sexta-feira, 26 de agosto de 2016

A ERA DO ATLETA DE FERRO? OU DE FALSO SUPER-MAN?

A vida no Planeta Terra é tão incerta que cientistas procuram afoitamente um outro planeta semelhante ao nosso para que seja possível transportar vidas daqui  para as suas dependências, com certeza pouco ou nada habitadas. Procuram daqui, pesquisam dali, até que acabam esbarrando seus equipamentos e olhares  num tal de Próxima b, esse talvez um nome provisório de planeta até então desconhecido.

Ao invés de tentar sair dessas turbulências, deveriam ir atrás de soluções para os nossos problemas ou mesmo empreenderem uma correção de tantos erros aqui cometidos contra o sistema natural que se encontra em completo desleixo ou mesmo total desarrumação. Não vou me estender às questões gerais, agarro-me agora tão somente ao futebol, que é mais fácil por ele fazer a minha defesa de uma despretensiosa tese.

A minha proposição é a seguinte: tudo muda no mundo mas a mudança que se fez na prática do futebol foi e é totalmente equivocada. É preciso fazer tudo de novo, de outro jeito. Era criança e me lembro da prática do futebol tanto no campinho de grama na minha terra quanto em estádios profissionais, como o Independência e os do Atlético, Cruzeiro, América, Renascença, esses em BH, além do Israel Pinheiro, em Itabira, e do Siderúrgica em Sabará, Metaluzina em Barão de Cocais, Meridional de Conselheiro Lafaiete e outros. Com 18 anos de idade, conheci o Maracanã e acompanhei, no tempo de repórter na Capital, a construção do Mineirão.

Bem, nos estádios citados, incluindo o tempo em que era apenas um curioso da bola,  comecei a entender o que era feito com aquela circunferência chutada de pé em pé, de cabeça, joelho, coxa, peito e outros membros do corpo, até de espertas mãos. O objetivo era a meta adversária, onde se chegava ao gol, comum em algumas partidas, fatalidade em outras e até representativas de placar mudo, o chatíssimo zero a zero. Então, havia futebol para homens e crianças, até mulheres começaram a jogar, todos com respeito e cientes dos seus limites.

Quase não ocorriam esbarrões durante um jogo de futebol. O árbitro não tinha a preocupação de marcar uma falta, senão bola fora das quatro linhas ou toque de mão. A chamada botinada, mesmo em peladas, era apenas própria dos pernas de pau, ou brucutus, ou cabeças de bagre, como dizia o Kafunga, mas que dificilmente tirava alguém de ação.. As expulsões, se ocorriam na várzea, não passavam de questões disciplinares. No interior, trocavam os árbitros ao invés de excluir o jogador expulso. Brigas, havia sim, até armas apareciam, tiros e facadas, mas não entravam para o mostruário do método dentro das linhas marginais do gramado.

E hoje? Ah, nem sei o que relembrar! Aos poucos foram formando professores de educação física, o chamado “personal trainner”, que pegou um modelo de super-homem para nele transformar o sujeito de carne e osso, quebrável, cheio de músculos, de uma fragilidade tal qual um faquir de exposição, em um super-homem ou em outro herói do cinema como, por exemplo, o Incrível Huck. Para jogar, era até permitida uma gordurinha aqui, um pneuzinho ali, quando a avaliação do preparador já apontava para um epíteto até mesmo engraçado: parrudo. Meu avô, dizem que era um craque, gabava-se de ser chamado de “beque forte e gordo”.

Hoje, ligamos a TV para ver aquilo que parece mais uma tourada. Antes do jogo que escolhemos há uma habitual atividade chamada aquecimento. Esse esquenta canela, como o chamam vez por outra, é tão puxado que, durante a sua prática, muitos atletas se machucam e são cortados da peleja e de outras sequentes.  Há uma série de contusões que possuem um verdadeiro dicionário de termos complicados e indecifráveis. Não vou citar nenhum dessa terminologia complicada porque basta ver o noticiário esportivo para listá-los nas entrevistas de médicos famosos ou “pé-rapados”.

Então, meus amigos, a minha tese é voltar o futebol ao que era e proporcionar aos seus adeptos, tanto os praticantes quanto àqueles que torcem, como é o prazer em acompanhar o que é sadio e respeitoso. O ser humano não é nem hipopótamo, nem elefante e nem touro ou camelo para aguentar tantas flexões dos músculos ou batidas de ossos de durabilidade limitada e tão frágeis quanto um pedaço de pau seco ou oco.