sábado, 22 de dezembro de 2018

PROCURAM-SE SANTOS


Quando Deus fez o mundo, deu a última oportunidade ao homem e à mulher de serem santos. A dupla, habitante do paraíso, não soube aproveitar a chance ao se submeter às tentações de um animal rastejante, eternamente sem crédito, e meteu os dentes numa simplória maçã, outra simplicidade que não cabe em nossa cabeça.

Inexoravelmente, o Criador expulsou Adão e Eva do éden, atitude que, hoje, os tais direitos humanos considerariam arbitrária e própria de um poder imperial e ditador. Pode ser simbólica a passagem bíblica, mas tem, contudo, um cunho de verdade. E esta verdade se estende a um patamar que o ser humano evita entender, ou interpreta erradamente. Deus cassou a possibilidade de ser encontrado uma santo  ou  santa na face do Planeta Terra a partir daí e tornou homem e mulher exímios pecadores. Fazer o quê?

Ferrados da cabeça aos sapatos, o casal pioneiro partiu para viver no mundo das ilusões, como Alice em seu país das maravilhas. Fez de conta que continuava na sua bem-aventurança inicial, mesmo se dando mal, segue errando e levando cacetadas cruéis. Só não desconfia porque a idiotice humana é mais vasta que o buraco negro do universo.

Os tolos mundanos, nós no plural, não aplicamos a percepção da burrice inicial – depois vou me dedicar inteiramente a esta questão – que é o desconhecimento do local em que vivemos, do que somos e da falta de resposta à pergunta: o que estamos fazendo aqui?


“Conhece-te a ti mesmo” – nem o autor da frase se ateve a definir este indefinível  desafio sob a luz de um novo sentido humano, além dos cinco muito conhecidos. Platão atribuiu a Sócrates a frase, mas, em resposta, o sábio da antiguidade soltou outra sentença crucial: “Só sei que nada sei”. Depois, tudo se agravou porque todos ficamos copiando milhares de frases antigas, fazendo o papel de ainda mais estúpidos que os nativos pré-históricos.

Para mostrar que prefere ser idiota a se domesticar, a raça que habita o planeta sai por aí à cata de seres puros, limpos e perfeitos. Ou seja, pesquisa o manancial dos inexistentes, tipo fantasmas, ou super-heróis, os tarzans, capitães américas, zorros, hobins hoods e outros protagonistas menos votados.

Durante tal  busca desenfreada adota o seguinte critério: se Joaquim chama Manoel de bandido, ladrão, safado, corrupto, descarado, cheio de defeitos, automaticamente, o acusador precisa ser uma criatura divinal. Qualquer deslize que o denunciante cometa, está, irremediavelmente, invalidada a acusação. Babaquice maior não há, embora aqui não seja um supremo tribunal universal.

Vou encerrar. Nada mais a dizer. Precisamos nos conhecer. E tenho a primeira receita: vamos criar forças-tarefas na busca de solução cabível para esta dúvida? Cancelemos todas as outras acusações anteriores, julgamentos, ideias, filosofias, leis (exceto as naturais) e pensamentos, e vamos suspender a caça aos santos em covil de belzebus.  

Mãos à obra...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O PERSONAGEM DE 2018


Meu nome é WhatsApp, sem sobrenome, ou melhor, da Silva. Pode ter um sobrenome mais sofisticado, como Niemeyer, Balzac, Flaubert, por aí. Tenho o apelido famoso de Zap para os íntimos. Sou o maior sucesso do momento. Tomei conta do mundo. Ninguém fala mais nada a não ser enfiando o meu nome em sua vida. Nem Robinson Crusoé foi mais admirado.

Tornei-me parte das pessoas. Hoje em dia, consultam-se ou contratam-se médico, advogado, dentista, especialista em tudo, sapateiro, jornalista, lixeiro, motorista, cozinheira, faxineira, diarista, consultor, assessor, tudo por meu intermédio. Sou motivo para os agentes de trânsito multarem os motoristas, com justiça ou injustamente, porque nisso eu arrebento mesmo, sou prejudicial: onde já se viu multar sem autuar? Só aqui no Brasil mesmo e eu estou promovendo tal balbúrdia!

Mas, como ia dizendo, tomei conta do mundo. O sujeito vai ao Japão e fala com você que está aqui no Brasil, instantaneamente, sem gastar um mísero centavo. Há 20 anos, quem diria que tal proeza pudesse acontecer, a transmissão de notícias boas que andam ou as ruins, que voam, por intermédio de um nome iniciado com a letra Y, que sou eu?

Sou um canal de tudo: amizade, inimizade, furtos, roubos, assaltos, acertos de contas, fugas das cadeias e, principalmente, brigas e, mais com profundidade, crimes. Ajudo a distribuir drogas, vendendo-as, a polícia nem vê. Imagino que até o terrorismo está se beneficiando de mim. Se vivesse hoje, Osama bin Laden me usaria para mandar ameaças ao mundo ocidental.



Mas também, sou uma senda que transmite lindas orações. Faço bons e maus contatos e promovo estupros, pedofilia em série, transmito o bem e sou um caminho para rogar pragas nas pessoas. Sou canal até dos analfabetos, que nunca aprendem a escrever, ofendem a língua descaradamente, mas resolvem, sim, mandar recados via áudio ou vídeo. Eu me faço de elo que produz sinceridade, falsidade, compreensão, insensatez, paciência.

Por incrível que pareça, provoco raiva nas pessoas pelas mensagens desagradáveis que costumam enviar e, também, o contrário, prazeres pelas boas-novas. Promovo a ira por alguém nunca dar resposta a perguntas úteis ou fúteis, ou urgentes, ou dispensáveis. Estou naquele aparelho esquecido, ou perdido, guardado na bolsa, cujo dono ou dona não está nem aí. Existem aqueles que só têm o meu canal no seu aparelho, mas esse equipamento fica encostado o quanto quer. Sou o meio de comunicação desses egoístas, muito comuns no mundo atual, que só querem me usar quando realmente necessitam.

Ah... estava me esquecendo: eu revelo a cara dos caras de pau, mostro a estampa dos que nunca leem as mensagens recebidas, às vezes recados urgentes, como “estou na forca, venha me salvar”, mas mandam outras, às vezes enfadonhas, repetidas, antigas mensagens sem olhar o que chegou. Também são notáveis os tais “fakes news”, que foram, neste 2018 quase findo, o meu concorrente em popularidade. Os produtores de “fakes” só não ganham de mim, nunca ganharão, porque transmito mensagens verdadeiras e boas também, e aí está a diferença porque eles só cometem barbaridades imperdoáveis.

Faço o amor, a amizade, a compreensão, a separação e o ajuntamento. “Ama-se pelo Zap e trai-se pelo Zap”, escrevem os literatos até de parede de banheiro de rodoviária. Por falar nisso, esses banheiros foram extintos na categoria de porta-mensagens, acabei com eles. Sou fio condutor de textos famosos, como “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, ou até via de transmissão de zombarias contra os mulçumanos , os “Os Versos Satânicos”, de Salman Rushdie.

Não tenho que me declinar. Fora falsa modéstia! Torno-me um narcisista sem medo de errar. Devo, sim, proclamar a verdade que todos sabem: promovo-me à condição de  O PERSONAGEM DE 2018.

Acredito que continuarei sendo o melhor também de 2019, 2020... 2100... até inventarem um aplicativo que ensine as pessoas a comer no prato do outro à distância, e invadir, à força, a vida alheia. Mas tal forma indiscreta de fuçar a intimidade do próximo ocorrerá por via transmissora exatamente minha, o ser mais orgulhoso e útil e chato e convencido que já chegou à face do Planeta Terra: minha majestade o WhatsApp da Silva.

José Sana

sábado, 24 de novembro de 2018

TERRORISMO ITABIRANO: A VOLTA DE TUTU CARAMUJO


Vamos abrir este texto com o poema intitulado “Itabira”, fragmento de Lanterna Mágica, que lembra  Antônio Alves de Araújo, apelidado de Tutu Caramujo, presidente da Câmara Municipal (mesmo cargo de prefeito), no período de 1869 a 1872, focalizado por Drummond quase cem anos depois:

“Cada um de nós tem seu pedaço no pico do Cauê
Na cidade toda de ferro
as ferraduras batem como sinos.
Os meninos seguem para a escola.
Os homens olham para o chão.
Os ingleses compram a mina.
Só, na porta da venda, Tutu caramujo cisma na
derrota incomparável.”

Para ilustrar um pouco mais esta história, a Prefeitura de Itabira está reformando a casa em que viveu Tutu Caramujo, situada na Rua Tiradentes, nas proximidades do Banco do Brasil e do Foto Hollywood.

Complementando este pequeno prefácio, o sobrinho-bisneto de Tutu Caramujo, Marconi Ferreira, explica a origem do epíteto de seu ancestral: “O Tutu Caramujo é devido ao fato de ele recolher-se na janela da venda quando vinha uma pessoa indesejada. Assim que passava, olhava com ‘rabo de olho’ e retornava aos afazeres”. “Tutu Caramujo era para muitos um pessimista; para outros, um visionário, por enxergar a imobilidade do itabirano frente a tão grande riqueza,” completa Marconi, escritor, poeta e estudioso de história e cultura, autor de "Viagem na História de Itabira com o  Menino da Mina", um livro de poemas (2013).


RUA ACESITA (RUA CARAMUJO): foco dos caramujos itabiranos

Agora, a notícia que surge é nada alvissareira: Caramujo voltou, ou melhor, os Caramujos chegaram de há muito  e estão infestando Itabira de ponta a ponta. Talvez porque a sua residência oficial seja na Rua Tiradentes e a casa esteja sendo reformada pelo Patrimônio Histórico, ele tenha resolvido esperar o fim da obra na avenida mais chique de Itabira, a Mauro Ribeiro Lage.

Eis a identificação do novo invasor itabirano: caramujo africano (Achatina fulica) é uma espécie de molusco terrestre tropical, originário do leste e nordeste da África. Foi mundialmente disseminado pela ação humana ligada à gastronomia, pela região da Tailândia, China, Austrália, Japão e, recentemente,  pelo continente americano. Essa é considerada uma das cem piores espécies invasoras do mundo, que causa sérios danos ambientais  e à saúde humana, incluindo esquistossomose, dengue e outros males não menos nocivos.

Concluindo, esta não é apenas uma crônica, ou melhor, não é nada de texto literário, mas um alerta. O alerta deve ser acrescido do seguinte:

— os malignos Caramujos são milhares ou milhões, que vieram morar em Itabira, habitando originalmente a Rua Acesita, que liga a Avenida Mauro Ribeiro à Itambé, o ninho ou foco principal; sugiro que, para facilitar o combate ao inimigo, a via seja denominada Rua Caramujo (atenção, senhores vereadores!)

— constituem perigos para restaurantes, lanchonetes, escolas e residências, é claro, e  para a saúde de crianças principalmente;

— utilizam o transporte de vírus por meio de frutas, como banana, pera, maçã, mamão, além de verduras e legumes;

 — não atacam o indivíduo cara a cara; como seu xará do século XIX, é matreiro e devagar, sossegado, sua técnica é traiçoeira e, portanto, cuidado itabiranos!

Todos estão avisados, os envolvidos, moradores das proximidades — Alto Pereira, Major Lage de Baixo, 14 de Fevereiro, Esplanada da Estação e outros — que precisam se juntar para pressionar a Prefeitura, que tem conhecimento do fato faz tempo (segundo moradores das proximidades, há mais de dois anos). E que Polícia, Justiça, Governo do Estado, Governo Federal e, finalmente, a sociedade organizada ou não, fiquem atentos e zelosos. Eu faço a minha parte.

Gente, amigos, cidadãos, não deixem que esse Tutu Caramujo atual e terrorista nos provoque uma derrota incomparável!


domingo, 4 de novembro de 2018

CONVULSÕES E CONFUSÕES

Parte do universo, incluindo Lua e Marte, encontra-se em dilatada convulsão e em infinita confusão ideológica. Há inúmeras teorias a seguir e, por causa disso, a maioria dos seres humanos não sabe qual é sequer a via preferencial.

O problema parece de fácil solução para quem sabe fazer uma leitura neutra do espaço chamado globo terrestre. Esses, contudo, são uma minoria escassa. Afinal, são decorridos milhões de anos da existência da raça humana. Pela demora em encontrar um ponto comum, indispensável como se fosse o início de uma corrida de fórmula um, pode-se garantir que somos, realmente, idiotas sem defesa.
O ponto inacreditável em toda essa história de busca de rumos é que os mais confusos são exatamente os que se autodenominam intelectuais. Nunca se viu tantas divergências de ideias e opiniões quanto no seio desses ditos estudados e estudiosos seres que não passam, na verdade, de pseudoletrados.

Há rumos diversos a se observar que convergem para as ciências, filosofias, sociologias, religiões, antropologias e um emaranhado de vieses dentro de cada um desses conhecimentos. Quando o estudioso entra num campo qualquer, acaba se  perdendo numa floresta densa, sem saída e sem retorno. Vamos ver o porquê.


Estampam-se aos nossos olhos responsabilidades fatais que pesam  nos ombros dos adultos principalmente, visto que nós nos localizamos num patamar de onde dar exemplos e ensinar são fatores que se destacam como tarefas inadiáveis. Depois de nós vêm os jovens que precisam de exemplos para pisar em chão firme e seguir à frente. Aí a confusão aumenta na cabeça de todos porque nem sempre esse ser bem-vivido é o sábio que merece ser seguido.

Como está escrito no segundo parágrafo deste texto, aparecem imensos obstáculos para se fazer uma leitura neutra e correta do planeta em que nos encontramos. Sem querer forçar uma opinião, é imperativo ter respostas seguras para pelo menos dois questionamentos: quem somos nós e que mundo é este?

Há regras que aparecem  a seguir como leis a serem observadas e respeitadas. Uma delas tem o seguinte postulado de estruturação: somos o resumo ou o contexto do mundo e nos submetemos a ininterruptas alterações. Lembrando Lavoisier, renomado cientista do século XVIII, realmente, “na natureza nada se cria, nada se perde, mas tudo se transforma.” Paremos, então, de seguir ao pé da letra teorias ou normas de prazos vencidos.

Chegamos, então, à estrutura em que nos situamos juntos —  raças, credos e classes — utilizando o que basta, e os cinco sentidos são suficientes para entender, que agora, sim, podemos iniciar a corrida de fórmula zero. Estamos de volta à pré-história, não vamos passar uma borracha nas experiências aprendidas noutras etapas, mas passou da  hora de reconhecer que saltamos incontáveis lições fundamentais e ignoradas. 

Estamos prontos  e bem humildes para reiniciar a jornada da vida? Aí começa o curso de nossa passagem por estas terras.

José Sana
Em 04/10/2018

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

É PRA FRENTE QUE SE ANDA

Tinha eu 16 anos e era comunista. Bem mais comunista que os pseudo-esquerdas de hoje, que não sabem sequer o significado da expressão e nem de capitalismo e socialismo. Arrebentava a chamada “revolução de 31 de março”, a que todos chamamos de “ditadura militar”. Meu lado era o oposto, ou seja, contra a tirania, como aprendi a lição desde os meus primeiros anos escolares.

Por enquanto, continuava dormindo o sono dos inocentes. Foi quando comecei a cursar o segundo grau. E me enfiava nos protestos que ferviam em BH, os quais antecederam à deposição de João Goulart. A frente das marchas era comandada pelos denominados “padres de passeata”, contra o governo mineiro, de Magalhães Pinto, comandante civil do movimento. Fritaram e assaram o meu comunismo, que resolvi pesquisar para ver que tipo de buraco negro ou paraíso estava me embrenhando. Vamos à pesquisa. 

Socialismo é uma doutrina política e econômica que surgiu no final do século XVIII e se caracteriza pela ideia de transformação da sociedade através da distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, diminuindo teoricamente ou aumentando na prática a distância entre ricos e pobres.

Comunismo é uma doutrina social segundo a qual se pleiteia restabelecer o que se chama “estado natural”, em que todas as pessoas teriam o mesmo direito a tudo, mediante a abolição da propriedade privada. Nos séculos XIX e XX o termo foi usado para qualificar um movimento político. Fracassou onde foi tentado, até no primeiro mundo, assim como o seu antecedente, o Socialismo.

Capitalismo é o principal sistema econômico adotado pelas nações desenvolvidas e pelos países em desenvolvimento. Ele é caracterizado, dentre outros conceitos, pela  propriedade privada dos meios de produção, trabalho assalariado, liberdade dos agentes econômicos e existência da livre-iniciativa empresarial. Diante disso, não tive dúvida alguma em optar pelo bom diante do ruim, da alegria contra a tristeza, da felicidade no embate marxista das lutas de classes. Quer dizer, mudei de time. Com orgulho e sem hipocrisia.



A eleição no Brasil, neste 2018, foi como um duelo de Copa do Mundo. Digladiaram-se Capitalismo x Socialismo/Comunismo. As consequências seriam: o Brasil se entregar ao sistema hoje vigente na América Latina, a Ditadura Socialista Bolivariana; ou ocorrer o que aconteceu, ou seja, a vitória dos liberais, livres, diretamente ligados aos desígnios do ser humano na face do Planeta Terra. Naquela ocasião, tempo da pré-história, houve a primeira carimbada em nosso íntimo com o termo inquestionável “livre arbítrio”. É o que há de mais forte na natureza humana. Quem o nega, adeus!

Resolvido? Ainda não? Todos viram e veem a ganância pelo poder arrastar milhões de pessoas,  inacreditáveis 44 milhões, de volta à escravidão abolida há 129 anos, agora das raças miscigenadas. Desse total, provavelmente uns 40 milhões, ou mais, desconhecem que tipo de encrenca iriam entrar caso vencesse a organização chefiada por Lula preso e pelos incontestáveis megalomaníacos Nicolás Maduro, Evo Morales e Raúl Castro, mais poderosos e atuais que os padres de passeata de 1964. 

A luta continua. O destino do homem não pode ser este ainda, o alcançado em 28 de outubro, porque, afinal, somente o Capitalismo não enobrece as aspirações dos seres feitos à imagem e semelhança de Deus. É preciso que o ser humano siga à frente, tenha condições de raciocinar e buscar energias divinas cristalizadas ou não  dentro de si. No Socialismo/Comunismo as forças internas se esgotam pela falta de liberdade, predominância da injustiça e imposição de líderes macromaníacos. A inteligência precisa entrar em ação e funcionar. Chega de besteira de Esquerda x Direita e coisas assim! O passado já se foi. A Idade Média, idem. 

É pra frente de que se anda.

José Sana
Em 02/11/2018

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A VALE E EU: DEZ ANOS DE VIDA PARA CADA UM

Parece trama do destino. Em 28 de maio de 1966 eu era admitido como funcionário da Companhia Vale do Rio Doce. No dia seguinte, meu primeiro dia na empresa, mandaram-me para participar de uma palestra no escritório do Areão.

Saí chocado da palestra. Um graduado, que seria meu chefe durante um certo tempo — e, por ironia do destino, eu chefe dele quase no final de minha passagem na mineradora — declarou de alto e bom tom: “A nossa grande mineradora pode acabar depressa, porque todos sabem que minério não dá duas safras”. Todo o meu entusiasmo em ser servidor da respeitada estatal, que pagava, segundo o próprio povo de Itabira, “o burro do dinheiro”, esmaeceu-se.

De volta à pensão onde morava na Rua Água Santa, dos saudosos Carolino e Dona Lilice, caminhei pensando na dor que seria o fim da Vale. Uma conclusão desanimadora estampava-me aos olhos, logo quando havia passado muito tempo procurando emprego em vão. Cheguei a resmungar com o meu colega de quarto na pensão: “Comecei a trabalhar hoje e hoje disseram que posso perder o emprego”.

A Vale não acabou, pelo contrário, cresceu. Itabira, na altura de minha chegada, estava recebendo um enorme contingente humano, diziam que se amontoavam  na cidade  nada menos que uns 30 mil funcionários de empreiteiras para o trabalho na construção do Projeto Cauê. E ainda esperavam durar muito tempo a superlotação itabirana, porque, depois, seria a vez do Projeto Conceição. Itabira despontava-se no cenário regional como uma rica cidade-acampamento (continua, em parte, com esse trágico apelido). Sem infraestrutura de saúde, educação, moradias, começava a registrar-se alto índice de criminalid





O tempo passou, chegamos a uma época em que pararam de falar em exaustão, aí foi que surgiram os nossos arranha-céus, depois retornaram o projeto “Itabira 2025”. Finalmente, a Vale que, mesmo que muitas pessoas não admitam, deu o alarme de  dar adeus em 2028. Curioso é que promete reconstruir praticamente uma nova cidade, mais progressista e Itabira não crê ou parece não levar a sério.

Quem não viu ainda deve ver um vídeo que contém a seguinte mensagem:  “Não é da morte que a maioria das pessoas tem medo, mas de chegar ao fim da vida e perceber que nunca viveu de verdade”. O encerramento de cada ciclo é, com certeza, inadiável. Só não se sabe ainda o que há depois: a vida continua ou termina?

Na semana passada um de meus médicos (tenho cinco, não, são seis)  me disse que vou viver mais dez anos. Falei para ele que uma década para um ser humano representa  muito tempo, algo parecido em ser longevo. Frente a frente com o o calculador de meu empo de vida, fiz uma comparação de meu tempo de vida útil com o de Itabira. É muito pouco, ou nada, a Vale durar somente dez anos.  Imaginando a coincidência do destino em me dar a mesma durabilidade à da mineração a partir da data de minha admissão na empresa, 52  anos depois, saí do consultório achando-me mais importante que a Vale.

José Sana

Em 31/10/2018

domingo, 28 de outubro de 2018

AVISO AOS NAVEGANTES: ESCOLHAM O BEM OU O MAL


Passei  três meses com a corda no pescoço. Medo de o PT tomar o poder outra vez e continuar com o seu projeto falido de DITADURA SOCIALISTA  BOLIVARIANA. Nem era a ditadura de Karl Marx, que tentaram  implantar na União das Repúblicas Socialistas Sociéticas (URSS) e deu  errado; também não tinha algo da ditadura que a Alemanha Oriental carregou e que gerou o fatídico Muro de Berlim; nem a tirania de Mao Tsé-Tung, que matou mais de 20 milhões de pessoas na China só no seu tempo; nem mesmo qualquer outra, todas fracassadas no mundo.

Tinha medo de uma “republiqueta das bananas” mesmo. Pois os irreverentes e gananciosos Fidel Castro e Hugo Chávez ergueram a bandeira do pseudo-mito Simon Bolívar e tentaram e tentam nos impor por meio da vaidade que se incorporou ao hoje presidiário Luiz Inácio. Tudo porque nos veem com cara de babacas. Vergonha mundial.

Antes de ser preso, Lula prometeu que, mais cedo ou mais tarde, o Socialismo Bolivariano seria implantado no Brasil. Quem não tem acesso aos vídeos do Foro de São Paulo não passa  de um alienado e pobre-coitado e sem rumo a seguir. Precisa, urgentemente, informar-se sobre os riscos desses atrasados que acreditam no sonho do SOCIALISMO PLATÔNICO  E DE RALÉ.

Cuba está bem próximo de nós e basta ir lá para ver ou ler para crer. O povo se alimenta de migalhas escolhidas como rações pelo governo. A gente cubana não precisa trabalhar e por causa disso é que o desejo de ser socialista começa com essa ideia de preguiça eterna. Também não precisa pensar. Não se tem uma dimensão do que seja, de verdade, viver sem pensar. Não dá para pensar na falta de pensar.

Foto: Divulgação

O pensamento vem de fora, atinge o cérebro por meio de neurônios e movimenta ou tenta movimentar a nossa iniciativa. Conter essa fúria de energia não é fácil. Constitui incrível sacrifício, algo inimaginável como contra a própria  natureza. O  comando de força naturais só nos provoca mal-estar. Os povos cubano, boliviano e venezuelano sofrem muito, padecem demais por lhes ser vedado o livre arbítrio que é datado da criação divina. Imagine o temperamento louco que toma conta de cada um dos habitantes dos pobres países!

E querem isso para nós? Graças a Deus o saque à nossa liberdade foi detido. Agora, minha gente, vamos lutar para manter a nossa vontade de transformar o Brasil num país de desenvolvimento – e não atado aos desígnios de ditadura e de socialismo de ralé. Vamos mirar países fortes, do primeiro mundo, e não esses merrecas que ficam tentando seduzir a cabeça fraca de quem parece ter sofrido lavagem cerebral negativa.  Não existe mais direita e esquerda, agora é o bem e o mal. Vc que escolha o lugar de se instalar com a sua barraca. A minha está montada.

O que quero dizer agora é apenas isto: termina esta etapa. Passou. Vencemos. Mas a vigilância continua. De minha parte, digo que estou mudando como o Brasil, a começar por esta providência: estou cortando de meus contatos aqueles que ficaram impassíveis, intocáveis às mensagens que lhes enviei. Demonstraram que desejam o silencio e o terão. Aos que corresponderam aos anseios puros e límpidos a que nos atamos, amigos assim continuarão recebendo o nosso contato e afeto.

Fim de linha. O Brasil venceu. Se Jair Messias Bolsonaro não cumprir a sua palavra vai ter que enfrentar a nossa fúria e coragem e total empenho contra o que queira Deus não aconteçam besteiras inéditas. Que Deus nos ilumine!

José Sana

28/10/2018

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

PALAVRA FINAL: OU TUDO OU NADA!


Não me lembro de um momento como este na história política brasileira. Vivi, contando a infância quando era apenas torcedor de Juscelino Kubitschek de Oliveira, influência de pai e avós, vi e acompanhei o desenrolar de tudo o que aconteceu neste país que ainda não era o PPP (País da Piada Pronta), “sigla” criada pelo comediante irreverente  José Simão.

Agora, como “qualquer pé-rapado ou lambedor de rapadura” (termos de autoria de Nelson Rodrigues) deve saber que a luta é COMUNISMO (que ainda está no poder, mesmo capengando) x CAPITALISMO (o sistema que Deus inaugurou se levarmos em conta a Bíblia, que revela as divinas palavras dirigidas a Adão, algo mais ou menos assim: “Sustentarás a família com o suor de teu rosto!”).

Mas, também “qualquer cabeça de bagre” (expressão muito usada por Kafunga) entende que existe uma luta do NADA contra o TUDO. O Nada é manter a caminhada no mesmo rumo do plano petista de governo na direção do socialismo bolivariano, sob a inspiração do Foro de São Paulo (um amigo meu teve a coragem de dizer que Foro de São Paulo é da República das Bananeiras. Mas também acabo concordando).  O Tudo é o outro extremo, ou seja, salvar o país.

Mas, contudo, apesar de tudo, resistem os ANTI-TUDOS. Quem são esses? Antes de mais nada representam uma sociedade unida para derrotar o que não lhes interessa. O que não lhes interessa? A condição que pode tirar de si privilégios, poderes, a própria liberdade de serem donos do Brasil, tudo isso e muito mais. Daí, a certeza absoluta de que esses defensores de seus próprios interesses são os reais inimigos do povo. Nunca antes na história deste país arrebentado de todo jeito apareceu despido e tão escancarado à sua frente e corajosamente transparente  o óbvio ululante (de novo  recorro a Nelson Rodrigues).




Quem não quer a vitória do Tudo? Vamos enumerar alguns nomes: Rede Globo de Televisão (recebe hoje 80% da verba governamental destinada à mídia) — que o Arcebispo de Brasília chama de “o demônio dentro de nossas casas”; jornal Folha de São Paulo — que já foi imparcial, mas apenas no tempo da Ditadura Militar e se expôs durante muito pouco tempo; revistas Veja, Exame e outras da Editora Abril — que estão capengando e dependem de verbas oficiais e nossas  para sobreviver; políticos de modo geral que correm o risco sentarem-se na mesa redonda da Lava Jato  — entre esses, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Jacques Wagner, Jarbas Vasconcelos e muitos mais.

Não vou me alongar, apenas resumir: pela primeira vez na história o eleitor tem diante de si a oportunidade de optar certo, com clarezas irrefutáveis e certeza absoluta de que não vai errar na escolha. Se errar para um futuro mais a médio ou longo prazo, imediatamente pode derrubar o governo (vide o episódio Collor de Mello), porque derrotar um idealista ou pseudo-idealista é milhões de vezes mais fácil do que arrancar do poder uma organização comunista (consulte os quase 60 anos da tirania cubana e sentirá como é praticamente impossível).

Tenho o dito: BOLSONARO 17 AGORA OU LIBERDADE NUNCA MAIS PARA AS GERAÇÕES FUTURAS ATÉ O ANO 2099! (Ou mais)...

Assinado (porque sempre assumo as minhas palavras e não vivo atrás dos panos):

José Sana
Em 26 de outubro de 2018.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

CARTA ABERTA AO MUNDO • Ricardo Kertzman


Jair Bolsonaro é uma triste escolha do Brasil, diz o jornal The New York Times.

O mundo está indignado com o Brasil. O NYT não compreende a insanidade dos brasucas. A The Economist condena a escolha brasileira por uma aventura autoritária. A CNN está com medo do rumo que estamos tomando.

O jornal El País, da Espanha, aponta o Brasil como um dos países do mundo a caminhar para um regime fascista. Quem mais? Deixe-me ver. Le Monde, The Guardian, Washington Post. Putz! Até o El Clarín!! Nuestros hermanos numa draga de fazer dó e preocupados conosco. Bonitinhos.

Estou aqui pensando: onde estava o mundo durante estes últimos anos? Onde estavam todos, no Mensalão e no Petrolão? Onde estava o “escritório adjunto do comitê dos direitos humanos da ONU” enquanto Lula financiava clandestinamente o regime de Hugo Chávez e Nicolás Maduro?

Onde estava o poderoso Barcelona, durante os escândalos de superfaturamento dos estádios da Copa? A CNN, durante a compra das Olimpíadas? E o HuffPost, enquanto Lula, aboletado em um hotel em Brasília, comprava deputados durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff?

Pois bem. Onde estavam vocês, líderes mundiais, tão preocupados conosco agora? Me engano ou estavam festejando o líder sindical que havia chegado ao poder naquele país simpático, meio exótico da América do Sul, cuja capital é (qual é mesmo?) ah, Buenos Aires? Ops!! Brasília.

Me engano ou Bono Vox recebia “o cara” do Obama, em uma turnê pela Europa? O mesmo “cara” que hoje está preso, condenado a mais de 12 anos de prisão e é réu em mais seis processos criminais. E o Roger Waters? A Madonna?


Ricardo Kertzma (foto Divulgação)

O The Intercept, meu Deus! Será que estava hibernando e não soube da Lava Jato, da Odebrecht e da JBS?
Sabe, mundo, enquanto você festejava o metalúrgico analfabeto, nós brasileiros estávamos afundados em nossos piores pesadelos, sendo massacrados por uma máquina corrupta que organizou o maior assalto aos cofres de um país na história democrática ocidental.

Enquanto você, mundo, se divertia com aquela “presidenta” que cantava “happy bordei tu iu“, nós ficávamos sem emprego e sem renda. Sem esperança, tristes, conformados com um destino cada vez mais próximo da Venezuela e cada vez mais distante de vocês.

Mundo, meu caro. The New York Times e companhia. Líderes mundiais e celebridades globais, por favor aceitem nossa maior gratidão por sua preocupação com nossas eleições. Mas temos de ser bem sinceros com vocês: sabem o que é? We don’t give a damn!

Faltam só mais 4 dias!

·         Ricardo Kertzman, belo-horizontino, é autor do blog OPINIÃO SEM MEDO.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

HIPOCRISIA: O MITO ESCONDIDO DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

Hipócrita era apenas um ator, um comediante, um histrião, sem as conotações intensamente negativas – de falsidade, dissimulação, fingimento – que hoje estão grudadas nela. Ou melhor, o fingimento estava lá, mas era exercido em nome de uma causa nobre, a de entreter o público. 

Depois o hipócrita virou um praticante da hipocrisia, que é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideias e sentimentos que a pessoa na verdade não as possui. A palavra deriva do latim hypocrisis e do grego hupokrisis, ambos significando a representação de um ator, atuação, fingimento (no sentido artístico). Essa palavra passou mais tarde a designar moralmente pessoas que representam, que fingem comportamentos.

Seja como for, é certo que ao desembarcar em português no século XIV a palavra hipócrita já trazia consigo, pronta, a acepção que hoje vemos atribuída com frequência a políticos e outros fingidores. Hoje é palavra-chave para quem a detecta, fica sempre embutida em algum sentimento de quem a usa. Praticamente, todos os termos ruins da política, da justiça e da oratória se sustentam na hipocrisia.

A tecnologia conseguiu produzir um monte de detectores mas ainda não chegou ao exame de avaliação da hipocrisia humana. A psicologia arrisca em autuar um hipócrita até em flagrante, deitado num divã, mas não assina, com absoluta certeza, de que aquele filho de uma mãe deitado diante de si mente, finge, força a vontade, ou é hipócrita, mesmo de leve.



Eleições são instantes de grande profusão da hipocrisia. Tanto os candidatos quanto o eleitor sabem que estão usando uma condição que moveu o Nazismo e o Fascismo, que empurra a demagogia, que sustenta o marketing e até elege grandes falsificadores. Vejam na eleição atual. Segundo a mídia, o deputado federal Eduardo Bolsonaro teria dito, oficialmente ou não, no Congresso ou na rua, num boteco ou velório, na esquina ou na barbearia, a seguinte frase: “Basta um cabo e dois soldados para fechar o STF” Na verdade, ele quis, ingenuamente, repetir Jânio Quadros, depois de sua renúncia à presidência da República, em 1961, que confessou a um repórter: “Ter-me-iam bastado um cabo e dois soldados para fechar o Congresso.”

A frase bolsonariana rendeu e ainda rende uma mil resmas de papeis escritos e falados, impressos ou não para quem está querendo tentar mudar o resultado de uma provável eleição de Jair Bolsonaro no próximo domingo, dia 28 de outubro. Declaradamente, a Rede Globo, o jornal Folha de São Paulo e o site Uol se juntam para se livrarem de um governo que lhe pode prejudicar nos próximos quatro anos. É ridículo. Ridículas são muitas outras posições. Já o candidato Fernando Haddad, que seria o principal interessado, agarra-se a este propósito para revirar a mesa ou a cabeça do cidadão. O mesmo esforço foi feito com a confusão do WhatsApp, aplicativo da internet que espalha, em questão de segundos, mensagens para todos o quadrantes da Terra.

Hipocrisia, venha cá e se apresente. Diga por que você, hoje, é a palavra-chave do momento, ou melhor, o mito escondido desta eleição. Abra o coração e o verbo e confesse para o mundo o porquê de sua existência. Explique a razão fundamental que permitiu que estes fatos — derrame de WhatsApp, fala de Eduardo Bolsonaro e outros factoides  —  sejam tratados como se fossem a bomba de Hiroshima pela imprensa que martela o fato como lhe convém. Imaginem que Lula, Zé Dirceu e o deputado Wadih Damous já disseram frases parecidas e que não saíram nem em rodapé de jornal.

Isto eu aprendi nos corredores e salas de jornais e revistas nos quais trabalhei desde os 18 anos: “O mundo acontece lá fora e tem pouca importância. Aqui dentro nós pegamos a notícia, que precisa existir, e vamos dar-lhe a dimensão que queremos, e também arquivar aquela que nada acrescenta ao nosso interesse”. Desde quando comecei no jornalismo, de proveitoso nas lides com falsidades ou não, só aprendi que um cão morder um homem não é notícia, mas, o homem morder um cão pode render uma manchete de primeira página. 

Fora da anedota canina tudo é hipocrisia.

José Sana
23/10/2018

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

FILA DE LOTÉRICA: LOCAL DE COMÍCIOS PARA SALVAR O BRASIL


Diálogo que gravei na fila diária de loterias que estão cada vez mais extensas por aí:


Um paciente frequentador de filas lotéricas resolveu abrir uma conversa considerada proveitosa no final e que merece atenção. Dirigindo-se a um amigo nas mesmas condições de pagador de contas, fez a pergunta que estava entalada em sua garganta?

— Me explique aqui, moço: por que você vai votar no Bolsonaro?

— Vou te contar, rapaz... Foi assim: faz um bom tempo, estávamos ainda longe das eleições, uma de minhas filhas chegou junto a mim e disse: “Pai, eu não voto no Bolsonaro”. Fiquei calado, nem sabia quem era esse tal de Bolsonaro. Pensei até que fosse uma onça, ou cobra venenosa, algo assim.

— E aí?

— Aí aconteceu o seguinte: passado mais um tempo, ainda longe das eleições, minha filha voltou a dizer, agora também à mãe, a mesma frase: “Eu não voto no Bolsonaro”. Eu, curioso, perguntei logo e quis saber o segredo: “Por que, minha filha, você não vota no Bolsonaro?” Ela explicou que “não voto no Bolsonaro porque o meu namorado também não vota, a irmã dele não, a outra irmã também não”.

— Conte o resto da história, moço! — insistiu o colega de fila da loteria.


Foto: Divulgação

— Dia deste eu não havia ainda escolhido candidato algum. Só carregava aquele palpite, a síndrome que se criou em mim. Por causa da conversa com a minha filha só tinha em mente que nesse Bolsonaro seria arriscado votar, pois ele deve ser uma cobra venenosa. Aí, resolvo perguntar a todos que estavam reunidos para o almoço de domingo: “Em quem vamos votar para presidente, pessoal?” Minha filha respondeu: “Eu não sei ainda, meu namorado também não sabe, mas só tomamos uma decisão: “Não vamos votar no Bolsonaro”.

— Cara, estou cada vez mais curioso e quero o fim desta pendenga porque está chegando a minha vez de ser atendido ali no guichê. Afinal de contas, o que deu o seu diálogo com a sua filha?

— Agora o papo acabou de vez, meu amigo. Resolvi chamar a minha filha e o namorado dela para uma conversa. Abri o verbo: “Vamos decidir em quem vamos votar?” Eles toparam e foi proveitosa a conversa. O meu futuro genro (se Deus permitir) bebeu um copo de água, franziu a testa e pareceu subir numa tribuna, consertou a gola da camisa e soltou o verbo: “Não vamos votar no Bolsonaro porque ele vai mudar tudo. Ele disse que vai acabar com as nomeações políticas nas estatais, que o seu critério será técnico e que vai sumir com esses 20 mil apadrinhados que mamam descaradamente; afirmou que vai reduzir o número de ministérios, que vai agir rápido porque deixar para depois vai emperrar o seu governo; ele quer desregulamentar a burocracia para que mais empresas sejam abertas, quer privatizações e concessões amplas e pensa logo em reformar a Previdência, veja que maluco!”

Meu futuro genro (Deus queira que dê certo o casamento) prosseguiu na sua costumeira eloquência, até que é um bom rapaz:

“Bolsonaro deseja modificar a política de financiamentos pelo BNDES, ele defende conceder empréstimos com menores valores para o maior número de empresas, eu li isso hoje no Folha de São Paulo; Bolsonaro quer acabar com os “Mais Médicos”, que trazem profissionais de Cuba, vai exigir que eles façam exames rigorosos para atuar na Medicina, a Revalida, como o fazem os brasileiros, que coisa, hein? Por que não ajudar os cubanos?”

Ingeriu mais um copo de água e continuou:

“Agora, veja mais um absurdo: com Bolsonaro, em quem não votamos, haverá uma aproximação com os Estados Unidos, afastados pelo governo do PT por questões ideológicas. Bolsonaro, esse maluco, considera que os EUA são a maior economia do mundo e sempre deu certo o Brasil relacionar-se com o país do Trump. Bolsonaro quer mudar a relação com o Mercosul. Diz que o acordo entre os países atrasa o desenvolvimento econômico do Brasil. O que é de estarrecer: ele quer dar força, apoio, dinheiro para a Operação Lava Jato e disse que por ele Lula mofará na cadeia para o resto da vida. Esse cara precisa de um tratamento médico e psicológico”.

Empolgadíssimo, não mais que eu àquela altura, encerrou:

“Até em Segurança Pública ele quer mudar e diz claramente que haverá alterações radicais, a começar pela valorização das polícias, com mais investimentos e apoio do Estado. Logo essas polícias que matam sem parar. Não quer o Bolsonaro ações do MST e MTST, como esse humilde povo vai viver? Garante que vai cortar as regalias e benefícios que esses movimentos têm e olhe, esse Bolsonaro é um louco!”

— E acabou?

— Acabou, sim, eu apertei a mão de meu futuro genro (talvez seja porque o Brasil corre o risco de melhorar) e beijei e abençoei a minha filha. Disse a eles: “Eu não quero mais ouvir nenhuma palavra. Agradeço pela orientação que me deram: meu voto é desse tal de Bolsonaro, e vou sair por aí dizendo que nunca o Brasil teve um candidato tão bom como o Bolsonaro. Tenho fé em Deus que ele vai ganhar e nos livrar desse estado de coisas em que vivemos”.

Todos os que ocupavam as filas da loteria bateram palmas para o diálogo. E só tinha um que não votava em Bolsonaro, mas adiantou: “Domingo que vem, dia 28, vou viajar e pretendo justificar a ausência. Não faço parte desse conluio nem para consertar nem para atrapalhar o Brasil”.

José Sana
22/10/2018

domingo, 21 de outubro de 2018

O COMUNISMO LEITÃO E O SOCIALISMO PÃO COM MORTADELA


O jornal O TEMPO deste domingo, 21 de outubro de 2018, publicou, na página 12, texto da jornalista Miriam Leitão, intitulado “Falsos problemas dividem o país”. Não vou analisar todo o texto, apenas o teor que compõe a trama da articulista.

O título por ela adotado não se encaixa no contexto, considerando que os problemas enfocados são verdadeiros da América Latina, e não há falsidade alguma como ela julga. Há uma luta inglória contra ameaças vindas da prateleira de baixo de governos acéfalos, Está de volta ao Brasil a velha briga de Direita x Esquerda e Capitalismo x Socialismo/Comunismo. Não sei se a reconhecida jornalista faz de conta que não vê ou apenas assume o papel de ignorante.  O foco da eleição presidencial, já foi dito e repetido por mim e por outros jornalistas e cientistas políticos: não temos eleição este ano, mas um plebiscito de rua de baixo contra rua de cima, isto é, ou o Brasil vai subir a escadaria em que possa sonhar com o progresso para recuperar-se dos trancos sofridos nos últimos quatro mandatos presidenciais ou descer desenfreadamente  ladeiras para os confins do inferno.




A “dona da verdade” diz o contrário do que se vê. Ela quer outras pautas para discussão na campanha eleitoral. Não assume que não há mesas nem redondas nem quadradas para tais debates. Miriam Leitão enxerga a ditadura comunista de Lênin e Stálin gerando a desastrada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e anuncia que o drama protagonizado pelos bolcheviques teve fim. Também vê findo o sistema que matou 77 milhões de chineses, comandado pelo sanguinário Mao Tsé-Tung na China, cujo imenso país se transformou recentemente numa grande nação capitalista e próspera. Ainda lembra que já teve fim não só a Segunda Guerra Mundial, como foram derrotados o nazista Adolf Hitler e o fascista Benito Mussolini. Com tais exemplos, anuncia que não se deve mais, no mundo, haver preocupações quanto ao Socialismo rumo ao Comunismo. Só faltou escrever que a campanha de Jair Bolsonaro está vendo assombração durante o dia.

Leitão, no entanto, faz vistas grossas para a América Latina, onde está o estopim de uma catástrofe anunciada, nesta ampla região do globo terrestre que teima em manter acesa a chama já apagada no Primeiro Mundo do Socialismo retardado. Por estas bandas há fortes resistências e rondam por todas as extensões os fantasmas de Fidel Castro e Hugo Chávez, além do espectro Simon Bolívar. O que denota atraso clamoroso de postura politico-economico-social é que o Brasil, por meio de suas embrutecidas lideranças de esquerda, de  há muito sonha com tão inadmissível desgraça: repetir o que não deu certo em terras promissoras e querer promover a entrada em cena de personagens ou atores folclóricos, a exemplo de Raúl Castro, Evo Morales, Nicolás Maduro, Lula da Silva, Dilma Rousseff (essa já despachada) e outros menos votados.

Com certeza, Miriam Leitão conhece ou já ouviu falar em Foro de São Paulo, que prossegue sendo discutido por dezenas de países do submundo político e, com certeza, já ouvir  referências também à União das Repúblicas Socialistas Latino-Americanas (URSLA). Então, cabe agora acrescentar ser possível admitir que a jornalista, ao liberar para publicação o seu texto, quis apenas se fazer de alheia ao que corre nos becos da pobreza das Américas sofredoras ou, propositadamente, para tentar desvalorizar o candidato líder nas pesquisas. Necessário é que alguém lhe diga: “Oh, senhora, vamos convir que a ignorância ainda não tomou conta de todos!”.

Concluindo, é oportuno que se façam perguntas:
— Será que cabe uma espécie de puxão de orelhas neste petismo incrédulo que defende o Socialismo de Ralé?
— Não mais existe a palavra óbvio na língua portuguesa para evitar que se repitam erros grassos cometidos no passado?
— A jornalista Miriam pode definir o que significa menosprezar a inteligência de seguidores e/ou meros ouvintes?
 Quem está disposto a ser humilhado se for imputado ao Brasil a pena do rebaixamento cultural e político par o mais ridículo patamar da mediocridade  e aí  fazer jus, inapelavelmente, de um novo nome que pode ser  País Socialista do Pão com Mortadela?

José Sana
21/10/2018