Leio Márcio Passos de frente e verso, em livros e jornais, crônicas e até poemas nos quais ele se aventura de vez em quando, mesmo não sendo essa sua especialidade. Leio, principalmente, o jornal que ele fundou e a filha (Maria Cecília) dirige, o “A Notícia”. Envia-me como gentil cortesia semanal um exemplar, faça chuva ou faça sol. A publicação continua sendo a cara dele. Assimilação à toda prova.
A pergunta de hoje
é o título deste texto. Por enquanto deixo apenas um questionamento
complementar: se há culpado, existe o quê? A resposta exala da reflexão de cada um: existe algo
errado. Ou apelando para a voz popular: “Onde tem fumaça tem fogo”. Então,
vamos à encrenca.

Márcio, que
deixou a profissão de jornalista para ser profissional de marketing, por sinal
um vencedor de eleições, aproveita as ideias para fazer passar por seus dedos
castiços (antigamente penas castiças, sempre se referindo a um grande escritor
como Machado de Assis) noções claras de como trabalha transparentemente.
Neste sábado,
ele virou manchete principal do jornal “Diário
de Itabira”, em entrevista concedida a Dely Júnior: “Problema do Marco são
alguns secretários, diz Márcio Passos”.
É a manchete de capa. Na página 5, em meia página, está o vai e vem da
entrevista e destaco apenas esta frase para facilitar: “Ele, eu acho que está indo bem, mas o governo dele é que eu
acho que precisa acompanhar ele mais”.
“Danou, né
Márcio, se não acompanha, tá feio” — sussurrou alguém que comprava o jornal na
banca, lia, pagava, lamentava e saía tropeçando no passeio esburacado da rua.
Márcio foi o chefe do marketing da campanha de 2020 e, depois, secretário de
Governo do próprio Marco Antônio Lage.
É incoerência e
improdutividade o prefeito ir bem na frente, tentando puxar a carruagem e os
vagões, que são o governo, não serem atados e, consequentemente, destoarem da
marcha rumo a um destino. Um depende do outro. “Itabira é uma locomotiva que
não puxa vagões”, dizia e repetia o saudoso ex-vereador Geraldo Sette, de Nova
Era. A praga se agravou agora.
Marco Antônio Lage
foi eleito pela rejeição do governo anterior; pelo apoio de Bernardo Mucida, depois desprezado; pelo aproveitamento de suas
próprias ideias inteligentes; pelo trabalho eficiente da turma do marketing
(chefiada por Passos) e pela sede de mudança que caracteriza o eleitorado
itabirano desde a primeira de suas eleições, em 1833, com o Sargento-Mor Paulo
José de Souza na chefia, salvo raras exceções.
Ganhar eleição é
um fato; manter um governo vencedor, outro fato. Os erros apareceram depois,
paulatinamente, e não vou citá-los agora porque o tema é outro. O pouco que
entendo de gestão pública devido à experiência de 50 anos, vejo que algo
caminha para um lado nas palavras, nas ações para outra direção. Já deixei
claro: nunca fui ao governo pedir um favor particular, porque não há almoço de
graça e penso assim desde o tempo dos Druidas.
Volto a Márcio
Passos, amigo e parceiro, o assunto principal de agora. Sei que ele torce por
Itabira como poucos idealistas. É obsessivo em suas decisões — até já decidiu
quem será o seu próximo preferido prefeito de Itabira. Ele só derrapou, talvez
porque pensamos iguais sobre Marco Antônio Lage — um gentleman, gentilíssimo, correto em educação, inofensivo ao maior
inimigo — mas sem poder de gestão, sem ser dono do princípio da administração:
foco ao longe, no quase infinito de sua visão. Não há.
Então é isto:
paciência, Itabira, este governo não vai mudar, a locomotiva está desatada, ela
para em estações isoladamente, não há destino a ser atingido, nem se veem
interessados em viajar, nem no executivo, nem no popular, nem pago e nem de
carona. Mas o gasto de dinheiro é a rodo.
Mas existem os
culpados. Quem são os tais? Resposta: somos nós, aqueles que escolheram um
governo forasteiro, distante dos anseios itabiranos, que só ouve o povo no
Orçamento Esmola e diz: “Só tenho isto aqui. Se quiser, bem; se não quiser,
adeus, porque quem manda sou eu”. E fim de papo.
José Sana
Em 18/06/2023
Fotos/Imagens: Redes Sociais