Tímido, recolhido, sem cancha, o rapaz invadiu a Capital Federal com um bando de políticos e amigos e teve audiência com o ministro da Justiça
A história é verdadeira. O enredo que se espalhou pelo Brasil sobre o caso deixou até o povo comovido. Perguntas insistentes fizeram-se truncadas ou nem geravam respostas contundentes. O sujeito receber o nome próprio, de cartório e pia batismal, de José Bosta da Silva tornou-se um escândalo maior naquele chamado “tempo do onça”.
Nossa reportagem esteve em Santana do Cata Prego para conferir os acontecimentos. E, em Brasília para testemunhar e registrar o esperado fechamento de tão louca proposta.
Depois de uma espécie de condenação a quem, afinal, escolheu tão nojento sobrenome, veio a explicação contra o escrivão local, que cometeu o erro digital de trocar o C pelo B.
Assim, o simplório rapaz, de 32 anos, carregou nas costas uma das mais nojentas palavras que existem no dicionário e representa excremento de gado bovino ou excremento de animais de grande porte, nada lembrando a participação humana. José oficializava, então, a alteração. Que importância maligna.
COITADO DO ZÉ
José nunca se importou com o sobrenome. Até porque era ocultado pelas professoras da escola. Mas foi exatamente seu currículo primário escolar que botou seu nome na boa pequena da rua. Com isso, tornando-se um adolescente chamado de “tipo boa pinta”, nem assim conseguia arrumar namorada. Já pensou ele se apresentar a uma moça com a expressão “meu nome é José Bosta? Era preferível não namorar!” — exclamava de si para si.
Um dia a cidadezinha se levantou contra a injustiça. Trata-se de rapaz fino, humilde, trabalhador, sério. Resolveram organizar um abaixo-assinado. Foram ao prefeito pedir apoio. Esse convocou os deputados federal e estadual majoritários na região. Apelaram ao delegado e ao padre. Enfim, além de 2.200 assinaturas dirigidas às autoridades, conseguiram um ônibus com o prefeito e marcharam para Brasília com data de hora marcadas no Ministério da Justiça.
AUDIÊNCIA COM MINISTRO
Foi assim... A Capital da República se agitou. Um dono de Uber disse na saída da estação rodoviária que, afinal, os políticos se uniam por um motivo justo, redimindo-se de tantas babaquices cometidas, mesmo que fosse a de extrair “a merda de um nome indesejado para colocação de algo decente.” E houve a famosa audiência ministerial com a presença maciça de grandes personalidades da política brasileira. Alguém poderia comentar que seria por uma “bosta de motivo”, mas o que fazer senão ajudar um pobre coitado que portava na identidade um sobrenome pornográfico?
O ministro da Justiça não perdeu tempo. Chamou à mesa o então José Bosta da Silva que escolheria como seria seu novo registro. José não vacilou; levantou-se prontamente; ajeitou a gravata com um nó perfeito; abotoou o paletó, olhou para todas as câmeras e microfones que o tornavam figura importante da Pátria Amada Brasil. E soltou seu desejo com um timbre de voz à Galvani Silva, que assustou os presentes e os que acompanhavam pelo rádio, TV e não o próprio Zé:
— Quero me chamar Joaquim Bosta da Silva.
E foi encerrada a audiência com palmas estrondosas que, estas sim, não abalaram Brasília.
José Sana
20/02/2024