segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

SENHOR SOCIALISMO: SÓSIA DO COMUNISMO

 Entrevista imaginária mostra, sem cinismo e marketing pernicioso, a verdade que o ser humano deveria adotar  na vida



Quando eu era criança, um de meus autores preferidos eram Olavo Bilac, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues e as revistas em quadrinho Gibi, Jerônimo, Cavaleiro Negro, Tarzan e outras. Cada um dos personagens na sua especialidade. Eu os lia com incrível apetite cultural que já me fazia rabiscar os livros, ou seja, marcar frases ou palavras relevantes. Nos livros, tenho-os ainda com marcas indeléveis.

Confesso que era mais assíduo no escritor, jornalista, dramaturgo Nelson Rodrigues, nascido em 1912 no Recife (PE) e falecido no Rio de Janeiro (1980), onde viveu o maior tempo da vida. Essa assiduidade se explica porque era ele assinava cronistas em jornais da minha adolescência. Não deixava escapar no então respeitado O Globo,  em duas páginas diárias, a esportiva e a literária.

Entrevistas imaginárias eram tipos de conversações que, geralmente, combatiam a ideologia opositora. Por exemplo, o arcebispo de Olinda (PE), Dom Hélder Câmara, tinha o perfil que ele mais combatia. O “religioso” para ele era um ateu: “Só olha aos céus para ver se leva o guarda-chuva”. Nas entrevistas  ele chamava a atenção pelas metáforas, as mais ousadas e divertidas.

No terceiro ano primário, eu era presidente do Grupo Literário Olavo Bilac, mas sempre estava escrevendo sobre  aquele que abordava futebol, a vida como ela é e as entrevistas imaginárias. Esta última é o meu tema de agora. Quem serve de testemunha, a exemplo de que Nelson usava a cabra vadia observadora. Como já usurpei o título desta página, preferi manter a peculiaridade familiar e optei pelo Bom Cabrito, meu sempre fiel personagem e escudeiro.

SOCIALISMO, NOSSO FOCO DE HOJE

PERGUNTA — Como o senhor, caro Socialismo da Silva, define-se, falando a mais pura verdade, sem nenhum medo de errar?

RESPOSTA Eu sou ideário político e econômico, registrado em cartório e benzido em igrejas, concebido no contexto da Revolução Industrial, em fins do século XVIII e meados do século XIX. Tendo por princípio basilar a igualdade, fui construído em contestação ao Capitalismo, que naquele período operava sem nenhuma forma de regulação ou legislação trabalhista que conferisse aos trabalhadores. Assim fui concebido por Karl Marx. Os seguidores são os irresponsáveis.

PERGUNTA — Por que irresponsáveis?

RESPOSTA Ora, Marx, alemão, meu inspirador, e outros, criaram-me e bordaram-me para fazer todo mundo ser pobre, ou melhor, miserável. Mas, no fim, criaram uma nova classe elitizada, mais distante ainda da massa trabalhadora, que só sabe mamar. São esses aí, representados internacionalmente por George Soros e Bill Gates, entre outros.

PERGUNTA — Por que omitem  duas palavras significativas em sua vida: Comunismo, como seu nome próprio, e Friedrich Engels, como comparsa de criação? Fale sobre a Revolução Russa de 1917, se puder...

RESPOSTA A Revolução Russa, ocorrida em 1917, foi um conjunto de eventos sociais e políticos que alteraram a estrutura do país. A Monarquia Autocrática foi substituída por um Governo Provisório e, depois, houve a formação e consolidação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sob o comando de Lênin. Começaram propondo uma revolução socialista, mas ficou na história como comunista. Foi um erro, constataram depois.

PERGUNTA — E Friedrich Engels, esquecem dele por quê?

RESPOSTA Engels era uma espécie de financiador das ideias, porque Marx nunca trabalhou, só ficava pensando, matutando. Na verdade, era um bobo-alegre, não sabia nem se era alemão ou russo ou londrino. Publicou alguns livros, mas diziam que era ajuda do Marx. E tinha a nacionalidade alemã também. Financiou obras de Marx, era industrial e muito rico.

PERGUNTA — Por que revolução e não golpe?

RESPOSTA Assim como optaram por determinar o apelido Socialismo no lugar de Comunismo, falam em revolução onde deveria estar escrito golpe. Geralmente, a esquerda gosta de fazer suas denominações, enquanto a direita prefere nem ligar. Podemos falar disso também.

PERGUNTA — O que o senhor diz da Revolução Cubana?

RESPOSTA Belo exemplo de sacanagem que esses gananciosos fazem para dominar um país. Cuba vivia sobre a ditatura socialista de Fulgêncio Batista e, de repente, chegam Fidel Castro e Chë Guevara. A dupla de demônios foi aceita porque o povo não suportava mais Fulgêncio. Facilmente, em 1959, arrancaram do poder o ditador e instalaram uma tirania. Tudo às escondidas, sorrateiramente. E no poder está família Castro até os nossos dias. O velho faleceu, mas deixou para a sua família uma ilha de luxo, com iates e haréns. Raúl Castro, o mais novo da família, governa e mantém o povo paupérrimo.

PERGUNTA — Qual é o método que a esquerda usa com o objetivo de conquistar o aceite do povo quando querem lhe implantar num país?

RESPOSTA Eu começo a ser citado e tenho até autoridades e militantes com o meu nome. Dizem, por exemplo, Partido Socialista Brasileiro. O meu nome é bonito, mostra que há caridade e outro tipo de ajuda dentro do sistema. Mas, aí está o primeiro golpe porque meu prenome é mesmo Capitalismo. O método tem que visar ao empobrecimento principalmente da classe média. Para acabar com ela, estabelecem um método bem definido de aumento de impostos, estatização de empresas e outros métodos como saques nos supermercados e nas indústrias. A classe miserável sobe um pouco e fica na faixa da pobreza e a média desaparece, caindo para ser plebe.

PERGUNTA — Você ama a Democracia ou prefere a Ditadura?

RESPOSTA Na verdade, a Democracia é uma senhora de muito respeito, bonita, simpática, culta, mas para que eu sobreviva precisam da Ditadura. Ninguém aprecia ter a Liberdade cortada. E há um outro problema ainda mais sério, a meu ver.

PERGUNTA — Qual é esse problema?

RESPOSTA Refiro-me à poda de galhos importantes de uma árvore, como inteligência, motivação, gosto da cultura, estímulo, empreendedorismo. Se o sujeito vive de poupança solidária, como em Cuba, e vigiado pela censura, sua vontade de viver praticamente reduz, não tem motivação, deixa de lado o que há no ser humano, a semelhança com Deus. Outro fator é o livre arbítrio, pois esse é que permite ao homem e à mulher alcançar senso de caridade, bondade, ou o contrário, covardia, ruindade. Se nos obrigam a ser bons e não somos trata-se de forçar a natureza, como ser bom sem vocação nada é bom mesmo.

PERGUNTA — A falta de liberdade gera o empobrecimento do povo?

RESPOSTA Isto. Não se explora a vocação de cada um e todos os humanos nasceram, cada um com um dom. Quando não o respeitam, tornam-se até cruéis...

PERGUNTA — Mas você não acha que o Capitalismo também fere o dom da pessoa?

RESPOSTA De jeito nenhum. Ele até desperta um certo sentimento de caridade. Passam os seres a perceber que precisam ser sociais, livres, verdadeiramente bons ou maus. Este o sentido da vida.

PERGUNTA — Há uma grande pergunta que o ser humano faz e está quase sempre sem resposta: qual o sentido da vida?

RESPOSTA É claro que se vocês, da raça humana, não procuram descobrir, nunca entenderão o que fazem na vida, no Globo Terrestre, jamais serão plenamente felizes. Posso lhe dar, como autêntica bondade que tenho, única — não se esquecendo que sou perverso, mau, hipócrita, cínico — a análise do contexto demonstrado nas mudanças ininterruptas no giro da própria vida, do passar do tempo etc. e tal.

PERGUNTA — Nós (o Bom Cabrito e eu) lhe agradecemos a sua bondade concedida nesta conversa.

RESPOSTA Estou às ordens e já pode me chamar de Comunista Ferrenho, quase Fascista e Nazista.




José Sana - RJ - 09/01/2023

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