terça-feira, 22 de junho de 2021

IRMÃ FRANCISCA: UMA BREVE HISTÓRIA DE FÉ E PERSISTÊNCIA

Itambacuri, 22 de junho de 2021. Neste dia, terça-feira, uma família e muitos amigos se reuniriam para celebrar uma série de aniversários transcorridos neste junho de muitas celebrações.  Contudo, veio a pandemia e impede. Mas elevar pensamentos  a Deus, tomar os exemplos e colocá-los a serviço dos acontecimentos é plenamente possível e vale como brinde de agradecimento.

 Antes, porém, a lista dos aniversariantes:

 Dona Emerenciana Rodrigues dos Santos, a mãe, completou 90 de vida bem-vivida;

— José dos Anjos, filho, 70, reforçando o grupo já repleto de  homens e que se destaca com uma  mulher;

— Maria Francisca  Ramos — é ela a que centraliza a comemoração , única do sexo feminino, uma ilha de fé e perseverança na luta, 50 anos de idade e 25 de vida religiosa, os fatos marcantes.

 

A CONGREGAÇÃO DAS CLARISSAS



Para abrir o começo desta história, é preciso uma palavra rápida sobre como esta trajetória foi iniciada. Em 1907, as Irmãs Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento descobriram, em Itambacuri, um belo futuro para nele nascer e prosperar uma unidade entre dezenas de outras que chegavam ao Brasil.

 A cidade foi escolhida para abrigar um convento e uma escola, sob a orientação de Madre Serafina de Jesus, a baluarte da caminhada e que tem seu nome gravado e venerado há dezenas de anos. A homenageada de hoje, Maria Francisca, tem a trajetória marcada pela vocação, desenvolvida no ambiente próprio, esta a primeira graça recebida.


DETERMINADA VOCAÇÃO



Completando 50 anos de idade, Maria Francisca Ramos relembra sua história de insistência e perseverança que sempre a acompanhou.

 Nascida na localidade, uma espécie de fazenda, Santa Rosa, proximidade da Vila Santa Isabel pertencente ao distrito de Frei Serafim, município de Itambacuri (MG), muita pobreza mas dignidade à sua volta, a vida começou decisiva para ela, quase não dando tempo ao temo.  

A força de integrar-se à Congregação, a luta sem tréguas entre os obstáculos que lhes eram apresentados, destacando-se o ser mulher entre quase uma dezena de  seres masculinos, desafios que, no entanto,  não a detiveram.

 A história decisiva de Maria Francisca, para simplificar, pode ser resumida assim: duas irmãs, Rosa e Miriam, a acolheram. Depois  da costumeira  triagem, a encaminharam a um encontro vocacional em Governador Valadares. Desse seminário saiu com a decisão dentro de si ainda mais fortalecida: “Serei freira, se Deus quiser!” Amadurecimento quase total.

De sua determinada decisão, Francisca ingressou no Postulando, em 1994, e Noviciado dois anos depois, esses passos em Belo Horizonte, na Congregação das  Clarissas Franciscanas, o seu norte na vida. Não demorou a tornar-se Irmã Clarissa Franciscana. Sonho realizado.


ESTUDO E PROFISSIONALIZAÇÃO



Voltando um pouco no tempo, suas primeiras  letras ocorreram ao seu redor, em Frei Serafim, distrito de Itambacuri, de reduzido número de habitantes. Ao alcançar o patamar do curso Fundamental, a menina, filha de Basílio Soares Ramos (in memoriam) e da agora nonagenária Emerenciana Rodrigues dos Santos, encontrou o amparo no casal Dona Amélia e “Seu” Ginu, logo na rua de frente à escola das irmãs, onde estudou e se tornou em parte itambacuriense. 

 Daí para a frente, o desafio seria chegar ao Ensino Médio, este foi  concluído com o Magistério, tendo sido seu ancoradouro o Instituto Regina Pacis, em Sete Lagoas (MG), onde estudava num período e em outro trabalhava  como auxiliar, atividade que lhe possibilitou sustentar-se.

A seguir, recebeu convite e seguiu para trabalho de dois anos em Redenção, Estado do Pará, onde exerceu a função de professora em escola infantil, construindo aí parte de sua experiência no magistério.

O retorno da  irrequieta Francisca a Belo Horizonte vem logo e ela ingressa na Uni-BH, onde inicia e conclui graduação em Fisioterapia, ano de 2009. Imediatamente, faz pós-graduação  no Instituto Mineiro de Acupuntura, agregando mais uma especialidade profissional ao currículo.

Difícil também é fazer uma listagem de suas atividades profissionais, mas em anotações à parte, que delas se extrai, além de atendimentos a idosos, de casa a casa, Irmã Francisca trabalhou, de 2013 a 2016, no Centro Geriátrico Frei Zacarias, em Belo Horizonte, e na Casa Santo Antônio, também na Capital, paralelamente, e até 2017.

De 2017 a 2020, Irmã Francisca passou a atender a comunidade de Campanário (MG) como fisioterapeuta, além de suas  incansáveis atividades domiciliares, especialmente, no chamado Convento das Irmãs de Itambacuri, a joia criada por Madre Serafina de Jesus lá no início do século XX.


A VIDA CONTINUA



Vamos a este dia mencionado, o hoje, 22 de junho de 2021. Eis aí a feliz  e ela se diz assim porque lutou sempre e segue vencendo.  A cidade que a acolheu desde a infância, Itambacuri, recebe-a de novo, onde está com vida, coragem intimorata e fé.

Reafirmando o lamento por não haver uma comemoração com a mãe, o irmão, a grande família e uma  legião de parentes e amigos, não vacila em  agradecer a Deus pelas graças alcançadas nesta luta que prossegue.

 A vida continua e deixamos aqui o abraço dos sobrinhos, primos, seguidores na fé de Irmã Miriam Natividade. Desejamos a você, Irmã Francisca, jovem cheia de força, que continue sendo abençoada por Deus e que a sua fé cinquentenária se espalhe para  todos os que entendem desta glória.

Amém e Abraços.

José Sana (em nome de toda a turma de Irmã Miriam)

 Em 22/06/2021


FOTOS: 

 Escola Estadual Madre Serafina de Jesus, preservada em Itambacuri

2 – Maria Francisca em culto religioso (missa)

3 – Ir. Francisca, graduada em Fisioterapia (depois pós-graduada em Acupuntura

4 – Dona Emerenciana ao lado da filha Francisca

 

 

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