terça-feira, 22 de dezembro de 2020

QUE O NOVO ANO FAÇA DE ITABIRA A TERRA PROMETIDA

Antigamente, o fim de ano era  o melhor tempo do calendário. Chegava o Natal, presépios enfeitados, nasce Jesus, presentes sendo trocados, Papai Noel era verdadeiro, muitos abraços, confraternização geral, hora de lembrar que Deus existe e pode, de sua maneira ainda não entendida por muitos, ajudar a humanidade a romper batalhas, como escreveu o Padre Reginaldo Manzotti em “As muralhas vão cair”.

O tempo voou e começaram a fazer um  certo tumulto com mentes despreparadas, mesmo não sendo ainda algo como terror, este uma invenção do ser que se diz equivocadamente evoluído. Anunciavam o dia em que o mundo acabaria em fogo ou água. Marcavam minuto, hora, dia e mês, de preferência na véspera da data Magna da Cristandade, para a ocorrência do tal holocausto. Seres experientes sabiam que era chantagem sentimental, mas os pobrezinhos, não, esses juntavam suas trouxas e iam para as igrejas pedir clemência ao Salvador.

Apesar da canalhice estampada em atos desastrosos, estes se apresentavam razoáveis, mesmo que tudo não passasse de maluquice. Agora, quando o ano chega ao fim, depois de quase todo enxovalhado por uma pandemia massacrante, todos ainda em polvorosa, começam a chover  anúncios de tragédias nas redes sociais, ao modo que convém assustar os menos avisados e muito ingênuos. Grandes agentes do horror!



Nem cabe citar aqui o que estão apregoando esses calhordas sem serviço, comparsas de belzebus. É hora de expulsá-los do nosso convívio. Só um favor eles acabam prestando à humanidade: provam, na prática, que satanás realmente existe, mostra sua face atordoante, sobrancelhas amontoadas no teto dos olhos, dois chifres pontiagudos na testa e um garfo tridente na mão. É o alarme de sua cretinice desvairada. Quem não acreditava neste pavoroso animal vindo dos quintos dos infernos, sabe que, realmente, o livre-arbítrio concedido por Deus aos seres humanos sempre foi uma concessão democrática, é mau quem quer e bom os que o escolhem.

Estas linhas têm apenas o objetivo de tornar todos  atentos e dizer a cada um dos que leem cada palavra de esperança que há sempre saídas triunfais para o mundo. Se somos parte da criação de Deus, carregamos a  certeza de que a vitória se consumará, pois está escrito que, seja como for, o bem vencerá. E vamos, neste 2021 que se aporta, fazer um verdadeiro Cerco de Jericó pelos nossos propósitos. Não podemos mais esperar.

Para garantir a continuidade de nossa luta, eis que a superação ultrapassa a linha de nosso entendimento para lembrar que um longínquo ancestral, Moisés, o dos Dez Mandamentos, pôde ver a conquista da Terra de Canãa. Vamos confiar que, com ele ou Josué atualizando-se para os tempos atuais o Velho Testamento, o povo da região itabirana será como os hebreus que lutaram e conquistaram a Terra Prometida.

Que cada morador de Itabira  alcance o  seu triunfo especial mas sempre em conjunto. A cidade-polo, finalmente, vê chegar um tempo completamente novo, o Marco de certezas absolutas. E que seja proclamada a nova filosofia de justiça, saúde, paz e amor para todos.

José Sana

Em 23/12/2020

domingo, 20 de dezembro de 2020

CAMÕES AGRADECE E OS FALSOS DECANOS TAMBÉM

 Amigos, ganhei recentemente uma amiga especial que, a partir de quando nem me conhecia pessoalmente, me chamava de decano. Alguma façanha de minhas bestas palavras lhe chamaram a atenção e ela resolveu expandir este epíteto pelas largas bandas  da internet. Entendi que era para significar  o ser mais antigo de uma instituição qualquer, de ensino, por exemplo. Ela chegou a essa conclusão porque lhe disseram que eu tinha 90 anos de idade. Que promoção!

Mas o que eu queria dizer, antes de rabiscar estas linhas, é que sou mais antigo que a Serra do Caraça e isso só me traz uma felicidade grandiosíssima. Sou dos tempos bíblicos do Gênese, Êxodo, Levítico, Deuteronômio, Números, embarquei na arca de Noé, fui salvo das intempéries ocorridas no Velho Testamento. E estou aqui, mesmo deão, vivendo os tempos que nunca serão saudosos da pandemia do imprevisível por nós, o tal Coronavírus.

As razões que me trazem hoje ao mundo das palavras são o jornalismo, a imprensa, as publicações que advêm da internet que, pensavam que fosse só mostrar o lado bom do ser terrestre, mas se esculhambou com o mundo, tudo e todos. Alguém deve saber que, em determinada época da vida, o criador (pelo menos para nós, brasileiros) da aviação, o gênio Santos Dumont, entrou numa cava depressão ao constatar que o seu invento provocara a multiplicação da violência nos países, principalmente os mais evoluídos. A partir desse desenvolvimento, proliferaram-se as armas ainda mais mortais em guerras destruidoras. O trágico bombardeio dos Estados Unidos a Hiroshima e Nagasaki se deu via bombas atiradas de aviões, um horror inesquecível.

A internet, apelidada por um outro amigo meu de “porta de banheiro de rodoviária”, onde se escreve o que quer, tornou-se a imediata causadora de tantos males que atingiram a imprensa, não apenas a mundial, nem a brasileira, mas, notadamente, a regional, digo de Itabira e a cidade mais próxima, a vizinha João Monlevade. De repente, as nossas Hiroshimas e Nagasakis  foram alvo de um bombardeio não só ensurdecedor, mas também destruidor de gerações do idioma pátrio como as bombas da Segunda Guerra Mundial.


De repente, qualquer cidadão, com todo o direito constitucional, não contesto, tornou-se jornalista refinado, dono de icebergs em redes sociais capazes de danificar o planeta. Até aí, tudo bem, mas o mal veio não apenas nas chamadas fake news, não me refiro agora somente a isso, mas a, primeiramente, agressões à língua pátria, e ao leitor ávido por notícias límpidas e cristalinas. Quando fiz vestibular para Jornalismo na antiga Fafi-BH, hoje Uni-BH, a redação era disciplina obrigatória e eliminável. E fui estudar, depois dos 30 anos de idade, porque a antiga Vale do Rio Doce assim o exigiu para que pudesse ocupar cargo na assessoria de imprensa. Tanta exigência era enfrentada por todos e hoje vejo o outro lado da moeda: o sujeito para ser chamado de repórter só precisa ter um celular e e duas pernas.

A nossa Constituição Federal nos garante praticar a livre expressão do pensamento, podemos escrever o que queremos, é claro que sem ofender a moral e outros pontos nevrálgicos da criatura humana, mas tenho as minhas concessões como filho de Deus que são e serão sempre contestadas, vão procurar até erros neste texto para que seja exposto ao ridículo. Mas defendo que, inicialmente, precisamos respeitar a nossa Língua Portuguesa, tão bela e igualmente ancoradouro de nobres escritores e poetas. E eu digo que errar é um risco, mas ser humilde e reconhecer o tropeço, uma virtude. Que catem meus solecismos bárbaros, portanto, e eu me ajoelharei  para corrigir.

Sou ex-jornalista (tenho mais um amigo que diz não existir ex-jornalista, como para ele não existe ex-bandido), mas digo que escrevo agora por dever de ofício, por necessidade básica até desconhecida da razão, por intrometimento ou dever de ofício. Fico muito triste quando constato que a notícia vem sofrendo constantemente um aviltamento coletivo, não a entendem e, consequentemente, a transmitem de forma agressiva a tudo e a todos. Errar hoje na imprensa tornou-se não uma tragédia, como antigamente, mas um hábito destruidor.

Luís Vaz de Camões, português de nascença, considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental, bem como seu compatriota escritores e poetas Fernando Pessoa (este me retorna sempre à minha aldeia), os brasileiros intocáveis como Machado de Assis, Anita Malfatti, José de Alencar, Rui Barbosa, Guimarães Rosa, Tarsila do Amaral, Eça de Queiroz, Cecília Meireles, Rachel de Queiroz, Clarice Lispector, Jorge Amado e nosso conterrâneo Carlos Drummond de Andrade, não poderiam jamais estar sossegados em seus túmulos caso vejam ocorrer verdadeiros assaltos à mão armada a verbos, adjetivos, substantivos, pronomes, ortografias, concordâncias, adjuntos, regências e outros detalhes da gramática que insistem em desmascarar, pisotear e destruir.

Sei que nesta altura devem armar um coro de vozes contra mim, um decano às avessas, retrógrado dos tempos de Última Hora, Jornal do Brasil, Diário de Minas, Tribuna da Imprensa, Pasquim etc. Contudo, espero que não duvidem nem me alijam do rol de amantes do jornalismo por ter trabalhado com Vargas Vilaça, meu primeiro professor, Mauro Santayana, Márcio Rubem Prado, Maurílio Brandão (que me admitiu e me demitiu do Diário de Minas), e outros.

Caso queiram mesmo me bombardear, serei capaz de requerer um diploma para cada profissional que me garantir segurança em não escrever sequer uma notícia e publicá-la se nela não constarem respostas às seguintes questões: “O quê? Quem? Onde? Como? Quando? Por quê?.” Não mexam com jornalismo sem saber estas regrinhas básicas, fundamentais e simples.

Esta é uma minha tentativa de demonstrar meu amor incondicional por nossa Língua Portuguesa e defender o leitor estarrecido. E podem me desferir uma saraivada de palavrões que agradeço.

 José Sana

Em 20/12/2020

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

“Eita mundo doido! Todo mundo burro e surtado!”

 — Maria, vem cá! Vou te mostrá como tá o mundo. Numa brigação que não acaba mais! Vem vê o que o Geraldim me mandou por iscrito. Ele mandô no papé,  copiô o que tava nessa tal de internet.

— Ih... mandô pra mim também. Tá iscrito: “Já inventaram a vacina contra o Coronavírus. Mas ninguém tem a certeza de qual é a melhor. Tem chinesa, brasileira, americana, russa, e outras. Vocês, que moram aí na roça, esperem para a gente ver qual mesmo funciona. Cada um defende a sua e fala que a outra não presta. Vamos aguardar”.

— E aí, Izé, o que nóis vai fazê?

— Eu num vou fazê nada. Vou ligá pro Geraldim e mandá falá com esse povo  que tô cansado de sê passado pra trás, de sê bobo e burro igual a eles. Uma vergonha, viu, Maria?

— Cê tá com vergonha de quê?

— Vergonha de sabê que a inteligênça dos homes é burrice pura. Inté hoje não discobriro como vivê em paz. Inventaro tudo, de máquina a coisa de computadô. Falam que esse cientista é o bão, aquele doutô sabe tudo, e o outro lá é prêmio não sei de quê, tiram foto deles, põe no jorná, mas isquec que ninguém sabe nada!


— Não istô  intendeno nada q’uocê tá falano.

— Maria, tô falano que se tivesse cem pessoa  inteligente aqui neste mundo, esses sabido já tinha  achado  o caminho da paz. E como não consegue nem descobri isso? Inteligente neca nenhuma!  Diz as pessoa que o mundo tem bilhão não sei quanto de gente. No meio desse bilhão num tem cem, duzento, trezento que pode unir em nome do mundo e mandá o povo se aquietá, sossegá, intendê que há caminho de intendimento? Mas não, fica numa brigaiada, um sabe mais que o outro, e nóis ficamo aqui feito tatu de madrugada, de zoio arregalado, isperano eles acabá de brigá pramode a gente fazê sem sabê o que é  o certo.

— Deixa de sê bobo, Izé! Isso num vai acontecê nunca! Este mundo é uma mitidez danada. Todo mundo qué é poder, dinhero, e ninguém qué sabê de humirdade coisa ninhuma. Um qué sê o tal e o outro tamém. Num existe nada de intendê, fica ativo, véi!

—   Intão, vamo fazê o quê, Maria?

— Vamo ficá quieto aqui na roça até o Geraldim chegá e ispricá pra gente o que devemo fazê. Ele istuda, vem da cidade, ele sabe dizê tudo certim. 

— Oia, Maria! Isso aqui neste mundo tá danado. Uns acha é dono, é dono de nada, tão pirdido igual a nóis memo. Acridito que existe pelo menos uns cem homes e muieres que falta juntá e concordá um com o outro e mostrá na sabidoria que num tem interesse próprio, num tem vaidade, num tem safadeza. Mas tão iscondido ainda. Do jeito que tá, um é capitalista, outro é socialista, têm os comunista. Intão, nada feito! Deus do Céu, que sabe de verdade, mostra que num é nada disso. Ele é naturalista, pensa pra todo mundo iguar, chega de um bancá o tar, ficá brigano por causa de dominá o resto. Este mundo ainda é burro dimais e num mostrô pra nóis ainda o certo.

— E ocê, Izé, acha que bobão da roça igual a nóis podemo dizê isso lá fora? Vão ri da gente, meu véi!...

— Nóis é que está rino deles, cê tá veno aí. Eles que perdero o rumo de casa, tão quereno juntá os a favô disso, daquilo e os contra pra separá. Isso num é caminho certo não, viu? Vou continuá dizeno: os que sabe tão tudo calado e espero que junte tudo de uma vez e assim vamo vivê em paz com Deus e todos como irmão. Como o Juaquim mesmo diz: “Tudo idiota e tolo!”

— Manda o Geraldim pôr isso que ocê falô na tal de internet...

— Eu não, Maria! O Bastião disse que o Nenzim falô pra ele que internet é iguar porta de banhero de rodoviara, iscreve o que qué nela. Já pensô a bagunçada?!

—  Vou concordá com cê, Izé. Eita mundo doido! Todo mundo burro e surtado!


José Sana

Em 17/12/2020

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

RONALDO MAGALHÃES, POR FAVOR, PARE AGORA!

 Amigos, perdoem-me, mas sou obrigado a rabiscar esta frase: Ronaldo Magalhães perdeu as eleições, vencidas limpamente por Marco Antônio Lage e Marco Antônio Gomes, mas a ficha dele não quer cair. Alguém, por favor, comunique ao eventual prefeito de Itabira o fato ocorrido nas urnas itabiranas de 2020.

A partir da derrota, com a ficha agarrada no labirinto do caminho, Magalhães começou a cometer atos inadmissíveis: nomeou pessoas para cargos comissionados a 30 dias das últimas horas  de permanência no seu desgarrado terceiro andar; encomendou bordar xícaras de chá, parece a maior criancice do ano, coisa de gente manhosa e pirracenta; para preencher a quarta-feira 9 de dezembro de absurdos, mandou comprar uma salada de futilidades recheada de enfeites supérfluos.

Ronaldo abriu, na data de  9 de dezembro, duas frentes de licitações, visando à aquisição de materiais e equipamentos escolares para o ano que vem, quando nem se sabe se teremos aulas em fevereiro, esperamos que sim. Na lista do prefeito estão computadores, máquinas similares e o questionamento que nunca aparece: isso tem que ser feito agora? Tem absoluta certeza, senhor Ronaldo Magalhães?

Desculpe-me ele e alguém especial a ignorância, mas gostaria que me convencessem de que estou sendo anti-cidadão ao cobrar lisura e transparência.  O valor total das compras ultrapassa a faixa de R$ 650 mil. Há dinheiro no caixa que precisa ser queimado, não pode permanecer na conta? Um ato difícil de ser explicado a um ignorante integral mas que tem o direito de questionar, assim penso.

A esta altura, só me resta um pedido a fazer: por favor, chega, Ronaldo! Deixe que sua consciência funcione pelo menos neste fim de mandato. De fora, qualquer pé-rapado sabe que a casa a que se refere em mensagens nas redes sociais não está nada arrumada. Relembre que você vai deixar Itabira cercada de barragens como uma ilha sem açudes. Que a água itabirana está ausente nas torneiras do povo e, quando o líquido é liberado, vem untado de lamaçal. Que faltam medicamentos de forma escandalosa para a população pobre, a que mais precisa, e clama terrivelmente nas portas de farmácias. Que a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), ao invés de ser um agente purificador da sujeira, voltou a poluir bacias hidrográficas que poderiam estar menos sujas ou até mesmo límpidas.

Fatos indesejáveis e que merecem um estudo bem aprofundado: por que dois de nossos orgulhosos patrimônios, a Itaurb e o Saae, estão vivendo terríveis passagens pré-agônicas? Qual motivo levaria um governo a cometer tão hediondos suicídios administrativos?

Para encerrar, o seríssimo: o ano de 2028 vem aí e para tal data sua excelência o Magalhães  não tomou nenhuma providência, a não ser ir à China com um grupo de amigos, esquecendo para trás até o secretário de Desenvolvimento Econômico. O pior, ao contrário do que disse um de seus amigos fieis, a porta de saída já se abriu e aguarda ansiosamente pela despedida não triunfal de um prefeito que esperneou para não perder o poder. Infelizmente, é a dos fundos mesmo, como sempre foram dos fundos as decisões que, com elas, rejeitou a participação popular, comprovadamente.

A administração Ronaldo Magalhães não deixará saudade no coração de quem ama Itabira. Salvo melhor juízo.

José Sana

Em 10/12/2020

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

MARCO ANTÔNIO, NÚMERO 40, O QUADRAGÉSIMO PREFEITO DE ITABIRA

 Antes de rabiscar mais um texto que, caso fosse emendado aos demais um ao outro, daria  tantos quilômetros quanto do Oiapoque ao Chuí. Sei que o leitor está farto de ver tanta distância assim sobre um tema só, que é política, e que ele, equivocado ou não, pode detestar. Mas peço paciência para o que vou narrar agora. Depois me descarte até para sempre. E estarei grato e feliz da vida.

Então, hoje sou capaz de pegar alguém no laço, como os idosos deste país sairiam, ou saem sempre, à cata de um ouvinte ou leitor. O tema é  uma descoberta, não minha, mas de que acabei participando como contínuo de mim mesmo.

Sem rodeios, falei com uma pessoa pelo WhatsApp e vou logo dizendo o nome dela porque prometi, não tem ziguezagues:  Raquell Guimarães. Tem mais uns tantos sobrenomes mas assim dá para  identificá-la. Quem é ela e qual informação queria? Calma, que chegamos lá. Companheira de vida do prefeito eleito de Itabira, Marco Antônio Lage, fez apenas uma pergunta, tão simples quanto o brilho da hematita  dos idos de 1942. Respondi que iria ver. Só isto.

Todo mundo  que me conhece sabe que guardo 20 anos arquivados da revista que criamos em 1993.Vamos ao que interessa apenas.

Está  registrado que o primeiro presidente da Câmara Municipal de Itabira, na época gerente de  dois poderes, legislativo e executivo, chamava-se Major Paulo José de Souza. Até o 23º, Trajano Procópio de Alvarenga Monteiro (1927 a 1929), tudo foi assim, poderes misturados, faltava  juntar apenas o judiciário para danificar ou agredir a democracia.

Daí para a frente, começa a contagem e  Antônio Linhares Guerra, governante de 1930 a 1934, aparece na história como 1º prefeito itabirano. Surge a curiosidade natural que me move nestas palavras. Se aqui estivesse, Drummond  deixaria de ser modernista e fundaria uma nova escola literária, a da crença no destino místico ou algo semelhante para explicar o fato.


Marco Antônio Lage, o 40º prefeito de Itabira

Vou encerrar, não sem antes contar o segredo e  apenas retornando à pessoa que citei, Raquell Guimarães, uma estilista não apenas de moda, mas também de literatura  histórica, política, existencial e mais outros ingredientes. Ela tinha formulado apenas uma pergunta e, descrente, demorei algum tempo, horas talvez, para responder: “Raquell, seu marido, Marco Antônio Lage, será o 40º prefeito de Itabira”.

Em seguida, pedi desculpas para fazer uma pergunta (Freud dizia que viemos ao mundo para perguntar mais que responder): “Quem foi o descobridor desta sublime curiosidade?” Com a simplicidade que Deus lhe deu, revestiu-se de mais simplicidade ainda, e dizer o seguinte: “Marco sonhou.”

Sem palavras. Caíram seguidamente meu queixo, meus dedos no celular, minha voz e todos os meus ceticismos.

Meia hora depois descobri que penso, logo existo. Conscientemente, constatei  que  com o número 40 e sendo o quadragésimo prefeito itabirano só Deus explica. E ninguém derruba.

 José Sana

Em 25/11/2020

 



sexta-feira, 20 de novembro de 2020

O QUE VOCÊ PODE FAZER POR ITABIRA?

Estamos num sábado cedo, dia em que o “pau quebra” em Itabira, como diz um amigo vizinho do andar de cima. Para esquentar mais, a data é a uma semana das eleições. O barulho de vozes e sons de altos-falantes retumba do chão às montanhas pulverizadas. Bandeiras da Itabira sofrida e pisoteada tremulam nos ares. No meio delas o número que pode, finalmente, mudar tudo, o 40.

Aproximo-me, a pé, de máscara e, portanto, irreconhecível, como a própria multidão. Vejo milhares de pessoas em ânimo redobrado, mais do que ontem e anteontem. Alguém me reconhece e pergunta: “E aí, vamos ganhar?” A pergunta dele é tão cheia de ansiedade, que engole em seco e fica boquiaberto, esperando que eu enfie  a mão no bolso e lhe estenda o resultado das eleições. Saúdo-o com efusão e lhe faço um sinal positivo.

Afasto-me alguns metros e observo a multidão. Ouço, imaginariamente, o medo de alguns, mas o comportamento da militância chega a um delírio reconfortante. Faço uma comparação e a balança pesa a favor dos Marco. Penso com meus botões e fechos: esta é a maioria silenciosa que vai explodir domingo que vem.

“A turma do lado de lá tem carros demais ‘adesivados’ e barulhentos”, diz um transeunte. Trata-se de uma frente armada pela reeleição da própria frente, a todo custo, não apenas para promover a do candidato. Instala-se uma desigualdade de condições cruel como nas corridas de Fórmula 1: eles largam na primeira fila e nós na última. A comparação é algo quase infinito: máquina administrativa x sonho de liberdade; poder econômico esmagador x batalhadores pelo futuro das novas gerações.

Estamos na passeata dos indignados, desta que, repito, é a maioria silenciosa. Semblantes tapados e pernas agitadas seguem a rota traçada. Como nas vias-sacras religiosas — as que se realizam neste momento são cívicas — o cortejo de milhares se detém para ecoarem-se discursos inflamados. Não faltam razões, temas, metáforas, metonímias e apelos. O lado de lá quer continuidade da inércia; o lado de cá deseja a revolução com as armas do voto livre e secreto.



Não vou tapear a mim mesmo. Por isto resolvo escrever estas palavras e perguntar: esta é mesmo uma revolução ou apenas uma revolta com tigres de papel?  Fantasia ou realidade? Derrubamos a bastilha da “´prefeitura particular" de Itabira? Decapitamos marias antonietas, que nos impediam de alcançar igualdade, liberdade e fraternidade, ou apenas exibimos cenários cínicos? A resposta será dada por cada um dos soldados que ganharam a primeira batalha e vao continuar participando da luta. A guerra não acabou e os guerreiros não podem descansar as armas.

A vitória de Marco Antônio Lage, de Dr. Marco Antônio Gomes, da equipe de coordenadores, do marketing e dos verdadeiros itabiranos  ultrapassou os limites da imaginação. Mas há uma montanha de desafios a ser enfrentada ainda com vistas à anunciada exaustão das minas em 2028, a mesma que o governo, ou desgoverno, dela fez ouvidos de mercador. O foco da batalha deles: asfalto e reasfalto. A realidade: futuro. O povo não é bobo. Conclamo a sociedade civil organizada, a mesma que entrou em ação nos anos 1970 e fez Itabira ser consagrada como a primeira Cidade Educativa do mundo, a executar este papel.

Não sou porta-voz autorizado, nem pelo prefeito, nem por quem quer que seja, para transmitir informações. Apenas, de acordo com meus anseios, faço prognósticos e sei que a terra pode tremer pelo bem de Itabira. A gastança não vai continuar, escrevo e assino por mim. Fim da era dos abusos, do esbanjamento e do impudor. Quem não tem vergonha na cara que se retire.

A ilha chamada Itabira, cercada de barragens por todos os lados, precisa ser livre para crescer e desenvolver-se. A água potável e sem lama tem que cair abundantemente nos reservatórios de todos para, também, atrair investidores. As placas “rotas de fuga” necessitam  ser transformadas em “caminhos do progresso”. Até a cínica frase “Eu amo Itabira” exige de nós uma mudança para “Eu morro por Itabira”.

Encerro, plagiando John Kennedy, ex-presidente dos EUA nos anos 1960: “Não pergunte o que Itabira pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por Itabira”.

José Sana

20/11/2020

domingo, 15 de novembro de 2020

SEGUNDA-FEIRA, 16 DE NOVEMBRO: CANÇÃO DA MANHÃ FELIZ

 Hoje o céu abriu, finalmente.

Que luta cruel!

De um lado os humildes pedem  apoio do povo para salvar uma cidade.

De outro, o poder econômico ultrapassa os limites do velho  coronelismo.

Quem venceu?  Pelo que sei, pelo que entendo de números, não vencemos apenas por 2.600 votos. A vitória foi bem mais elástica. Muito mais.  Mas quero garantir aqui, solenemente, que Itabira saiu vencedora. Foi libertada do jugo da ambição de muitos que não souberam dividir a riqueza.

Pelo que conheço de Marco Antônio Lage, o povo também viu e apreciou. Ele tem não apenas competência, mas, acima de tudo, raça, vontade, é um vencedor. Seria um absurdo rejeitarmos esta eficiente mão de obra (ou será cabeça de obra?) que, mesmo sendo itabirano e devesse assumir esta posição, oferece seus préstimos com extrema coragem. Sim, coragem, porque não vai ser fácil arrumar a casa.

Também devemos apreço a outro lutador, o homem que vai somar na Saúde, o nosso vice-prefeito,  Dr. Marco Antônio Gomes, 33 anos de bons serviços prestados a Itabira. Sua inteligência e dedicação agora ficam ainda mais ao dispor dos itabiranos.

A ajuda de amigos, amantes de Itabira, gente de  bons propósitos, foi demais. Não vou citar nomes para não ferir sensibilidades (e este espaço é curto). Mas devo ressaltar as participações do futuro deputado estadual Bernardo Mucida, que soube escolher um nome forte, e do ex-prefeito João Izael Querino Coelho, um guerreiro imbatível.

Estou tomado de tantos sentimentos bons e prevalece a emoção nesta hora. Veio a mim aquela antiga melodia de um cantor que apreciei no seu tempo. Chega  na bandeja. Por isso vou rememorar a bela página musical para externar o que estou sentindo hoje, antecipando o amanhã:



“Luminosa manhã

Pra que tanta luz

Dá-me um pouco de céu

Mas não tanto azul

Dá-me um pouco de festa não esta

Que é demais pro meu anseio

Ela veio olhar, você sabe, ela veio

 Despertou-me chorando

E até me beijou

Eu abri a janela

E este sol entrou

De repente em minha vida

Já tão fria e sem desejos

Estes festejos, esta emoção

Luminosa manhã

Tanto azul, tanta luz

É demais pro meu coração".

 

Parabéns aos que acreditaram! E podem me chamar de “quadrado” por relembrar um cântico dos meus tempos que eram só sonhos. Agora, realidade.

 José Sana

15/11/2020


sábado, 14 de novembro de 2020

OBRIGADO, ITABIRA!

A resposta aos anseios do povo chegou. E terminamos a campanha eleitoral em Itabira, a mais desigual de todos os tempos, proclamando um agradecimento de itabiranos  para itabiranos.

Eu disse campanha desigual e repito: destoante, discordante, discorde, discrepante. Nem uma palavra a mais sobre isto porque queremos sempre a paz. Ela tem que prevalecer.

Agora temos uma missão: ir até  as urnas, marcar 40 e vigiar, porque ainda há uma estrada a percorrer. Com Marco Antônio Lage e Dr. Marco Antônio Gomes vamos devolver a Itabira tudo o que ela tem direito. 

Vamos somar aos vencedores e aos vencidos, a partir da posse, caminhar com eles, impedir que um ou outro mal-intencionado atrapalhe os projetos que serão executados. Itabira tem muito a organizar daqui para a frente. A luta é por uma cidade igual e desenvolvida.

 O nosso apoio ao Marco 40 é deliberadamente um compromisso também de ajudá-los a governar Itabira, a apoiá-los em seus projetos. Precisamos de gestores comprovadamente competentes e honestos. E eles vão ouvir a sociedade sempre.

Marco Antônio Lage, o filho, e Marco Antônio Gomes: fim da campanha


O grande desafio chama-se, principalmente, Desenvolvimento Econômico. Vimos acompanhando a cidade nos últimos anos e sabemos de suas necessidades. Ninguém melhor que historiadores, que temos muitos e os adotei, para contar, cientificamente, como foi a nossa história até agora, desde o primeiro ciclo do ouro. 

A partir da instalação da Vale na cidade foi ligado o sinal de alerta. Seu criador e primeiro presidente, Israel Pinheiro, deixou a advertência do risco de pobreza que poderia advir da mineração. Estamos alertas. Mas há tempo ainda para consertar. A Vale não vai embora em 2028 sem deixar a sua contribuição e estabelecer uma parceria sólida com a nova Prefeitura, objetivando a  reconstrução da cidade. Seria uma recaída desastrosa continuar como está e perder mais de 80% da receita.

Era o que tinha a dizer hoje. Neste 15 de novembro de 2020 não há eleição apenas. Há decisão a tomar. Saibamos escolher a melhor trilha para nela percorrer. O recomeço  é para já.

Por hoje, um muito

OBRIGADO,  ITABIRA!

 José Sana

Em 14/11/2020, às 15h28


quarta-feira, 11 de novembro de 2020

E AGORA, ITABIRA?

E agora, Itabira, onde está o seu futuro? Sem mais tempo para delongas, chegamos  ao instante fatal e somos prensados na parede. Afinal, dizem os filósofos, a vida é de decisões. E então? A hora de nosso posicionamento derradeiro aporta-se diante de nós. Coragem!

Como um simples estudioso da história desta querida cidade, poderia, neste instante, convidar, ou intimar, os personagens principais de todos os tempos. Seriam eles, anotem: Padre Manoel do Rosário, irmãos Salvador e Francisco Faria Albernaz, todos os nossos governantes — do Sargento-Mór Paulo José de Souza e Major Lage, passando por Antônio Alves de Araújo, o Tutu Caramujo — aos contemporâneos. E sentarmos, todos à procura desta solução inadiável. A hora é chegada. Retiremos do baú o título eleitoral,  passaporte da providência decisiva. Repito: coragem, gente!

A convocação está pronta. Local: Câmara Municipal, uma simples “live”, bem ao estilo dos novos tempos. “Tudo pode acontecer, e não há mais tempo!” — grita da Rua do Bongue o Santeiro Alfredo Duval, corroborado por Drummond, este decepcionado porque o Pico do Cauê não durou 500 anos como se anunciava. Tempos novos, avanços incontidos. Coragem!

Assentemo-nos, pois, e a dúvida persiste. O fato: pressionada por contingências econômicas internacionais, a velha Companhia Vale do Rio Doce anuncia  que em 2028 fechará suas portas no Sistema Sul, mais claramente, em Itabira. Hora de insistir: coragem, gente!

É preciso convocar a nossa gentil, solidária e dinâmica geógrafa e mestre, Maria das Graças Souza e Silva, digo Baginha (nome simples como a decisão) e ela, certamente, mostrará que o seu estudo científico é estruturado no questionamento de Drummond, sempre presente: “Haverá uma terceira e diversa Itabira?” Coragem, gente!

Itabira teria forças para prosseguir seu rumo no caminho em que está, de suportar uma queda de 82% na receita provenientes de impostos sobre o extrativismo mineral? Ou seja, a arrecadação cairia da faixa de R$ 650 milhões por ano a meros R$ 133 milhões. “Seria o caos” — exclama um ex-prefeito que faz sua constatação cruel e dramática.: “Seremos uma Serra Pelada?” Coragem, gente, para garantir que não!




Vamos à mais singela de todas as contribuições. Era década de 1970. Ou seria 1980? Vacilo na precisão da data. Chego ao distrito de Ipoema e lá me deparo com um cidadão que me pareceu, de início, um franco atirador de palpites. Parei para observar: ele exibia confiança em tudo, encerrava o assunto e passava à frente. No seu comportamento sobravam sinceridade, segurança, honestidade, visão de futuro e outros adjetivos e procedimentos que, para ele, eram condições sina qua non a qualquer cidadão do mundo. Ele mesmo dizia: “Ou seja honesto, ou não é cidadão”. Ele, fazendeiro, simples como todos; trabalhador como poucos; fotógrafo por distração e hobby; ex-vereador, em seguida chefe político. Seu nome revelo à frente e inquestionável: Harcy Lage.

Passa o tempo, Harcy parte para o Além e não deixa de cumprir um ato inegável  de “itabirismo patriótico”, como diria Clóvis Alvim, personagem de nossa história: deixa um fiel herdeiro.

Chamado a ser o chefe da salvaguarda itabirana, o descendente dos Lage reluta-se, mas aceita, afinal, missão é missão, dela não se esquiva. Os espinhos aparecem aos montes, e ele os transpõe um a um. Não há mais o que discutir. É preciso pegar já nas ferramentas e mostrar que conhece, sim, a terra natal, seu dilema, sua premente necessidade. Por cima, tem nas veias circulando o sangue do pai, ninguém nega o DNA. Por ordem dos tempos novos, torna-se um gestor internacional, exatamente o que Itabira requer agora, porque com ele vai discutir na Bolsa de Valores de Nova York um item importante do futuro. É de lá que pode vir a Terceira Itabira.


Primeiro ato de galhardia: sabe escolher o companheiro para seguir ao seu lado na luta, por ironia do destino, homônimo e afinado aos mesmos ideais: Dr. Marco Antônio Gomes.

Pronto, falei: para livrar Itabira da era dramática que nos ameaça, a certeza de cumprir um desafio histórico, talvez o maior da jornada, eis o nome que soa insofismável e decisivo: MARCO ANTÔNIO LAGE.

Neste momento, de onde está, diz claramente uma frase clara para que possamos entender: “Itabiranos, esta a melhor contribuição que vos apresento. E assino: Harcy Lage”. Coragem, gente!

José Sana

Em 11/11/2020

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

CHEGOU A HORA DE ENTRAR EM AÇÃO OS 80% DE FERRO QUE CARREGAMOS NA ALMA

 A felicidade não é mercadoria, mas  custa caro. Para Itabira, não foge à regra. Explica-se o fato nas palavras de autoria de Carlos Drummond de Andrade: “Por isso sou triste, orgulhoso, de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas”. Vamos tirar o “triste” e acrescentar o “forte” porque os tempos são outros e muito aprendemos em incontáveis  lições.

 Querem impedir a candidatura de Marco Antônio Lage e Marco Antônio Gomes. Por quê? Eles teriam deixado de cumprir os prazos de desincompatibilização. O nosso setor jurídico está ativo e vai apresentar recursos. Estaremos livres para concorrer. E com mais força ainda.

O ano de 2020 foi atípico. Os prazos determinados pela Justiça Eleitoral  sofreram incontáveis alterações por um motivo claro, a pandemia. Até a decisão de que haveria ou não pleito eleitoral este ano se clareou tardiamente.

E isto não é nenhum motivo de alarde. A razão que agora nos guia vem da seguinte certeza, cabendo uma pergunta: por que os nossos adversários tentam impedir a independência  itabirana?  Que cada um busque suas explicações, mas não se desgrude do seguinte: o desespero é a mola propulsora dos atados às tetas públicas. Não largam? Bom demais, hein?

A Vale vai embora em 2028 e Ronaldo Magalhães não apresentou nenhum plano de mudança nos rumos, embora  já ocupe o poder  pela segunda vez. E desgoverna, carregando nas costas quase uma centena de  processos de improbidade administrativa e outros, sob a proteção de dezenas de liminares. Por isso não tem tempo para governar: só pensa em si e Itabira que se dane.


Marco Antônio Lage e Marco Antônio Gomes são fichas limpíssimas. Nada devem de explicações sobre corrupção, improbidade administrativa, malversação do dinheiro público e outras tentativas prejudiciais à nossa terra.

No plano de governo que apresentam, mostram como conseguirão impedir que Itabira perca 82% de sua receita já em 2029. Sabem o que significaria tal perda? O estouro de um “Bolsão de Pobreza” inimaginável, a reedição trágica de Serra Pelada. Tal tragédia deve estar incutida no plano dos pseudo-donos do poder, que só querem vencer o pleito eleitoral e continuar como carrapatos-rodoleiros agarrados às pelancas de uma cidade que pode perder a sua última oportunidade de reerguer-se.

Carlos Drummond de Andrade não foi apenas um  itabirano. Nem somente um poeta de renome internacional. Ele teve grandes lampejos de profeta. Deixou-nos antevisões para que as sigamos ao pé da letra. Em um de seus poemas citou o presidente da Câmara Municipal, de 1869, Antônio Alves de Araújo, como modelo de alerta do que não pode acontecer.

Claríssimo está: o atual desgoverno quer provar que devemos mesmo cismar na “derrota incomparável”. Vamos lutar porque não somos Tutu Caramujo. 

José Sana

Em 04/11/2012

 

CHEGOU A HORA DE ENTRAR EM AÇÃO OS 80% DE FERRO QUE CARREGAMOS NA ALMA

A felicidade não é mercadoria, mas  custa caro. Para Itabira, não foge à regra. Explica-se o fato nas palavras de autoria de Carlos Drummond de Andrade: “Por isso sou triste, orgulhoso, de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas”. Vamos tirar o “triste” e acrescentar o “forte” porque os tempos são outros e muito aprendemos em incontáveis  lições.

Querem impedir a candidatura de Marco Antônio Lage e Marco Antônio Gomes. Por quê? Eles teriam deixado de cumprir os prazos de desincompatibilização. O nosso setor jurídico está ativo e vai apresentar recursos. Estaremos livres para concorrer. E com mais força ainda.

O ano de 2020 foi atípico. Os prazos determinados pela Justiça Eleitoral  sofreram incontáveis alterações por um motivo claro, a pandemia. Até a decisão de que haveria ou não pleito eleitoral este ano se clareou tardiamente.

 E isto não é nenhum motivo de alarde. A razão que agora nos guia vem da seguinte certeza, cabendo uma pergunta: por que os nossos adversários tentam impedir a independência  itabirana?  Que cada um busque suas explicações, mas não se desgrude do seguinte: o desespero é a mola propulsora dos atados às tetas públicas. Não largam? Bom demais, hein?

A Vale vai embora em 2028 e Ronaldo Magalhães não apresentou nenhum plano de mudança nos rumos, embora  já ocupe o poder  pela segunda vez. E desgoverna, carregando nas costas quase uma centena de  processos de improbidade administrativa e outros, sob a proteção de dezenas de liminares. Por isso não tem tempo para governar: só pensa em si e Itabira que se dane.


Marco Antônio Lage e Marco Antônio Gomes são fichas limpíssimas. Nada devem de explicações sobre corrupção, improbidade administrativa, malversação do dinheiro público e outras tentativas prejudiciais à nossa terra.

No plano de governo que apresentam, mostram como conseguirão impedir que Itabira perca 82% de sua receita já em 2029. Sabem o que significaria tal perda? O estouro de um “Bolsão de Pobreza” inimaginável, a reedição trágica de Serra Pelada. Tal tragédia deve estar incutida no plano dos pseudo-donos do poder, que só querem vencer o pleito eleitoral e continuar como carrapatos-rodoleiros agarrados às pelancas de uma cidade que pode perder a sua última oportunidade de reerguer-se.

Carlos Drummond de Andrade não foi apenas um  itabirano. Nem somente um poeta de renome internacional. Ele teve grandes lampejos de profeta. Deixou-nos antevisões para que as sigamos ao pé da letra. Em um de seus poemas citou o presidente da Câmara Municipal, de 1869, Antônio Alves de Araújo, como modelo de alerta do que não pode acontecer.

Claríssimo está: o atual desgoverno quer provar que devemos mesmo cismar na “derrota incomparável”. Vamos lutar porque não somos Tutu Caramujo.

José Sana

Em 04/11/2012

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

LIBERDADE, EIS O RECONHECIMENTO QUE LHE DEVO

Desde a concepção do mundo, não apenas pelo que rezam a Bíblia e o Alcorão, a conquista natural do homem e da mulher está sustentada pelo livre arbítrio. Somos livres e responsáveis pelo que fazemos por meio de quaisquer manifestações, seja na prática de atos, ou da expressão do pensamento, na escrita ou no dom artístico.

Toda a caminhada terrestre tem este sustentáculo, seja divino para quem crê em Deus, ou à luz da inteligência, na prática do dia a dia. Sugere-se que, enquanto dependente dos pais, uma criança não tem a liberdade para agir. Daí para a frente, até quando, por ventura, seja atingido pela esclerose, com atestado médico de alguma doença como, por exemplo, Alzheimer, o ser terrestre deve gozar desta concessão de poder agir de acordo com a sua vontade e liberdade, ser premiado ou condenado por acertos ou erros cometidos na vida. Outra exceção fica por conta dos portadores de necessidades especiais, que dependem de mãos protetoras.

 Vivi minha vida sempre sob a busca inarredável da razão, desde criança. Chego a esta altura do tempo galgando conquistas materiais ou não, acredito que mais espirituais. Adotei a liberdade como guia. Sou livre - digo para mim mesmo com orgulho, embora tenha, em algumas vezes, que negociar esta liberdade, culpa de alguma fraqueza, às vezes para não ferir interesses e, mais do que isto, não causar prejuízos a quem quer que seja.



Fiz o preâmbulo acima para dizer o seguinte: aos 75 anos, dez meses e dois dias não vou abrir mão de minhas conquistas sob hipótese alguma, porque ninguém conseguirá provar que não gozo de perfeitas faculdades mentais. Sou o mesmo ser equilibrado e graças a isto pude enfrentar a vida com todas as suas agruras e limitações. Desde a decisão  de casar-me e planejar a chegada de cinco filhos, de tê-los honrado sempre e os sustentado enquanto eram dependentes. Para completar, de zelar pelos netos sentimentalmente, o que me é permitido.

Já nas proximidades do fim deste período aqui na terra, posso repetir meu agradecimento a Deus por ter chegado até aqui sob a privação quase total de uma faculdade que é, talvez, a segunda mais importante entre os cinco sentidos humanos, acredito: a audição. O dia em que um otorrinolaringologista me disse que sou  um ser diferenciado por estar, na época, cursando o superior e estudando outro idioma, senti-me encorajado a seguir em frente e ultrapassar ainda mais determinado as linhas divisórias que ficam entre a humilhação e a depressão. As palavras dele serviram para o fortalecimento de minhas convicções interiores sobre o seguinte: o que nos é tirado tem recompensa, talvez até em dobro.

Citei este episódio para fortalecer meu sempre desejo e sustentáculo de liberdade, condição que dela não abro mão, até porque não estou nada preocupado com biografia, tenho que prestar contas a Deus e Ele é o Ser Determinador do que faço hoje e farei amanhã ou em outro dia que, por desejo D’Ele, continue a viver. Agora mais do que nunca porque já sei como será o que vem por aí. Por inúmeras vezes me recuei quando era desafiado a seguir em frente. Os fracassos seguidos não me assustaram, pelo contrário me dão a certeza de que chega de ser passivo. Agora o clamor pela defesa dela, a liberdade, me impulsiona a força e me diz: “Com esta idade toda, tu vais acovardar?”

Não, não vou! Sou outro José, me apresento e já posso encerrar porque o recado foi dado.  E o complemento: não escrevo uma linha para agradar a ninguém. O motivo de agora não é político, mas em defesa de minhas plenas certezas.  O tempo gasto para aprender foi longo demais. Se errado estiver quem vai pagar sou eu mesmo. Só não quero ser cobrado por omissão.

 Sem medo nem rancor.

 José Sana

 02/11/2020

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

EDUCAÇÃO SOBRE REDES SOCIAIS NAS ESCOLAS E NA VIDA: NECESSIDADE URGENTE

 O ser pré-histórico que saiu de sua maloca e viu um semelhante do outro lado do regato deve ter acenado para ele ou, pelo menos, desferido nele uma fatal machadada na cabeça para matar a fome dele e da família.

Com registros, desde a Idade Média, as pessoas cumprimentam-se cordialmente nas ruas e até conversam assuntos principalmente da vida alheia ou do dia a dia. Brigam também, até os dias de hoje. Matam-se com extrema propriedade. Usam mais revólver e garrucha que machados e foices neste ato violento e, para os nossos tempos, inexplicáveis.

Com o passar dos anos, surgiram as visitas. Os mais educados iam (ou ainda vão) à  casa do amigo para cumprimentá-lo, desejar-lhe felicidades, em momentos alegres ou tristes.

Em minha terra natal, São Sebastião do Rio Preto, era (ou é) assim: quando alguém recebe um amigo para almoçar, à tarde o visitado se tornará visitante para o jantar. Fato infalível.

Agora, vamos ao caso que interessa neste momento. Você envia uma mensagem a alguém e este se cala. Pode ser uma pergunta, pode ser uma informação ou mesmo um ato de respeito e admiração. Ou assunto urgente. Não vem sinal de resposta. Chato, não é? Se lhe é dedicado este exemplar desprezo, ignorando a sua amizade, pode até atingir a autoestima, quando essa não sofreu treinamento especial. Freud explica.


Hoje em dia, pelas redes sociais, há mais internautas remetendo mensagens do que dando atenções a   respostas. Há também os que não leem. Às vezes, confidenciamos  um comunicado e sequer ficamos sabendo se o remetente recebeu, ou gostou, ou detestou. O sinal é o mesmo que "não estou nem aí!"
Na pré-história, a prática passou como perdoável, porque o homem era um animal irracional integral, segundo a história. Na Idade Média, as lições de boa conduta, simpatia, respeito, já estavam sendo postas em prática pelos seres mais evoluídos. Hoje em dia, para este escrevinhador, é crime que abala o céu você receber qualquer recado, ou palavra, ou um simples lembrete e devolver com uma mudez maligna, ensurdecedora. Melhor é você tomar a seguinte decisão: "Se não me interessa esta amizade, vou bloquear este desagradável".

 Dizem que o silêncio é um dos melhores remédios contra agressões e algum tipo de ofensa desferida contra alguém. Pode ser e pode não ser. Na maioria dos casos é uma patada de cavalo desferida bem na cara do amigo virtual ou não. Pior que o "deletar".

 Quem recebe atenção, saudação, pedido, oferenda, menção de honra, simpatia, ato parecido e ignora, sequer lê, deveria voltar para as tocas e malocas. Quem sabe já teriam aprendido, com trovões barulhentos e relâmpagos de alta tensão, que a vida merece um grau de educação e respeito?

 Aproveito e sugiro que criem nas escolas  uma disciplina com este nome: Educação nas Redes Sociais. Há muitos  “neandertais” sobrando por aí e que merecem pelo menos mais uma oportunidade na vida.

 José Sana

Em 1.º/10/2020