A vida no
Planeta Terra é tão incerta que cientistas procuram afoitamente um outro
planeta semelhante ao nosso para que seja possível transportar vidas daqui para as suas dependências, com certeza pouco
ou nada habitadas. Procuram daqui, pesquisam dali, até que acabam esbarrando
seus equipamentos e olhares num tal de
Próxima b, esse talvez um nome provisório de planeta até então desconhecido.
Ao invés de
tentar sair dessas turbulências, deveriam ir atrás de soluções para os nossos
problemas ou mesmo empreenderem uma correção de tantos erros aqui cometidos
contra o sistema natural que se encontra em completo desleixo ou mesmo total desarrumação.
Não vou me estender às questões gerais, agarro-me agora tão somente ao futebol,
que é mais fácil por ele fazer a minha defesa de uma despretensiosa tese.
A minha
proposição é a seguinte: tudo muda no mundo mas a mudança que se fez na prática
do futebol foi e é totalmente equivocada. É preciso fazer tudo de novo, de
outro jeito. Era criança e me lembro da prática do futebol tanto no campinho de
grama na minha terra quanto em estádios profissionais, como o Independência e os
do Atlético, Cruzeiro, América, Renascença, esses em BH, além do Israel
Pinheiro, em Itabira, e do Siderúrgica em Sabará, Metaluzina em Barão de Cocais,
Meridional de Conselheiro Lafaiete e outros. Com 18 anos de idade, conheci o
Maracanã e acompanhei, no tempo de repórter na Capital, a construção do
Mineirão.
Bem, nos
estádios citados, incluindo o tempo em que era apenas um curioso da bola, comecei a entender o que era feito com aquela
circunferência chutada de pé em pé, de cabeça, joelho, coxa, peito e outros
membros do corpo, até de espertas mãos. O objetivo era a meta adversária, onde
se chegava ao gol, comum em algumas partidas, fatalidade em outras e até representativas
de placar mudo, o chatíssimo zero a zero. Então, havia futebol para homens e
crianças, até mulheres começaram a jogar, todos com respeito e cientes dos seus
limites.
Quase não ocorriam
esbarrões durante um jogo de futebol. O árbitro não tinha a preocupação de
marcar uma falta, senão bola fora das quatro linhas ou toque de mão. A chamada
botinada, mesmo em peladas, era apenas própria dos pernas de pau, ou brucutus,
ou cabeças de bagre, como dizia o Kafunga, mas que dificilmente tirava alguém de
ação.. As expulsões, se ocorriam na várzea, não passavam de questões
disciplinares. No interior, trocavam os árbitros ao invés de excluir o jogador
expulso. Brigas, havia sim, até armas apareciam, tiros e facadas, mas não
entravam para o mostruário do método dentro das linhas marginais do gramado.
E hoje? Ah, nem
sei o que relembrar! Aos poucos foram formando professores de educação física,
o chamado “personal trainner”, que pegou um modelo de super-homem para nele
transformar o sujeito de carne e osso, quebrável, cheio de músculos, de uma
fragilidade tal qual um faquir de exposição, em um super-homem ou em outro herói
do cinema como, por exemplo, o Incrível Huck. Para jogar, era até permitida uma
gordurinha aqui, um pneuzinho ali, quando a avaliação do preparador já apontava
para um epíteto até mesmo engraçado: parrudo. Meu avô, dizem que era um craque,
gabava-se de ser chamado de “beque forte e gordo”.
Hoje, ligamos a
TV para ver aquilo que parece mais uma tourada. Antes do jogo que escolhemos há
uma habitual atividade chamada aquecimento. Esse esquenta canela, como o chamam
vez por outra, é tão puxado que, durante a sua prática, muitos atletas se
machucam e são cortados da peleja e de outras sequentes. Há uma série de contusões que possuem um
verdadeiro dicionário de termos complicados e indecifráveis. Não vou citar
nenhum dessa terminologia complicada porque basta ver o noticiário esportivo
para listá-los nas entrevistas de médicos famosos ou “pé-rapados”.