terça-feira, 2 de setembro de 2014

FINALMENTE, NÃO TEVE COPA



A democracia é o sistema de governo mais perfeito do mundo, que se conecta diretamente ao nosso estado natural de ser. Quer dizer: ela nos permite ser livres em qualquer lugar do país, falar o que desejamos e agir como queremos. Mas é preciso: ser livres até onde começa a liberdade de outro; falar até a altitude vocabular que não tenha como foco uma ofensa a alguém ou a instituições; e agir sem quebrar o ciclo limítrofe do nosso quintal. Tem fronteiras, portanto, e quer dizer que há um poder para resolver os litígios, o Judiciário.

Referi-me às vantagens da democracia. Agora, os defeitos: permite a quem detém o poder ou dele participa mentir até quando queira e ser demagogo sem limite. Pune, no entanto, os caras de pau autuados pela consciência crítica do povo, mesmo sendo demorado esse processo. Vemos no momento o festival anual de demagogia, cinismo e hipocrisia. Esse período, que ocorre de dois em dois anos, é chamado, também, de eleitoral.

Acabo de ler neste momento o bom texto do economista Ricardo Amorim em “Última Palavra”, página 90, da revista Isto É desta semana. Resume ele o seu tema intitulado “Como resolver todos os problemas sem fazer força” nas seguintes expressões, colocadas em epígrafe: “Queremos tudo, queremos já e queremos de graça. Em  resumo, queremos ser enganados”. Está aí tudo o que faz o cidadão brasileiro diante do processo eleitoral, cujo desfecho ainda não temos a esta altura.

Perlustrando as páginas do mesmo número da revista (pág.30), a  qual considero 70% imparcial, sobrando o restante quase sempre para escolhas de temas a serem pautados, me detenho na frase do cientista político Ricardo Guedes sobre as avaliações de candidatos neste momento: “As eleições estão longe de serem definidas”. Segundo ele, só metade do eleitorado definiu seu candidato e a diferença do voto certo entre Marina e Aécio é de menos de 4%”. Pronto, o resto deixo por conta de meu leitor, se é que ele existe.

Falo aqui agora apenas das repercussões na cabeça do eleitor. Esse prefere fazer a sua análise momentânea e esta é, exatamente a diferença entre o pensamento popular, ou do senso comum, diante das análises científicas. Como exemplo, cito a Copa do Mundo, naquele seu estalar de frases intempestivas: “Não vai ter Copa” e “Vai ter Copa”. Somente agora todos dizem ou são obrigados a engolir que não teve Copa. Ou teve, mas com resultados completamente negativos.

Agora, o Governo Brasileiro, com a história trespassada na sua garganta, justifica a nossa entrada na recessão motivada pela Copa que terminou. Ou seja, a maior disputa futebolística do mundo nos deixou a marca não apenas dos 1 x 7 agarrada na garganta, mas também o prejuízo econômico e financeiro. Para não dizer que está falhando o seu plano econômico, a equipe de Dilma Rousseff é obrigada a assumir o fracasso de uma história que começou há sete anos, quando o Brasil ficou definido como palco da disputa. Entrar a recessão, agora só Deus sabe quando vai terminar. Por enquanto, já posemos sentenciar: afinal, para nós, brasileiros, essa não foi a tal “Copa das Copas” ou, simplesmente, NÃO TEVE MESMO A COPA.