O motivo da
escavação era o seguinte: o vigário local, de nome Padre Raul de Melo, pregava
no altar que o capeta era real, perigoso e morava no inferno, “para aonde foram
e vão todos os pecadores mortais”. Ao desenhar a causa infernal tirada de sua
mente fértil para a nossa cabeça ocada, ele dizia que o local de moradia do
demônio, situado abaixo da terra, era uma fornalha que fazia mais de mil graus
centígrados de calor. Entenderam a minha curiosidade?
Como um
verdadeiro seguidor de São Tomé — adepto do “ver para crer” — quis confirmar a
existência deste local amaldiçoado, de que tinha medo e de tanto temor quis ter
a oportunidade de dizer ao mundo que aquilo era imaginação dos padres, que não
existia etc. e tal. Antes de meu pai ser informado de que tinha um filho doido,
constatei que nada de fogo havia debaixo da terra, mas o contrário, era água pura
e abundante que consegui atingir nas minhas cutucadas. Que alívio senti para
depois ser punido com castigos! Por isso achei que valeu a pena. Finalmente,
disse a quem quis ouvir que o inferno não existia, pelo menos nos moldes
desenhados pelas religiões.
A vida passou, os
anos vieram, cheguei a ouvir que o inferno era aqui mesmo e outras baboseiras
ou não, mas que há algo que merece pelo menos atenção. A questão política
brasileira carece de uma análise bem feita. Vamos ver se dá para explicar,
mesmo que para os cabeças-duras não seja possível entender.
Tivemos, no ano
passado, eleições para presidente da República, governador do Estado,
senadores, deputados federais e deputados estaduais. De acordo com a nossa
Constituição Federal, vivemos num país democrático, cujos representantes que
elegemos tiveram a via do voto livre e direto. Foi eleito presidente, com a
maioria dos sufrágios, em duas etapas, o senhor Jair Messias Bolsonaro. Está
claro?
Mesmo bradando
que vivemos num país de amplas liberdades e com respeito às escolhas da maioria,
seis meses depois de empossados os eleitos, continuam esperneando os
inconformados, a maioria que mamava à vontade nas tetas da vaca pública,
trabalhando para que o nosso país seguisse as trilhas determinadas pelo Foro de
São Paulo, documento assinado por um representante do Partido dos Trabalhadores
e o “saudoso” Fidel Castro. Exatamente com esse personagem que implantou o
socialismo nefasto em Cuba, fuzilando pessoas, proibindo a liberdade, além de
acionar a ditadura, expressa em todos os sentidos. Ainda consegue a terra
castrista fazer com que muitos descuidados chamem a mudança de seu governo de
revolução cubana. Que revolução, hein? Para começar, foi deposto à força o
ditador Fulgêncio Batista e imposta uma tirania, que dura 60 anos, liderada
pelo todo-poderoso. Revolução ou Golpe de Estado? — os puxa-sacos de plantão
não definem mas volto a perguntar. E questiono também os pregadores contra o
atual estado de mudanças: que rumo gostariam que o Brasil tomasse?
Agora, no
Brasil, querem derrubar o legítimo presidente da República. Julgam-no pelas
suas tentativas ou mesmo decisões de mudar, mudar, mudar. Sim. Certo ou errado?
Quer mudar porque tudo está errado e muitos, embora minoria, ansiem que
continue tudo como estava e ainda está, ou seja, no lodaçal. Só há ladrões,
salvo pouquíssimas exceções, na República. Bandidos. Safados. Verdadeiros
terroristas. Os contaminados pela mosca das irregularidades. Vivemos as
consequências de leis elaboradas por personalidades de rabos presos, atados até
suas últimas gerações. Não há uma só condição para quem quer que seja, que
possa ter a ousadia e a capacitação de julgar. Ninguém, incluindo alguns
juristas atacados pela desgraça da corrupção, jornalistas, principalmente os
escrevinhadores metidos a entender verdades de suas conveniências de ambições
fraudulentas, se salva numa enorme lista de suspeições.
Não quero dizer que
tudo o que um governo faz seja o correto. O que pode ser analisado no momento é
nada há perfeito ainda nem está próximo da perfeição. Por isso, urge que se
façam modificações lentas ou radicais. O certo seria mesmo começar tirando do
caminho as árvores daninhas, praticamente todas as desgraças que se acumularam
e sempre levaram as nossas vacas para o brejo.
Voltando ao meu
tempo de criança, quando quis vasculhar — e esmiucei com picareta, enxada e
enxadão — para verificar que o inferno existia ou não, hoje sinto que vejo este
inferno ao vivo e vermelho, quente e palpável, e sinto os capetas, demônios, belzebus,
satanás, lúciferes, diabos aparecerem claramente por todos os lados, como se
fossem os ratos dos subsolos das grandes cidades. Os conhecidíssimos são contra
tudo e querem que o país permaneça como estava, que não mexam no seu queijo —
corrupção, bandidagem, safadeza etc., além do caminho para o mal. Esses ou tais
se chamam qualquer desses nomes aí, proveem do inferno, não querem a paz, não
desejam o bem, vivem à mercê de suas mesquinhas filosofias. Merecem ser colocados
às mostras claramente, desmascarados e punidos.
Então, tenhamos
cuidado dobrado. Estejamos cercados de precaução no mais alto estilo de agilidade.
A falta de visão é o ancoradouro dessas ideias nocivas, que vemos na imprensa
de modo geral e nas cabeças cujas percepções estão voltadas para o lado avesso. Diante de
tudo isso, só cabe concluir: presente no Planeta Terra o tal lúcifer, em grande
número de seguidores, por sinal — teremos, sim, uma ocorrência bíblica
anunciada, a hecatombe denominada Apocalipse, lamentavelmente.
E esse desastre,
de acordo com a lógica, talvez não seja atômico, mas sim proveniente do pipocar
de bombas da ignorância humana, fato ainda mais inacreditável. E será mais terrível
na proporção da demora.
José Sana
01/07/2019