Com as proximidades das eleições de 2026,
abrem-se as cortinas do espetáculo das assombrações em Itabira: fantasmas
começam a aparecer e agora, depois da Loira do Parente vem a Loura do Caminho
Novo
O tempo passou, mas os fatos de outros mundos
continuaram atuais em Itabira. A Loira do Parente, que deu sopa no centro da
cidade em meados de 1940/1945, em conto
narrado pelo saudoso Marconi Ferreira, acabou dando a entender que retornava 40
anos depois, tendo como vitima ou privilegiado outro funcionário da própria
Vale, um motorneiro da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), solteiro, 25
anos, frequentador inveterado de zona boêmia, nos locais chamados Sozinho, Maria
Escurinha, Zezé e outros meretrícios menos frequentados.
José Queiroz o preferido da bela mulher de intensas
madrugadas. Nem podia ser outro, trata-se de José Dimas de Queiroz, este o nome
próprio dele de cartório e pia batismal, o personagem desta assombrada
aventura. De vez em quando chamavam-no de Queiquei, que usurpava a coragem dos
amigos por meio de cachaça, vodka, uísque que bebia do copo alheio.
Ultrapassava a linha divisória da razão a ponto de realizar algo que ninguém
imaginava desafiar almas do outro mundo.
QUEIQUEI OU QUEIROZINHO?
Zé Queiquei tinha o dom de fazer muitos amigos, mas
com uma ressalva. Seu fraco, ou forte, como ele dizia, era sexo, mulher, até
esporte, futebol não o interessava tanto. Como exemplo, tinha uma camisa do
América Mineiro, só, às vezes dizia que era americano porque seu pai tinha uma
certa simpatia pelo time verde.
Ultimamente algo que tomava o tempo de Queirozinho
(era assim que seus pais o tratavam, além de Queiquei) a visão de uma mulher
alta, loira, bem-vestida, de saltos altos, de passos elegantes, bonita, bem
maquiada, lábios carnudos, passos firmes
no meio das pedras e terras, nas madrugadas (precisamente à meia-noite).
Ela o olhava cada vez com mais força nos olhos dele, detidamente, e desaparecia
na mesma curva.
A curva era da
rua Prefeito Virgilino Quintão, caminho do bairro Água Fresca, passando
inicialmente pelo Cônego Guilhermino. Queiroz não suportou guardar para si o
seu segredo, contou a um amigo , Joaquim Fujico, este o tarado realmente, cujo
caso seremos obrigados a focalizar em breve, vamos estudar, a história de uma
mulher diferente que vagou pelo bairro Penha.
A LOURA DO CAMINHO NOVO
Mas voltemos à Loura de Queirozinho, atraente, que
tirava a paz de nosso personagem, ele conta, primeiramente, para seu amigo
Fujico, cujo segredo era marcante. E o caso caiu no conhecimento até de
medrosos e mais velhos que evitavam falar de fantasmas. O caso da Loura do
Caminho Novo já parecia o retorno da Loira do Parente, comentavam antigos
frequentadores da Avenida Martins da Costa, em frente a sede da Banda Euterpe
Itabirana.
“Não pode ser a Loira do Parente” — protestou a
unanimidade da roda de cerveja em
um bar próximo ao meretrício. Um mais
eloquente, Mané Rapadura deu até um murro na mesa que quase caiu e entornou as
bebidas pelo chão da água que escorria. Rapadura, amigo de Sônia Doida, repetiu
tanto que até Zezinho, do João XXIII, que já estava “chapado”, questionou: “Por
que não? Pode ser a mesma figura, uai!”!
A resposta veio
com ar de gente que conhece a fama de Itabira, tanto a história quanto a
reputação, que calou os demais, a partir da boca de Geraldo Majela (com j
mesmo, alertava ele): “Porque são passados quase 80 anos que a Loira do Parente
dançou e desapareceu e nesse tempo, ela já padeceu no inferno ou no purgatório,
ou no céu”.
Obrigatoriamente, a Loura era vista no antigo e
lendário chamado “Túnel da Estação”, passagem para pedestres próxima à Estação
Ferroviária para passageiros, às vezes sem iluminação, chamado por uns de
assombrado (vide foto)
Silêncio total no ambiente do bar e fora dele , cujas
cadeiras se arrastavam pela esquina da Virgilino Quintão, ocupando parte da rua Turquesa, até que pintou no local o
primeiro, ou talvez o único privilegiado que via — de ver com os olhos — a Loura do Caminho Novo com assiduidade. Ele,
cansado de ser procurado pelos curiosos para narrar o caso, naquela noite de
fim de século, resolveu abrir o verbo. E que verbo, até uma frase que parece um
pleonasmo veio de um participante: “Olha pra você ver ou ouve pra você ouvir”
Queiroz, que talvez tenha espiritualidade profunda,
deixou a sua opinião sincera: “A mulher que vejo sempre não é do Além neca
nenhuma, como foi o caso contado pelo “Menino da Mina”, o Marconi. A loiraça que observo todos os dias, ou de saias compridas, ou de short, dependendo do
clima, frequenta salões de beleza por aí, faz sempre unhas e maquiagens, usa batom avermelhado, combinando com alguma roupa do
corpo, não é manjada como algumas da vida, tem os cabelos pintados de cores
variáveis e, o mais interessante é que
sorri sempre com um ar otimista e me cumprimenta com muita simpatia...”
— esclareceu o “privilegiado’ rapaz,
gabando-se do seguinte: “Ambos estamos apaixonados”.
“O incrível é que a Loira nunca subia o morro se eu
não estivesse indo para casa, jamais a vi
em outro horário, senão naquele tempo em que Machado de Assis contava
casos de assombrações. Isso me
deixa um pouco desconfiado” — afirmou
Queiroz. Já levei amigos até ao alto da
rua, dobrando a esquerda sempre, acima do
Premem, desaparecendo no Cemitério da Paz, mas só eu consigo ver. Quando o
coveiro está por lá, adeus, Loira, ela some”.
COMEÇA A ELEIÇÃO 2026
A Loura do Caminho Novo atravessava o Túnel da Estação
Assunto encerrado naquela noite, José Queiroz resolveu
demorar um pouco para subir para casa, o relógio marcava 23 horas e tanto, quase meia-noite. Fez hora
num outro bar e só depois tomou o rumo
de casa. Viu a Loira chegar junto dele depois da passagem do trem acima, no
túnel. E ela parecia iluminada, risonha, a tudo atraindo na sua perspectiva. E
o Queiroz queimava de excitação.
“A Loira existe”, assim como a Loura, pensou consigo mesmo. E
mais surpreso ficou ao manjar os longos
braços que o entrelaçavam
carinhosamente o pescoço e o puxavam para junto de si, fazendo-o sentir um
perfume super agradável, logo ele que detestava muitas fragrâncias comuns.
Queiroz suspirou. O casal caminhava na
subida, beira da calçada, até que ele resolveu soltar o som de sua garganta
quase entalada, depois de ouvir e vibrar com a voz fina de menina nova, a frase
que ficaria gravada como inesquecível em sua memória: “Querido”.
“Queiquei, sou sua”, continuou a Loira, fazendo
estremecer nos seus 25 anos que pareciam de adolescente. Ela mesma adiantou o
que ele mais sonhava: “Somos da mesma idade”. E ele se assombrou ao ser chamado
pelo apelido.
Então, emocionado, José Dimas soltou a voz: “Te vejo
muito aqui, subindo esta rua, você vem sempre à meia-noite... Me estranha
demais. Não tem medo de algum louco ou
até mesmo qualquer bandido a atacar, pois é nova e bonita?”
A Loira não teve
o receio de dar-lhe uma resposta e fê-lo com relativa simplicidade,
retirando o braço de seu ombro, mostrando que estava de axilas depiladas, que
era higienicamente caprichosa como a sua beleza:
“Não, menino, não tenho receio de ser agredida”.
“Não tem?” — retrucou Quim — “Me explica de onde vem
essa coragem!”
“ Quando eu era viva, sim, era medrosa, hoje, não”!
Nesse momento houve o desmaio. Do rapaz, sim. Que
acordou dentro da ambulância do Samu quando era encaminhado para atendimento no
Hospital Nossa Senhora das Dores.
Zé do Burro
Imagens: secretas
P.S. 1: As loiras que andam por aí podem desconfiar, que sejam personagens deste conto, mas que fiquem
sossegadas, ainda vou revelar o nome dessa, quando era viva. Eu só aviso: sejam
condescendentes e não ataquem o Zé do Burro que isso pode estourar.
P.S. 2: Para quem quer saber de antemão, o nosso primeiro objetivo é salvar Itabira. Tirá-las das mãos dos malfeitores incompetentes que a tomaram no peito e na raça.
E chega ao cemitério à meia-noite com chuva ou sol
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