Flanelinha é aquele moço que fica na rua tomando conta de
carros no estacionamento, por conta própria, e cobra alguma moeda dos seus proprietários.
Além de vigiar, eles aceitam outros valores para limpar e dar algum brilho no
quatro rodas. Ele também guarda o espaço para um outro que lhe paga adiantado.
Em futebol, falam daquele time que fica durante um bom tempo na zona da elite,
mas na hora final do campeonato é superado por outro que andava ruim das
pernas. Na política, agora, flanelinha é o partido pequeno que, quando de
verdade é deflagrada a reta final, arreda-se à traseira e apoia o candidato que
imagina ser mais forte.
Neste inseguro ano eleitoral de 2016, esse flanela aparece
pela primeira vez com mais definição e força. Antes, fazia uma aliança
antecipada ou com a situação ou a oposição. Agora, não, considerando que andam
falando mal de grupões. Neste momento, apresenta o seu candidato, mostra que
acredita nele e vai levando até o instante derradeiro.
Você quer saber quais são os carros e os flanelinhas na
eleição deste ano? Basta conferir os
nomes que são os mais falados e ver na listagem o número de pré-concorrentes.
Procurem também os mais bem informados e/ou entendidos do assunto e eles vão
dizer que Itabira terá neste ano de cinco a seis concorrentes. Ou mais, como
diz o meu amigo e cantor Ânderson da dupla ele e Guto. Se somarmos os
flanelinhas hoje chegaremos quase ao número 30. Alguns apenas querem testar a
sua popularidade, outros estão brigando para ocupar a vaga de vice, os mais
fracos aceitam alianças que os deem emprego garantido no próximo mandato.
Diz uma raposa itabirana aos quatro cantos que eu desaprendi
a política. Ele talvez tenha razão porque me desapeguei do entendimento antigo a
respeito das manobras. Agora estou vendo por outro ângulo como os que entendem temperam
a comida para o mês de outubro. Sou realmente dos tempos antigos da cidade. Por
exemplo, acompanhei a vez em que Daniel Grisolia deu cabo à vida, a catedral
foi ao chão e Padre Joaquim Santana de Castro derrotou Renato Sampaio, esse,
então, o favorito das eleições de 1970. Sou do tempo em que o único dono de
gráfica em Itabira, ou melhor, tipografia, senhor Emílio Novaes, imprimia
panfletos para todos e comentava no seu balcão: “A eleição este ano vai
terminar empatada!” Ele se baseava no “já ganhou” que cada um se exprimia.
A partir de agora vai chover canivete aberto em forma de
toques nas costas dos pretendentes. Quem tem culpa no cartório, que se previna.
Aí, é iniciada de verdade a luta dos chamados gigantes. Os batedores de um lado
pegam os defeitos que constroem a rejeição de uns para ampliá-la aos ouvidos e
olhos do povão. Quem se preocupar com a defesa não tem tempo para se esquivar
ou se defender. Acha melhor atacar também. Aí aparece o danado do baixo nível.
O povo condena da boca pra fora as baixarias, mas, no fundo gosta, ama, adora.
Pesquisas são bons indicadores, mas elas exprimem também a danada da tendência
e, em muitas ocasiões, a canoa acaba virando.
Acredito piamente que neste ano quem decidirá a eleição para
prefeito será o flanelinha. Caladinho, trabalhando ao pé do ouvido, ele espera
que seu nome chegue pelo menos aos 4% nas pesquisas. Com esse percentual, tem
absoluta certeza, entra forte para sentar-se à mesa com o verdadeiro
proprietário da frota. Sei que muitos dirão que estou navegando em águas
incertas, mas repito que os tempos mudaram. Se desaprendi de política é porque
tudo muda, nada se mantém inalterado, mudei também. Não teremos sequestros,
panfletos difamadores e outros recursos já fora da moda. Repito que temos já e
teremos flanelinhas. Vamos aguardar.
Grande José e suas sábias palavras, obrigado por citar meu nome e da minha dupla Guto & Anderson...Sou seu fã... e admirador de seus textos sempre nos faz refletir!!! Parabéns!
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