sexta-feira, 2 de abril de 2021

CARTA ABERTA AO SENHOR MANOEL LAUQUIDAU

 Prezado Senhor Manoel Lauquidau,


Cordiais saudações.


Aqui quem vos aciona de  meu computabrito  é  o Cabrito Doido, fugido de clínicas de tratamento de doideira  porque estava sendo maltratado e via que loucos eram eles.

Pois é, me dirijo ao senhor por ter inventado esta tal de dia da preguiça, aumentado para semana do desleixo e agora virou mês da vadiagem detida.

Então,  me trancaram na choupana e meu capim está acabando. O compadre Zé Maneca Bodaço teimou e ficou debaixo da cama com medo do senhor. Foi achado lá desmaiado de  fome. Não fossem as orações da senhora Cabra da Peste, esposa dele, teria ido pro Cafundó do Judas ou Quintos dos Infernos.



A Senhora  Covid, pelo nome  já diz que está convidando a gente para lhe dar um abraço e ficar contaminado. Diz mais: seria Convid, mas o computabrito do Joaquim Mandioca pipocou e vomitou a letra “n”. Quer dizer: a montanha não vem a nós; somos nós que vamos à montanha da Covid. Tudo isso é mostrado pela TV JC em sua retrospectiva de contaminados em lista maior que a de Schindler.

A falta de capim-meloso ameaça a Cabritolândia toda. A fome está chegando com brutalidade. E sem perdão. Tudo o que tinha de comer nas ruas principais de Cabritolândia e ao redor já foi catado pela cabritada. Existem algumas hortas ainda, mas a polícia caprina resolveu cercar tudo e não deixar passar  ninguém. Mandam a cabritada para casa. E nem temos casa. Pode?

Quero dizer a você, meu caro Lauquidau, que nos faça o seguinte favor: saia fora da raia e nos deixe viver. Ensine esse povo o que é tratar da doença do Josué Coronga. Vá a Rondônia e veja o que o governador de lá está fazendo. Longe pra ir, não é? Pois, então, siga o caminho de Itajubá, no Sul de Minas. Lá combatem a Covid antes de ela chegar.

Meu caro Senhor Lauquidau, sei que o senhor está rindo da falta de inteligência do ser caprino-humano que nos rodeia. Diz o ditado que um cabrito com iniciativa chifra até a mãe e o pai dele. É o que está acontecendo.

Não vou me prolongar mais. Só vou adverti-lo sobre a  maldade que o senhor está fazendo, pedir-lhe ajuda e que  ensine o povo de Cabritolândia a ser mais esperto. Então, faça-lhes lives, dê entrevistas no Jornal da Cabritada, escrito e televisado (JC), explique direitinho a maldade de ficar sem capim-meloso ou capim-gordura.

O cálculo é fácil de se fazer: qualquer um fica com a barriga murcha, acaba até o capim-cheiroso, qualquer bode se enfraquece. Em se enfraquecendo vem a anemia e o bode passa a não aguentar a subir em talhados. Vem a seguir a principal fraqueza que é uma comorbidade inapelável. Os bodes, bodinhos, bodões, cabras, cabritos e até os cães vadios, os vira-latas, estão sendo frontalmente atingidos.

Liberem esses cabritos para invadir hortas. E adotem o tratamento por prevenção, enchendo-lhes a barriga de tudo o que é verde. A ordem dos lugares comandados por onças, tigres e até elefantes não há  a tal Maria Fome, nem a peste e a guerra na busca de bendita braquiária, já praticamente um substantivo abstrato, ou seja, inexistente.

 Atenciosamente.

 Assinado: Cabrito Doido de Jogar Pedra da Silva

 

P.S.: 1. Sou alfabetizado em Cabritolândia. Não  sei  escrever Lauquidau em inglês.

 

       2. Estão aterrorizando a cabritada toda. Juntem o número de mortos e joguem  tudo num dia só. Cabritos também se suicidam. 

     3. Cabritos fazem entrega de sanduíches de capim pra  todo lado. Nesta semana perdemos meia dúzia de bodes de entrega. Culpa  sua, senhor Lauquidau!

       4. Ninguém sabe nada de Coronga. Apresente o marido da Covid-19 a eles para que aprendam lições fabulosas.

       5. Anotem nos seus caderninhos de apontamentos: sempre prometi e repito que não se aglomerem na cidade, sejam seres distanciados, nem briguem por causa de capim de espécie alguma.

   6. E contem comigo de máscara, luvas, sapatos esterilizados, toalha pendurada no chifre para lavar as mãos de meia em meia hora. Prometo jogar um balde de água no Senhor Lauquidau se não rachar fora já.


O MESMO CABRITO


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