sexta-feira, 28 de abril de 2023

A “TÁTICA DO BISPO”

 

Atenção governistas do mato-dentro! Parem de mentir, fiquem de boca fechada, em que mosquito não entra. Assim o povo desta terra esquecerá tudo


Tudo o  que chamam de lenda  não é mais. Virou verdade numa cidadezinha do interior e espalhou-se pelo mundo afora. Consiste no seguinte: um bispo, dos novinhos em folha, resolveu fazer uma trapalhada que abalaria Roma e acho que acabou ceifando as torres que circundam o Vaticano.

 

Não vou contar o tamanho da sujeira, é outro assunto. Apenas o seguinte: o prelado, depois de cometer o erro imperdoável, não dormia, não comia, caiu numa cava e eterna depressão. Com ele, seus confrades, preocupados com o que estava acontecendo, sussurram, de ouvido em ouvido, o que poderia ser feito para acabar com aquela mutreta.

 

Jornais de todo lado, emissoras de rádio da região, sites endoidados caíam de pau nele, todo dia, arremessando-lhe pancadas na cabeça, no peito, no pescoço, com palavras denunciadoras e de extrema gravidade. O que urravam fazia tremer não Roma apenas, mas o Céu, o Purgatório e o Inferno.

 

Ninguém resolvia o contratempo, que só se agravava, até surgir uma luz no do meio ao fim do túnel. Convocaram um outro bispo de outra jurisdição, este calejado, mais velho, cheio de ‘ideias geniais’ o longevo prelado recebeu o apelo, quase uma convocação para comparecer à cidadezinha e lá dar cabo àquele nefasto acontecimento, que garantia – nada mais, nada menos – que o bispo da diocese vendera um terreno da paróquia caladinho, só vendo... e caro.

 

Dom José Espertalhão chegou. Saltou do jipe empoeirado, capota de lona rasgada, encaminhado rapidamente (era velho mas continuava como um coelho de batina e nem tropeçou na batina), entrou no salão onde lhe esperavam duas dúzias de beatos assustados, trêmulos e de olhos esbugalhados.

 

Deu boa tarde, proferiu somente as seguintes palavras: ‘Meus amigos, não se atordoem! A partir de agora, nada aconteceu, deixem berrar à vontade. Podem grunhir qualquer impropério. A resposta é a seguinte: silêncio. Em pouco tempo, tudo cai no esquecimento, a memória humana não vale um centavo’.

 

Dom Espertalhão, achando que também Deus esquece, ofereceu-se para perguntas, ninguém quis saber de conversa, pegou de novo a sua condução, voltando para a sua diocese, calminha, onde ventos acusadores jamais entraram e deixando a paz na paróquia que, aliás, é de diocese diferente.

 

O que ensinou naqueles velhos tempos serve para hoje para salvar políticos inescrupulosos, mas os que fingem, mentem e pensam que são os bons. Falar e negar o que falou é ato comum, tem governo que nunca falou a verdade. Os estrategistas de plantão, os donos do poder, os que vivem num patamar alto, estão adotando o que o quase cardeal ensinou. Por ser vitoriosa, a sua sabedoria  recebeu a denominação de “Tática do Bispo”. É o que o nosso chefão está fazendo. Mas vai cair do cavalo.



Todos estão abençoados, perdoados, ninguém fez nada, o exemplo ainda serve “per omnia saecula saeculorum. Amem”.

 

José Sana

Em 28/04/2023

 

Imagens: Redes Sociais

quarta-feira, 26 de abril de 2023

NÃO QUERO ASSISTIR AO RÉQUIEM DE ITABIRA

 

Este  é  o dilema deste instante: entregar as nossas forças, empenhar o nosso futuro e  jogar fora a nossa honra. Quem não se arrisca a  juntar-se ao exército para enfrentar o inglório momento que  apresente as suas razões


1. Chego a Itabira, década de 1960, e topo com uma figura, o vice-prefeito, na porta da Catedral, recebendo o bispo Dom Marcos Antônio Noronha, o primeiro da Diocese Itabira-Coronel Fabriciano. Ele me cumprimenta  gentilmente  como se me conhecesse, característica de sua personalidade. Seu nome: José Machado Rosa, que exercia o cargo de prefeito enquanto  o titular do cargo, Wilson do Carmo Soares, estava afastado.

 

2. Saltemos no tempo. Ele sobe a Rua João Rodrigues Bragança, esperto como sempre, arrancando da Água Santa até um dos apartamentos no BNH. Ele e a professora Maria do Rosário Rosa são casados e têm dois filhos: Bernardo de Souza Rosa e Leonardo de Souza Rosa, ambos advogados e, o primeiro, vereador em Itabira do partido Avante.

 

3. Somos vizinhos no BNH e nos  tornamos amigos  (Marlete e eu) do casal Zé Rosa e Rosário Rosa. Ambos nos  ajudam muito na caminhada cultural, política e social de Itabira. Como vereador também e depois funcionário da Vale, mais tarde repórter, tenho a grata satisfação de dizer que passava horas com ele na Casa Rosa, outras vezes em encontros sociais e entrevistas que me concedia. Muita narrativa da história itabirana que transcrevi na DeFato devo ao meu ilustre amigo Zé Rosa e à sua esposa Rosário Rosa.



 Vereador Bernardo Rosa: família tradicional e mandato sério

4. O tempo dá uma guinada de 360 graus e escrevo tópicos da nossa jornada. Ontem ouvi pelas emissoras de rádio da cidade toda a reunião do Legislativo e nela gravadas as declarações firmes do vereador, da base governista, ex-secretário de Governo da Prefeitura, homem de confiança do prefeito Marco Antônio Lage, que ajudamos a eleger-se em 2020. Vereador Bernardo, sincero e honesto, como o pai, a mãe e o irmão,  mais ainda como toda a família, incluindo o sangue da primeira esposa, Nenzinha Rosa, falecida prematuramente.

 

5. Hoje, confirmo as palavras de ontem (os que não me amam dizem por aí que sou surdo e que não tenho prótese corretiva) as mais sinceras palavras que gostaria, infelizmente,  de dizer e venho, de certa forma, dentro de minhas possibilidades, reafirmando. Denuncia ele altos gastos da administração e requer que envie à Câmara Municipal “planejamento financeiro da Prefeitura”. Seu pronunciamento traz a manchete do “Diário de Itabira” desta data (26/04/2023) e apresenta as suas razões, todas com base na mais límpida e tenebrosa realidade.

 

6. Nem é preciso completar mais uma letra na manchete do seríssimo jornal, visto que ali está registrada a verdade. Já tenho um levantamento que devo colocar aberto ao povo itabirano  sobre o aumento das despesas nos dois últimos anos. As despesas fixas com folhas de pagamento, custeio de modo geral e a gracinha feita com a Itaurb, tudo claro, mas que o chefe do executivo parece desconhecer. E me preocupa muito mais ver o prefeito copiar claramente os ideias socialistas que começam exatamente no empobrecimento de uma cidade-modelo. Ele viaja para aonde nem tem algo a buscar e fatos inesperados se sucedem.

 

Devo declarar que imagino,  por enquanto, o atual governo preparando-se para jogar a culpa no Bolsão de Pobreza, que a própria Vale no seu tempo de fundação anunciou como possível, em  cima exatamente do chavão “minério não dá duas safras” . Se for para doar dinheiro, o prefeito não tem tido nenhum protocolo. Salários altos, enfermeiros garantidos, festas em exagero, tudo entregue por dever social. “Se for para entrar no social, vai lá que o prefeito paga”, já ouvi esta frase umas dez vezes.

 

7. Devo ainda lembrar que Marco Antônio Lage repetiu em amiudadas vezes, aos gritos, em alto-falantes de volume altíssimo, nas principais praças públicas de nossas ruas, avenidas e  na zona rural a seguinte frase que celebra uma falta com a verdade desarvorada:   “Meu partido político é Itabira”.

 

8. Agradeço  ao vereador  Bernardo Rosa por despertar o povo de nossa Itabira. Não fosse ele, também outros vereadores (não vou citar os nomes para não incorrer em erros), demoraria um pouco mais com estas palavras que devem ser alicerçadas em urgência urgentíssima.



                            Lula e Marco: o marco do Socialismo à força

9. Espero que façam com que o nosso chefe itabirano reveja suas posições  e comece a pensar seriamente no futuro econômico e financeiro de Itabira. Podemos ser, alerto com muita força, uma das primeiras cidades mais ricas do Brasil a falir de forma prevista e  vergonhosa. Tenho 57 anos de presença nesta terra e não quero assistir ao réquiem ser celebrado aos choros e lamentações em todas as nossas igrejas, vias públicas, casas, cozinhas e até velórios. 

José Sana

Em 26/04/2023

Fotos: Redes Sociais

terça-feira, 18 de abril de 2023

DE FELICÍSSIMO A MARCO AURÉLIO, LABRUNA ABRE QUATRO MANDATOS



 

Amigos, fechei o fim de semana com a pergunta feita de mim para mim: qual jornalismo é o conveniente ao cidadão, à democracia ou ao próprio jornal: ter um lado imutável, fazer a vontade de uma classe ou tentar agradar a gregos e troianos. E não cheguei a uma conclusão que me agradasse. Cada lado tem a sua dose de interesse prevalecendo.

 

Antigamente, idos de 1960, era eu um foca, o mata-rato, subindo e descendo as escadarias do Diário de Minas, na Praça Raul Soares, em Belo Horizonte. Já contei aqui que o meu primeiro chefe numa redação, Maurílio Brandão, chegava de terno preto, camisa branquíssima, gravata estampada, dependurava o paletó na cadeira, subia pelo menos uma vez por semana numa cadeira, seu palanque, e fazia um rápido discurso: “Aqui na redação não entram  adjetivos, principalmente bajuladores”, era pauta repetitiva de toda segunda-feira.

 

Incrível, meu parceiro e mestre de trabalho, Vargas Vilaça, pediu-me para entrevistar um estuprador, que havia degolado um garoto de nove anos e fazia a capital estremecer de revolta. Ao redigir a notícia, meu texto foi considerado impróprio, era tendencioso por  denominar o criminoso de criminoso, o estuprador de estuprador e o covarde de covarde.

 

O tempo passou e hoje os ladrões são ladrões mesmo, assassinos também assassinos e idem os caridosos, os virtuosos, os bem-aventurados. Mas a pergunta perdura: qual jornalismo os leitores preferem? Só tenho esta resposta: cada um quer ver, ler, ouvir somente o que é de seu interesse.

 

Como agora atingi a  idade provecta, vou tentar seguir o que interessa a uma suposta lógica. Por exemplo: o valor tradicional da família, que muitos querem destruir  e de Itabira, que a outros tantos tentam derrubar. E procuro divertir-me com um amigo que tenho e me aponta para alguém“ assim: “Aquele ali é um intelectual do Google”. Quer dizer, copia tudo da internet.

 

Rabisquei esta espichada introdução porque preciso elogiar pela milésima vez um cidadão itabirano e me sinto entre a cruz e a espada diante do que acabo de escrever a respeito de minha iniciação no jornalismo. Encontro uma saída e apelo para a homenagem a 13 pessoas que seriam 12 os membros da Irmandade Nossa Senhora das Dores e Dom Marco Aurélio Gubiotti, o presidente.

 

Essa turma acaba de reeleger o provedor do valente Hospital Nossa Senhora das Dores que, se não falham minhas anotações, é a sua quarta vez como ocupante do cargo. Fora os oito anos de provedoria, aí temos um trabalho executado ano a ano pela Irmandade ou Hospital, a mesma coisa, quando exercia outras funções na empresa (Vale), comunidade, cenário estadual e sempre pela coletividade.

 

Em 17 de novembro de 1854 foi criada a Irmandade Nossa Senhora das Dores. Quatro anos depois, em 15 de abril de 1859, nasceu o hospital  com o mesmo nome, o mesmo criador e o mesmo provedor. O líder de 169 anos passados foi o terceiro presidente da Câmara  (prefeito) de Itabira. Centenas de irmãos e  dezenas de  provedores deram sequência ao trabalho no decorrer dos anos.

 

No painel dos personagens importantes na vida de quem exige trabalho perfeito realçam nomes diversos. Em homenagem a uma figura, tento praticar o jornalismo isento, impossibilitado de ser imparcial, e destaco por frear um costume que tento seguir assim. O resumo, a meu ver, é o seguinte: sempre alguém de brilho e realce esteve à frente deste gigante da saúde: do Monsenhor José Felicíssimo do Nascimento, passando por Dom Mário Gurgel, daí a outros.

 

O último de todos, que segue remando sob as mesmas bênçãos divinas foi  reeleito, em 11 de abril de 2023, e é o novo provedor, no meu cálculo, pela quarta vez. Quem duvidar de sua valentia vai lá, visite a brilhante casa de saúde que atende a 24 municípios da região e prepara um “horizonte sem fim”, título do livro dele, editado em 2017.

 

Para garantir que o sustentei ao nível do que aprecia — não o adulei, nem bajulei, nem quis agradar a uma eventual vaidade, nem o culpei por falecimento de quem quer que seja, ele não é nenhum carrasco, nem Deus — deixo a revelação, que já é clara, para a última linha deste texto, apresentando-o a algum cidadão que não o conheça: 83 anos de idade, casado, quatro filhos, sete netos, provedor de 1986 a 1990 e 2021 a 2023.



Seu nome de cartório e pia batismal: Márcio Antônio Labruna

 

José Sana

18/04/2023

 

Fotos: HNSD e Rodrigo Ferreira

domingo, 16 de abril de 2023

ODE NOSSA AO MUNDO PARA APAGAR O ÓDIO

 

Vereadora ignorada não foi somente abandonada na chuva, ao relento, sozinha, isolada: É como Itabira tripudiada. Pedir desculpas à terra sagrada de Drummond é pouco


 

 

“A VERDADE VOS LIBERTARÁ”

Estamos em 16 de abril de 2023, em Itabira. Recebemos durante a semana, a partir de 11 deste, mensagens lembrando o acontecimento da manhã daquela terça-feira, no Bairro Santa Marta, na Escola Estadual Marina Bragança de Mendonça. Consultando a imprensa e alguns vereadores, tivemos a descrição exata dos acontecimentos.

 

Então, prefiro começar assim com um lembrete  bíblico para que, se duvidarem de mim, ou me levarem aos tribunais, saibam que esta é a minha única intenção: dizer a verdade, nada menos ou nada mais que a verdade. E vamos lá:

 

Era dia de lançamento de kits de absorventes  menstruais  para adolescentes carentes da rede pública municipal. Presentes na solenidade como componentes da mesa de trabalhos as secretárias de Educação, Saúde, Assistência e Esporte e Lazer e Juventude. Além das pleiteantes a kits, estava uma figura que poderia ser a principal daqueles momentos.

 

PRECONCEITO  ELEVADO  AO  QUADRADO

 

A iniciativa foi da vereadora Rosilene Félix (MDB) há dois anos, por meio de projeto de lei aprovado pelos 17 vereadores itabiranos e transformado em lei em 2021 pelo prefeito Marco Antônio Lage que, com certeza estrategicamente, não compareceu. Podia, sim, desculpar-se porque o ambiente era estritamente feminino, mesmo quebrando a barreira  do tabu. A obstrução, claramente, é política. Rose Félix está “pagando o pato”, como dizem em linguagem popular, por ser a única mulher itabirana que representa pelo menos 62% da figura feminina na Câmara Municipal, segundo dados do IBGE.

 

Desta vez o preconceito que as feministas tanto combatem, contra as mulheres e ainda negras, mudou de lugar e foi colocado num painel luminoso, mesmo imaginário, para que todos olhem, apreciem e acreditem. Pode-se dizer que a abominação é  elevada ao quadrado.

QUEM É ROSE FÉLIX E POR  QUÊ?

 

Rosilene Félix Guimarães é itabirana, tem 43 anos, é mãe dois filhos. Rose é advogada há 19 anos, com especialização na área trabalhista. É ainda empreendedora, formada em consultoria de imagem pela Escola de Moda Denise Aguiar e tem uma loja voltada para a moda feminina.

 

É formada em Comunicação e Liderança Política pela Renova BR e em Professional Coach, pela International Association of Coaching. É palestrante formada pela Febracis. Foi professora de Direito na Faculdade Censi e de Ciências Políticas na Unipac.

 

Foi ainda conselheira da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Itabira, e conselheira do programa Acita Mulher. É diretora-secretária do Instituto Acolher  e ativista em projetos voltados para o “empoderamento” feminino em Itabira e região. Em 2020 participou pela primeira vez de uma campanha eleitoral e foi eleita vereadora pelo MDB com 1.318 votos. Rose Félix é a única mulher vereadora na Câmara de Itabira.

 

Rose é da oposição ao governo, mesmo que não queiram está claramente mostrada a razão desta cruel perseguição: é autora do projeto de lei que gerou aquela decisão do governo socialista de Marco Antônio Lage a  atender aos reclamos de uma faixa importante da população itabirana, as das mulheres.

 


JOANA D’ARC OU MARIA MADALENA?

 Nunca! Mil vezes não! Mas ali, assentada nas primeiras cadeiras, na frente, estava não somente uma vereadora, uma autoridade, uma mulher, mas, principalmente, a representatividade da maioria por gênero itabirana. Dispam-lhe de ser vereadora, advogada; retirem suas ações de  empreendedora; derrubem os preconceitos já citados; retornem à luta de participação da mulher na política e reflitam mil vezes. Avaliem a dupla decisão do Poder Executivo de sancionar um projeto e, contrariamente ao que é legal, desprezar o certo, o honesto, a demonstração de cidadania.

 

Rose Félix nunca quis ser Joana D’Arc, mas atiraram-na no fogo da humilhação de estar ali na frente como mulher, mãe de família; não pleiteou o lugar de Maria Madalena, de ser apedrejada, mas o foi, impressionante e covardemente apedrejada.

 

E se alguém pensa e diz que estou exagerando, reflita neste patamar de consideração: ela não é uma heroína da história, parem de dizer que a comparei a tal currículo de heroína. Mas tão pouco estava ali  Rosilene Félix Guimarães. E reflitam assim: é  uma vereadora ignorada, não apenas deixada na chuva, ao relento, sozinha, isolada, humilhada. Era uma Itabira tripudiada. Pedir desculpas à terra sagrada de Drummond é pouco.


 José Sana

16/04/2023

Fotos: Redes Sociais

sexta-feira, 14 de abril de 2023

DÓI O CORAÇÃO E VAI LÁ ESCANCARADO



Ninguém sabia que Marco Antônio Lage, prefeito de Itabira, tem  pavio curto. Quer dizer, é um nervosinho estampado à flor da pele.  Quem diria? Conheci mais Harcy Lage, seu pai, do que ele, o chefe do executivo de Itabira atualmente. Aparentemente, o mais novo consome chá de erva doce; o velho, um copo de sal de Glauber com bicabornato. Repito: nas aparências. Engano?

Harcy sabia  receber visitas na histórica Fazenda da Dona, em Ipoema. Marco também sabe no seu recôndito chamado Boitempo. Ambos polidos, gentlemans, pai e filho, personagens de notável poder carismático. Somente agora estou concluindo, na minha mente saturada de informações, atenta ao dia a dia político, que Marco é, negando ou não, uma bomba relógio pronta para explodir. Novo engano?

 

Diz a boca pequena que o Lage do momento não tinha e não tem nem um pingo da paciência do Jó bíblico, mas transparece. Talvez tenha me enganado e torço por esse estado mental dele: seria um artista, então. Há algo misterioso escondido naquela cabeça bipolar?

 

Harcy, mais vivido, Marco mais viajado. Qual seria o melhor para Itabira em 2024? Pelo que estou sentindo, de onde está, acredito que no Céu, hoje Harcy daria um pito no filho: “Oh menino, não aceite ordens de ninguém, nem de mulheres, nem de assessores, seja você, o Lage legitimo. Você pode, sozinho e delegando poderes, governar a nossa cidade!” Risque do seu plano de gestor este termo, que está fora de campo dos bons gestores: centralização.

 

Eu era vereador e presenciei, ao vivo e a cores, o nome Harcy Lage sendo malhado e metralhado na Câmara Municipal. Repetiam-se, semanalmente, ataques ao mesmo personagem. Alheio aos motivos, resolvi questionar: “Quem é esse  tal de Harcy Lage tanto falado, tanto lembrado?" A resposta chegou simples e curta: fazendeiro em Ipoema, político influente. A revelação parecia expor um segredo como do aparecimento de santos e passei a considerar Harcy forte  candidato à canonização.

 


Prosseguindo o contraponto e reafirmando que conheci muito mais o pai que o filho, com Marco o tempo foi breve, uma campanha eleitoral, encontros profissionais. Começaram na  Fiat/Betim e  tiveram sequência na  Fazenda Boitempo. Agendado, fui a ele, que exercia a função de diretor de Comunicação Corporativa.  Pretendia obter uma espécie  de parceria  da Fiat com a revista DeFato. Ele me recebeu com simpatia, mas parecia estar com uma tesoura na mão para cortar a minha pretensão. Não desisti e marcamos para a Fazenda Boitempo, levei nova proposta. Novamente  reprovada, antes de ser degustada uma bendita jarra de  suco de laranja e biscoitos. Desisti.

 

As solicitações encaminhadas e negadas não influenciaram em minhas ideias e sonhos a respeito de Itabira.  Sendo aquele moço que correu o mundo, que representou a Fiat em vários países dele Itabira merecia bons serviços.

 

Deixei claro nas páginas da revista, em várias matérias e em entrevistas, que ele seria um bom prefeito da terra natal. Renderam as citações  apelos de outros amigos que trouxe nomes a tiracolo. E também inimigos declarados e irreversíveis. Ele, candidato a prefeito. Venceu.

 

Agora retorno ao termo estopim mais curto que esteve e está na Prefeitura de Itabira. Marco começou mal o governo em relacionamentos. Colocou em prática uma filosofia vinda não sei de qual  inspiração. A regra por função delimitada nas constituições Estadual e Federal, além da Lei Orgânica Municipal é o Legislativo fiscalizar o Executivo e não o inverso.

 

De repente, os papeis se inverteram, depois teve de virar chumbos trocados, azedou o relacionamento. Marco Antônio tornou-se um Tom Mix ou Burt Lancaster dos filmes faroeste e começou a usar uma arma giratória, mirando em todas as direções. Além do atirador tenaz, outros pistoleiros ajudam a pistolagem. A maior luta do Poder Legislativo é a busca da valorização. E logo esse propósito recebe tiros, facadas, bombas, mísseis.

Marco quer governar sem os vereadores? Impossível.

Marco tem ouvido pessoas desentendidas de política e Itabira é ou não um caso sui generis? Inconcebível ludibriar essa gente.

Marco é acusado de permitir algum suposto conluio de milhões entre parentes? Por que não se oferece, vá  à Câmara e rasgue o verbo? Quem não deve não teme, nem treme!

 Marco não tem vereador líder na Câmara? Será consequência do estopim curto?

O que ocorreu com a vereadora Rose Félix para bom entendedor não foi um escândalo? E acha normal? Se a representante do povo, uma mulher, negra, autora do  projeto motivador da reunião, sair por aí somente vista, entendida, pode provocar um furor inimaginável e até destruir um governo para sempre. Não acordou?

Há contas a acertar: cadê a água do Rio Tanque? Cadê a obra da Unifei? Cadê o metrô? Cadê o aeroporto industrial? Cadê o ‘porto seco’? Como explicar dois bilhões gastos apenas em obras feijão com arroz? Cadê a garantia de que “meu partido político é Itabira?”

E cadê a busca pelo futuro?

 


Primeiro: que tipo de planejamento estratégico existe com a Vale e ninguém pode saber? Não é um blá-blá-blá? A fúria do prefeito não se explicita somente em socos na mesa — e acredito que não foram desferidos — mas em todas essas manifestações expostas, ou algumas mais. Até em ficar xeretando o presidente da República. E olhe que o MST tem visitado terras no perímetro urbano de Itabira. O povo quer saber: o senhor sabe disso? Pois nós sabemos, temos fotos, vídeos e presença descarada para os que estimam a garantia constitucional.

Estas palavras não são de Jesus Cristo, mas de  Marco Antônio Lage: “Nunca decepcionarei quem crê em mim”. Mas disse que o apoio dele a Lula é pessoal e coerente. Tem como explicar tamanha incoerência?

Não sou um decepcionado, milhares o são. Mas não me apresentei como um bajulador. Está em jogo o que quero para Itabira, futuro garantido. Itabira continua na contramão e deste projeto de vê-la independente não vou desistir. Jamais! Abri o coração. Agora estou livre. Mais ainda.

 José Sana

14/04/2023

Fotos: Redes Sociais

sexta-feira, 7 de abril de 2023

FANTASMA ITABIRANO: CORRAM TODOS QUE O FUTURO JÁ VEM

 Confesso a Deus, todo-poderoso e a vós irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras, atos e omissões, por minha culpa, tão grande culpa



tabira virou nau sem rumo. Não sabe para aonde vai. De repente, a política antecipada das eleições, lançada pelo prefeito de Itabira, torna-o o culpado da saída da linha legítima. Assim também culpam-no pelos erros grotescos da administração. Contudo, quero esclarecer esta dúvida: ele é o responsável por se lançar a uma distância de um ano e meio do pleito; eu sou o culpado pela sua eleição em 2020.

 Sei que eles não me reconhecem como culpado porque me julgam um zé- ninguém. O fato me alegra demasiadamente, embora creia que há uma outra criatura que comigo embarcou na canoa furada e causamos, juntos, uma pré-catástrofe. Publicamos 439 reportagens que nos deixam agora em banco de réus imaginário. Felizmente ou infelizmente, merecemos a forca, como ladrões de cavalos dos filmes faroeste.



Tenho provas concretas e convincentes de que, querendo focar Itabira no seu futuro de duvidoso a concreto,  acabamos atingindo a pirraça de um grupo atual que só quer acusar o anterior e não apresenta soluções. O dinheiro gasto até agora — dizem que mais de R$ 2 bilhões — foi moído como faz um fazendeiro fabricante de aguardente ou rapadura. A cachaça bebida causou a tomada de rumo errada; a rapa ficou agarrada no fundo do tacho, a moída das verbas se dá no terceiro andar do Paço JK.

 Perdi amigos, confesso. Maldita campanha em que me rondou até a Covid-19. Defendi uma causa que me parecia nobre, desculpo-me. Acabei entrando pelo cano e ainda achei a torneira fechada. Ou como dizem na minha terra, “tirei o pé do lodo e bati com a cabeça na pedra”. Servidores e seguidores do chefe maior acreditam que vai  tudo bem, obrigado, disparam mensagens nas redes sociais. No entanto, o equívoco transpõe a linha divisória da razão

 Nosso prefeito é um rapaz inteligente, super educado, se diz socialista, mas é capitalista, só este o seu pecado. Infelizmente, só vê o passo  imediato como gestor que não é. Adepto incontinente de festas, gasta o que pode e não pode com esse tipo de engambelo, cuja duração não passa de uma noite ou um tiroteio, ou facadas, que expõem a violência itabirana, hoje na pauta . Às vezes há cultura, ou história, acabam sendo ineptas.

 Enquanto isso, Itabira é uma pobre-coitada. Nadou e nada de costas, de frente, de banda, de todo jeito,  numa dinheirama incontável durante anos a fio. Alguém ao lado, de olho em minhas palavras, pergunta-me o que fiz  para que alguma coisa mudasse. Dou uma resposta só: no I Encontro Estadual de Cidades Mineradoras, evento realizado em 1978, que promovi quando presidi a Câmara Municipal.


Sim, naquele ano em que viviam reclamando da pequena resposta financeira da mineradora ao município, encaminhamos o pedido do poeta Carlos Drummond de Andrade ao então secretário de Planejamento de Minas, Paulo Camilo Pena. Esse criou o Fundo de Exaustão de Recursos Minerais, cuja discussão constituiu-se em estudos para o tema.

Em seguida, o deputado Jorge Ferraz o apresentou como ante-projeto,  aprovado na Constituinte de 1988. O resultado alterou substancialmente a  remuneração das cidades mineradoras nas formas de Royalty do Minério de Ferro  e na Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem). Hoje, a receita itabirana é invejável, 1 bilhão de reais ao ano. São tratadas como migalhas, trituradas de forma inexplicável diante  dos resultados apresentados até agora. 

No ano fatídico de 2031, talvez eu não esteja nestas paragens, a Prefeitura de Itabira poderá faltar com pagamentos — funcionalismo, aposentados, fornecedores, encargos sociais e empreiteiros — porque não teremos vacas gordas, a Vale já fez a planilha de sua retirada gradativa até  2040.  Então, vamos comer o quê? Seria o pão que o diabo amassou e o fantasma aprovou e provou? 

Espero que não. É por isso que estamos lutando. Primeiro, vamos segurar o dinheiro e aplicá-lo a  longo prazo. Cadê a Bolsa de Valores que retém o reconhecimento da empresa de que nos deve? E olhe, que vou dar uma sugestão: não deixem os  dirigentes gestores meias-bocas pegarem nos valores. Não entendem de gestão.

Para exorcizar esse fantasma, façam o seguinte: seguindo o exemplo da própria empresa, que constrói cidades para substituir barragens, transformem Itabira numa fonte de receitas altas, devolvendo Cauê, Conceição, Acesita e Mina do Meio.

José Sana (editor de panfletos)

07/04/2023

Nota da Redação: Quem quer que seja pode contestar esta página e este autor. Enviem-me, caso queiram mensagem para josesana2012@gmail.com

 

segunda-feira, 3 de abril de 2023

ITABIRA NA CONTRAMÃO

 


“HOJE TEM, HOJE TEM...”


 


“Tem, sim, senhor! Hoje tem relia, o nariz da tua tia; hoje tem forrobodó, o nariz da tua avó”. Eu era criança, com 5 ou 6 anos, saía correndo pelas ruas, atrás do palhaço, gritando “tem, sim, senhor” e ganhando pipocas e balas para ajudar naquela propaganda do circo. O espetáculo se travaria à noite, sensação principal dos dias passados por grupo teatral em São Sebastião do Rio Preto.

 

Hoje estou em Itabira, onde resido há quase 60 anos, ouço a proposta de um secretário de Administração que, a meu ver, nada tem com isso, com certeza mandado pelo dono do teatro, enquanto a criançada que ganha guloseimas é o povo que atiça a peça, enquanto eu me sinto um perfeito e verdadeiro palhaço dessa trama toda.

 

Não acredito que Neidson vá aceitar a proposta de Gabriel, que desafia como um boxeador na frente do ringue, convidando-o para uma luta na arena da Câmara Municipal. Neidson Freitas é vereador, de votação estupenda; Gabriel Quintão é secretário de Administração, de nomeação livre do prefeito Marco Antônio Lage. Plagiando Zé Nova Era, “se eu fosse vereador”, tentaria impedir um espetáculo sem sentido, que não terá um resultado de interesse de Itabira.

 

Olhem só, ou só eu vejo: o executivo provocar o legislativo! Absurdo inacreditável! Será que o prefeito está jogando com o pensamento nos ideais de seu partido, da esquerda, que julga não precisar nem de liberdade nem de democracia em breve? Fica a interrogação para resposta dele. Ou o silêncio. Ou estamos no mato sem cachorro?

 

TRANSPORTE COLETIVO URBANO



Publicado ontem, domingo (2) no jornal  “O Tempo”, matéria criticando os vereadores itabiranos que não votam, ou não levam à pauta projeto de lei que reduz o preço da tarifa de coletivos urbanos de R$ 4,00 para R$ 3,00. E confere um subsídio de R$ 35 milhões à empresa itabirana. O jornal  bancou o que o prefeito Marco Antônio disse de meu blog ou site, um “panfleto” e de mim, um “panfleteiro”.

 

Diz a nota do jornal algo tendencioso, não explica os motivos e as questões inconstitucionais inseridas na matéria que, segundo o jornal, está com os vereadores. Até que a reportagem originária do executivo não é nada politiqueira porque os maiores pagadores de passagens de ônibus são empresários, empreendedores e donas de casa. Se Marco Antônio pretende ligar a sua aprovação popular com a oferta de menor tarifa, está, sim, ajudando a elite e não os coitados residentes na periferia, que tropeçam e trombam em buracos de ruas e passeios.

 

HERDEIRO DE BÔNUS E ÔNUS



Enquanto isso, o assunto mesmo, classificado pelo interesse maior de itabiranos conscientes, continua sendo empurrado com a barriga: o futuro da cidade mineradora. Em dois anos e três meses do governo atual perdemos para lesma na corrida de providências. Qual o interesse do empreendedor em dar uma volta na terra onde pretenderia investir recheada de placas “Rota de Fuga?” Além disso, mesmo num hotel, ou em WC de restaurante, ao abrir a torneira, ou não tem água, ou tem barro à vontade?

 

Nada feito, estamos na estaca zero de dois anos e meio atrás, nada de aeroporto, nada de porto seco, nada de parque tecnológico, nada de avanços da universidade, nada de nada, a não ser a inchação dos quadros de servidores. Esses são reconhecidos agora mas não têm resposta para a pergunta: o orçamento municipal de 2031 manterá esse pessoal com dinheiro nas mãos ou no banco? Como pagar, com R$ 300 milhões (arrecadação estimada para o fim do Cfem) uma folha de R$ 480 milhões, estourando os limites permitidos? Qualquer leigo entende desse tema infantil. E me engana que sou da roça mesmo.

 

Não adianta pensar em saídas para a cidade caso não seja arrancada a solução já. Primeiro é sair da contramão. Depois é inventar como seguir à frente com o tanque vazio. O mandato de um prefeito termina, vem o outro seguinte.

 

Aproveitando a maré do tema, desde já vamos repetir: parem de jogar a culpa por erros atuais em prefeitos de mandatos anteriores. O candidato a verdadeiro gestor de um município precisa ter soluções à frente e não comparações esdrúxulas e covardes. “Quem se casa com viúva herda os bônus e os ônus”, diz o ditado popular.

 

José Sana (Editor de panfletos de graça)

 

03/04/2023

Fotos e imagens: Redes Sociais


Nota: Nem me referi a saúde neste texto porque aguardo resposta do senhor prefeito sobre dramas vividos por mães residentes nos bairros que escreveram pedindo socorro. Só Deus na causa...