segunda-feira, 22 de maio de 2023

VIGILÂNCIA ARMADA, NÃO! VIGILÂNCIA AMADA, SIM!


Antes de rabiscar, ou dedilhar sobre este assunto, entendo que precisamos, primeiramente, evitar o assunto. Não é possível? Então, pense uma, duas, três, dez, cem, mil vezes. O ser humano é um inconsequente habitante do mundo que, do nariz para a frente, pouco vê. E no espaço infinito do mundo as pessoas se perdem. A violência nunca resolveu problema algum no mundo.

 

Desde seus primeiros passos na face do Planeta Terra, o ser terrestre vem optando pela guerra, pelo combate, pela emboscada, por situações que terminam em morte e, antes, sangue. A raiva gera a ira e a violência é herdeira de todos os malefícios que existem no mundo. Estudem a história: impossível listar o número de conflitos que se desenrolam em cada pedaço de torrão e no mar, até dentro das famílias. Isto é atraso intelectual imperdoável. Deveria envergonhar-nos.

 

Preocupa-me muito mais saber que a Câmara Municipal de Itabira, a que tenho dedicado espaços em reflexões escritas e comentadas, venha querer resolver a situação pelo lado das armas físicas. Houve um caso de adolescente fazendo clima de apreensão e suspense em uma escola. Isto não pode atrair sequer um estilingue para ser mediador.  

 

Uma pergunta que faço de mim para mim e dou a resposta: “Ignorar uma realidade é solução de algum problema?” Resposta: “Não, definitivamente, não!” Fugir do tema? “Também, não! Mas ter temeridade para focalizar determinados problemas, vale tentar e saber que o senso comum não resolve questões tão delicadas.

 

Existem, com absoluta certeza, outros caminhos a seguir. Sugestão deste pobre escriba, lutador: ao invés de pensar em “vigilância armada”, por que não introduzir um projeto que seria, por exemplo, “vigilância amada?” E dela participariam os corpos discente e docente de cada escola. Ou todos de mãos dadas, oficializando o abraço como principal medida. Que beleza seria!

 

Quando começou  a  recente guerra no Oriente, a mais terrível de todas, houve religiosos e houve até mesmo ateus que sugeriram o amor para ser acionado no lugar da guerra. O que criaram foi o terror, caminho tecnicamente de contramão para seres humanos inteligentes.

 

É inovação. Por que não? Inadmissível é querer discutir o assunto sem uma busca científica. Em sua passagem pelo nosso mundo, o ser humano ainda não praticou bons e determinados exemplos na área do humanismo, da concórdia e do entendimento universal. Só pensa em armar-se, construir canhões de horror, destruir, matar, humilhar, desenvolver armas letais.

 

Desde a Pré-História, passando pelos episódios conhecidos da Antiguidade, atravessando as idades Média e Contemporânea, o hoje que consideramos definitivo e não é, o habitante do mundo só tem guerreado e vive de dentes trancados como o homem da caverna. Poucos falam em paz e, quando falam, não agem, repito. E se tomam alguma providência, procuram uma saída para destruir, eliminar, executar.

 

Vejo agora a melhor oportunidade que os vereadores levantaram, especialmente o líder do Governo, Wéverton Andrade, Vetão, autor de um projeto arriscado. Acredito num bom momento para ser oficializada a técnica do amor no lugar do combate. A cabeça do ser humano precisa mudar e estamos além do momento vencido. Vamos, gente!

 

O Homem de Neandertal não pode mais continuar liderando a cabeça desta geração e transmitindo horror e terror para os novos tempos. Que vença o amor desde já. Entrego minha confiança no Poder Legislativo de Itabira.



José Sana

Em 22/05/2023

Imagens: Redes Sociais

sábado, 20 de maio de 2023

VEREADOR É PARA ENGOLIR MESMO...



... sapo de pernas abertas; xingatório geral; e toma injustiças pela  cara afora; e aceite como está escrito nas leis; e lá vão mais pedradas, pois é este o caminho certo que os incautos querem; e não adianta reclamar nem da inversão de funções caminhadas no erro em Itabira: aqui quem fala mal  de vereador é o prefeito — a função que a cultura atual impõe é esta mesma e não vai mudar agora

 

Ser Vereador

Tal nome de tal livro nasceu para criar uma atividade positiva na vida do vereador. Então, que lancei três livros sobre o assunto e crei  um projeto anterior ao tal “Orçamento” Participativo (que já caiu do galho) e o  “Plano Funil” que foi sucesso e estreitou as relações do povo com o poder público. Quem é político em Itabira e nunca viu ou ouviu falar dos livros “Ser Vereador” (1999) e “Caminhos para a Vitória” (1ª e 2ª edição/ 2000 e 2011)”. Todas as letras pelo vereador, para o vereador que ninguém defende.



Porque o vereador é o que se expõe, aquele que está na Câmara no horário em que todos sabem e não tem como fugir da situação em que é exposto, cara a cara, com o eleitor. E mais, tem poderes limitados e que dependem quase sempre de sua criatividade, de inspiração, de amor  aos representados e difícil boa vontade do executor. É complicado ser vereador de qualquer maneira, na felicidade e na dor.

Quanto recebe?

O vereador de Itabira recebe sete mil e poucos reais mensalmente, líquido e limpo, tive acesso a um contracheque. Tem despesas às vezes imensuráveis, pode ser até um “João-Não”, que  nega tudo aos pobres, miseráveis. Esses  são obrigados a pedir porque sempre faltam remédios nas farmácias da Prefeitura e têm ainda as contas de energia elétrica e água, sempre acumuladas. Se não nega, se atender a vários pedidos, a porta de seu escritório tem uma fila maior que a da Caixa Econômica Federal. E os buracos? E a falta de água? E esgotos entupidos? E os passeios jogando velhos no chão? E as promessas?

 

                                                            Hora de votar

 Nos corredores do Poder Executivo, de cada vítima criticada em dez talvez uma seja elogio ao vereador. Quando tem um projeto  polêmico para ser discutido e votado, à sombra do falar o que quer, o frequentador de turminhas “mete o pau”  junta-se a campanhas do “vai na Câmara e vaiem, e peçam, e gritem e exigem”.

 

E lá vem a análise que não é lógica da boca do prefeito, de seus auxiliares, que pinta como verdade e nem sempre é. O bom-senso quase sempre supera a verdade de hoje, que amanhã  vira uma deslavada mentira. O prefeito sempre diz “nunca vi isso”, “nunca vi aquilo” e eu nunca vi foi prefeito falar mal de um poder constituído legalmente diante de todos os microfones.

 

É claro que aos olhos de quem quer que seja um super aumento salarial hoje é o melhor palpite para um vereador aprovar, mas pergunto: e amanhã? Em Itabira muito se fala em diversificação econômica e pouco se dá corda a essa proposta. Este deveria ser o slogan do atual governo: “Faça o que eu falo mas não fale o que faço”. Seria mais transparente.

 


Vereador é coragem

Podem fazer-me perguntas como ser vereador. Durante dez anos fui, tive momentos bons e ruins, desanimado ou inspirado, mas no cômputo geral, avalio-me como atuante e esforçado. Não me peçam um relatório do que deixei como realização, como proposta, como lei, no Poder Legislativo, que posso ser exagerado a meu favor. Quer saber? Vá lá e consulte os anais da Câmara Municipal  e vejam e sintam e comparem. Tem um detalhe: não era o tempo da internet.

 

Pelo grande esforço que fiz é que sinto o desejo de fomentar cada vez mais a defesa do vereador. Sempre lamentarei que a Câmara Municipal de Itabira tenha apenas uma mulher na sua composição. Rose Félix precisa sempre lutar mais, ser mais ativa, esforçar-se muito porque nos seus ombros recai uma responsabilidade gigante, é o retrato da mulher itabirana. Se existe uma só mulher que representa 51% de Itabira, sua carga de trabalho cresce, a seriedade  transparece.

 

Ela tem sempre um com contingente de apoiadores ao seu lado. Parabéns presidente Heraldo, Neidson, com sua leal experiência e demais carregadores de piano. Acompanhem, por exemplo, a luta de alguém que leva a sério, como Sidney do Salão, me atrai um projeto dele, “Cabeça feita   Todos, são 17 no total.

 

Lembro-me de um vereador a quem devoto admiração eterna, mesmo estando ele no outro mundo, quem sabe vigilante do atual poder. Refiro-me a José Braz Torres Lage, que ensinava o que é a representatividade política. Ele sempre proclamava em seu discurso: “Não adianta ser vereador graduado e pós graduado; ele precisa ser representante leal de comunidade e ainda mais deve saber o que é espírito público”.

 

Vereador não é somente para elogiar ou  criticar. Ele tem de verear, que é fiscalizar, ser insistente e levar ideias Que os vereadores brasileiros tenham a admiração de quem de verdade respeita o povo.

José Sana

20/05/2023

Imagens: Arquivo e Redes Sociais

quarta-feira, 17 de maio de 2023

MORADIA DE FANTASMAS: É O QUE MARCO QUER QUE ITABIRA SEJA

Universidade Ferro-Velho, ou mais um elefante branco na terra de Drummond, Unifei pode ser nova  decepção a ser escrita na história itabirana. Alguém está dormindo aí? O prefeito parece viver os sonhos de Morfeu


                                     Elefante branco': 15 anos em ação, não pode ser o que quer o prefeito


Ouvi cem vezes (estou mentindo, só cinco) o Programa do Povo, apresentado hoje, 17 de maio de 2023, pela Rádio Nova FM, de Itabira, no horário de 10h30 a 11h30. Apresentadores: radialistas Ronniel Nascimento e Gliciana Ângelo.

 

Ah... que loucura o que ouvi do atual prefeito itabirano, Marco Antônio Lage, como entrevistado do dia! Vou repetir: que trombadas no itabirano e nos sonhos desta sofrida cidade! Daquele momento até agora, nada mais fiz senão desejar ao senhor entrevistado uma magistral derrota eleitoral em 2023. Logo eu que ele sabe me fez daquele nome já citado: bobo da roça.

 

Como tenho o direito de plagiar, sem entrar em contradição, sem me preocupar com palavra ou vírgula, senti que ele, embora hoje talvez não se lembre, a mim e sobre a Unifei foi a promessa mais contundente que “benzeu” na campanha eleitoral. Entrei na briga por causa, exatamente, deste nome Universidade Federal de Itajubá, Campus de Itabira, 15 anos funcionando. Nestes dias a grande revelação dele: “Unifei jamais”. Pode fazer campanha eleitoral do próximo ano no lugar do M-40.


'Elefante branco': Itabira não quer mais um

“E agora, José?

Seu argumento acabou,

sua voz encalhou,

o povo sumiu,

a noite esfriou,

e agora, José?

e agora, você?

você que defende o contrassenso,

que não repara a discrepância,

você que não sabe o que vou dizer:

que já viu e eu nunca vi

prefeitura executar obra federal.

E agora, José?”

 

Eu, que não posso me calar porque defendo pontos de vista claros sobre Itabira. Há mais de 20 anos conheço a história da Universidade Federal de Itajubá. Desde os anos 2000, que acompanho esta luta liderada por Renato Aquino Faria Nunes, João Izael Querino Coelho e Kleber Carvalho Guerra. Até sonhei que era uma bandeira de minha vida pública, de que já havia saído, mas não me impede de acompanhar autoridades e técnicos ao vice-presidente José Alencar em várias ocasiões por tal objetivo. Então, posso perguntar ao senhor negativista:

 

"E agora, Marco Antônio?

Sua doce palavra,

seu instante de febre,

sua gula e jejum,

sua incoerência,

seu ódio — e agora?

Você faltou com a verdade também


    e não há prédio ocioso na Unifei. Apurado, viu?

 

Sendo prefeito de Itabira, Marco,

Por que não aproveita e aprenda

alguma lição sobre esta Universidade?

Por que não pergunta?

Por que a mim não questionou?

Mas eu lhe falei o  propósito

que a Unifei tinha e tem de

puxar o vagão do futuro.

Lembra-se, por acaso?

Ou parou de pensar também?

E a memória, e agora, Marco?"


Itabira não pode tornar-se 'ferro velho'

Sabe onde é que você vai encontrar uma prefeitura com plena justificativa de ser parceira do Governo Federal? Em Itabira, seu moço! No município em que você nasceu, rapaz! Estava andando pelo mundo, mas não teve o prazer de conhecer a terra amada e desconhecida?

 

Não sabia que por aqui mora exatamente o termo “sui generis”, que Itabira teve pouquíssimas oportunidades (para alguns, muitas) de tornar-se independente. Você veio para fazer quais obras? Quer chutar o balde? Ou já chutou?

 

Veja bem: nos seus argumentos fraquíssimos para convencer o mais simples cidadão, diz que a cidade está à mingua, povo passando dificuldade, saúde que não atende as necessidades; saneamento básico e os famosos buracos que ganham notoriedade em seu governo. Uai, estranho, hein?

 

Reflita, prefeito: em dois anos e cinco meses de governo, a prefeitura arrecadou, segundo informações divulgadas por fontes fidedignas, mais de dois bilhões de reais, a maior arrecadação de todos os tempos. E o que o senhor fez com tanta grana? Não resolveu esses problemas estruturais? E pensa que fazer festas e festanças sejam ações mais importantes que educação? Nem de água deu conta de começar uma obra, o tempo foi insuficiente para suas conversas com a Vale? O senhor tem medo da Vale?

 

O senhor sabe, tenho absoluta certeza disso, que o futuro é prioridade, sim, porque ele está sendo municiado pelo primeiro empreendimento que é a Unifei (hoje repete que não). O segundo estão no seu nobre esquecimento: Parque Tecnológico, Porto Seco e Aeroporto Industrial. As prioridades que o senhor aponta, senhor prefeito, como saúde, saneamento básico, buracos, talvez sejam desnecessários, e eu explico.



              Prefeito de Itabira': itabiranos estão fartos de 'elefantes branco (Foto: Rádio Nova 93 FM


Sem empreendimentos que tocam a economia, a cidade será moradia de fantasmas, ou depósito de ferro-velho, ou elefante branco. E fantasmas não precisam daquilo que o senhor pensa e anuncia. Neste caso, deixe os buracos abertos para memorizar a passagem de Vossa Excelência pela história de prefeito itabirano que já começou a construir um cemitério de sonhos. Mas não vai terminar porque não vamos deixar.

 

José Sana

17/05/2023

Imagens: Arquivo/ Redes Sociais/Rádio Nova FM

sábado, 13 de maio de 2023

ZÉ FLÁVIO 80

Zé Flávio preparando-se para o casamento de seu filho André


São Sebastião do Rio Preto, 13 de maio de 1943. Nasce um menino pequeninho mas robusto, filho de Francisco Dias de Azevedo e Luzia Cândida de Almeida, esta minha tia.

Rápida apresentação para dizer que José Flávio de Almeida Dias, meu quinto primo (Sebastião, Maria Geralda, ele e Dezinho, os primeiros) foi um companheiro de peraltices e de coisas sérias, testemunha ocular de fatos até inacreditáveis. 

Simplifico assim: um ano e meio ralando em Belo Horizonte no raiar de nossa juventude; aventuras nos quintais de São Sebastião; fuga de casa duas vezes e mil e tantos apertos na vida, inclusive que fomos presos duas vezes num só dia, no tempo em que recebíamos  a seguinte sentença de um policial: “Você nada fez mas vai preso assim mesmo!”.

É claro que vou ser obrigado a resumir demais estas linhas porque daria um livro a nossa esquentada história. Tive e tenho outros amigos inseparáveis como José Quintão de Almeida (café na cueca), Godofredo Duarte (fominha em BH), Tony do Somiro (in memoriam) e outros mais. Vou parar aqui para não me incorrer em injustiças. São muitos os chegados e centenas as histórias.

Elejo agora um acontecimento, a defesa de um patrimônio histórico-cultural de nossa terra,  como tema principal a ser citado. Foi assim: Padre Raul de Melo, de quem fomos coroinhas nas missas em latim, anuncia que derrubará a Igrejinha do Rosário, um enfeite belo e cheio de lendas e passagens inesquecíveis. 

No teto da igreja e em suas paredes havia pinturas de discípulos de famosos artistas  mineiros e brasileiros; na sacristia uma relógio da época do Brasil Colonial e outras peças, como imagens de Alfredo Duval (Itabira) e outros escultores do período da Inconfidência Mineira, sinos majestosos que tilintavam na alegria e na tristeza. 



 Igrejinha do Rosário: emblema de nossa luta pela sua preservação. Perdemos a causa

O Padre avisou, em circular encaminhada aos são-sebastianenses, que derrubaria o nosso Rosarinho “por falta de recursos de mantê-lo”. O povo aquiescente vacilou, jogou a correspondência no lixo e a ameaça se manteve de pé e decisiva. Surpreendentemente, surgiu o famoso “quarteto da desordem”, como éramos  chamados (Zé Flávio, Teia do Roque, Joãozinho Kaki e eu). Elaboramos um abaixo-assinado, protestando e pedindo socorro ao bispo de Diamantina, Dom Geraldo de Proença Sigaud, na época responsável pela Diocese a quem pertencia a Paróquia.

Corremos toda as casas e ninguém quis assinar o bendito documento que acabou amarelado pelo tempo. Não desanimamos. Puxamos fios de nylon para o sobrado de meu avô Seraphim, de lá batíamos o sino sem parar nas madrugadas friorentas;  penduramos gatos em sacos para infernizar a vida do Padre e, enfim, marcamos tempo numa época em que só em nós encacharia  o termo cidadão. Hoje, ouço de vez em quando a pergunta: “Por que derrubaram esse patrimônio?” A resposta está aí, sempre a sociedade precisa de doidos varridos.

Zé Flávio era o “topa tudo”, jamais dissera a mim que “isso não vou fazer”. Voltando a Belo Horizonte, eis outro fato: roubamos duas galinhas no Bairro São Geraldo e levamos a outra casa no Carlos Prates para saborear com arroz. Na época, andar de ônibus (lotação), “tróleibus” e  bonde na capital era chique; cidadãos elegantes de chapéus de lebre; mulheres de manto, salto-alto, abanando leques; meninos de gravatinha, meninas de fitas no cabelo -  tudo fazia parte da “belle époque”.

Nós, de alinhados pouco tínhamos, rapazes desempregados, inclusive, para quebrar o requinte da noite, portávamos duas galinhas, roubadas num quintal. As aves bem-procedidas, entramos do ônibus abarrotado de gente em pé. As penosas aves estavam enroladas em jornais. Passei a catraca, paguei as tarifas e Zé Flávio se estacionou no fundo da condução, eu perto do motorista. Viro-me para trás e vejo meu primo desabando em risos incríveis e frenéticos, até agachando-se para viver um cenário tão paradoxal.

Ele insiste em rir e eu continuo sério. De repente, dou  fé dos motivos de tanto contentamento: a população inteira do lotação quase desmaiava em risadas intermináveis também, vendo a galinha observadora de diferente paisagem, condenada à morte, que eu segurava, atrever-se em romper o jornal e colocar o pescoço para fora. Não sei como sobrevivi àquele momento tão inusitado e demasiadamente vergonhoso para a minha timidez mineira do interior de Minas.

Não vai sobrar espaço para contar tantas peraltices que praticamos no mundo, mas vou revelar mais uma façanha, esta que me orgulha pela simplicidade do caro primo-irmão (tenho muitos primos, os quais considero como irmãos também). 

No dia em que fui  à Fazenda Córrego dos Casados pedir casamento (1.º de dezembro de 1968, um domingo) convidei-o para testemunha da feliz audácia. Ele topou e passou o dia por lá, enquanto eu tomava uma decisão que dura mais de 50 anos  e é válida para além da vida e para além da morte: casar-se, ter cinco filhos, respeitá-los fielmente e testemunhar o prazer de ver a felicidade, também, de dez netos.

Parabéns, Zé Flávio, que se casou também e tem dois belos filhos! Infelizmente, perdeu a esposa no decorrer do caminho. Tudo se resume assim, ele mesmo mostra sua simplicidade diante de quaisquer ocorrências, felizes ou não: “É a vida”. Então, repito por ele: é a vida que lhe dá o que merece, chegar aos 80, pleitear os 90 e, se tiver paciência, o centenário não vai falhar.

José Sana

13/05/2023

Fotos: André Dias e Arquivo NS

sábado, 6 de maio de 2023

ITABIRA ÀS VÉSPERAS DO XEQUE-MATE

Lamentável, será que ainda há tempo? Sete vereadores alertam, deixam clara a verdade, mas dez assumem o compromisso do caminho cego, sem pensar no que pode ser a exaustão do minério de ferro. Estamos nas mãos de Deus

 


Vou tentar, mesmo sem entender como  transportar a situação de Itabira, referentemente à Cisne, a grande premiada, para o mundo do futuro. Uso o jogo de xadrez, fabricado num tabuleiro, disputado entre dois lados para tentar ser claríssimo. Cada um dos oponentes é representado por peças de cores opostas. A finalidade é  conquistar o “rei” do adversário. As peças são compostas de oito peões, duas torres, dois cavalos, dois bispos, uma rainha e um rei.

 

A movimentação faz-se por estratégias diferentes. Tenho um amigo e ex-colega na mineradora Vale, chamado Divino, inteligentíssimo, que é professor de xadrez. Cogito até que ele me dê aulas. O aluno dele que me atrai é o  Murilo,  de dez anos, filho de Renata,  ambos conhecidos no condomínio, onde residimos. Sempre que o vejo, ele se antecipa e faz uma festa e eu gosto de estabelecer  analogias para quaisquer outras ações de estratégias, como ações políticas, por exemplo. Murilinho nada tem a ver com isso. Só uso o seu nome, gentilmente. Mas eu tenho, sim, estou envolvido.

 

No caso específico da Tarifa de Transporte Coletivo de Itabira, neste momento o prefeito Marco Antônio Lage está em vantagem, vibrando, dançando, acha que vai derrotar vereadores, povo e eu, como venceu ontem em reunião extraordinária por um 10 x 6 humilhante.

 

Veja bem o que diz, imagino: “Vou ganhar a simpatia do povo agora e no fim do ano aplico o xeque-mate, instituindo a Tarifa Zero. Ou seja, ninguém pagará passagens de ônibus aqui na nossa Itabira e nem na zona rural”. Estas palavras jubilosas seriam daquele que pretende, sim,  sabem o quê? Subir de Imperador de Ipoema a  Rei de Itabira.

O ano que vem será decisivo. O Rei, na certeza de não ficar nu, espera tomar definitivamente a cidade e, depois, mostrar que pode ir mais à frente, levantar o bastão de majestade e dominar até o Brasil. Não lhe passam mais pela cabeça as impetuosas questões, como numa impactante Mato Dentro que apregoa: “Não ganha eleição quem não constrói um majestoso empreendimento”.


Marco faturou para os cofres itabiranos nada menos que R$ 2,5 bilhões de reais até este momento, receita de vaca gorda. Executou exatamente zero “quatrilhão” de nada, nem um raro meio-fio completo, instalado e pintado. Tem (ou tinha), como diz (ou diria) o marido de Dona Eloá Quadros, “recursos para construir estradinha de Ipoema a Senhora do Carmo”, menor que a ponta da cava do Cauê. “O home é sem noção”, denuncia meu amigo Pé de Pato, que promete entrar também em cena da guerra de Desgraça contra a Graça.

 

Vamos e convenhamos, sejamos trágicos e  imaginemos que Marco fatura a reeleição e continua distribuindo ações essencialmente assistencialistas por aí, ou asfaltando até o “Córrego do Meio”.  Coloca  na frente o seu socialismo cego de olhos abertos, herdado não do pai, que era capitalista de encher os olhos e gerar rendas.

 

Itabira, até aí, vê que não tem mais dinheiro para satisfazer a fome da ave do gênero Cygnus, imagine a folha de pagamento de R$ 48 milhões anuais, os aposentados que ainda não acordaram e os comerciantes que, esses sim, vão obedecer o aviso da Vale  na  fatídica “rota de fuga” e vazar para sempre.

 

Podemos até tirar o aviso das esquinas itabiranas, as barragens estarão secas daqui a pouco e os cofres públicos entupidos de riquezas desde 1957, ou mesmo a Constituição de 1988. Daqui a pouquinho, mas a um instantinho mesmo, murchos como um bagaço de laranja. Não vê o risco, senhor Rei?

 

Dez vereadores fizeram vistas grossas à verdade crua e nua, mas sete tiveram a coragem de ver, ouvir, apalpar, farejar o que vem por aí:  um vergonhoso xeque-mate na tricentenária Itabira. Valha-nos, Deus Todo-Poderoso. Amém!

 

José Sana

Em 07/05/2023

Imagens: redes sociais


P.S.: Aberto a contestações, até as incontestáveis. Lembrete para amenizar alguma eventual fúria sobre mim: jurei que morrerei por Itabira. Quando falei isto ao Rei, ele retrucou: “Jamais decepcionarei você!”. Marco, pode ter a certeza de que sim.

quarta-feira, 3 de maio de 2023

CADÊ A TERCEIRA ITABIRA?

 Drummond fez a pergunta. Historiadora itabirana respondeu positivamente. Agora o prefeito socialista planeja construir a Itabira do caos? Ficarei feliz caso esteja errado

 

                                 Itabira (Acervo: Roneijober Andrade)

Sou um tatu da roça. Bobo como um tatupeba. Pior: não tenho cara nem de esperto, dizem meus amigos chegados, contradizendo o “mineirim caipira”. Por isso deixei a política. Mas vou me defender: escolho as minhas companhias silenciosas em livros e artigos de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, PHD, exemplos.

Agora, por exemplo, para tentar esclarecer o momento itabirano, que considero negro como as nuvens de anteontem, que cobriram o céu municipal, recorro a uma das preferidas autoras eminentemente itabirana. Esta não é nem a décima vez que tento focalizar o futuro de Itabira. Desde 1966, quando aqui cheguei, tenho procurado ser fiel à minha opção de ter escolhido esta cidade para viver.

A TERCEIRA  ITABIRA

Maria das Graças Souza e Silva, Baginha, em artigo de mestrado transformado em livro  (A Terceira Itabira: os espaços político, econômico, socioespacial e a questão ambiental —São  Paulo: Hucitec, 2004, 254 p), obra muito discutida nas rodas historico-literárias itabiranas, das cidades mineradoras e das monoindustriais, dá sua luz às dúvidas que continuam soltas por aí.

Diz a autora: “O título do livro ‘A Terceira Itabira’ é uma alusão ao questionamento de Drummond  quanto ao destino de Itabira após  a exploração de suas riquezas minerais”. A seguir, explica, perguntando: “Haverá uma terceira e diversa Itabira? (Andrade, 1967, p.574).

“Diante da pergunta de Drummond, o livro se apresenta muito maior que uma pesquisa: é uma resposta para a cidade! Uma lição que deve ser estudada para evitar os erros do passado e ensinar como planejar, urgentemente, o futuro”.

PARA  AONDE CAMINHA ITABIRA?

E agora, caro prefeito Marco Antônio Lage? Ou transferindo de Drummond a pergunta, diria: “E agora, José?” Um dos filhos de Marco tem o prenome José, vamos de filho para pai. O senhor prefeito não pode negar que não o alertei e não lhe ofereci, na bandeja, a solução. Sei que  teve contatos com as Três Marias, ou nós a oferecemos, a inteligência, boa vontade e bondade delas para auxiliar.

Elas reuniram-se (faltou a presença de Maria Cecília de Souza Minayo, que reside no Rio de Janeiro) e estiveram a autora do livro com outra autora de outras obras referentes a Itabira, Maria do Rosário Guimarães de Souza, Zara.

Também, publicamos em sites e blogs a simples sugestão de considerar, os trabalhos científicos das filhas de Itabira, por opção, já que nasceram em Rio Piracicaba e são presentes de Deus à nossa cidade.

Em seu discurso de posse, senhor prefeito, está bem escrita a disposição política do verbo ‘empreender’, agora desprezado. Como um José qualquer (ou Izé porque sou da roça, é o que andam dizendo nos bastidores), qual investimento chegou a Itabira? Cite um...

Promessas, sim, essas choveram. A principal delas, feita solenemente, em 2 de outubro de 2021, na apresentação do chamado Plano de Metas, que colocaria  20% do orçamento de quatro anos em investimentos, evaporou. Hoje se vê o resultado de quase dois anos e meio de governo: zero empreendimento, zero investimento, zero esperança.

E não têm desculpas, apesar de transferirem culpas a governos anteriores, isto já caiu do galho. O senhor casou-se com uma viúva chamada Itabira e a herança era conhecida. Ainda teve orçamento de capitais brasileiras. A terra itabirana está movimentada e a ilusão enche de esperanças os bobos da roça (desta turma não faço parte) com o “descomissionamento de barragens”,  termo que significa simplesmente “Adeus, Itabira.Assinado: Vale”.

Quem não se lembra, na pandemia: a Justiça fechou as atividade de mineração durante dez dias? O senhor prefeito mostrou-se desnorteado com aqueles momentos. Daqui a dez anos não serão dez dias, nem meses, nem anos, mas para sempre. E o que resolverá fazer uma demagogia como “tarifa zero de passagem?” Alguém vai para aonde?

O prognóstico otimista da geógrafa, pesquisadora, historiadora e mestre Baginha, na sua simplicidade, talvez, não assine mais o que escreveu, palestrou e divulgou em 2003/2004. Já se passaram duas décadas e, depois do alerta, o que se fez? Nada mesmo, repetindo para perturbar!


Baginha (Acervo familiar)

Fica aqui o registro mais uma vez de que, vou assinar e continuar jogando minha água mole a cabeças duras dos politiqueiros só interessados em votos. Digo eu, que não mais disputo cargo eletivo, assino e assumo, palavras minhas, sem aspas: Itabira não será nem segunda completa, quanto menos a terceira viva. Até o retrato na parede cairá. Lamentavelmente.

José Sana

03/05/2023

P.S.: Maria das Graças Souza e Silva aí está, vive entre nós, é atuante, autora citada acima, não poderia ser convidada pelos vereadores para explicar mais uma vez se há tempo para sonhar com a Terceira Itabira?




PS: Senhor prefeito de Itabira, eleito às custas de enganos, desculpe-me: mande recado direto, indiretas não!




terça-feira, 2 de maio de 2023

FESTA DO METABASE: ENCONTRO INESPERADO DO ONTEM, DO HOJE E DO AMANHÃ

 


As épocas mostram a temperatura do Dia do Trabalho; agora a convocação é: transporte coletivo de quem? Tapar buracos para quê? Fazer festanças para quê? Adiar a fome da miséria até quando? 

Em  todo ano  a Festa do Trabalhador, em Itabira, comandada pelo Sindicato Metabase, tem um sentido peculiar. Já vivemos o tempo  de revolta da natureza contra as barragens da Vale (1979); passamos pela luta inglória contra a privatização da mineradora (1997), agora sob a regência de André Viana Madeira, o Pato Rocco, houve uma comemoração à altura. Só um porém: convidado apenas o Amanhã, apareceram os malditos penetras o Ontem e o Hoje.

                                        O ONTEM  ANUNCIA HOLOCAUSTO


Marco Antônio Lage, prefeito de Itabira por audácia e planejamento do Clube do MAL,  culpa deste péssimo escrevinhador, de Brander Gomes e de  uma equipe de “panfleteiros” desarvorados (o combativo e matreiro Carmo Gomes desconfiou o tempo todo do planejamento para acabar com Itabira), praticou três ações trágicas em 2023: lançou sua recandidatura a prefeito para valer em  2024; declarou guerra à imprensa e aos vereadores da oposição  e anunciou, oficialmente, seu ódio ao projeto da Unifei.

Na verdade, não foi ira total que o “Deus de Ipoema” propõe, mas uma espécie de desabafo ao saber que os cofres da Prefeitura estão literalmente comprometidos com obrinhas assim chamadas por seus próprios amigos, estradinha de Ipoema a Senhora do Carmo, festanças e outras reforçadas pescarias de empréstimo à Caixa Econômica Federal. O dinheiro acabou. Como? MAL prova ser como o pior gestor da história de Itabira: queimou um bilhão de reais antes de terminar o primeiro quadrimestre de 2023.

O HOJE  NÃO HÁ MAIS,  SE FOI

Imagine você, o internauta, no Clube Metabase. Acredite que estamos vendo algumas figuras que podem ser o próximo prefeito de Itabira. O Ontem perdendo oportunidades seguidas de ficar calado, mas como? Tem uma língua trêmula e convencida. Nega-se a entender que o modelo de futuro seria o maior  Parque Tecnológico do Planeta Terra, situado em Sophia Antipolis, Sul da França, modelo para a Unifei.

Ou seja, vivemos durante 20 anos cavando batalhas, 15 anos trabalhando duro, descobrimos  a primeira mina do Rei Salomão. Vem o intruso, com suas ideias ditatoriais, sua experiência de quebrar time de futebol, traz o balde para seus discursos inesperados, loucos pensamentos provindos de eminências pardas aventureiras e aí acontece: pega de novo o balde e  desfere  um canhão como o de Navarone no balde para acabar com o convênio Prefeitura, Vale, Câmara Municipal e MEC. Quem és tu, MAL? És um Bolívar nomeado pelo Maduro?

O AMANHÃ QUASE NA ESTACA ZERO


Na  história da Unifei, alto lá, seu prefeito, não se pode tocar como numas dez  resmas de buracos espalhados pela cidade, que parece uma Berlim depois da última batalha da Segunda Guerra Mundial. O senhor quer botar isto na incógnita irresponsável de seus cálculos desmiolados? Pense que o poder está sempre explicando que ele não pode tanto assim.

Agora, neste momento, de acordo com Vossa Excelência, Itabira estará assim na década de 2030:   não precisa de transporte coletivo  nem pago, nem meia-boca, nem de graça; — na Itabira de Amanhã não teremos aonde ir nem de aonde vir; —  festa não mais haverá, quanto menos festanças adoradas; — os prédios ficarão vazios, mofados, cheirando bosta de rato; —  as igrejas católica, evangélica, espírita e outras, as não cristãs se ruirão e os quatro cavaleiros do Apocalipse serão dispensados, pois o número é insuficiente para combater a ambição marcolina.

Só restará uma propriedade nos arredores de Ipoema, o ex-hotel-fazenda, que se tornará a mais capitalista de todas as resistências brasileiras, porque seu proprietário, da esquerda caviar, Marco Antônio Lage,  terá que construir um muro maior que o de Berlim de antigamente para seu isolamento infinito.

Restam na multidão do Metabase: Neidson de Freitas, João Izael Querino Coelho, Rose  Félix, Dr. Marco Antônio Gomes, Heraldo Noronha, Ronaldo Magalhães e Luiz Cambista. Ah... o Pé de Pomba, que derrotou Jackson Tavares em 2000, acaba de chegar.

 

José Sana

Em 02/05/2023

Fotos: Heitor Bragança