Treinador de futebol
tem que saber os fundamentos
principais de um jogo. Primeiro: como se defender e como atacar. A maior parte
de um jogo ocorre no meio de campo. Precisa-se, pois, de jogadores habilidosos
nesse setor.
Num time de futebol que se declara como tal não pode haver um
perna de pau qualquer. Todos os
jogadores teriam que saber dominar uma bola, recebê-la e amortecê-la como ela
merece, não deixar que ela se distancie mais de 30 centímetros do seu pé.
Sou convidado para ser técnico do Galo. Nesse aspecto vou
seguir a linha João Saldanha. Esse só escalava feras. Quero, portanto,
habilidade, competência, segurança em cada setor. Para início de papo, converso
com todos os atletas disponíveis.
Cada um vai dizer e um auxiliar escreve numa prancheta para
as devidas respostas: tem velocidade? Cai pela direita? É bom no drible? Sabe
tocar a bola, fazer tabelinhas? Bom cabeceador? Ótimo para fazer lançamentos?
Chuta dos dois pés.
O time está montado. Nada de inventar regras diferentes.
Essas nunca existiram. O segredo é cada um fazer o que sabe e tomar conta de
seu pedaço de grama. Nada de alguém fazer o que não sabe; por exemplo, Robinho
marcar, Gabriel atacar etc. e tal.
Agora começa a conversa ao pé do ouvido. Cada um tem um
encontro com o treinador pelo menos uma vez por semana. Conversa sobre os
problemas. Bate-papo que colhe também as
sugestões. Tudo anotado. Em seguida vem a psicologia positiva tal como a vida é
bela.
Chega o momento de preparar para um jogo. Veem-se os vídeos
do próximo adversário. Cada um faz as suas observações. Discutem-se qualidades
e defeitos do adversário. Novas conversar particulares. O treinador precisa
saber como levantar a moral de cada atleta.
Concentração. Motivação. Fim do medo. Hora de dizer cada um
para si: “Eu sou. E vou fazer o que sei!” Futebol é muito simples. Ganha quem
se dedica mais em grupo e sabe enganar o
adversário como num jogo de truco.
Tem que trapacear, sim. Como? Vamos jogar com um time mais
fraco e sabemos que esse time ficará na retranca. Perder um bom tempo jogando
também na retranca. É preciso mostrar ao adversário que está cauteloso e com um
pouco de medo. É preciso enganá-lo. Será essa uma forma de fazê-lo mudar de
ideia: atacar ao invés de defender.
Uma outra forma de jogar é começar o segundo tempo de tática
mudada e diferente da anterior. Agressividade total. O time parece dopado. O
adversário se assusta e se perde. É preciso dar a esse oponente agora uma
certeza: de que vai massacrá-lo. Não estou inventando nada. Essa tática era de
Elba de Pádua Lima, o famoso Tim.
Nada mais a fazer senão comemorar a vitória. Mas somente
depois do apito final. Sem abraços quando ocorrem os gols. Comemora-se uma
vitória depois de terminada a peleja. Simples assim. Ninguém segura o meu time.
Preço de meu contrato: zero real e livre de roupa suja e barriga lavada.
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