segunda-feira, 1 de julho de 2019

O CAPETA EXISTE. SALVE-SE QUEM PUDER

Eu era criança, uns 8 ou 9 anos, comecei a cavar sigilosamente um buraco num ponto escondido do quintal de nossa casa sita à Rua São Vicente número 12, esquina com Bonfim, em São Sebastião do Rio Preto. A atividade de perfuratriz, com enxada, enxadão e picareta, durou muitos dias. Cheguei a contratar um ajudante forte, adulto, chamado Nelson Turino, para me ajudar. Ele aceitou o desafio, deu umas cavadas  mas desistiu depressa. Contou o meu segredo pelo arraial afora e meu pai ficou sabendo, flagrou a minha obra e me “cortou” num chicote federal pelo “atrevimento arredio”.

O motivo da escavação era o seguinte: o vigário local, de nome Padre Raul de Melo, pregava no altar que o capeta era real, perigoso e morava no inferno, “para aonde foram e vão todos os pecadores mortais”. Ao desenhar a causa infernal tirada de sua mente fértil para a nossa cabeça ocada, ele dizia que o local de moradia do demônio, situado abaixo da terra, era uma fornalha que fazia mais de mil graus centígrados de calor. Entenderam a minha curiosidade?

Como um verdadeiro seguidor de São Tomé — adepto do “ver para crer” — quis confirmar a existência deste local amaldiçoado, de que tinha medo e de tanto temor quis ter a oportunidade de dizer ao mundo que aquilo era imaginação dos padres, que não existia etc. e tal. Antes de meu pai ser informado de que tinha um filho doido, constatei que nada de fogo havia debaixo da terra, mas o contrário, era água pura e abundante que consegui atingir nas minhas cutucadas. Que alívio senti para depois ser punido com castigos! Por isso achei que valeu a pena. Finalmente, disse a quem quis ouvir que o inferno não existia, pelo menos nos moldes desenhados pelas religiões.



A vida passou, os anos vieram, cheguei a ouvir que o inferno era aqui mesmo e outras baboseiras ou não, mas que há algo que merece pelo menos atenção. A questão política brasileira carece de uma análise bem feita. Vamos ver se dá para explicar, mesmo que para os cabeças-duras não seja possível entender.

Tivemos, no ano passado, eleições para presidente da República, governador do Estado, senadores, deputados federais e deputados estaduais. De acordo com a nossa Constituição Federal, vivemos num país democrático, cujos representantes que elegemos tiveram a via do voto livre e direto. Foi eleito presidente, com a maioria dos sufrágios, em duas etapas, o senhor Jair Messias Bolsonaro. Está claro?

Mesmo bradando que vivemos num país de amplas liberdades e com respeito às escolhas da maioria, seis meses depois de empossados os eleitos, continuam esperneando os inconformados, a maioria que mamava à vontade nas tetas da vaca pública, trabalhando para que o nosso país seguisse as trilhas determinadas pelo Foro de São Paulo, documento assinado por um representante do Partido dos Trabalhadores e o “saudoso” Fidel Castro. Exatamente com esse personagem que implantou o socialismo nefasto em Cuba, fuzilando pessoas, proibindo a liberdade, além de acionar a ditadura, expressa em todos os sentidos. Ainda consegue a terra castrista fazer com que muitos descuidados chamem a mudança de seu governo de revolução cubana. Que revolução, hein? Para começar, foi deposto à força o ditador Fulgêncio Batista e imposta uma tirania, que dura 60 anos, liderada pelo todo-poderoso. Revolução ou Golpe de Estado? — os puxa-sacos de plantão não definem mas volto a perguntar. E questiono também os pregadores contra o atual estado de mudanças: que rumo gostariam que o Brasil tomasse?

Agora, no Brasil, querem derrubar o legítimo presidente da República. Julgam-no pelas suas tentativas ou mesmo decisões de mudar, mudar, mudar. Sim. Certo ou errado? Quer mudar porque tudo está errado e muitos, embora minoria, ansiem que continue tudo como estava e ainda está, ou seja, no lodaçal. Só há ladrões, salvo pouquíssimas exceções, na República. Bandidos. Safados. Verdadeiros terroristas. Os contaminados pela mosca das irregularidades. Vivemos as consequências de leis elaboradas por personalidades de rabos presos, atados até suas últimas gerações. Não há uma só condição para quem quer que seja, que possa ter a ousadia e a capacitação de julgar. Ninguém, incluindo alguns juristas atacados pela desgraça da corrupção, jornalistas, principalmente os escrevinhadores metidos a entender verdades de suas conveniências de ambições fraudulentas, se salva numa enorme lista de suspeições.

Não quero dizer que tudo o que um governo faz seja o correto. O que pode ser analisado no momento é nada há perfeito ainda nem está próximo da perfeição. Por isso, urge que se façam modificações lentas ou radicais. O certo seria mesmo começar tirando do caminho as árvores daninhas, praticamente todas as desgraças que se acumularam e sempre levaram as nossas vacas para o brejo.

Voltando ao meu tempo de criança, quando quis vasculhar — e esmiucei com picareta, enxada e enxadão — para verificar que o inferno existia ou não, hoje sinto que vejo este inferno ao vivo e vermelho, quente e palpável,  e sinto os capetas, demônios, belzebus, satanás, lúciferes, diabos aparecerem claramente por todos os lados, como se fossem os ratos dos subsolos das grandes cidades. Os conhecidíssimos são contra tudo e querem que o país permaneça como estava, que não mexam no seu queijo — corrupção, bandidagem, safadeza etc., além do caminho para o mal. Esses ou tais se chamam qualquer desses nomes aí, proveem do inferno, não querem a paz, não desejam o bem, vivem à mercê de suas mesquinhas filosofias. Merecem ser colocados às mostras claramente, desmascarados e punidos.

Então, tenhamos cuidado dobrado. Estejamos cercados de precaução no mais alto estilo de agilidade. A falta de visão é o ancoradouro dessas ideias nocivas, que vemos na imprensa de modo geral e nas cabeças cujas percepções  estão voltadas para o lado avesso. Diante de tudo isso, só cabe concluir: presente no Planeta Terra o tal lúcifer, em grande número de seguidores, por sinal — teremos, sim, uma ocorrência bíblica anunciada, a hecatombe denominada Apocalipse, lamentavelmente.

E esse desastre, de acordo com a lógica, talvez não seja atômico, mas sim proveniente do pipocar de bombas da ignorância humana, fato ainda mais inacreditável. E será mais terrível na proporção da demora.

José Sana

01/07/2019