domingo, 24 de maio de 2020

OBRIGADO, DURÃES, POR NOS TORNAR DUROS NA QUEDA!


“A morte deixou uma dor que ninguém pode curar... Mas o amor deixou memórias que ninguém pode apagar.”

Amigos, nesta semana (23 de maio de 2020) recebi uma notícia que abalou o turismo brasileiro, mais precisamente o nosso querido distrito de Ipoema. Vou tentar anular a emoção para resumir: faleceu, aos 56 anos, o jornalista Alfredo Durães de Oliveira.

Diria o leitor que todos morrem. Melhor dizendo, desde quando nascemos  somos apontados como infalíveis mortais. Concordo e até acrescento: que estejamos preparados para tal ocorrência tratada com visões diferentes, mas que a Natureza diz, pela sua sabedoria singular, sem palavras, mas estampando sinais claramente reais: nascer, viver, morrer  não devem ser verbos dramáticos. Grande parte da humanidade sabe desta verdade.

Contudo, abro uma exceção para alguns cidadãos que partem para o outro lado da vida, os que têm projetos em andamento e caminham nesta jornada em que devemos ter, sim, a nossa programação pré-estabelecida. E não quero falar somente do jornalista Alfredo, que tão pouco conheci pessoalmente, mas da obra de que ele participou. Vou tentar mostrar o porquê da grandeza desta criatura que nos deixou prematuramente.

Sou um súdito singelo do reinado da vida ipoemense. Testemunha ocular de uma bela história. Apesar de muito me deslumbrar com o trabalho de tantos, e tento citá-los Eleni Cássia Vieira (pré-criadora, criadora e organizadora do Museu do Tropeiro), seu irmão Reinaldo Luiz Vieira (que se doa de corpo e alma ao torrão natal), Roneijober Andrade (o reconstrutor de Morro Redondo), Sérgio Mourão (fotógrafo e jornalista),  José Braz Torres Late (saudoso colega vereador que me apresentou ao distrito), Stael Azevedo (historiadora, professora e fotógrafa), Tangará (que descobri fazendo programas em alto-falante em preparação para a vida), Raimundo Afonso (ex-vereador e administrador), José Ignácio Vieira (ex-vereador e colega de trabalho legislativo), Onelvino Coelho (saudoso ex-vereador e colega de trabalho legislativo), Zé do Cachimbo (ex-vereador), Élio Quadrado (ex-vereador), Torrinha pai e Torrinha filho (ex-político e ex-vereador), Gerardo Lage (inesquecível amigo), Harcy Lage (saudoso e entusiasta fazendeiro), Marco Antônio Lage (dono do Hotel Fazenda Boitempo, notável jornalista e empreendedor), Ney Azevedo (que me acompanhou em visita às belezas da terrinha), Valério Adélio (amante incondicional do Distrito Sorriso, outros e outros e outros, desculpem as faltas e esquecimentos.

Disse eu um  apesar de tudo no início da ladainha acima e quase  me perdi. O apesar se se complementa  numa anônima figura que deixou um trabalho valioso e ainda vou falar muito sobre ela. Refiro-me à escultora internacional Vilma Nöel, que atendeu em apenas um segundo de balbuciar de palavras que sintetizaram um pedido nosso: a obra monumental que deixou como ornamento da Capela de Bom Jesus, do alto belíssimo daquela esculpida serra assim feita pela Natureza em Morro Redondo. Vilma Nöel, repito seu nome com o orgulho de ser amigo dela, acrescentando que aí está a bondade misturada com bênçãos divinas. Belíssima figura humana.

Jornalista Alfredo Durães (Foto do Facebook)

 Meu personagem já mencionei: o jornalista Alfredo Durães de Oliveira. E estas palavras são para a sua memória. Numa época em que o jornalismo brasileiro se encontra mergulhado em grande crise, valendo dizer que muitos de nossos grandes representantes na mídia  mergulham-se num descrédito inacreditável em resposta inapelável  dos leitores,  eis que este jornalista parte como imortal exemplo para todas as gerações. E deixa lições eternas e intocáveis.

Para finalizar, desejo apenas ressaltar:  Itabira e Ipoema  devem uma homenagem à memória de Durães. Ipoema é mesmo uma riqueza que se sobressaiu e se destaca  na Estrada Real. Fato inédito ocorreu em como o ex-distrito de Aliança conseguiu superar seus obstáculos  pela vida afora, tanto na tentativa de emancipação quanto na implantação de uma usina de álcool, e outras buscas e procuras de sustentáculo econômico. Mas não perdeu a fé e se ergueu a cada tropeço. Tornou-se forte. A união fez e faz a força. Importante declarar  que o jornalismo honesto e atraente, limpo e sem bajulação, ajudou na arrancada. Durães como inqualificável emblema, pela lealdade com que cultivou as riquezas da terra é um representante desta alavancada real e fantástica.

Enquanto não preparam um momento especial de reconhecimento ao trabalho empreendedor de Alfredo Durães, registro palavras que fluiriam de todos os filhos do distrito, mencionados ou não, omitidos pela fraqueza da memória:

OBRIGADO, ETERNO JORNALISTA  DURÃES! Continue, onde está, em sua merecida paz,  a nos ensinar ser duros na queda. Primeiro para suportar tão rude ausência. Depois para que nunca haja queda!

José Sana

Em 24/05/2020

Um comentário:

  1. Sana. O Durães foi parceiro em muitas frentes jornalísticas e fotográficas (amante da fotografia). Realizamos algumas parcerias nesse sentido. Era um cara sempre pronto pra uma nova aventura segura. Inteligente e bem mineiro, gostava de uma boa prosa e muito observador. Um cara bacana, diria. Agora, infelizmente tinha um grave problema, que atinge quase 90% de nossas antigas redações (pelo menos as que convivi): adorava um cigarrinho. Será que isso contribuiu para acelerar um processo que culminou levando-o para longe de nós?

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