” Então, vivi insistindo para que fosse encontrada uma forma de não me interferir no tema. Agora consegui.

Vejam, então, que ele não topa mais o estilo ‘perguntas e respostas’. Claramente, me diz que as perguntas que fazemos são idiotas. Chama-me rasgadamente de  tolo, aloprado, biruta, demente, desatinado, destrambelhado, desvairado, lelé. Ele não tem papas na língua. Fosse eu um pouquinho menos humilde não aceitaria as suas acusações. Aceitei de bom grado, até porque ele preferiu dar respostas sem ouvir perguntas, falar sem ser interrompido, abrir o verbo sem que alguém o peça para articular tal proeza.

De minha parte, só tomei a liberdade de acrescentar os subtítulos de cada tema. Só isso. E vamos lá...

COMEÇAR TUDO DE NOVO

“Não me faça sequer uma pergunta. Vocês, do Planeta Escuridão, precisam conhecer, primeiramente, o verdadeiro problema que os aflige. Falam nada com nada, coisa sem coisa. O mundo todo. A Terra toda. Este planeta precisa começar tudo de novo. Iniciar como escreveu um terrestre chamado Gabriel García Márquez em ‘Cem anos de solidão’: “Tudo precisa começar como se o mundo fosse tão jovem e as coisas não tivessem nomes”. Deem nomes aos bois quando conhecerem os bois. Isso não pode continuar deste jeito”.      

COMO COMEÇAR

“Quando começou a ser montado o Planeta Escuridão esqueceram de o clarear, apesar de existirem o Sol, a Lua e  as Estrelas. Deixaram o interruptor desligado e o mundo no breu. Esse lugar em que moram deve se chamar  Planeta Zero quando estiverem começando. Por enquanto é Planeta Escuridão, vou repetir. Queimem tudo e deletem as bobeiras com os devidos cuidados”.

MUNDO IDIOTA

“A questão é que estão aturdidos. Falam demais. Só falam. Têm somente uma boca e dois ouvidos, mas usam mais a boca. Errado. Balbuciam os que falam menos. Idiotices de todos os lados. Como podem falar tanto se nada sabem? Não sabem o que são. Eu pergunto: quem é você? Você veio de que lugar? Como se alicerçam em suas funções? Quer dizer que suas palavras são aventuras apenas? Precisam saber quais as suas devidas funções, as atribuições devidas a cada um.

OS INTELECTUAIS

“Estes são os que leem livros. Pior que, lendo e pegando alguma coisa no ar, pensam que sabem. Citam  Freud, Tolstói, Flaubert, Dickens, Charlotte Brontëm, Gabriel García Márquez (como citei agora), Camus, Drummond (como também cito), mas não sabem engajar o pensamento deles no tema em discussão. Eles próprios analisaram momentos mas não estabeleceram contextsos. Isto porque não sabem em que lugar devem começar. Não sabem começar porque não viram o início ou não pesquisaram convenientemente o princípio de tudo. Intelectual é quem se atreve em ser humilde, em aceitar limitações, em parar de vomitar asneiras.




JUÍZO FINAL

“O mundo sabe que existirá, ou existe o Juízo Final. Para os ditos pseudo sábios já começou o julgamento da humanidade. E esses pensam que podem dizer tudo, entendem de tudo, que são membros do corpo de jurados e que sai de baixo quem estiver para ser julgado. Tudo errado. Podem parar. Não é por aí que começa o processo. Vou lhes fazer uma revelação: o julgamento é ou será feito por cada um para se referir a cada um. Ninguém tem credencial para julgar ninguém. Tem isso até na Bíblia. Quando cada um já estiver bem maduro poderá avaliar o que fez e o que faz. Ninguém mais. Vocês já devem ter ouvido dizer que ainda não a perfeição ainda não foi atingida aqui neste Planeta Escuridão. Quando as pessoas estiverem abaixando a cabeça e avaliando seus erros próprios, aí, sim, tudo estará no princípio do começo.”

BRAÇOS CRUZADOS?

“Não. Nunca! Jamais! Mãos à obra! A hora de recomeçar já passou. Estão atrasados. Todo mundo deve se mergulhar em pesquisas. Podem os seres adotar o sistema “a priori” ou “a posteriori”. Vocês colocam em jogo as suposições, o que pode ser admitido e façam tentativas. Deu errado? Tentem outra vez. Depois podem selecionar os erros da humanidade para evitar que eles se repitam. Então, trabalhem. Aceitem ideias sugestões, mas não as abracem de olhos fechados. Concluindo: jamais fiquem parados, à toa, esperando acontecer. Façam acontecer.”

QUAL A BASE?

“A base inequívoca e incontestável é a Natureza. Mas é preciso que saibam exatamente o que significa este nome, esta palavra, este ser a que chamamos de Natureza. Natureza é a base de tudo. Diria que há um Deus, um Ser Supremo. Mas ele fez questão absoluta de não aparecer. Delegou e delega poderes à Natureza para resolver tudo. A Natureza somos nós e as forças que nos mantêm. Somos sustentados por uma série de energias que nos ligam a determinadas fontes. Por exemplo: não vivemos sem o ar; não vivemos sem a luz; não vivemos sem o alimento; não vimos sem outras coisas mais. O Sol, a Lua, as Estrelas - são parte desse tudo. Mas existem outras forças mais. Precisamos refletir um pouco, ou muito, e, assim chegaremos ao sustentáculo da base.”

POR ENQUANTO...

“Querem saber o que fazer por enquanto? Pois vai lá. Recolham-se às suas insignificâncias. Parem de banir o mundo. Procurem entender o mundo. Eu disse que todos devem destruir, deletar, rasgar, queimar tudo. Foi apenas um modo de expressão. Podem pegar em tudo o que quiserem e encontrará exemplos para saídas desta confusão em que o mundo se meteu. Reparem a população. Muito se falou, no passado, que o mundo chegaria a uma superpopulação e aí essa grande moradia de ratos está clara e inegável. Vocês são quase ou já se constituem sete bilhões de almas praticamente perdidas.”

CONCLUINDO...

“Não vou dizer mais nada. Preocupem-se com a verdade que ainda não existe. Existe em vocês, verdades, ou seja, são muitas. Mas, vasculhem os seus íntimos: as verdades podem ser interesseiras, convenientes, cheias de seus próprios desejos. Não é essa a verdade. Dispem-se de vaidades. Determinem um fim a um trilhão de leis que se fizeram no mundo. Para concluir: formalizem um dicionário de leis naturais. Tentem isso. Façam de uma forma que sejam as escolhas determinadas por longos estudos. E por hoje é só.”

José Sana
21/08/2019