sexta-feira, 21 de março de 2025

ELE VENCEU DE GOLEADA, COMO DIZEM NO FUTEBOL


 


Hoje ele faria 75 anos. Disse-me na véspera: “Não quero morrer, mas estou indo...” No dia seguinte, em seu sepultamento, gritei com a força de nossa estima: “Marcos, você venceu!”

 

Passei o dia (até agora) tentando não me lembrar dele, pois é certíssimo que se encontra em bom lugar. Sou mesmo um memorialista, nunca me esqueço de fatos importantes ocorridos desde quando tinha meus 5 anos de idade.

Estávamos em São Sebastião do Rio Preto. Era uma terça-feira, 21 de março de 1950. Vovó Maria corria como uma coelhinha com tarefas a cumprir. O acontecimento se dava no sobrado da família, localizado na Rua do Rosário. A farmácia não teve suas portas abertas. Tenho apenas as dúvidas se abriram na parte da manhã.

O pai, Tio Líbio, tremia e fumava como uma chaminé das usinas metalúrgicas. Eu ali, com meus 5 anos e Mercês com seus 7  fomos “expulsos” do sobrado, para a minha casa, o sobrado da loja. Criança não pode ainda saber como nascem os bebês. A cegonha, ou um aviãozinho impediam.

Disse alguém nos nossos ouvidos que Didi, filha de Lindaura, que chamávamos Salinda, nome próprio de cartório e pia batismal  Maria Effigênia Duarte (depois Sana) tinha dado à luz a um meninão que Vó Maria chamou imediatamente de “Bolota”.




E ela, então escritora do registro civil particular familiar, escreveu no seu caderninho de apontamentos: “Marcos Humberto Sana nasceu em 21 de março de 1950, às 5 e 35 horas da tarde. Padrinho: Alfeu Sana e Zica”.

Ao sermos mandados para o sobrado da Rua de Cima, só observei que havia algo ocorrendo no quarto de dentro, à esquerda, onde Mercês dormia até se casar.

Já escrevi muito sobre Marcos. Dispensável repetir. Não choverei mais no molhado. Só quero deixar uma palavra: por fruto de seu nascimento, sua existência, sou afilhado, compadre e sobrinho de Tio Líbio, meu sempre eterno babá.

Diziam  as bocas pequenas que eu sempre fui “morrinhento”. A memória mostra que nunca Marcos e eu tivemos uma troca de pirraça mesmo passando a infância na casa de Vó Maria, quando não estava na Fazenda dos Bambus brincando com Edson e Edilon. E a meninada alegre de Tia Magda.

Só saudade e, finalmente, durante três anos, acompanhei a sua agonia mais no WhatsApp.

No dia mais triste que existiu para nós, ao sair do cemitério, onde foi depositado seu corpo, soltei o meu grito: “Marcos, você venceu!”. Aos prantos engasgados, a partir de sua filha Fernanda, vozes me acompanharam: “Venceu!”

 

E como venceu! Obrigado, por ter existido. Aprendemos muito.


José Sana

Em 21/03/2025

Fotos/Imagem: NS

 


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