sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

QUERO A MINHA SANTA MARIA DE VOLTA

Santa Maria de Itabira foi a primeira cidade em que pisei com os próprios pés forrados  de sapatos tipo “vulcabrás”, os chiques da época. Detestava ser levado ao Dr. Costa, o médico mais famoso da região, encaminhado pelo meu avô farmacêutico, Seraphim Sanna. Confortava-me pensar que viria um almoço delicioso no Bar e Restaurante Pires, cujo cardápio era arroz, feijão, bife e tomate da roça, dos que não mais se plantam.

Sabia também que, antes de ir embora, meu acompanhante me levaria ao Bar do Amarílio, para outra delícia incomparável, o famoso “pão moiado”, apenas um pão francês com rapa de fundo de panela e gordura de porco. “Eita trem bão!” – exclamava a imensa clientela. A viagem era via Morro Escuro, de cavalo, 24 quilômetros, durava mais de quatro horas puxadas, e ainda retornava no mesmo dia.

Quando a jornada era para Belo Horizonte, dormia na Pensão do Jota. Sem vaga lá, tinha a opção dormida do Seu Raimundo, situada na ponta da rua principal, calçada e com escoamento de água no meio, onde os burros e cavalos tilintavam as ferraduras.




Uma delícia acordar de madrugada e pegar a jardineira do Levy Guerra e do Rocyr, dois parceiros, ora dirigida por este ou pelo Jovino Valério Gonçalves. O trocador, sempre o mesmo, o lendário Jacó, também entregador de jornais e revistas com notícias que, naquele tempo, eram quentes. Jacó viveu mais de cem anos e, dizem, trabalhou até por volta de 90.

O percurso à capital durava mais de um dia se não chovesse. Em tempos mais remotos, a jardineira, com balaiadas no teto, era chamada “cata-jeca”, mas todos gostavam. Anos depois, veio o ônibus conhecido como “108”. A peregrinação passava por Itabira, São Gonçalo, Bárbara, Barão de Cocais, Caeté e Sabará, chegando a BH quando a noite já rachava de adiantada, poeira, barro e buracos à vontade.

Voltando a Santa Maria, ao Bar e Restaurante do Sebastião Pires, ou do Nonô Pires, ele se situava na rua estreita, a principal. O atendimento era do próprio dono ou pelo Tarcísio, um garçom dos mais polidos que conheci. Além de nos servirem bem, contavam boas estórias e causos. Um pouco abaixo, o único lugar de abastecimento, o Posto Itagiba, antes existia o cinema onde, certa vez, meu tio Líbio me levou para ver “Branca de Neves e os Sete Anões”.

As compras locais ou de visitantes ocorriam na Casa Carvalho, das mais famosas da região, propriedade do Seu Geraldo Guerra de Carvalho, que foi contador da Fábrica da Gabiroba, além de seu vendedor-viajante e até prefeito de Santa Maria. Ele, católico de arder os joelhos, casou-se, com Ester Pires Lage, esta metodista fervorosa. Ambos viveram sempre em paz durante mais de 70 anos, mesmo praticando religiões diferentes. Como professor prático de comércio, Seu Geraldo ensinou muitos a trabalhar e a progredir, dentre os quais Divaldo Pires, Clerton Lage, que virou contador, Nazareno Cabral, Sudário, Adair Araújo, entre tantos.

Aquele era o tempo em que havia bem no centro da cidade uma casa comercial, ou melhor, tipo drogaria, com a seguinte placa: "Farmácia Paz, de Agenor Guerra". Boas histórias víamos e ouvíamos mais.

Vou dar um pequeno salto no tempo e chegar aos meus 17 anos. Virei motorista, sim, dos poucos naquele tempo, que fazia do jipe de meu pai uma verdadeira ambulância. Transportava doentes, machucados, agonizantes e vez por outra assistia mortes horripilantes em plena viagem. Quando não havia recurso no Hospital da Terra da Garrucha, onde nunca vi uma arma de fogo, levava o sofredor para o hospital de Itabira, o Nossa Senhora das Dores. 

Começava aí uma nova luta inglória: não existia o SUS e a casa de saúde não aceitava atender pacientes de outras regiões. Tinha que correr atrás de Dr. Mauro de Alvarenga, ou Dr. Edson Machado, à procura de guia assinada na rua,  em cima do caput quente do jipe. E levava o meu paciente como um triunfo sem ser senão um motorista fora da idade legal.

Mais um pulo no tempo, tornei-me  candidato a deputado estadual, em 1982, fui quase eleito, obtive mais de 15 mil votos, sendo exatos 1.019 em Santa Maria de Itabira, capitaneados por Plínio Guerra e Robésio Alvarenga Duarte. Feliz por sentir-me amado por aquele povo humilde e que só me requeria um abraço, um sorriso, nenhuma promessa, nunca mais me esqueço da oferenda eleitoral.

Agora vejo Santa Maria transformada num lamaçal indescritível e inimaginável. Perlustro fotos incríveis, amigos e amigas, doutores, professores, comerciantes, fazendeiros, donas de casa, idosos, até crianças e, toda barrenta, lambuzada, a minha contemporânea de faculdade, Luciene Cássia Soares, quase irreconhecível. Vejo estampado em seu rosto, o sentimento de milhares de outros que vivem aquele drama para nunca mais ser esquecido. Mas que sirva de estímulo e de coragem intimorata o que a vida que sempre nos requer.

Antes de findar este simples traçado de palavras, que transformo em lamento e súplica,  quero bater palmas para quem está ajudando durante 24 horas ininterruptas na recuperação de uma cidade que, como veem, sempre esteve a mim ligada, como a muitas criaturas deste mundo, e quero homenagear a quem se abastece de forças divinas para dar as mãos  e ajudar a amenizar o drama.

Desculpem-me quem pensa mal de meus desejos e ousadias, mas me sinto no direito  de fazer um apelo nem tão audacioso, mas entendo ser justo: quero a minha Santa Maria de volta, seja vinda de três forças materiais que já deveriam ter-se declarado seus  reconstrutores: Governo Federal, Governo Estadual e Vale S.A, todos sob a inspiração de  bênçãos divinas.

Repito mil vezes este nome: Vale, ou ex-Companhia Vale do Rio Doce. Tantos santa-marienses deram a vida por ela. Agora chegou a hora de doar um pouco de sua riqueza imensurável de volta.

E repito: quero a minha Santa Maria de volta!


José Sana

Em 25/02/2021

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

CABRITO CONSEGUE PEGAR O VAZAMENTO DAS PROVAS DO CONCURSO PÚBLICO DA PREFEITURA

QUESTÕES



1. Um presidente da República da ditadura militar brasileia foi Castelo:

a (  ) Roxo

b (  ) Preto

c (  ) Branco

d (  ) Rosa Choque

e (  ) Amarelo


2. Um líder chinês muito conhecido e violento chamava-se Mao-Tsé:

a (  ) Tang

b (  ) Teng

c (  ) Ting

d (  ) Tong

e (  ) Tung


3. A principal avenida de Belo Horizonte chama-se Afonso:

a (  ) Pêlo

b (  ) Pentelho

c (  ) Penugem

d (  ) Pena

e (  ) Cabelo


4. O maior rio do Brasil chama-se Ama:

a (  ) boates

b (  ) zonas

c (  )  cabarés

d (  )  relinhos

e(  )   boteco


5. Quem escreveu ao Rei de Portugal sobre o Descobrimento do Brasil foi o Marquês de:

a (  ) Galinheiro

b (  ) Capineira

c (  ) Curral

d (  ) Pombal 

e (  ) Cabelo


6. Grande Bandeirante foi Borba:

a (  ) Lebre

b (  ) Zebra

c (  ) Gato

d (  ) Veado

e (  ) Gato


6. O autor do Menino do Engenho foi José Lins do:

a (  ) Fiofó

b (  ) Rio

c (  ) Lago

d (  ) Córrego

d (  ) Rego


7. Foi no dia 13 de maio que a Princesa Isabel:

a (  ) Aumentou a tanajura

b (  ) Botou água na fervura

c (  ) Engoliu a dentadura

d (  ) Sapecou fogo na panela

e (  ) Aboliu a escravatura


7. Foi no dia 13 de maio que a Princesa Isabel:

a (  ) Aumentou a tanajura

b (  ) Botou água na fervura

c (  ) Engoliu a dentadura

d (  ) Sapecou fogo na panela

e (  ) Aboliu a escravatura


8. A América foi descoberta por Cristóvão Co:

a (  ) maminha

b (  ) picanha

c (  ) alcatra

d (  ) lombo

e (  ) carne de sol


9. O Mártir da Inconfidência foi Tira:

a (  ) gosto

b (  ) teima

c (  ) dúvidas

d (  ) dentes

e (  ) colo


10. D. Pedro I, às margens do Riacho Ipiranga, gritou:

a (  ) Hortência, volte!

b (  ) Deficiência no corte!

c (  ) Como dói, prefiro a morte

d (  ) Independência ou Morte!

e (  ) Maria morreu, que sorte!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

DESCOBERTA A CURA DO "CORONAVID-19"

O mundo inteiro procurava (muitos ainda procuram) a causa desta malvada Covid-19, ora do gênero feminino, ora masculino, delicada ou varonil. Considerando a liberdade de eufemismos que ainda há, prefiro acreditar que se trata de um casal inseparável. Por isso os denomino Coronavid-19. E justifico seu gênero neutro gramatical, sem os babacas dos preconceitos que devastam e devassam o mundo.

Além da maldição que veio apregoar  para uns, não, tem gente até caçoando dele há a curiosidade de se saber se o casal foi gerado em laboratório ou advém de uma praga dos estilos vaca louca, peste bubônica, varíola, tifo, cólera, gripe espanhola, sei lá mais o quê. Chegam a acusar a China e até os bilionários George Soros e Bill Gates como os (ir) responsáveis pelo infortúnio que assola o Planeta Terra. Repito que a uns curibocas nem incomoda ou chateia, esses acham-se os filhotes da verdade, ou legítimos proprietários propriamente ditos dela.

Também os tais de capeta, belzebu, satanás, Lúcifer e outros menos votados, estão na lista dos autores e correm o risco de serem conduzidos a um tribunal internacional, quem sabe o de Haia, ou de serem inseridos na Lista de Schindler. Em tempo algum nunca se escreveu tanta baboseira como hoje em dia se borda (inclusive eu mesmo, confesso) a respeito de suposições, que vão de coisinhas à toa até ao “apocalipse now”, incluindo o bíblico de São João e os anúncios de Nostradamus.

O inesquecível carnaval “proibido teoricamente” da história do mundo, o deste ano, cuja vedação é meio a meio — ou seja, isto pode, aquilo não pode —  assim se esclareceu: o "indigníssimo" Coronavid-19 só detesta mesmo a zoeira e com ela os rebolados. A descoberta pode ser creditada aos governos federal, estaduais e municipais, que bordaram e transbordaram decretos. Acreditavam, ou ainda inocentes acreditam, que seria a aglomeração o nascedouro quase único dos sintomas,  isolamentos, quarentenas e sepultamentos. Jamais desconfiaram do barulho. O povo pratica de tudo, só não faz arte, estrondos, gritarias, cantarolas e sambas enredos, a não ser uma homenagem ao silêncio. 

A conclusão é simples e clara: abra você a internet e veja lá o que está escrito, visto e audível — os permitidos: aglomerações, abraços apertados, beijos avulsos, bicadas no mesmo copo, comilança no mesmo garfo — e os abolidos: máscaras, uso da água e álcool gel. Caem fora já de depressa: trios elétricos, tamborins, pandeiros, enfim, barulhada. Para não deixar de repetir: a arte.

Só vamos acreditar que os “doutores da lei”, semelhantes aos trapaceiros do tempo de Cristo, estejam certos. Saberemos daqui a umas duas semanas, quando, queira Deus, não se repitam aquelas correrias aos hospitais do pós-festanças de fim de ano.

Deus nos proteja. E estará descoberta, finalmente, a cura do Coronavid-19.

 José Sana

 15/02/2021 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

ENQUANTO AS COISAS SÉRIAS NÃO ACONTECEM

Cabrito distrai os humanos por  feches de capim


O conhecido Cabrito, velho Bom Cabrito,  que para uns fez sucesso numa conhecida revista na cidade – e nem foi contratado por ela por não  terem o capim suficiente para  pagamento, foi convidado a  fazer palestra na Universidade de Harvard (EUA).


O único tema proposto e aceito se resumiu no seguinte: citar frases famosas que são ditas e repetidas no mundo inteiro.

 Nem um berro a mais, o bode proferiu as seguintes frases com seus respectivos autores:

"— Nunca tive problema com drogas. Só com a polícia" (Keith Richards).

"— Jamais diga uma mentira que não possa provar" (Millôr Fernandes)


"— Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim" (Millôr Fernandes).

"— Errar é humano. Culpar outra pessoa é política" (Hubert H. Humpherey).

"— Se meus amigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, paro de dizer verdades  a respeito deles" ( (Adlai Steevenson).

"— Dizei-me com quem andas e direi se vou contigo" (Jadir Andarilho)

"— Até um imbecil passa como inteligente se ficar calado" (Maria Matilde).

"— O mais nobre dos cães é o cachorro-quente. Ele alimenta a mão de quem o morte" Zé do Trailler).

"— As leis são como salsichas. Melhor não ver como foram feitas" (Zé do Trailler) .

"— Roubar ideias de uma pessoa é plágio. Roubar de várias pessoas é pesquisa (Maria das Inspirações).

"— Não tenho vícios. Só bebo e fumo quando jogo" (Manoel Cachacinha).

"— Para mim o mundo se divide em dois grupos: os que concordam e os equivocados" (Mário Daconta).

"— Quanto mais se aprende mais se sabe. Quando mais se sabe mais se esquece. Quanto mais se esquece, menos se sabe. Então, pra que aprender" (Mané Gato).

— A gente temos que se preocuparmos com o problema do aunafabetismo (Professor Pardal).

"— Autodidata é o ignorante por conta própria" (Mário Quintana).

"— Não entendo como alguns escolhem o crime, quando há tantas maneiras legais de ser desonesto" (Jacintho de Thormes.

"— O dinheiro compra tudo. Até o amor verdadeiro" (Nelson Rodrigues).

"— Nau mi dé conselhu, cei herar sozinhu" (Aviso em boteco um bairro por aí).

"— Temos bebidas, cigarros, doces, balas e todos os latrocínios em geral" (Placa afixada num muro ao lado de uma mercearia num bairro da cidade. Permaneceu durante dois meses, depois um professor de português pediu que retirassem).

"—   Roubar de um pobre que mora na favela não pode. Mas passar anos roubando de muitos paupérrimos é virtude digna de louvor" (DBS).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

CORNETEIROS, VAMOS GRITAR: “FORA SAMPAOLI” E SEREMOS CAMPEÕES!

Amigos, amigas, inimigos, inimigas no futebol, estou chateado de forma branda, é claro. O assunto não é sério assim, mas vale a pena registrar a minha esculhambação, já que estou mais à toa que lavadeira sem água na beira do tanque.

 

OS FOGUETEIROS

 

Chato é escrever sobre futebol. É o ramo de vida de que praticamente todos os brasileiros julgam-se entender. Hoje, empurrado pelas circunstâncias, sou obrigado a escrever sobre essa merreca de assunto.

Até os cães que ladram na esquina de minha avenida sabem que sou atleticano. Sabem porque já me viram brigar com cruzeirenses, não por causa de algum jogo. Mas porque esses chatos torcedores soltam foguetes por qualquer coisinha — gols,  defesas do goleiro, tiros de meta e arremessos laterais. Graças a Deus o time deles anda às moscas e pararam com os tiroteios. As matilhas de Itabira, que são abundantes, agradecem.

 

CORNETEIROS DE PLANTÃO

 

Hoje sou levado a escrever sobre o tema por um motivo muito besta até: os torcedores de organizadas, reforçados por corneteiros de plantão, querem tirar o treinador Jorge Sampaoli do Galo. Por quê? Motivo básico: ele não deve ser campeão brasileiro este ano.

Dizem sapos de auditório: “Escala mal”, “Substitui erradamente”, “Inventa muito”. Agora, pergunto: há algum treinador no mundo que seja infalível? E a bem da verdade, este plantel do Galo é, por acaso, bom? De minha parte, tenho apenas uma restrição: o goleiro. Éverson é o preferido dele, porque joga com os pés. Um “frangueiro” nato e hereditário, como diria Nelson Rodrigues. Aí sou contra Sampaoli, mas fazer o quê? E as deficiências no time são pontuais e bem doentias. 

Há pouco uma emissora internacional classificava o Galo como o time mais intenso do Brasil. Mas, nem tudo é a mesma coisa, a intensidade cai também. E as críticas não perdoam: o Atlético está durante todo o longo Campeonato Brasileiro entre os quatro primeiros. Isto não é um mérito, sabendo-se que a equipe tem sérias deficiências no meio de campo? Sem goleiro, sem um camisa 10 e sem um centroavante, ainda mais sem um cobrador de faltas, querem que este time vença, nunca perca e seja campeão?




UM TREINADOR EXPLOSIVO

 

Quem entende de futebol para criticar este time? Sampaoli chegou depois de alguns “pernas de pau”. Acredito que podemos assim nos entender: o atual time, que disputa o Campeonato Brasileiro, que vinha de derrotas vergonhosas nas copas do Brasil e Sul-Americana, venceu o Mineiro (que é mesmo um Campeonato Rural) e manteve-se nos quatro primeiros lugares durante toda a longa contenda. E dizer que o time não tem raça é mera anti-metáfora. Nunca vi um louco maior que Sampaoli para dar, vender, emprestar e entregar a vontade de vencer. Vejo o momento que sofre um infarto de tanto amor à causa.

Alguns francoatiradores de salivas sopradas ao ar afirmam: “Está faltando raça!” Quem não vê raça nele não entende nem de suor, nem de explosão, nem de coisa alguma. As deficiências  são outras e estão chegando,  um 9 e um 10, e vamos ver o que dá. Precisa dispor desse mau guardador de metas.

 

“QUEREMOS CELSO ROTH!”

 

Em toda a minha vida de torcedor só conheci três treinadores de futebol. Dois deles não estão mais neste mundo, infelizmente: Elba de Pádua Lima, o Tim, que dirigia o Fluminense nos anos 1960; Telê Santana na década de 1980, que foi o deus do Galo e formou uma das melhores seleções brasileiras de todos os tempos, em 1982;  e agora Jorge Sampaoli,  maltratado por cruzeirenses infiltrados no Galo.

A quem critica o argentino gostaria de fazer uma simples pergunta: um treinador pretendido pelo  Olympique de Marceille é um pé-rapado qualquer ou um lambedor de rapadura? Pois fiquem sabendo que Jorge Sampaoli está com um pé na França. Infelizmente para mim todos se chamam Celso Roth.

E quero  pedir uma sugestão aos corneteiros: escolham o substituto dele entre os seguintes nomes, por favor: Mano Menezes, Dunga, Felipão,  Adilson Batista, Marcelo Oliveira, Wagner Mancini, Givanildo Oliveira, Dorival Júnior, Abel Braga, Vanderlei Luxemburgo, Celso Roth e outros menos votados.

Quem não estiver satisfeito, continue gritando: “Fora Sampaoli”! Ou torçam para o time da Série B.

José Sana

Em 04/02/2021

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

UM CENTENÁRIO BEM VIVO E DE ALGUÉM MUITO QUERIDA

É muita responsabilidade dedicar algumas simples palavras à grandeza de alguém tão especial, ou melhor a gente maravilhosa. E por ser ato de dever cristão, deixo para outras pessoas reforçarem o que posso garantir. Vou apenas frisando algumas recordações desta querida, amada, perfeita criatura que Deus colocou no mundo.


IDENTIDADE

 

Vamos à homenageada. Quem é? Onde nasceu? Onde viveu? O que fez e faz na vida? Vou abrir a memória de quem ainda não se despertou: é conhecida como Neném de Dona Maricas do Sô Tão do Padre. Genitores: Sebastião Augusto Ferreira (Sô Tão) e Maria Madalena de Oliveira (Dona Maricas); esses foram pais de Geraldo, Raimundo, José Lucas, Sebastião, Alípio, Antônio, Deolindo, Maria Lina. Emanuel e Socorro. Só uma referência significativa a esses dez descendentes basta: se eles não apareciam nas festas de setembro em São Sebastião do Rio Preto, os exaltados sentenciavam: “Este ano não tem festa!”. E eram indispensáveis figuras somadas aos de Dona Naguita.

 

SOLTEIRA  FELIZ

 

Neném nasceu, foi batizada e crismada na Igreja Matriz de São Sebastião pelo Padre Quinzinho. Só há um fato que nos intriga: graciosíssima e não se casou numa época em que o matrimônio constituía-se ritual obrigatório. A perplexidade das pessoas na época adivinha de sua personalidade extrovertida. Até meu pai andou namoricando-a, coisas bem inocentes daqueles velhos tempos. Num dia não muito distante, há uns oito anos por aí, visitei-a e ouvi a sua confissão franca: “Escolhi demais e quando me acordei já tinha virado titia. Mas fui e sou feliz assim”.

 

FATOS E FEITOS

 

Interessante notar o quanto Neném é querida: alfabetizou centenas de pessoas, como professora formada, nomeada e festejada como outras (exemplo: Lucinha e Conceição Maia); ministrou ensino durante mais de seis anos como alfabetizadora, professora e disciplinadora  na  Escolas Reunidas Nossa Senhora das Graças de sua terra natal; trabalhou durante 25 anos na Secretaria de Estado de Educação, onde se tornou o escudo de milhares de mestres da região, que necessitavam resolver questões burocráticas na Secretaria; querida para ela é um adjetivo muito econômico e basta anotar o número de afilhados que coleciona: 63 (sessenta e três, com todos os nomes anotados e os compadres). E aí está rodeada de admiradores espalhados por lugares distantes, aos quais prestou serviços e ofereceu simpatia de graça. Vive hoje sem poder receber o carinho de todos devido a esta inimaginável pandemia.

 

DÓCEIS PALAVRAS

 

Maria Lina, nome herdado de sua avó paterna, escreveu sua autobiografia há 20 anos, usando palavras dóceis como sempre nascem da pena castiça e da pronúncia delicada. A bondade ao extremo extravasa hoje de um olhar compreensivo, como relata sua sobrinha Anna. Mas antes desta avaliação, já sabia eu que ela talvez seja uma das únicas pessoas no mundo que nunca tenha proferido um palavrão. Não me cansei de ouvir esta declaração do saudoso  José Lucas, o saudosíssimo Zezé, seu mano.


 APERTOS E SUSPENSE

 

Apertos e alegrias na vida ela já passou, é claro. Conta causos nos seus bem torneados escritos. E estão registradas palavras dela própria, de suspense e lindas. Relata também sobre sua cantoria em igrejas, dedilhando e pedalando o harmônio (instrumento musical parecido com piano), na exibição de entoação rítmica e, olhe, na liderança em cada instante de suas participações comunitárias, cívicas e religiosas. Bem poderia falar mais dela, mas o espaço é curto.

 

TRÊS ATOS E FATOS

 

Vou resumir apenas três fatos de sua vida para apresentar-lhe reconhecimento e agradecimento ao mesmo tempo.

 

FATO 1— Rendo minha homenagem à sua sobrinha Anna Paula Vitor, que ainda leciona em duas escolas em Belo Horizonte e Contagem. Não tenho como admirar mais Anna pelos seus oito anos já dedicados em quase todas as suas horas livres a cuidar da Tia querida.  É muito amor incondicional, muita luz divina a guiar essa menina.

 

FATO 2— De tão significativo que é este 3 de fevereiro de 2021, registre-se: Maria Lina, a amada, principalmente pela sobrinha e muitas outras cuidadoras, parentes e amigos, merece fervorosas orações pelo que ela já nos ofereceu de coração aberto.

 

FATO 3 — O terceiro fato é pedir perdão por entrar nesta história e dizer que no dia 26 de outubro de 1958, na Igreja Matriz de São Miguel Y Almas, de Guanhães, ocorreu o casamento de Vâni (uma das mulheres mais bonitas do mundo) com Lúcio (também um verdadeiro galã de Hollywood).

 

Marlete, como sempre chique, gostava de vestir roupas da moda e um bem engomado terno sempre me acompanhava. E sempre fui exímio mestre em dar nó em gravata. Lá na igreja estávamos apenas como presenças sem função participativa.

 

De repente uma mão leve e suave me puxa pelo braço e me coloca ao lado da donzela de 10 anos (eu com 13) e entrega-nos um par de alianças. Grande improviso. Fatos de antigamente. Tudo no último instante de um casamento verdadeiramente chique.

 

A mão que me guiou era de Dona Neném. Nunca pensávamos, Marlete e eu, em namoro, duas crianças inocentes de estudar tabuadas, brincar de bonecas (ela) e jogar futebol de botões ou bolinhas de gude (eu). A acariciadora de bonecas recebia  a incumbência de “dama de honra” e o também operador de estilingue como“pajem”, ambos improvisados. O ato de Dona Neném tinha um ar mais sério, funcionou como profecia: 12 anos depois a dama e o pajem se tornaram marido e mulher com as bênçãos de Deus.

 

CENTENÁRIO SEBASTIANENSE

  

Solicito, de coração aberto, procurando reparar o que outros mereciam e não receberam esta homenagem (descontando que vivíamos tempos diferentes), que se faça uma promulgação de norma oficial por nós, conterrâneos. Fica a critério das autoridades sebastianenses a criação de uma lei que denomine “2021 ANO DO CENTENÁRIO DE MARIA LINA FERREIRA”.

 

ENCERRANDO

 Para encerrar, tentemos interpretar como funciona a Lei de Deus, expressa nas formas que Ele, o Todo-Poderoso, diria a ela: “Querida Neném, você vive este tempo para ensinar ao mundo como a vida deve ser vivida. A humanidade necessita de espelhos fiéis como você  e por causa disso você está aqui”.

 

José Sana

 Em 03/01/2021