Leio Márcio Passos de frente e verso, em livros e jornais, crônicas e até poemas nos quais ele se aventura de vez em quando, mesmo não sendo essa sua especialidade. Leio, principalmente, o jornal que ele fundou e a filha (Maria Cecília) dirige, o “A Notícia”. Envia-me como gentil cortesia semanal um exemplar, faça chuva ou faça sol. A publicação continua sendo a cara dele. Assimilação à toda prova.
A pergunta de hoje é o título deste texto. Por enquanto deixo apenas um questionamento complementar: se há culpado, existe o quê? A resposta exala da reflexão de cada um: existe algo errado. Ou apelando para a voz popular: “Onde tem fumaça tem fogo”. Então, vamos à encrenca.
Márcio, que deixou a profissão de jornalista para ser profissional de marketing, por sinal um vencedor de eleições, aproveita as ideias para fazer passar por seus dedos castiços (antigamente penas castiças, sempre se referindo a um grande escritor como Machado de Assis) noções claras de como trabalha transparentemente.
“Danou, né Márcio, se não acompanha, tá feio” — sussurrou alguém que comprava o jornal na banca, lia, pagava, lamentava e saía tropeçando no passeio esburacado da rua. Márcio foi o chefe do marketing da campanha de 2020 e, depois, secretário de Governo do próprio Marco Antônio Lage.
É incoerência e
improdutividade o prefeito ir bem na frente, tentando puxar a carruagem e os
vagões, que são o governo, não serem atados e, consequentemente, destoarem da
marcha rumo a um destino. Um depende do outro. “Itabira é uma locomotiva que
não puxa vagões”, dizia e repetia o saudoso ex-vereador Geraldo Sette, de Nova
Era. A praga se agravou agora.
Marco Antônio Lage foi eleito pela rejeição do governo anterior; pelo apoio de Bernardo Mucida, depois desprezado; pelo aproveitamento de suas próprias ideias inteligentes; pelo trabalho eficiente da turma do marketing (chefiada por Passos) e pela sede de mudança que caracteriza o eleitorado itabirano desde a primeira de suas eleições, em 1833, com o Sargento-Mor Paulo José de Souza na chefia, salvo raras exceções.
Ganhar eleição é um fato; manter um governo vencedor, outro fato. Os erros apareceram depois, paulatinamente, e não vou citá-los agora porque o tema é outro. O pouco que entendo de gestão pública devido à experiência de 50 anos, vejo que algo caminha para um lado nas palavras, nas ações para outra direção. Já deixei claro: nunca fui ao governo pedir um favor particular, porque não há almoço de graça e penso assim desde o tempo dos Druidas.
Volto a Márcio
Passos, amigo e parceiro, o assunto principal de agora. Sei que ele torce por
Itabira como poucos idealistas. É obsessivo em suas decisões — até já decidiu
quem será o seu próximo preferido prefeito de Itabira. Ele só derrapou, talvez
porque pensamos iguais sobre Marco Antônio Lage — um gentleman, gentilíssimo, correto em educação, inofensivo ao maior
inimigo — mas sem poder de gestão, sem ser dono do princípio da administração:
foco ao longe, no quase infinito de sua visão. Não há.
Então é isto: paciência, Itabira, este governo não vai mudar, a locomotiva está desatada, ela para em estações isoladamente, não há destino a ser atingido, nem se veem interessados em viajar, nem no executivo, nem no popular, nem pago e nem de carona. Mas o gasto de dinheiro é a rodo.
Mas existem os culpados. Quem são os tais? Resposta: somos nós, aqueles que escolheram um governo forasteiro, distante dos anseios itabiranos, que só ouve o povo no Orçamento Esmola e diz: “Só tenho isto aqui. Se quiser, bem; se não quiser, adeus, porque quem manda sou eu”. E fim de papo.
José Sana
Em 18/06/2023
Fotos/Imagens: Redes Sociais
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