terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Português Instrumental: DESMISTIFICAÇÃO DO VERBO HAVER

Já abordamos Regências verbal e nominal.
Fizemos alguns comentários sobre a aberração da confusão obrigado/obrigada.
Agora vamos nos engendrar pelos labirintos escuros e confusos para os distraídos sobre o verbo haver.

Haver é um.verbo, palavra variável que exprime ação, estado, mudança de estado e fenômeno, situando-os no tempo. Não vamos estudar aqui a grande extensão que compreende o seu emprego. Apenas as questões corriqueiras. E comecemos por uma colocação que considero um escândalo (quem entende um  pouco de português também pensa assim) quando se emprega o artigo a no lugar do vergo haver no passado.

Vejam este exemplo: “A menina não vem aqui a dois meses”. (Errado).
A frase correta é: “A menina não vem aqui há dois meses”.

Não consigo entender como alguém escreve isso carregando na bagagem um diploma de Curso Médio.

Para completar a confusão que muitos fazem não conseguem distinguir um tempo verbal de outro, como neste exemplo: “Daqui a dois meses a menina virá aqui” (Correto).
A frase errada que utilizam é: “Daqui há dois meses a menina virá aqui” (Super errado).

OUTRAS QUESTÕES

O verbo “haver” nos sentidos de “existir”, “acontecer”, “ocorrer” é um verbo impessoal, ou seja, não possui sujeito, e é empregado na terceira pessoa do singular, independente do tempo verbal. Veja:

a) Havia pássaros no céu.
b) Há muitas vagas ainda.

c) Não sei se ainda há, mas havia muitas vagas.
d) Não haverá mais pássaros no céu se continuarmos a destruir seu habitat.

É muito comum o emprego do verbo “haver” no passado de maneira sistematicamente errada: “Houveram vários pedidos de paz no mundo” ou “Nesta escola, houveram muitos alunos que passaram no vestibular”. É bom evitar este “houveram”, uma desgraça horrorosa do verbo haver.



Vale lembrar que nas locuções verbais o verbo “haver” delonga a impessoalidade ao seu auxiliar e, portanto, permanecem ambos no singular. Observe:

1) Deve haver um modo de sairmos daqui.
2) Não sei se chegou a haver notícias sobre essa enchente em Minas.

Outra situação que merece destaque é do verbo “ter” no sentido de “haver”. Não é um uso oficial na norma escrita padrão, mas vale salientar que, neste caso, o verbo “ter” deve seguir a mesma condição do “haver”. Assim, confira:

1) No clube tinha (havia) muitas crianças.
2) Tem (há) pessoas não se preocupam em julgar as pessoas precipitadamente.
3) Na reunião teve (houve) várias questões em pauta.

Devemos sempre lembrar que haver tem a sua  pessoalidade restrita somente como verbo auxiliar. Exemplo: Eu hei de amar”; “Nós havemos de vencer”; “Eles haviam de trabalhar”.

Basicamente são essas as questões que envolvem o verbo haver, a não ser outras questões complexas nas quais ele tem relacionamento direto com  os verbos ter, existir, fazer, existir.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

INFINITAS PROVAS DE QUE NÃO SOMOS DAQUI

 Eu era menino, via e escutava o bêbado-filósofo de São Sebastião do Rio Preto soltar a sua filosofia rua afora. O ébrio-sonhador chamava-se João Ferreira Neto, conhecido como João Lagoa. Uma de suas muitas expressões que anotei no meu caderninho de apontamentos: “Uma que não sou daqui!”

Nunca tinha refletido sobre a frase do conterrâneo que me deixou lembranças as mais expressivas. Sempre valorizei e valorizo a simplicidade. Uma sentença do João Lagoa vale uma enciclopédia preciosíssima. E a dedução acima é uma garantia de que somos forasteiros ou turistas no Planeta Terra.

Querem mais um exemplo? Vai lá: as doenças contagiosas. Ou se não contagiosas, transmitidas por mosquitos e outras plagas. Mosquito é a natureza, mas ele entra em nossa casa e traz as mais variadas antologias de moléstias. Que estejamos preparados.

No mundo é assim: o pequeno cidadão nasce, aparentemente sem culpa alguma, já que  é produto do prazer, mas vai pagar o pato. Em pouco tempo já sente que a vida no Planeta Terra é de disputas. Quanto tempo demora para falar? Quanto para andar? É inteligente ou burro? Retardado? Julgamento aos montes.

Lembrando o mundo como um todo, vejam o terrorismo se alastrando. Seria normal, esse é o presente que temos na vida, as ocorrências que tiveram ou têm fonte no Oriente Médio? O 11 de setembro e fatos parecidos, que se difundem pela Europa? Que mundo é esse? Quantos inocentes morreram e morrem em atos, os mais absurdos que ocorrem?

O ser terrestre desistiu de acreditar no seu par, no irmão ou amigo, em outro ser terráqueo, por quê? Mata sem parar quem obstrui o seu caminho tanto por questões políticas quanto por mesquinhos interesses particulares, não é?. Não há respeito, cada vez mais intensa é a ausência desse quesito indispensável à vida. Alguém já pensou nisto: somos mesmo programados para viver neste mundo?

Além das façanhas provocadas diretamente pelo ser humano, incluindo a incrível introdução no dia a dia do homem bomba, e as catástrofes naturais? Quantos países estão sendo devastados hoje em dia por terremotos, maremotos, tufões, tornados, tsunamis e outras desgraças da natureza? Insisto na pergunta: somos daqui?

Parece lógico alguém morrer nas Torres Gêmeas ou em qualquer outro lugar alvo de atos terroristas, ou em terremotos ocorridos no Haiti, Chile, Itália, Japão? O que fez o mineiro Jean Charles para ser confundido com terrorista e ser morto sumariamente dentro de um metrô em Londres quando ia para o trabalho? Tudo por confusão, julgamentos mal feitos e outras estripulias? Que segurança em qualquer parte do globo terrestre alguém nos dá?

No tempo escolar, os julgamentos são intensos e cruéis: é autista? Mongoloide? Tem síndrome de Down? Inteligentíssimo? Bem procedido? Capetinha? Fora todos os temas de sondagens sobre o pequerrucho, ele nem fica sabendo que a vida é dura, é cara, é um desafio. Aparece uma palavra em sua vida que o perseguirá para sempre: problema. O mundo é um problemão.

Ninguém entende que o menininho ou menininha, gerado no prazer, nascido sozinho (apenas empurrado por umas técnicas de expulsão do útero, quando é preciso, ou uma cesárea) vai ter de enfrentar a vida. Lutar, lutar, lutar, se canta como no Hino do Clube Atlético Mineiro. E nem sempre vencer, vencer  e vencer.

Concorrência desleal? Tal método não faltará. Bondade falsa ou frívola e relapsa? Tudo será comum na vida inteira. Escolher a profissão é uma barra pesada. Gostar de estudar, outro muro à sua frente. Disputas por vagas em concursos, às vezes sobre a mira de injustiças. Isso tudo é normal em um mundo feito apropriadamente para se viver nele?

Está na moda a suprema frivolidade do ser humano. Sorrisos comprados. Cinismo de graça e em ação. Onde a criança nasceu? Que país é esse? E se for na Síria? Ou dentro da guerra interminável do Oriente Médio? Quem achou que a vida desse pobre-coitado seria fácil?

Pior ainda quando esse filho de Deus é gerado  nas sarjetas. Debaixo de um túnel, sob a inspiração de um desejo incontido e até sob o império de um mau cheiro assustador. Mas, mesmo assim, se preparado para ele um berço de ouro estaria garantida sua felicidade?

E que droga é essa, capaz de despertar o desejo de constituir família um belo casal que, às vezes, gera um ser infeliz? E quando o sujeito cai no seio de uma família não apenas pobre de dinheiro, mas de espírito e, acima de tudo, com DNA da quase incurável depressão?

Uma resposta simples e incontestável: não somos mesmo desse, apesar de tudo, belo mundo. São mil provas de que aqui chegamos com toda a pinta de forasteiros. Citei pouquíssimos exemplos. Tenho-os mais. Deixo para cada um analisar. Por enquanto, responda quem quiser e puder:

            — O que o ser humano veio fazer no mundo, senão lutar?
            — Há alguma conquista senão a alegria do resultado positivo de lutas?
            — Onde está o prazer de viver?

E termino assim: um casal se une e reúne para gerar alguém que vai sofrer, mas só assim se processa a regra da evolução? A vontade de ter um filho prova que a nossa consciência é teleguiada. Contudo, passando por esse caminho se pode concluir que a vida é bela. Mesmo sendo transcorrida num mundo que não é, definitivamente não é, o nosso mundo.



P.S.: Engraçado ou não, ao terminar de rabiscar este texto fiz uma pesquisa e constatei que muitos cientistas afirmam com as suas provas de que, realmente, este mundo não é do ser humano que o habita.

sábado, 21 de janeiro de 2017

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL: OBRIGADO OU OBRIGADA?

Quem utiliza o WathsApp ou o Facebook constantemente se defronta frequentemente com problemas de concordâncias verbal e nominal.  Também no corre-corre da vida ressoam a todo momento a questão importante e simples que vamos abordar.

Agora, vamos ao tema OBRIGADO/OBRIGADA. 

A regra nos leva a, primeiramente, fazer uma análise: o OBRIGADO é adjetivo ou substantivo? 

OBRIGADO ou OBRIGADA expressam agradecimento são, obviamente, adjetivos. Se o uso de um ou outro estiver no sentido de agradecimento quer dizer que devem concordar com a pessoa que fala. Ou seja, um homem diz "OBRIGADO", enquanto uma mulher, agradece da seguinte forma: "OBRIGADA". Fácil de ser entendido. 

A exceção da regra fica por conta do seguinte: se o OBRIGADO for substantivo, aí não há flexão e o uso será sempre do OBRIGADO. Uma maneira fácil para detectar o substantivo é perceber quem o acompanha, artigo, pronome, numeral e adjetivo são classes gramaticais que, em geral, acompanham o substantivo. O substantivo tem sempre um artigo o acompanhando.

Veja o exemplo: "A jogadora de voleibol, ao se despedir da torcida de sua equipe que a aplaudiu durante a partida, diz: "O meu muito obrigado aos que me apoiaram nesta jornada!" E ela mesma pode complementar também assim: "Obrigada a vocês da imprensa!"

Simples demais! Mulheres, parem de dizer OBRIGADO.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

DE FILHOS DA TERRA A BANDEIRANTES DA TELEVISÃO

O pior defeito do ser humano, depois de prevaricar, mentir, matar, roubar, sacanear, profanar as santas espécies, violar sepulturas e tirar a inocência de crianças sei qual é e digo logo: proclamar as nossas chamadas boas ações. Um dos fatores que mais me deram satisfação na vida foi deixar a política, parar de pedir votos. Para mendigar sufrágio definitivamente. Principalmente na segunda eleição o político precisa ir lá e dizer: “Eu fiz, eu construí, eu doei, eu isso, eu aquilo”. De cara calçada ou não.

Supunha na minha mais ingênua imaginação que tinha me livrado dos relatórios de trabalho ou invenções referentes a uma eventual prestação de contas. Mas, de repente, alguém aparece com uma acusação: “Você nunca fez nada para São Sebastião do Rio Preto, e se fez foi apenas difamar a nossa Terra!” Que susto tomei e juro que concordei com tal julgamento. Deitei-me apoiando a cabeça no travesseiro que não tem culpa alguma e é capaz de me tolerar. E  comecei a pensar desvairadamente: “Nada fiz! Nada, nada, nada! Que droga!” Dormi tarde da madrugada e muito chateado comigo mesmo. Ao acordar, no dia seguinte, continuei ainda me acusando, obsessiva e imperdoavelmente, por ter sido um omisso na vida comunitária. Juro que pensei: mereço ser enforcado como um ladrão de cavalos dos filmes faroeste.

O que eu fiz, afinal? Pensei que já fui músico da Banda do meu avô, o Godó, de 8 a 16 anos. Relembrei-me ter editado um jornaleco por algum templo, o Folha Sebastianense, cujas despesas caíam somente na minha conta bancária. Imaginei que joguei futebol durante 14 anos e, para encerrar,  fui presidente do São Sebastião Futebol Clube. Também lecionei na escola local por uns tempos. Ah, era um sonho de parte da comunidade ter uma estrada via Córrego dos Moreiras à MGC 120, para evitar os tropeços no Alto do Veado e Caracol, então, acompanhei o meu tio Godofredo nos órgãos públicos durante mais de um ano como uma espécie de office-boy, esperando a obra que se concretizou.

O DER destruiu o campo de futebol local. Posicionei-me humildemente ntre os que lutaram para a sua reconstrução, na imprensa, empenhando-me com o meio de comunicação que dirigi, a revista DeFato e o site DeFato Online. Lembrando ainda algum esforço pela cidade, registramos em filmagens, com José Lucas Ferreira e Gilmar Caldeira Duarte, as festas de setembro de 1983 a 1991, quando equipamentos desse trabalho eram novidade e poucos tinham tal recurso. Os feitos citados nem merecem registro porque tudo se constituía como um prazer e não me arrancavam esforço gigantesco.

Que fiz eu, então? Resposta: nada, nada, nada! Pelo amor de Deus, eu queria ser quem a esta altura? Só me conformei ao constatar existiram muitos que realizaram  e foram esquecidos e argumentei com os meus botões: se foram esquecidos A mais B mais C mais Z, então tudo normal se estou no meio da vagabundagem do nada feito. Contudo, para o meu orgulho pessoal seria preciso ter feito algo notável senão eu não teria sequer licença para morrer. E, arrancando a máscara do cinismo pessoal, da falsa modéstia, consegui chegar a uma façanha que, diria, ser notável, principalmente para quem não tem cargo eletivo ou o poder nas mãos.

Estamos em 1971, mês de julho, entro nas primeiras férias na antiga Companhia Vale do Rio Doce depois de ter uma família composta de uma companheira e uma filha. Desembarco no antigo lar, tendo pela frente 20 dias disponíveis, como eram as férias de antigamente. Sacrifício para essa pequena família, mas fazer o que se tinha e tenho alguma vocação de realizar um feito qualquer? Já chego com um planejamento definido para instalar o primeiro aparelho de televisão na cidade.

Na chegada convoco o meu amigo inseparável de outros tempos, que me encantava e me encanta com os seus causos engraçadíssimos, João Guadalupe de Almeida, chamado por mim de Joãozinho Pão de Queijo ou Kaki para todos em São Sebastião. Duas palavrinhas ao pé do ouvido, à noite, e marcamos o início do trabalho para o dia seguinte, 2 de julho, às 7 horas da manhã.

Pegamos um aparelho de TV e fios para energia elétrica e antena e fomos esticando morro acima no fundo da casa de meus pais, casa e terreno que  pertence hoje à minha Mãe. No princípio, juntarem-se vários voluntários, incluindo meninos curiosos, que iam dando uma mão daqui e dali. Era preciso bater o pasto, às vezes abrir uma estradinha, erguer degraus, usando  todo tipo de ferramentas de um roceiro. Em contraposição ao suor que nos molhava, nada de imagens, fomos subindo, subindo, subindo.

Faltavam fios para a eletricidade e juntávamos mais e mais pedaços para carregar a energia. Joãozinho, prestativo demais, mas ansioso, quase pulava de curiosidade quando atingíamos um aclive acentuado e o aparelho era ligado. Mas somente os chiados eram ouvidos e chuviscos vistos. Por enquanto nada animador, fora o desânimo das pessoas que diziam: “Vocês vão pegar é carrapato, rodoleiro  e navalha de macaco!”

Acima do meio do morro, que conhecia desde criança, pois era companheiro do meu irmão Carlos e da nossa babá-cozinheira Maria Lucinha na colheita anual de café, apareceram alguns sinais de imagens. O trabalho estava muito cansativo, a ajuda voluntária desaparecia aos poucos, até o Joãozinho resolveu parar por um dia.  Por esse dia, fiquei sozinho e, então, contratei para me ajudar o saudoso e Nelson do Orozimbo, conhecido na cidade como Turino. Mas sem o Kaki senti que não ia dar, visitei-o à noite e o convenci a permanecer ao meu lado. Ele aceitou e retornou ao posto de bandeirante da TV.

Finalmente, chegamos ao topo do morro, de onde, quando criança via estourar dinamites no Cauê, em Itabira. E aí apareceu uma imagem límpida, cristalina, irretocável. Afoito, Joãozinho Kaki saiu gritando morro abaixo: “Pegou a Globo, a Globo, a Globo!” Na época, a Rede Globo de Televisão era uma novidade. Mas, ao voltar a imagem, de novo, constatamos que a pioneira que entrou na cidade foi a conhecida TV Itacolomi Canal 4. Globo era um anúncio de Detergente Super Globo. Risos e mais risos.

Pronto. Estava tudo resolvido. Imagem, som, brilho e contraste, em preto e branco, claro, pois a TV a cores só chegaria quatro anos depois na região. Mas a chacota de alguns amigos ou de eventuais torcedores contrários continuava quente na cidade. A cada passo que dávamos morro acima havia aquele tipo de piada que nos enchia os ouvidos: “Eles estão subindo, veja se vou subir naquela montanha para ver televisão!” Jamais imaginavam as pessoas que existia um plano já traçado para trazer a imagem para dentro de casa.

Então, bastou que fizesse uma viagem a Belo Horizonte e adquirisse todos os equipamentos necessários: quase mil metros de fio condutor de imagens, chaves e tomadas para postes, um equipamento chamado “buster”, além de uma TV novinha. Os meus  20 dias de férias voaram e chegavam ao fim e tudo tinha de dar certo, infalivelmente, senão seria uma bruta frustração. E deu certo na medida, houve uma estreia na grande sala da casa de meus pais, com plateia enorme, para um jogo da seleção brasileira. Desculpem-me que nem sei o resultado da partida. Mas foi um sucesso!

Aí está a façanha: com base no projeto que executei, outras pessoas começaram a instalar o seu aparelho em São Sebastião do Rio Preto. José Bonifácio de Almeida foi o segundo e as fazendas da região ficaram repletas do novo meio de comunicação que chegava à Terrinha. Não demorou nem um ano, a prefeitura local instalou um repetidor exatamente onde captamos as imagens de Morro Escuro. O pioneirismo ficou registrado para sempre, quem se lembra sabe, quem não sabe, é somente pesquisar.

Meu avô Serafim Sanna trouxe o primeiro rádio para São Sebastião na década de 1940. E nós tivemos prazer de ser pioneiros da televisão nos anos 1970. Contudo, reconheço e bato palmas para ele: não fosse a companhia estimuladora do Joãozinho Pão de Queijo jamais teria atingido o objetivo. E sem rir de mim diante de um espelho, acredito que ainda consigo descobrir que plantei um pé de alface ou de couve no fundo da horta de alguém que precisava. Fiz pouco por minha Terra Natal, mas fiz alguma coisa. Quem sabe ainda faço mais, se Deus assim o permitir.

sábado, 14 de janeiro de 2017

PORTUGUÊS INSTRUMENTAL: REGÊNCIAS NOMINAL E VERBAL

Uma das questões mais simples, porém desacatadas das regras de português, se chama Regência. Mais precisamente, Regência Verbal e Regência Nominal.

A palavra regência diz tudo e quer, então, esclarecer: o que rege, o que pede, o que vem depois; Verbal, o complemento do verbo, e Nominal, o sujeito que requer. Muitos cidadãos não impõem importância à regência, mas, saiba você  que é tema importantíssimo. Para os entendidos, quem não conhece não pode escrever, porque traduz o sentido do termo.

Regência Verbal tem um auxiliar infalível: o dicionário. Ou melhor, o bom dicionário. Observe você que os verbos têm o seu significado e a regência no bom dicionário, tudo na mesma palavra. Por exemplo, vamos a um verbo muito conhecido e falado, o AMAR – TD (transitivo direto ou intransitivo). Isso quer dizer que pede objeto direto, ou seja “amá-lo” ou “eu a amo”significa  Nunca alguém dirá amar-lhe (lembre-se que lhe é objetivo indireto ou à ou ao).

Outro exemplo: GOSTAR – TI (Transitivo Indireto),  regido por “de”. Ninguém gosta alguém mas de alguém, não se gosta senão de alguma coisa.  Num exemplo simples, reza: “O rapaz de que ela gosta” e não “que ela gosta”.

A Regência Nominal é um pouco mais complicada porque não tem dicas nos dicionários comuns. A obra de Celso Pedro Luft, “Dicionário Prático de Regência Nominal”, é uma companhia indispensável, verdadeiro auxiliar das pessoas inteligentes. Exemplos são os mais diferentes. Veja: você nunca diz “desacostumado com” mas “desacostumado a ou de”;  nem “discordado com”, mas “discordado de”; jamais  com ”comemoração de” e não “comemoração por”. Enfim, os exemplos  são muitos. Não dá para mencionar todos, é claro. Mas dá para ser bem-entendido.

Aqui fica apenas uma dica: se você não sabe, nunca use, aprenda primeiro. É fácil.

Obs. 1. Podemos voltar ao tema em outra oportunidade.

         2. Próxima postagem: Obrigado/Obrigada



segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Que mundo é esse?

A pergunta é feita cotidianamente por pelo menos 2/3 dos habitantes do Planeta Terra. Esses 75% de aproximadamente 8,7 bilhões de pessoas, perguntam a si mesmos, ao vizinho, ao colega de trabalho, aos chamados mestres religiosos, aos cientistas, mas ninguém responde, ninguém sabe nada sobre o assunto “que mundo é esse?” Quando eu era  criança, cansei-me de formular a questão aos meus pais, parentes, catequistas e padres, mas as respostas vinham e ainda vêm em forma de repreensão.

Nunca consegui entender por que sempre houve e sempre há um grande número de seres humanos que nunca se interessou pelo tema. Tanto faz saber se existiu algum lugar como é indiferente ver passar na rua uma cachorra manca ou um cavalo bom de sela. Esses aparentemente seres humanos vivem como animais selvagens ou domésticos. Preocupam-se com dinheiro, riqueza, bens materiais e só.

O amor que dizem sentir é unicamente brutal, amor instintivo, voltado apenas para a preservação da espécie, como escreveu Arthur Shopenhauer, instantâneo  como um piscar de olhos. Seria como se alguém entrasse numa fila de qualquer entidade, associação, serviço público e, ao chegar ao guichê desse uma resposta bisonha e ridícula ao atendente que quer saber “o que deseja?” E  a resposta é um seco e curto “não sei”.

Na verdade, “que mundo é esse?” é o ponto crucial da vida, arguição que precisa gerar uma resposta definitiva e lógica. A partir dela se monta um programa para que sejam desvendados milhares de outros mistérios chamados dogmas, para mim inadmissíveis. Somente assim vamos encontrar o que muito se fala, o sentido da vida. Uma vida sem sentido mais parece alguém banguela entrar numa churrascaria e conseguir se alimentar de somente carne. 

Lá ele peleja com a sua miséria dentária e ainda precisa arcar com os custos da comanda. Enquanto não temos uma resposta, com certeza somos uma nau sem rumo perdida num oceano em que não se vê sequer uma expectativa de terra, uma pequena ilha, um escasso sinal de vida humana ou um outro ponto de direção senão algumas outras embarcações igualmente perdidas.

Já estou ouvindo algum curioso – e com certeza os há, mesmo sendo poucos os curiosos – fazer um outro questionamento: onde encontrar resposta para uma dúvida tão atroz? Detenho-me sempre quando há névoas no meio dessa estrada. E sempre aparece algum sabido mais velho para dizer que não podemos jamais sondar os mistérios de Deus. Ah, cada vez mais me convenço de que Deus nunca foi  e nem será um ser orgulhoso e cheio de babaquices e vaidades, metido a dono da verdade.


Como nunca acreditei em tudo que a catequese me impôs, continuei e continuo as buscas. Quando alguém quer  saber de verdade se encontrei o ponto das respostas, deixo por conta de cada um ler a minha mente audaciosa, embora ainda insatisfeita. Mas muito calma e feliz.