sábado, 27 de abril de 2013

O porquê das coisas (IV)


Primeira lição: “Quem somos? De onde viemos? Por que vivemos? Para onde vamos?” É claro que não vou dar respostas a essas questões. O grande erro nosso é achar que sabemos dominar as arguições de nossa alma e da alma de outros.. Dominamos, sim, mas precisamos encurralar outras perguntas importantes para chegarmos a um denominador comum. Conclusão deste parágrafo: enquanto encurralamos as questões, uma luz é acesa no fim do túnel e ela é um sintoma do sexto sentido ou terceiro olho que se apodera de nós.

Não pense que estou flutuando como uma bolha de sabão que estoura no ar e quase vira nada. Perdoe-me se não conseguir resumir tudo em poucas palavras.. Empurre para a frente as respostas a questões muito profundas, deixando acumular em sua cabeça.. Sempre voltaremos a um mesmo assunto para engatilharmos as respostas. Um dia, quando todas as questões aguçarem a mente do cidadão que me acompanha, a verdade tomará conta de tudo. É quando se estabelece perfeitamente a alegria de viver.

Vamos, então ao porquê das coisas. Não ao porquê profundo que se encerra numa pergunta mencionada no primeiro parágrafo, o “por que vivemos?” Não. Apenas ao simples e vamos começar pensando no seguinte: de onde vêm as forças que nos dominam? Por que elas fazem com que mudemos constantemente de ideias? Por que vamos para a cama, à noite, alegres e, às vezes, acordamos tristes? Ou vice-versa? Por que nos empolgamos com algumas ideias e, logo a seguir, perdemos essa motivação? Por que, no  caso de namorados e namoradas começam a gostar de um romance e, de repente e inexplicavelmente, descreem?

Não há outras explicações: forças agem em nós de fora para dentro. Dizem os espíritas que são espíritos que tentam acertar a nossa cabeça; dizem os católicos ou crentes, que são forças exteriores, ou almas do outro mundo, de um parente, por exemplo, ou santos, ou divindades, ou o próprio Deus. É preciso encontrar uma resposta neutra, que não está dentro de religiões. A resposta é: energia. A segunda resposta é que a energia pode ser boa ou má, pode ter uma força elétrica ou magnética.

O que precisamos fazer para reassumir o comando dessas influências externas que nos atingem? Ora, qualquer um vai entender que é preciso agir. Converse com a energia, trate-a da forma que manda a sua crença. Se for ateu, trate-a como uma força qualquer, pois ninguém pode ser brutalmente ateu, tem que acreditar, pelo menos, na lei de causa e efeito: “Não há efeito sem causa”.

Ninguém pode viver bem se se muda de ideia minuto a minuto.É preciso controlar essas energias que gostam de nos dominar. Ensine-as a calma, a paz, o modo de agir. Faça com elas parcerias para o bem. Experimente. E tente o seguinte: feche os olhos, respire, aspire e experimente:passar o maior tempo possível sem pensar. O pensamento vem de fora, então, tente descartá-lo. Essa é uma das partes da meditação transcendental.

Você está pronto para viver quando conseguir ficar pelo menos três vezes ao dia, em poucos segundos, sem pensar. Não pense. Isso faz parte da descoberta do porquê das coisas. E sempre voltaremos ao assunto.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Acorda, Santa Maria de Itabira (e Morro do Pilar também)!


No dia 26 de março passado, três mulheres santa-marienses, resolveram adentrar o Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, e participar de uma reunião pública. Elas são fundadoras e diretoras da Associação de Conservação Ambiental Orgânica (Acaó). Não é um trio apenas — Marina de Assis Pires, Lastênia Duarte de Assis (Tuquinha) e Mariane Reis Gomes (Mari) — porque a entidade conta com mais pessoas em suas atividades, inclusive homens, figuras que andam se afastando do meio social e comunitário nos últimos tempos. 

Mas eram poucas, o trio, as  tomaram a iniciativa de ir  ao Gabinete do Excelentíssimo Senhor Governador de Minas Gerais, Doutor Antonio Augusto Junho Anastasia e seguiram desimpedidas até que foram identificadas por uma senhora representante de uma mineradora  que propõe explorar minério de ferro em Santa Maria de Itabira e Morro do Pilar. O motivo da reunião pública era a assinatura de um protocolo de intenções para investimento de R$ 6,25 bilhões nos dois municípios. A razão do barramento não foi revelado e é, por ironia do destino, o questionamento deste texto.

Tudo bem, nada a esconder, mas as digníssimas santa-marienses, que gozam da mais pura amizade de seus conterrâneos e de não conterrâneos também, e além de amizade, respeito, confiança e esperança pelos seus atos. Elas estavam respeitosamente vestidas, sem decotes e mini-saias, até porque ali não era o Vaticano, mas porque elas andam sempre convenientemente trajadas. Não há registro de passagens delas pela polícia, sequer como testemunhas ou queixosas. Enfim, pertencem a uma organização humanitária cristã com total dedicação à causa coletiva, sem remuneração, ou melhor, elas remuneram as suas atividades.
A intenção da mineradora era a mais confiável possível até que uma sua funcionária coagiu o Governo de Minas e o impôs a imperiosa necessidade de proibir a entrada das inocentes cidadãs que, embora da terra da garrucha, isso apenas é um tratamento de intimidade que se faz na terra pacata de Santa Maria. Aí é que aparece o questionamento deste blogueiro: 

— Por que elas não podem entrar?

Um turista ou viajante e mesmo um ET qualquer que passasse por ali naquele instante poderia anotar no seu caderninho de apontamentos: “Uma pequena cidade de Minas já tem terroristas”. De acordo com a Constituição Brasileira, em seu capítulo que me esqueci agora (e não vou buscar nenhum artigo neste momento, pois todos sabem disso), todo cidadão tem o direito a presenciar qualquer que seja um ato denominado público. E lá na Constituição, nem nas suas leis complementares, contêm os nomes das três militantes da  Acaó como perturbadoras da ordem pública, política, esportiva ou social.

Não vou entrar em nenhum detalhe mais sobre os direitos nem da mineradora nem da Acaó porque este blog ou esta postagem ou este texto tem a finalidade apenas  de chamar a atenção para um lado duvidoso acerca da trajetória dessa meia democracia vivida ainda no Brasil. Há  algo estranho no ar, ou alguma fumaça apareceu no Palácio Tiradentes — e onde tem fumaça tem fogo, diz o ditado — assim se deve tratar agora o tema. O alerta está aceso e que Santa Maria de Itabira, também Morro do Pilar, arregalem os olhos. Acordem, terras vizinhas de nós, Itabira, onde existem muitos exemplos de derrotas já consumadas! Não tão irreparáveis como as previstas pelo lendário Tutu Caramujo, mas um tanto quanto preocupantes sobre o futuro de nossos filhos, netos, bisnetos, tataranetos.

domingo, 14 de abril de 2013

Entrevista com o Tomate: “Eu quero que o povo tome vergonha na cara”


O Senhor Tomate chegou, brilhando como um chão encerado, por causa da chuva fina que caía no início de noite desta quinta-feira, 11 de abril. Veio me encontrar já esperando, de gravador em punho, além da máquina fotográfica e de outros apetrechos, como caneta, papel e paciência.

Antes, é preciso dizer que nem o Senhor Tomate tem a total certeza de que se ele é fruta ou legume. Segundo os biólogos é fruto do tomateiro Solanum Lycopersicum ou Solanaceae. Ele é primo primeiro da berinjela, das pimentas e pimentões. Dizem que veio da América Central e de países do Sul do continente, bem velho e conhecido em todo o mundo.

Popularmente, ou mais precisamente nas feiras e sacolões, ele é legume. Obteve grande popularidade nos últimos dias. Segundo alguns fofoqueiros de plantão, seria estratégia da equipe econômica do Governo Federal para desviar a atenção da inflação que está sendo desenhada nos últimos dias.

Vamos ver o que diz o Senhor Solanum Lycopersicum, o conhecido Tomate.

EU — Senhor Tomate, o senhor se tornou um grande nome brasileiro, hein?
TOMATE — Verdade, tive uma ascensão de popularidade impressionante. Não sabia, no princípio por que isso aconteceu, mas depois entendi tudo.

EU — Vai nos contar o porquê dessa popularidade impressionante?
TOMATE — Vou contar, sim, mas antes quero fazer alguns esclarecimentos. O primeiro, nunca pensei em ser famoso; segundo, só aceito essa entrevista para esclarecer os fatos; terceiro, só aceito essa popularidade porque quero fazer o bem ao brasileiro.

EU — O senhor é o primeiro legume a ser entrevistado no mundo. O que pensa disso?
TOMATE — Vamos corrigir: pelo que sei, tomate é fruta. Mas sei que o povão pensa que sou legume. A única confusão que eu mesmo faço comigo, quando encaro os humanos, é que se for fruta sou feminino e se for legume, sou macho. Prefiro, então, que  me chamem de legume. Quanto à entrevista, acho que sim, devo ser o primeiro legume a ser entrevistado.

EU — Como o senhor encara o que aconteceu ou ainda acontece com referência à sua supervalorização?
TOMATE — Em parte, foi boa, porque serviu para as pessoas me valorizarem. Imagine que fui colocado em cofres, dentro de carteiras, bolsas e até me confundiram com joias. Fizeram muitas histórias e piadas comigo. Fiquei lisonjeado, mas, também, em seguida, chateado.

EU — Chateado por que, senhor Tomate?
TOMATE — Ora, descobri quase sem querer que aquela barulhada toda — meu nome indo para os programas de rádio, televisão, os sites, blogs, o Facebook, o Twitter, jormais, revistas, mesas redondas, palestras de especialistas e mesas de cartunistas —disso eu gostava, mas descobri que, no final, a minha popularidade foi uma invenção da equipe econômica do governo. Virei, enfim, um bode expiatório da inflação. Eles não queriam dizer que havia inflação, mas que o único problema era eu, o pobre Tomate.

EU — Quer dizer que de legume a fruta o senhor passou a ser, também, um animal quadrúpede, o bode?
TOMATE — Pois é, veja só, que confusão e humilhação! O pior é que cheguei a valer R$ 13,50 o kg na feira e quase R$ 20,00 nos supermercados e, em seguida, passei a ser mercadoria de promoção. Caí, portanto, e passei a ser oferta de R$ 3,50 o kg. Devo esclarecer que somos tomates de várias espécies e qualidades. Desta forma, comecei até a apodrecer, sentir dor nas costas, no peito, no braço, falta de ar, pernas bambas, vista escurecendo, quase morrendo.  A raiva do povo, que deveria ser contra os especuladores que me usaram, caiu envenenada sobre mim. Foi um horror!

EU — O povo já descobriu que a inflação está comendo tudo pelas beiradas?
TOMATE — Pelo que tem observado, acho que não totalmente. Só estou vendo que a ficha de todo mundo ainda não caiu. O povo é mesmo um babaca, não entende muito de manobras do governo. Por causa disso sofre. Nós, da área de alimentação sofremos menos que vocês todos, apesar de sermos comidos, vomitados e sei lá o quê... não vou falar tudo senão me censuram (rs...rs...rs...).

EU — Como acha que vai terminar essa história?
TOMATE — Olha, não nego, queria que ela continuasse. Mas, infelizmente, está acabando. Pelo lado de valorização, é claro, fiquei feliz, mas considerando a humilhação, a caída de preços e o abandono nas bancas, fiquei chateado.

EU — O senhor sabe que é bom para a saúde?
TOMATE — Vocês falam isso, mas preferiria que matasse todo mundo quando sinto que especulam os legumes e as frutas, se aproveitam da nossa fraqueza. A nossa raiva chega a tanto clamor que queria ser uma pimenta ardendo e, logo em seguida, matando como um veneno.

EU — Mesmo com a desvalorização da sua família toda, incluindo a própria pimenta, a berinjela e o pimentão, o que diria de sua vida?
TOMATE — Olha, vocês, humanos, sabem que vivemos de saco cheio. De todos esses comestíveis somos nós os que mais sofremos. Só não sofremos mais que os humanos. Imagine, por exemplo, a quantidade de transformações que fizeram em nosso DNA. Pegaram as nossas sementes e foram mudando, sempre à procura de uma receita mais barata e rentável. O resultado dessas experiências malignas foi que fomos perdendo o sabor. Eu, por exemplo, em algumas hortas ou quintais ou pomares estou parecendo um objeto de plástico, pode morder que ninguém sente nada.

EU — Esse fato não seria uma coisa boa para vocês, ou seja, se não tem gosto não os comem?
TOMATE —Não, meu amigo! O que nós queremos mesmo é sermos comidos. Quem não pensa assim não tem instrução. Pois a vida é de transformações, também vivemos essa vida. Imediatamente após a ingestão nossa nos transformamos, ou seja, o mesmo que reencarnação. Temos múltiplas vidas. Só que temos ciclos diferentes. Quem sofre prisão de ventre, por exemplo, nos massacra, demoramos a reencarnar.

EU — E os agrotóxicos, vocês gostam deles?
TOMATE — Maluquice você perguntar isso. Odiamos os agrotóxicos que dificultam a nossa vida e destrói a vida de vocês. O ser humano é um burro e não percebe que há outras formas de matar as pragas trabalhando com medicina preventiva. Vocês têm a mania de esperar que a praga chegue para irrigá-la com produtos perigosos. Fique sabendo você e conte para o pessoal de seu mundo que o agrotóxico é uma bomba atômica. Vocês criticam o Kim Jong Un, aquele doido da Coreia do Norte, que teria armas nucleares de alta periculosidade, mas se esquecem de vocês mesmos que são piores.

EU — Só tenho que agradecer ao senhor por esta entrevista. Alguma mensagem ao nosso mundo?
TOMATE — Eu só gostaria de pedir a todos vocês que tomem primeiramente vergonha na cara para entender tudo como se faz. Se o nosso preço subiu, foi artimanha do governo que nos escolheu para pagarmos o pato. E entender ainda como subimos e caímos de preço. Depois disso, em segundo lugar, pediria que vocês estudassem mais, lessem mais, lessem livros, que ficassem menos tempo no Facebook porque se ele é bem informativo, tem momentos que se torna bestial. Em terceiro lugar, queria tanto que nos valorizassem no sentido de estabilização de nosso valor e não mantivessem esse processo de valorização e desvalorização ao mesmo tempo. No mais, quero agradecer pela oportunidade que nos dá de colocarmos a boca no trombone.

EU — Sou eu quem agradeço por aprender tanto com o senhor. De Tomate a Bode Expiatório, a Pato e a Trombone, acho que o envolvimento da novela do Tomate foi grande e boa. Obrigado ao senhor!