quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

CENTENÁRIO DO TÃOZINHO DO GODÓ (4) . FEVEREIRO, 27, 1914, SÃO SEBASTIÃO DO RIO PRETO: NASCE O NOSSO HERÓI



São Sebastião do Rio Preto, 27 de fevereiro de 1914, Rua do Rosário, 126. Nasce Sebastião Cândido Ferreira de Almeida, terceiro filho de Godofredo Cândido D’Almeida e Maria da Natividade Ferreira de Almeida. Os primeiros foram Maria Jacintha Ferreira de Almeida e José Cândido Ferreira de Almeida (Zezé do Godó).

Alguns anos depois, aluno das Escolas Reunidas Nossa Senhora das Graças, no prédio cedido por seu pai ao Estado, ele cursa o Terceiro Ano Primário. Professora: Dona Maricas do Sótão do Padre. Em sala de aula um colega o chama de “Olho de Gato” em alusão aos seus indeléveis olhos azuis, mais limpos que o fundo do mar. Num gesto inusitado, Tãozinho atira-lhe um tinteiro ao rosto, fazendo misturar a cor azul da tinta de escrever com o sangue do provocador. Antes de ser expulso da sala de aula, retira-se apressadamente e recolhe-se à sua casa. Conta à sua mãe, Dona Sinhá: “Mamãe, não piso mais naquela escola!”.

E não pisa mesmo. Ficou nesses conhecimentos que equivaleriam, hoje, a um segundo grau completíssimo. Dedica-se à atividade de caixeiro na super venda de seu pai, o Godó, que comercializava artigos para comer, beber, dormir, lavar-se e vestir-se. Quer mais? De    rapadura a chapéu, passando  por tecidos e sabonete e queijo. Só não havia alguma coisa pronta em matéria de tecidos, a não ser meias e lenços. Até os sutians e os panos de prato eram feitos pelos consumidores, em suas casas. Seria um Shopping Center da Roça, digo, para que muitos entendam.

Aos seus 26 anos, ficou conhecendo Itália Sana de Almeida, que seria sua esposa e, consequentemente, de mais dez pimpolhos, entre os quais me inseriu e me deixou orgulhoso para sempre. Das coisas do casamento, contei alguns detalhes nos capítulos anteriores. Faltou a notoriedade da lua de mel. E essa passagem notável fiquei sabendo no decorrer do tempo. Meus tios me contaram e até hoje me contam detalhes. Ele mesmo, meu pai, chegou a desfilar detalhes em minha mente arredia e cheia de curiosidade.

Consta que, por via de opções limitadíssimas, depois de casar-se, na Igreja Matriz atual, em cerimônia presidida pelo Cônego Manoel Madureira, arreou dois animais, mulas boas de sela, sendo uma pouco adestrada, e partiram os dois pombinhos pela vasta zona rural da região, que ele conhecia como a palma de mão. Saíram dormindo em fazendas de conhecidos e amigos. Já no terceiro dia de jornada, súbito, a mula, ou besta, jogou-o pelos ares. Caiu como um jenipapo em cima de um dos braços, gritou de dor, teve que ir com muita dificuldade, à fazenda do médico Dr. Ademar, município de Ferros, onde seu braço recebeu um tratamento próprio feito em taquara. Havia quebrado, sim, e permaneceu com uma tipoia improvisada,  feita de pano de enxugar vasilhas.

A vida deu saltos imensos. Tornou-se  ele  grande comerciante, com uma loja própria e que dominou a região. Criou a família, foi um disciplinador inconteste, a ponto de ser respeitado pelos próprios fornecedores atacadistas de Belo Horizonte. 

Em 23 de março de 1989, em Itabira, no Hospital Carlos Chagas, em Itabira, faleceu de insuficiência pulmonar. Deixemos para lá, pelo menos por enquanto, a triste data, pois ele tinha apenas 75 anos. Neste 27 de fevereiro de 2014 faria 100 anos.

EM TEMPO: estas crônicas (CENTENÁRIO DO TÃOZINHO DO GODÓ) continuam...


Família Sana na década de 1950

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Para minha prima ou à sua memória. Sinceramente...



Nunca em toda a vida pensei em escrever sobre ela. Em vida era humilde e realizada internamente e, então, jamais seria tocada a elogios. Agora no além está ainda mais acomodada com a paz que Deus lhe deu interna e eternamente. Por isso e porque todo escrevente, pé-rapado como eu, ou não, tem dificuldades em começar, desenvolver e concluir um texto sem pensar antecipadamente nele. Poderia começar assim: ela era uma santa, mas todos já sabiam e não tem graça alguma. De há muito sei que a multidão a ama e, portanto, não é preciso dizer algo. Mas vou começar não em 26 de junho de 1946, quando ela nasceu, mas dez dias depois dessa data, quando um fato abalou, como o de 20 de fevereiro passado, a pequena São Sebastião do Rio Preto. E vou dizer o seu nome agora  para que este texto não pareça um conto de suspense: Raymunda Almeida Dias, mais conhecida como Mundica.

Minha, ou nossa avó, Maria da Natividade Ferreira de Almeida, mais precisamente Sinhá do Godó, a companheira de Godofredo Cândido D’Almeida, cumpria uma de suas tarefas diárias para aliviar a filha que a tivera, Luzia Cândida Ferreira de Almeida Dias: carregava a menina nos braços, a ninar, sacudir, fazer dormir. De repente, Sinhá grita e cai abraçada à criança. Sinhá está morta! Correm as pessoas para acudi-la e tentar salvar a criança. A primeira tarefa foi em vão, a avó de 57 anos estava já no outro mundo; Raimunda, completamente intata. Milagre? Meio milagre, diria, porque não se salvou uma bondade que a vila de São Sebastião do Rio Preto apreciava.

Aí começa a história de uma predestinada. Alguém perguntaria: ela foi alguma governadora de estado ou presidente da República, ou ministra, ou algo assim que chamasse a atenção para ganhar o adjetivo predestinada? A resposta é óbvia e nem é preciso comentá-la. Há na predestinação, de verdade, o cumprimento fiel de deveres, a colocação em prática da bondade sem esforço, nada que dependa de nossa avaliação. E que fique bem claro que não estou fazendo julgamento, sequer avaliação. Cumpro o dever de minha função neste momento. Após o susto do tombo, desnecessário seria relembrar dias, meses e anos até a adolescência e a juventude, todo o tempo coroado por uma humildade linda e sublime.

Vou dar um salto para os 17 anos dela, quando experimentava este pobre aqui algumas fatias do pão que o diabo primeiramente amassou, depois comeu e cuspiu ou da empada que matou o guarda, mais claramente passava dias amargos em Belo Horizonte por falta de emprego. Apenas com o dinheiro da passagem de São Sebastião a Belo Horizonte, no ônibus fui surpreendido pela tia Luzia, mãe dela, puxando a mocinha pelo braço e ma entregando: “Ela está sob a sua responsabilidade. Tome conta dela até Belo Horizonte e embarque a Mundica no ônibus de Itaúna”. Ela estudava em Itaúna, onde estava em ofício religioso a nossa tia Irmã Míriam. Elas estiveram juntas também em Itambacuri no Convento das Irmãs Clarissas Franciscanas.

E me vi numa situação irrequieta. Como permaneceria com ela em BH durante cerca de três horas, passando pela hora do almoço até o embarque do ônibus de Itaúna? Pois conto agora o que fiz: saímos, a pé, da Rodoviária à Rua Além Paraíba, pertinho, onde morava um tio-avô. Ultrapassando toda a minha condição de tímido, diria até orgulhoso, encarei minha tia torta com exatamente as seguintes palavras dolorosas e corajosas: “Esta  aqui é minha prima, tem que ir para Itaúna às 2 horas;  viemos almoçar com a senhora. Podemos?”.  Graças a Deus, mesmo não tendo ela parentesco com a minha tia, não houve questionamento, como era praxe naqueles difíceis tempos.

Afirmei isso apenas para lembrar que tive a coragem de fazer por ela algo impossível na minha vida, principalmente naquele tempo, façanha que, durante quase dois anos, não fiz por mim, já que não somente eu, mas o irmão dela, José Flávio, vivíamos como meninos de rua na capital. Sem comentários, desculpem-me contar esse trecho de minha vida. Mas volto à querida prima, que nos assustou com a sua  inesperada partida agora. Vamos à sua vida de professora: alfabetizou crianças; ensinou adolescentes, jovens e adultos a ler e viver; dirigiu a escola em que, poucos anos antes era aluna; comportou-se como honrada primeira-dama, quando o seu marido era prefeito se São Sebastião (1993-1996).

Seu pai chamava-se Francisco Dias de Azevedo, conhecido como Chico do Padre  (quer dizer, irmão do Padre Argel, muitos anos vigário de São Sebastião); a mãe, Luzia, que já apresentei, de olhos azuis como o mar e como o irmão dela, meu pai. Os irmãos: José Flávio, também já apresentei, Maria das Graças e Goreti.  Conquistou Paulo Quintão de Almeida, o nosso Paulinho, com quem  se casou, com quem teve um casal de filhos: Ana Paula, hoje morando nos Estados Unidos; Tiago, casado com Cristiane com  quem tem dois filhos, e mora em BH.

O que mais dizer da prima? Minha irmã Mary Sana pediu-me para dizer algo sobre ela. Foi sua professora e a ensinou muito, além do conhecimento pedagógico. Cada aluno que passou por ela se manifestou, em várias ocasiões, agradecido. Cumpriu seu dever, sua missão e, ainda mais, esbanjou amizades pelos caminhos percorridos. Também a minha irmã Maria das Graças foi sua prima-irmã. Vizinhas, solidárias, caminhantes da vida e das ruas para o se manter a forma física. Também se manteve fiel aos parentes todos, de cada casa e dos inúmeros amigos. Nem sei porque estou escrevendo isto, completamente indispensável, um pleonasmo redundante, ou seja, elevado ao quadrado.

Todas as mortes já não me assustam tanto como na minha infância e juventude. Procuro encaixá-las dentro do contexto da vida, pois se trata de um acontecimento infalível para todos. Mas tenho que explicar por que neste momento ainda não me recobrei os sentidos e os sentimentos. Não sei se será possível por essas linhas. Anotem: a partir de janeiro, logo depois que Ana Paula regressava de férias a New Jersey (EUA), tinha passado alguns dias com  os pais, em São Sebastião do Rio Preto, iniciamos uma conversa diária no Facebook, in box, que só tinha um assunto  imutável e repetitivo : Mundica, Mundica, Mundica. Não havia variável para a conversa. Vejam alguns tópicos que destaquei: 






Ana Paula (20/01/2014) — Dorme com os anjos (depois de uma longa conversa).
José Sana — Você também
Ana Paula — Minha mãe é um anjo, sabia?
José Sana —  Claro que sei.
Ana Paula — Então, filho de anjo...anjinho é  kkkkkkkkkkkkkk
José Sana — Claro.

Ana Paula  (30/01/2014) — Sabe que ligo para minha mãe todo dia?
José Sana — Estou sabendo...
Ana Paula — Ela quer saber de você por que sumiu? Estou com ciúme....rsrsrsrs
José Sana — Sumi não. Estava viajando. Ciúme? kkkkkkkk Essa é boa!
Ana Paula — Sei que você não vai a São Sebastião sem falar com ela...
José Sana — De quem você está com ciúme: de mim ou dela?
Ana Paula — Both (ambos)
José Sana — Mentir é pecado, viu?
Ana Paula — Eu confesso depois... rsrsrsrsrs...
José Sana —  Ela merece todo amor do mundo...
Ana Paula — Minha Mamãe não tem explicação.......é  um anjo mesmo.....
José Sana — Inexplicável!
Ana Paula — Inexplicável é pouco para ela......nunca fala algo ruim, quando ligo ela  está sempre de ótimo  humor.....eu queria ser assim rsrsrs...E olha que  ligo mesmo quase todos os dias. Nunca reclama de nada....nada, nada, nada.
José Sana — Ela olha para minha cara e ri. Ou eu tenho uma cara muito engraçada ou ela está doida!
Ana Paula — rsrsrsrs...

Ana Paula (07/02/2014) — Oi primo!...Você tem notícia da mamãe...please?
José Sana — Sim. Estou vindo do hospital agora...
Ana Paula — Diga... Você está dirigindo?
José Sana —  Não. Estou no escritório. Estive na UTI. Ela arrumou uma dor no abdome. Conversamos, seu pai e eu, com a Dra. Janine, médica chefe da UTI hoje...
Ana Paula — Nossa a mamãe não fala que está com dor nunca!
José Sana — E nem gosta de ir ao médico. Foi ao médico de São Sebastião. Passou muito mal ontem (dia 6, quinta-feira), em São Sebastião e seu pai a trouxe para Itabira.
Ana Paula — Meu Deus! Ela tem mesmo pavor de médico!
José Sana — Quando tiver mais notícias, passo para você. Fique calma.

Depois disso, mais uns três dias e a filha estava no Brasil, em Itabira, veio correndo. E, infelizmente, não teve jeito. Deus quis que ela fosse para o Seu lado. Entendeu (e ninguém questiona) que ela já cumprira a sua missão. Apagou-se em coma, ou seja, seus últimos dias e horas não tiveram dores para ela, como bem mereceu a vida toda.

Acho que para uma falta de palavras, situação própria de qualquer escritor ou escrevente de meia-tigela, o que acabo de escrever é o bastante. E como nada escrevi que merecesse a atenção pela literatura, mas pelo personagem, vou, como sempre faço em momentos em que algo termina, recorro a Carlos Drummond de Andrade para tirar dele o meu poema preferido:

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.


P.S.: Essas três fotos acima mostradas foram feitas por mim na última vez em que estive na casa dela, em 31 de janeiro. E o mais incrível: ela me pediu que fizesse, fato que jamais ocorrera na vida...
 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

CENTENÁRIO DO TÃOZINHO DO GODÓ (3)

Tãozinho é o primeiro da Banda do Zé Grande, pai do Godó, em 1923


Vamos voltar no calendário, agora mais antigamente ainda, a 1923, ano muito importante na vida de Sebastião Cândido Ferreira de Almeida, o Tãozinho do Godó.  Naquela distante época, nasceu, em Ouro Preto, aquela que seria, a partir de 30 de outubro de 1943, a sua companheira para a vida toda, depois  minha mãe e de mais nove  pequerruchos, Itália Sana. E, também, ocorreu um fato que foi importante para a família do seu pai, Godofredo Cândido D’Almeida, a chegada triunfal da imagem de São Godofredo a São Sebastião do Rio Preto. Um dia inesquecível, segundo José Lucas Ferreira.

Naquele tempo, como se diz nos evangelhos, era usual aos católicos ter, cada um, um santo protetor para a vida toda. Esse escudeiro tinha no nome dado ao filho de Deus, o último nascido, levado ao cartório e à pia batismal. Assim, chamo-me José por causa de São José; meu pai  Sebastião, em homenagem ao santo combatente da fome, da peste e da guerra. Mas meu avô não sabia quem era São Godofredo e ansiava pela sua presença em imagem. Então, ele, sempre um homem determinado e de muita fé, não se contentou e começou a luta à procura do seu especial defensor no Céu e na Terra.

Godó saiu  procurando  afoitamente um desconhecido São Godofredo qualquer, desde que fosse bom, que chamasse Godofredo e nem precisava ter sido beatificado. Tive acesso, por meio de uma tia, Luzia Cândida Ferreira de Almeida Dias, às correspondências dele dirigidas ao Vaticano, com as suas respostas e  a outras cartas dirigidas ao Bispado de Reims, na França. Nas buscas, meu avô constatou que na França vivera o exato “santo” que se encaixava dentro de suas exigências. Assim, com base em informações recebidas, por correspondência, da embaixada francesa, organizou a biografia de seu santo preferido e encomendou uma escultura de madeira ao velho santeiro Alfredo Duval, em Itabira. O fato de ter sido esculpida a imagem em madeira, em Itabira, foi narrado  por uma das filhas de Duval, Maria, a mais nova da família, em 1993.

Depois de tudo providenciar, uma  festa de recepção à imagem foi marcada e muito bem organizada  para o mês de julho daquele ano. Chegaram à Vila de São Sebastião do Rio Preto seis bispos de outras cidades, especialmente da Diocese de Diamantina, e até a Banda de Música do seu arqui-inimigo declarado, Marciano Moura, desfilou pelas ruas são-sebastianenses. A Banda do Godó ainda não era a Banda do Godó, mas do Zé Grande, pai de meu avô. A foto abaixo mostra Godofredo com vários de seus parentes, incluindo, pela sequência, os filhos Tãozinho, Zezé e Maria Jacintha, todos ainda crianças. Ele, imponente, segura o seu instrumento musical que o acompanhou pela vida afora, o Oficlide, que nós chamávamos para correção imediata do velho Godofredo e o seu esbravejar de “ore, ore”, “Pé de Mamão”.

A imagem super aguardada saiu de Itabira, mas a informação é que sua origem teria sido Portugal e passou por Morro do Pilar, carregada num andor com todas as pompas. A  festa foi mesmo de arromba, é claro, para José Lucas ou Zezé da Maricas, como a mais animada de todos os tempos.  São Godofredo aportou no alto do Cemitério, carregada por uma multidão e  desfilou pelas ruas do arraial saudada por uma barulhada intensa e ensurdecedora: bandas de música, marujos, caboclos e um foguetório sem tréguas. Era pároco na época o Padre Manoel Madureira, filho da Terra.

Aí entra a narrativa oral de meu pai, Tãozinho. Ele tinha nove anos. Zezé e Maria Jacintha  pouco mais velhos. Ele viu e ouviu tudo com detalhes. Seu pai, o Godó, fez,  no final do desfile, ou profissão, um empolgante discurso. Num trecho de sua oratória, fez uma saudação especial à imagem e a chamou o novo santo de “Meu querido xará”. Milhares de pessoas que assistiam àquela apoteose caíram na gargalhada, mas, também ecoaram palmas intensas naquela euforia indescritível.

Depois da festa, São Godofredo passou a ocupar lugar de destaque no altar-mor da   Igreja do Rosário. Nos anos seguintes, Padre Argel também permitiu a presença da escultura  no principal altar da antiga Matriz, que se localizava na Rua do Rosário. Mas, a partir da década de 1950, o novo pároco, Padre Raul de Melo, cassou a santidade do ex-bispo de Reims, cuja imagem encontra-se até os dias atuais escondida entre outras num canto da sacristia da atual Matriz de São Sebastião. De acordo com o vigário local, o santo não fazia parte dos beatos canonizados pela Igreja Católica. 

A Banda do Godó, que brilhou naquela festa, continuou a sua vida. Ela teve Tãozinho e Zezé nas suas fileiras, além do pai. Mais tarde, Godofredo e alguns sobrinhos — filhos de Dona Maricas e Dona Naguita entre tantos.  Nas gerações seguintes, foi sempre renovada por maestros contratados pelo meu avô, enquanto a Furiosa, do Marciano Moura, com sede na localidade do Porto, colocava um ponto final em sua existência.

A Banda do Godó merece um capítulo à parte, principalmente na época em que fiz parte dela, com meu pai, e os irmãos Carlos e Sebastião; praticamente todos os primos que residiam na Vila; ampliada por jovens moradores locais, de adultos e outros que eram considerados  sequência da Família do Godó. Vale lembrar que Tãozinho se tornou exímio músico —  tocava vários instrumentos, inclusive violão, e o principal de todos, a requinta, que se assemelha à clarinete.