quinta-feira, 25 de novembro de 2021

TUTU CARAMUJO ESTÁ DE VOLTA A ITABIRA

A culpa foi de Drummond pela popularização do nome e do apelido. Quem hoje vir a Itabira e gritar  em uma qualquer praça pública o nome de Antônio Alves de Araújo, se não chamar a atenção, basta repetir assim: “Tutu Caramujo” e até os cães vadios  que ladram nas esquinas, açougues e mesmo bancos, empinarão as orelhas num sinal de “entendi”. Somando ao fato de que metade dos itabiranos já tem complexo de vira-lata, está formada a confusão.

 


Tutu Caramujo está no poema “Itabira”, do poeta da terra, Carlos Drummond de Andrade, imortalizado como um cidadão, que foi vereador, presidente da Câmara, mesmo cargo de prefeito na época (1869-1872), como uma representatividade de quem  não crê no futuro feliz da cidade. Ele se encarna no pessimista de carteirinha destas montanhas minerais.

 

Bem, agora nos reportamos a um caramujo, ou uns caramujos, ou melhor, a milhões ou a até bilhões de caramujos que invadem Itabira de forma avassaladora, tal como em 1945 as tropas aliadas entraram arrasadoramente nas ruas de Berlim, no desfecho da Segunda Guerra Mundial. É a terceira vez que esses moluscos escolhem a terra drummondiana para seu pouso interino ou definitivo, causando sua guerra de moluscos destruidores.


Caramujo é a denominação vernácula, em português, para várias espécies marinhas e não-marinhas da classe Gastropoda, possuidores de brânquias ou de pulmões. Vou agora dar o endereço residencial deles, de onde partem em debandada pela região para o ataque mortal a plantas e ameaças à saúde dos humanos: Esplanada da Estação com Bairro 14 de Fevereiro, local central de reuniões e gritos de guerra.

 

Completando a área paralela das avenidas Duque de Caxias e Mauro Ribeiro, existe um beco todo florido, obra do vereador Neidson de Freitas no mandato municipal passado, hoje mantido às custas dos moradores do Condomínio Esmeralda situado na vizinhança.

 

A Secretaria de Meio Ambiente já foi avisada. Provavelmente, dada a sua responsabilidade, também a de Saúde. Enquanto nenhuma providência é tomada, os moluscos desafiam até o trânsito de ambas as vias importantes, sobem nas paredes de casas e prédios, e tornam marrom todo o chão da passagem. Espalham-se pelas vias da cidade, tomando conta de tudo e, incrivelmente, poucos seres humanos veem.  Motos, ilegalmente, voam no conhecido Beco do Caramujo  e destroem o que lhes aparece pela frente.


Segundo os moradores das proximidades, inclusive eu, já cansados de fazer apelos, o risco é que queiram promover mais  festas incontidas, pós-pandemia, no tal beco, engrossando as realizadas no Paredão e no Parque de Exposições. Enquanto isso, “só, nas portas de vendas, os Tutus Caramujos cismam na derrota  incomparável”.

 

Teremos um futuro de solidão, parados em portas de botecos e derrotados? Não creio nisto.

 

José Sana

Em 25/11/2021)

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

"O ÚLTIMO DOS MOICANOS"

Estamos em 5 de agosto de 1946. Três cavaleiros saem de São Sebastião do Rio Preto rumo a Conceição do Mato Dentro, mais precisamente ao internato do Ginásio São Francisco  para prosseguimento das aulas no segundo semestre. Os três eram Godofredo Cândido de Almeida Júnior, Domingos Primo de Almeida e um chefe de tropa chamado  “Seu Domiro”, negrão forte como um touro e de confiança de meu Avô Godó, ou melhor,  Godofredo Cândido d’Almeida.


               Domingos Primo de Almeida


A pequena caravana tinha saído de madrugada e agora são dez horas da manhã. Minha Avó Sinhá carrega nos braços sua oitava netinha, Raimunda Almeida Dias, nascida em 26 de junho. O nome,  inspirado em  Raimunda Cândida Ferreira de Almeida, nos anos seguintes  passou a ser Irmã Miriam de Almeida. A pequenininha,  preservada pela avó, foi a nossa querida  prima Mundica.

Vó Sinhá, ou melhor, Maria Natividade Ferreira de Almeida, silenciosamente, acomoda na cama a frágil menina de apenas  dez dias de vida, depois de um banho cuidadoso.  Em seguida, devagarinho, mantém  a quietude do ambiente, cai  no solo, passando da pré-agonia ao falecimento. A casa revirou-se em desesperos incontidos ocorrido com aquele chamado “morrer de repente” e a pequena Vila se abateu em prantos e lamentos, visto o notável respeito que devotavam a uma mulher religiosa, serena e carinhosa com pobres e ricos de todas as raças e credos.

Meu  Avô Godó, sempre objetivo e intempestivo, no meio da desolação, ordena  imediatamente a um  outro tropeiro (o nome desse não me foi dito e não tive a curiosidade, infelizmente, de pesquisar) a ir correndo para deter a jornada que seguia à  sede municipal, Conceição. Exatamente na Serra de Santo Antônio do Rio Abaixo, os filhos órfãos de mãe são detidos e retornam.

A reação dos filhos estudantes  reflete como um tiro de canhão certeiro no peito, provocando reações diferentes. Godofredo, o mais velho, desabou-se em choro e gritos, fazendo perguntas intensas, querendo detalhes; o outro, Domingos, caiu no mais ensurdecedor silêncio que se pode imaginar,  depois do choro normal do susto, de momentos no velório e  no sepultamento. Meu pai, Tãozinho do Godó, contava que “Domingos  não disse  uma só palavra durante um mês, fato que muito preocupou o pai, irmãos, parentes e amigos”.

Fiz este  longo preâmbulo  para tentar  abrir uma história de vida de meu Tio Domingos, falecido aos 90 anos, neste último  17 de novembro, a quem eu, particularmente, chamava, nas horas de descontração, de “O Último dos Moicanos”, em alusão a  um filme  e  um livro, aquele de James Fenimore Cooper, romance de 1826, e à obra cinematográfica  de Michael Mann, de 1992. 



                                 Casamento civil: BH

Durante a guerra entre ingleses e franceses, que culminaria mais tarde com a Independência dos Estados Unidos, Uncas simbolizaria o “último dos moicanos”, uma tribo indígena. que participou de épicos anos  de luta.  Na época em que foi  publicado  o livro, acreditava-se que os moicanos estivessem em vias de extinção. Desde então, a expressão passou a significar o último de uma espécie rara e valiosa. Para mim, Tio Domingos foi um moicano sem flecha e sem cocar.

Era esta uma de minhas brincadeiras com ele. Mas, afinal, tomei tanto tempo de um eventual ou milagroso leitor e me resta pouco espaço para contar uma bela história. Vou apenas resumir para que mais tarde possa complementar e com mais detalhes.

 Tio Domingos casou-se em 28 de julho de 1962  com Thereza Rios de Almeida, com  quem construiu uma  bela família, composta de seis filhos: Álvaro José, Maurício (meu afilhado de Crisma), Adauton, Ana Cristina, Alexandre e Karina (tive o prazer de comparecer ao casório). Três netos Tio Domingos deixou em Belo Horizonte .

Minha convivência com ele foi intensa nos tempos de criança, adolescência e até nos dias atuais. Ele e Ir. Miriam (essa falecida em 30 de agosto de 2021), muito me falaram dos nossos antepassados, incluindo uma revelação assustadora: uma das filhas de  meus avós Sinhá e Godó, de 11 anos, foi tragada pelo Córrego das Posses, situado a poucos metros abaixo da casa entre essa, o engenho e a usina de luz; a outra informação foi que o casal teve15 filhos, a nossa geração conheceu apenas sete: Maria Jacintha, José Cândido (Zezé), Sebastião Cândido (Tãozinho), Luzia, Ir. Miriam, Godofredo e Domingos.


Casamento religioso na Igreja da Pompéia - BH


Alguns tópicos que ainda devo registrar:

— Tio  Domingos casou-se aos 31 anos de idade, viveu durante 36 anos ao lado de Thereza, esta falecida em 27 de março de 1998.

— Ele trabalhou durante anos a fio até aposentar-se  como funcionário público estadual.

— Enquanto solteiro, morava no edifício localizado entre a Avenida Amazonas,  esquina com  Rua dos Tupis, em Belo Horizonte, chamado vulgarmente  de “Balança Mas não Cai”. Aí vivemos momentos de incrível alegria e suspense nas brincadeiras com a altura (décimo sétimo andar) e com o elevador que não passava um dia sem um enguiço qualquer.

— Ainda solteiro, ele ia frequentemente à terra natal, e não dispensava dar mergulhos no até então límpido e caudaloso Rio Preto. Para lá levava seus sobrinhos. Meu pai só me autorizava ir banhar-me na companhia dele. E foi exatamente ele quem me salvou duas vezes de afogamento.

Domingos, dizem seus mais próximos amigos, é um homem de família, uma voz de pai perfeito, um líder que arrasta tantos seguidores, mesmo na sua humildade que tentava, até isto, ocultar. Seu jeito de ser, sua postura, suas palavras mansas, todas essas e outras virtudes foram suas companheiras durante tanto tempo, como foi instrutivo e sem alarde seus 30 dias de mudez absoluta na morte de Vó Sinhá, ato demonstrativo de amor incondicional.

Volto ao último dos moicanos só para concluir. Com certeza, Domingos era o “rapa de tacho” da terceira geração dos Almeida, de descendência  portuguesa. Com segurança, não carregava os ornamentos de tribo indígena.

Ele me permite  agora arrancar de vez o que sempre quis: do dicionário a expressão “saudade eterna”. Jamais um ser desta magnitude pode ausentar-se  para sempre de nós. Asseguro que há saudade, sim, mas até quando Deus  determinar. Haverá um dia em que  todos nos  reencontraremos para uma eterna, aí sim, confraternização universal.

José Sana

Em 22/11/2021

Fotos: Maurício Rios de Almeida

sábado, 6 de novembro de 2021

Dominar a língua portuguesa: primeiro passo para o êxito pessoal

Falar, escrever  e  entender o idioma pátrio é um dos grandes desafios do cidadão brasileiro. Ao mesmo tempo, trata-se de tema que mais o prejudica,  especialmente os jovens, quando correm atrás de um emprego. Depois de formados, até em cursos superiores,  os que mais precisam do uso correto da língua continuam tropeçando nas concordâncias, regências, conjugações e, principalmente, na ortografia.

 Enquanto editei uma revista, visitava frequentemente centenas de cidades, mais de 100 mensalmente, às quais enviava, de graça ou por assinatura, exemplares com notícias de várias regiões, como Centro-Leste, Centro-Nordeste, Médio Piracicaba, Vale do Aço e Jequitinhonha. Estivemos circulando também no Sul de Minas durante uns tempos. Deixamos uma marca indelével em Pouso Alegre, depois conto as proezas e aventuras vividas nessa região.

 

O assunto agora é “Vamos Dominar a Nossa Língua Portuguesa”. Depois de ter estudado jornalismo na Uni-BH (antigamente Fafi-BH), História na Funcesi e no Iseed, Letras também no Iseed, incluindo  pós-graduação em História do Brasil e Patrimônio Histórico e Cultural, tomo uma decisão que já tem as providências engatilhadas. A decisiva foi, sem dúvida, a conclusão do curso de Letras, depois de muita prática em reportagens, na imprensa e em assessorias de comunicação de empresas, editorias e diretorias.



Nas minhas viagens e contatos, esses adquiridos  “in loco”, constatei, lamentavelmente, que o brasileiro quer aprender outro idioma,  principalmente o inglês, mas rejeita entender o seu principal caminho para tornar-se comunicativo e eficiente. Hoje em dia, com a comunicação passando em grande parte pela internet, a vaca começou indo para o brejo. Então, pergunto: qual comerciante, lojista e empresário não perde cliente por falta de uma comunicação não apenas gramaticalmente correta, mas com mensagens mais atrativas? Uma grande pesquisa empreendida por órgãos de comunicação mostra que 92% dos brasileiros não sabem o básico do idioma, que é oficialmente nosso, ou são analfabetos funcionais.

Como ser correto na fala, escrita e na interpretação de textos? Como evitar os grandes vícios, principalmente os difundidos  pela internet?  Como ser claro, coeso e conciso, saber contextualizar  mensagens e simplificá-las? Iremos, com a ajuda e a compreensão de milhares de pessoas,  espalhar pelo Brasil afora núcleos que ensinarão o domínio  da língua, e colocarão  em prática o português instrumental como guia seguro e eficiente.

Não pensem que da noite para o dia os 92% estarão aptos a empregar todas as regras de sintaxe. Claro que não. Mas será mostrado o caminho mais fácil e objetivo, prático e rápido a quem desejar e não tiver medo desse bicho de sete cabeças a que chamam erroneamente de  idioma português. E vão saber o prejuízo que tomam dia a dia na vida por ignorar caminhos fáceis para  entender a língua. Muitos dirão: “Quanto tempo perdi na vida!”

Minha paixão pelo idioma pátrio me faz encarar mais um desafio na vida, depois de tantos outros que enfrentei e derrubei humildemente e com muitas dificuldades, diga-se. Quem se interessar é só contatar-me no WhatsApp (31) 99529-8235 ou e-mail josesana2012@gmail.com. Teremos encontros com grupos pequenos, particulares ou em empresas.

José Sana

Em 06/11/2021