Todo mundo crê que seja imortal, só não acredita que vai passar dos 80; quando chega a ser octogenário, tudo parece surreal e renasce a satisfação de viver; finalmente, crê que somos mesmo imortais, só não sabe quem não quer saber; e viva a vida!
Veja detalhes de uma viagem inesquecível à Itália de 26 de dezembro de 2024 a 12 de janeiro de 2025
1. Quando eu tinha 12-13 anos, por aí, me preocupava com a idade de meus pais, avós, tios, primos, amigos. Vivia fazendo contas mentais sobre o tempo que lhes restava para viver. Morrer sempre era a grande preocupação. Certa vez, no terço da noite que meu pai rezava com a família, ele fez um pedido meio solene: “Eu peço a Deus que me leve mais cedo que todos”. O pedido dele foi aceito. Faleceu, como diz dr. Colombo, “como um menino”, aos 75. Deixou sua Itália, nome do país que visitamos agora. Essa foi a quarta vez que estive no país de meus antepassados.
2. Em agosto de 2024, ou antes, nosso filho André mandou me perguntar se eu topava uma viagem à terra de nossos antepassados italianos, em janeiro, quando eu completaria 80 anos de idade e nós – Marlete e eu – 55 de união matrimonial. Topado, eu já estava preparado para o enigmático oitenta. Só imagino que ele – André – vivia meus anos 12-13 e se preocupava comigo e, naturalmente, com a mãe.
3. Clarissa, nora, preparou tudo para viagem, considerando que fala, escreve, ouve e canta em inglês melhor que o resto do mundo. De nossa turma tínhamos também Carol e Paulo poliglotas, que chegaram depois. Com o meu francês meio capenga, também deixei tudo para nossa guia. E embarcamos em Confins em 26 de dezembro de 2024 rumo à Itália, detalhadamente Roma, primeiro destino. A lista de passageiros: André, Clarissa, Elis, Clara, Marlete e eu, exatamente meia dúzia de todos com o sobrenome Sana. Passeamos Roma inteira em 27, 28, 29, 30, 31/2024 e 01/01/2025.
4. O grupo aumentou no dia 31/12/2024 com a chegada de Carol (uma de minhas oftalmologistas gratuitas e gentil), sua filha Esther e o marido Paulo, o Faz Tudo por Nada em Troca. E promovemos a virada do ano dentro de nosso segundo apartamento, agora em Florença, tudo contratado por Clarissa/André.
5. Itália, país europeu, costa do Mediterrâneo, marcado pela culinária e cultura ocidentais. Roma, é a capital, junto ao Vaticano, esse um país pequeno e independente que abriga obras de arte monumentais e ruínas antigas. Visitamos várias províncias e apreciamos todas. Incluem-se entre os bens pagãos o Coliseu, onde o principal “esporte” era o “pão & circo” e marco religioso a matriz de Santa Maria de Margione, toda de ouro.
6. Florença nos deteve a partir do dia 01/01/2025, quando festejamos o novo ano e saudamos o neto Ruan Sana Avelar, que completou 26 anos, sem pirraça (“Vamos pôr manha no Avelar”) e cantamos o hino de seu nascimento em BH). E vai se formar como Engenheiro Elétrico daqui a uns meses.
7. De Florença curtimos os arredores. André buscou, em Roma, um super Doblô, alugado por ele, que revezou na direção com o Paulo Faz Tudo (fala mais idiomas que Eliezer Batista). E rodamos sem parar. Depois as caminhadas. No princípio, segundo André, eu fazia 5 km/hora. Depois, passei de 100 e não fui multado. Aí, tivemos uma noite genial porque eu chegava nos 80 às 16 horas, segundo Vó Maria. Parabéns, abraços e beijos. Esther me encantou com o carinho especial. Difícil ganhar um prêmio deste.
8. Lucca é uma comuna à beira do rio Serchio, na região italiana de Toscana que lá aportamos. É conhecida pelos muros renascentistas bem preservados que circundam o centro histórico e suas ruas de paralelepípedos. Vias arborizadas, amplas, ao longo da parte alta dessas enormes fortificações dos séculos 16 e 17, muito usadas para passeios a pé e de bicicleta. A Casa di Puccini, onde nasceu o grande compositor, é hoje um museu de ópera, é hoje um museu. Vizinhanças: Monte San Quirico, Pontetetto, Santa Maria a Colle.
9. Pisa, aguardada com curiosidade, é uma cidade na região de Toscana, mais conhecida por sua famosa torre inclinada. O cilindro de mármore branco de 56 metros, que já tinha certa inclinação quando foi concluído em 1372, é a torre do sino da catedral romanesca de mármore listrado adjacente, situada na Piazza dei Miracoli. Na praça também estão localizados o Batistério, cuja acústica de renome é demonstrada diariamente por cantores amadores, e o cemitério Camposanto Monumentale. Passamos longas horas aí, hospedados no apartamento de Florença. Fotos à vontade e exibições sensacionais de nossa grande-pequena Clara com seus saltos em trampolim. Clarissa debulhava o seu inglês perfeito e nos deixava sem função nesse pormenor. De vez em quando, na minha burrice informal, ela resolvia problemas com orientais (chineses e japoneses). E eu mais vigiado que gato de madame. Tinham medo de meu sumiço. E até Clarinha me cercava de vez em quando.
10. As conclusões nossas eram tiradas a cada tempo. Uma observação sobre o frio era quase completa. Por exemplo, completamente diferente do nosso. Não causa efeito colateral, como o frio brasileiro e ainda limpa o aparelho respiratório. Vou dizer que, pelo menos até agora, voltado à minha Itabira poluída, a rinite está me dando trégua. Podemos dizer que visitamos a região rica italiana, pela movimentação nas ruas culturais das cidades. Não houve, não vimos sequer um gesto nas vias de sintomas de violência.
11. O sol de Toscana lembra vários filmes muito conhecidos de quem aprecia essa cultura local. Toscana é uma espécie de estado, localizado no centro italiano. Florença é a capital que abriga algumas das obras de arte e arquitetura renascentistas mais reconhecidas do mundo, como a estátua de Davi, de Michelangelo, as obras de Botticelli na Galleria Degli Uffizi e a Catedral Santa Maria del Fiore, o Duomo. Visitamos, almoçamos e nos deliciamos diante da obra de Michelangelo. Quando a noite ia chegando, saíamos rumo ao apartamento ao centro de Florença.
12. Outra cidade visitada pela turma dos 80/55 (80 de idade e 55 de matrimônio) foi Siena. Siena, da região da Toscana se mostra diferente por suas construções da Idade Média feitas de tijolos. A praça central, Piazza del Campo, tem formato de leque e abriga o Palazzo Pubblico, Câmara Municipal da cidade em estilo gótico, além da Torre del Mangia. Com 17 bairros históricos, optamos por fazer um passeio de bondinho elétrico para dois grupos, dois bondes, intermeados com degustação de alimentos e um farto almoço.
13. Caminhamos por praças antigas, visitamos catedrais, igrejas, fortalezas e torres construídas na Idade Média. Constituíram o nossos tempo – 4 dias e 3 noites em Siena. Alojamo-nos em uma casa luxuosa na zona rural, que fica perto das atrações turísticas. Vimos, conclui que a riqueza atrativa do mundo todo advém do capitalismo. A arte, a beleza, o restante, podem compor o socialismo. Mas há a conclusão, infelizmente ou felizmente, sem o capitalismo não há salvação. O próprio Karl Marx escreveu que “a história é econômica”.
14. Chegamos a Veneza. A curiosidade nossa era muito acima do que qualquer um pode imaginar. André havia feito a entrega do carro alugado, mas não ficamos a pé. Entramos numa chalana, ou táxi chalana, dentro do mar e rapidamente estávamos saindo num apartamento vip, de luxo, em Veneza, capital da região de Vêneto, no norte da Itália, formada por mais de 100 pequenas ilhas em uma lagoa no Mar Adriático. Na praça central, Piazza San Marco, ficam a Basílica de São Marcos, coberta de mosaicos bizantinos e o campanário, com vista para os telhados vermelhos da cidade. Naquele arquipélago residem cerca de 250 mil pessoas, que têm nas vizinhanças, entre tantas comunas, Castelo, Cannaregio, Dorsoduro e San Marco, numa área de 412 km². A altitude não poderia ser mais que 2 metros.
15. Depois da chegada triunfal numa sala VIP (disse eu e a recepcionista riu), fomos alojados e nos preparamos para o almoço, como sempre lá para as 16 horas, principalmente porque as quatro horas de fuso horário. As perguntas chegavam de todas as pessoas que me acompanhavam, via online, na viagem: “Não vai passear de gôndola?” Eu respondia um “não” bem rachado, o medo da água em mim é mais ou menos septuagenário, já me afoguei seis vezes no rio Preto de São Sebastião do Rio da mesma cor.
16. De Veneza a Milão revivi um velho sonho de criança, quando viajei de trem de Belo Horizonte a Ouro Preto com meu Vô Seraphim Sanna e tia Alina, exatamente em 1951. De novo, agora num equipamento moderníssimo, viajamos em cerca de uma hora e meia, uma experiência genial, trem macio e sem barulho. Avisos em italiano e inglês e visuais, espaços largos para acomodação de passageiros.
17. Agora, Milão. Vamos ver o que é essa metrópole e vamos aproveitar para conhecer os seus mais importantes pontos turísticos. Primeiramente, gostaria de lembrar a história tratando a revolta dos italianos no fim da II Guerra Mundial. O julgamento dos nazifascistas ocorreu rapidamente, as figuras criminosas foram executadas e os corpos expostos na Piazzale Loreto, Lá e nas ruas transversais, em 2 de maio de 1945, foram vingados. Findava assim a longa ditadura fascista sobre o povo italiano. Benito Mussolini tentou fugir para a Suíça e Áustria, mas foi interceptado pelos partigiani. E fuzilado em 28 de abril de 1945, em Giulino. Seu corpo também foi levado para a praça Loreto e retalhado em mini-el duce, dizem os mais revoltados.
18. Em Milão há muito o que ver, mas tivemos que nos deter também na Catedral (ou Duomo). Uma beleza contagiante, que fechou com chave de ouro a nossa visita à Itália, completando 18 dias no país maravilhoso, terra de meus (ou nossos) avós Giovanni Palmerio Sanna e Mariantonia Saba Sanna. Vamos tentar visitar, espero que em breve e ver se nossos filhos e netos pegam um passaporte definitivo. Obtendo-o na Itália, estamos livres para circular no continente europeu.
19. Abordando um outro detalhe da viagem, o frio na Europa é mais rigoroso do que o brasileiro, com temperaturas mais baixas e dias mais curtos. A temperatura varia de acordo com o país e a região, sendo mais amena no sul e mais rigorosa no norte. As estações do ano na Europa são invertidas em relação ao Brasil. Quando é inverno no Brasil, é verão na Europa (Google). Aproveitando o frio super friento bebemos boas garrafas de vinho. Não foi feito o balanço. São mais de centenas de milhares.
20. Clara, Elis, Clarissa, André. Esses quatro fizeram conosco muito mais que se pode imaginar. Do dia 26 de dezembro de 2024 a 12/01/2025 ficamos por conta deles, sem despesa e ainda recebendo favores. Eles pagavam com amor e carinho também o que éramos obrigados a fazer pelo futuro de todos. Viajamos de carro particular em acesso e chegada a aeroportos, chalana, táxi térreo, uber, metrô, trem continental, veículos particulares alugados; hospedamos em apartamentos alugados com todas as regalias, em hotel e cercados de carinho, cuidados especiais. Vivemos uma vida de rei e rainha como Alice no País das Maravilhas. Assim são os nossos filhos, aqueles que receberam uma educação simples e levada com amor e reciprocidade. Se houve algum deslize, não há que reclamar porque filho-pai-filha-mãe são sentimentos divinos. Ainda vamos ter outras viagens, encontros, parcerias, a paz interior é a nossa maior conquista.
21. De minha parte, em particular, sou feliz pelos filhos e pela escolha que fiz, com a ajuda de Deus, de minha companheira de mais de 55 anos de convivência.
22. Deus seja louvado, nem meio acidente!
PS-1: Meu currículo simplificado: comecei a trabalhar aos 9 anos em loja; acumulava as funções de prender bezerros, arar terra como guia de bois, engraxar sapatos. Trabalhei ainda em empresas gigantes (ArcelorMittal e Vale). Contabilista, Apropriador, Assessor de Imprensa, Editor de revista. Colaborador de jornais regionais (O Passarela, Folha de Itabira, Hora H, A Notícia). Não parei ainda, graças a Deus. Aceito emprego compatível com minhas profissões. Estou inteiro e viajo. Cabelos brancos não representam decadência.
PS-2: Passar dos 80 é moleza (Eu). “O que amola são os cuidados que outros têm com a gente, pensando que precisamos ser assim... assim... assim...e que vamos cair”(José Vanderley Duarte Morais).
PS-3: Anotações esquecidas) a) — anotei que, mesmo dentro de uma multidão nas cidades italianas, incluindo aeroportos, não constatamos a existência sequer de pelo menos ua mulher grávida. Será que o Velho Mundo virou uma China? b) — o custo de vida na Itália é altíssimo, mas quem trabalha recebe valores compensatórios. c) — ladrõesinhos de pequenos saques parece não existirem na Itália. d) — anotadas uma a uma as pessoas parecidas e multiplicadas: os Claudinhos não existem tão exageradamente como no próprio Brasil. e) — o consumo de vinho foi algo do outro mundo, ninguém conseguiu contabilizar, o frio compensava.
PS-4. Para rir pelo menos no final:
Um amigo meu disse a outro amigo (mui amigo!):
— Você sabia que o Zé Sana é octogenário?
— Que absurdo! Com aquela idade toda ainda é octogenário?!
Até o nonagenário.
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