Hoje ele
faria 75 anos. Disse-me na véspera: “Não quero morrer, mas estou indo...” No
dia seguinte, em seu sepultamento, gritei com a força de nossa estima: “Marcos,
você venceu!”
Passei o dia
(até agora) tentando não me lembrar dele, pois é certíssimo que se encontra em
bom lugar. Sou mesmo um memorialista, nunca me esqueço de fatos importantes
ocorridos desde quando tinha meus 5 anos de idade.
Estávamos em
São Sebastião do Rio Preto. Era uma terça-feira, 21 de março de 1950. Vovó
Maria corria como uma coelhinha com tarefas a cumprir. O acontecimento se dava
no sobrado da família, localizado na Rua do Rosário. A farmácia não teve suas
portas abertas. Tenho apenas as dúvidas se abriram na parte da manhã.
O pai, Tio
Líbio, tremia e fumava como uma chaminé das usinas metalúrgicas. Eu ali, com
meus 5 anos e Mercês com seus 7 fomos “expulsos”
do sobrado, para a minha casa, o sobrado da loja. Criança não pode ainda saber
como nascem os bebês. A cegonha, ou um aviãozinho impediam.
Disse alguém
nos nossos ouvidos que Didi, filha de Lindaura, que chamávamos Salinda, nome
próprio de cartório e pia batismal Maria
Effigênia Duarte (depois Sana) tinha dado à luz a um meninão que Vó Maria
chamou imediatamente de “Bolota”.
E ela, então
escritora do registro civil particular familiar, escreveu no seu caderninho de
apontamentos: “Marcos Humberto Sana nasceu em 21 de março de 1950, às 5 e 35
horas da tarde. Padrinho: Alfeu Sana e Zica”.
Ao sermos mandados
para o sobrado da Rua de Cima, só observei que havia algo ocorrendo no quarto
de dentro, à esquerda, onde Mercês dormia até se casar.
Já escrevi
muito sobre Marcos. Dispensável repetir. Não choverei mais no molhado. Só quero
deixar uma palavra: por fruto de seu nascimento, sua existência, sou afilhado,
compadre e sobrinho de Tio Líbio, meu sempre eterno babá.
Diziam as bocas pequenas que eu sempre fui “morrinhento”.
A memória mostra que nunca Marcos e eu tivemos uma troca de pirraça mesmo passando
a infância na casa de Vó Maria, quando não estava na Fazenda dos Bambus
brincando com Edson e Edilon. E a meninada alegre de Tia Magda.
Só saudade e,
finalmente, durante três anos, acompanhei a sua agonia mais no WhatsApp.
No dia mais
triste que existiu para nós, ao sair do cemitério, onde foi depositado seu
corpo, soltei o meu grito: “Marcos, você venceu!”. Aos prantos engasgados, a
partir de sua filha Fernanda, vozes me acompanharam: “Venceu!”
E como
venceu! Obrigado, por ter existido. Aprendemos muito.
José Sana
Em 21/03/2025
Fotos/Imagem: NS
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