No dia 26 de março passado, três mulheres santa-marienses,
resolveram adentrar o Palácio Tiradentes, em Belo Horizonte, e participar de
uma reunião pública. Elas são fundadoras e diretoras da Associação de
Conservação Ambiental Orgânica (Acaó). Não é um trio apenas — Marina de Assis
Pires, Lastênia Duarte de Assis (Tuquinha) e Mariane Reis Gomes (Mari) — porque
a entidade conta com mais pessoas em suas atividades, inclusive homens, figuras
que andam se afastando do meio social e comunitário nos últimos tempos.
Mas eram poucas, o trio, as tomaram a iniciativa de ir ao Gabinete do Excelentíssimo Senhor Governador de Minas Gerais, Doutor Antonio Augusto Junho Anastasia e seguiram desimpedidas até que foram identificadas por uma senhora representante de uma mineradora que propõe explorar minério de ferro em Santa Maria de Itabira e Morro do Pilar. O motivo da reunião pública era a assinatura de um protocolo de intenções para investimento de R$ 6,25 bilhões nos dois municípios. A razão do barramento não foi revelado e é, por ironia do destino, o questionamento deste texto.
Tudo bem, nada a esconder, mas as digníssimas santa-marienses, que
gozam da mais pura amizade de seus conterrâneos e de não conterrâneos também, e
além de amizade, respeito, confiança e esperança pelos seus atos. Elas estavam
respeitosamente vestidas, sem decotes e mini-saias, até porque ali não era o
Vaticano, mas porque elas andam sempre convenientemente trajadas. Não há
registro de passagens delas pela polícia, sequer como testemunhas ou queixosas.
Enfim, pertencem a uma organização humanitária cristã com total dedicação à
causa coletiva, sem remuneração, ou melhor, elas remuneram as suas atividades.
A intenção da mineradora era a mais confiável possível até que uma
sua funcionária coagiu o Governo de Minas e o impôs a imperiosa necessidade de
proibir a entrada das inocentes cidadãs que, embora da terra da garrucha, isso
apenas é um tratamento de intimidade que se faz na terra pacata de Santa Maria.
Aí é que aparece o questionamento deste blogueiro:
— Por que elas não podem entrar?
Um turista ou viajante e mesmo um ET qualquer que passasse por ali
naquele instante poderia anotar no seu caderninho de apontamentos: “Uma pequena
cidade de Minas já tem terroristas”. De acordo com a Constituição Brasileira,
em seu capítulo que me esqueci agora (e não vou buscar nenhum artigo neste
momento, pois todos sabem disso), todo cidadão tem o direito a presenciar
qualquer que seja um ato denominado público. E lá na Constituição, nem nas suas
leis complementares, contêm os nomes das três militantes da Acaó como perturbadoras da ordem pública,
política, esportiva ou social.
Não vou entrar em nenhum detalhe mais sobre os direitos nem da
mineradora nem da Acaó porque este blog ou esta postagem ou este texto tem a
finalidade apenas de chamar a atenção
para um lado duvidoso acerca da trajetória dessa meia democracia vivida ainda
no Brasil. Há algo estranho no ar, ou alguma fumaça apareceu no Palácio
Tiradentes — e onde tem fumaça tem fogo, diz o ditado — assim se deve tratar
agora o tema. O alerta está aceso e que Santa Maria de Itabira, também Morro do
Pilar, arregalem os olhos. Acordem, terras vizinhas de nós, Itabira, onde existem
muitos exemplos de derrotas já consumadas! Não tão irreparáveis como as
previstas pelo lendário Tutu Caramujo, mas um tanto quanto preocupantes sobre o
futuro de nossos filhos, netos, bisnetos, tataranetos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário