O ser
pré-histórico que saiu de sua maloca e viu um semelhante do outro lado do
regato deve ter acenado para ele ou, pelo menos, desferido nele uma fatal
machadada na cabeça para matar a fome dele e da família.
Com registros,
desde a Idade Média, as pessoas cumprimentam-se cordialmente nas ruas e até
conversam assuntos principalmente da vida alheia ou do dia a dia. Brigam
também, até os dias de hoje. Matam-se com extrema propriedade. Usam mais revólver e garrucha que
machados e foices neste ato violento e, para os nossos tempos, inexplicáveis.
Com o passar dos
anos, surgiram as visitas. Os mais educados iam (ou ainda vão) à casa do amigo para cumprimentá-lo,
desejar-lhe felicidades, em momentos alegres ou tristes.
Em minha terra
natal, São Sebastião do Rio Preto, era (ou é) assim: quando alguém recebe um
amigo para almoçar, à tarde o visitado se tornará visitante para o jantar. Fato infalível.
Agora, vamos ao caso que interessa neste momento. Você envia uma mensagem a alguém e este se cala. Pode ser uma pergunta, pode ser uma informação ou mesmo um ato de respeito e admiração. Ou assunto urgente. Não vem sinal de resposta. Chato, não é? Se lhe é dedicado este exemplar desprezo, ignorando a sua amizade, pode até atingir a autoestima, quando essa não sofreu treinamento especial. Freud explica.
Hoje em dia, pelas redes sociais, há mais internautas remetendo mensagens do que dando atenções a respostas. Há também os que não leem. Às vezes, confidenciamos um comunicado e sequer ficamos sabendo se o remetente recebeu, ou gostou, ou detestou. O sinal é o mesmo que "não estou nem aí!"
Na pré-história, a prática passou como perdoável, porque o homem era um animal irracional integral, segundo a história. Na Idade Média, as lições de boa conduta, simpatia, respeito, já estavam sendo postas em prática pelos seres mais evoluídos. Hoje em dia, para este escrevinhador, é crime que abala o céu você receber qualquer recado, ou palavra, ou um simples lembrete e devolver com uma mudez maligna, ensurdecedora. Melhor é você tomar a seguinte decisão: "Se não me interessa esta amizade, vou bloquear este desagradável".
Dizem que o silêncio é um dos melhores remédios contra agressões e algum tipo de ofensa desferida contra alguém. Pode ser e pode não ser. Na maioria dos casos é uma patada de cavalo desferida bem na cara do amigo virtual ou não. Pior que o "deletar".
Quem recebe atenção, saudação, pedido, oferenda, menção de honra, simpatia, ato parecido e ignora, sequer lê, deveria voltar para as tocas e malocas. Quem sabe já teriam aprendido, com trovões barulhentos e relâmpagos de alta tensão, que a vida merece um grau de educação e respeito?
Aproveito e sugiro que criem nas escolas uma disciplina com este nome: Educação nas Redes Sociais. Há muitos “neandertais” sobrando por aí e que merecem pelo menos mais uma oportunidade na vida.
José Sana
Em 1.º/10/2020