Crise, que os conscientes previam para estourar em 2041, bate forte nas portas itabiranas com antecipação de 16 anos. O primeiro a pagar será quem não poderá mais fazer política com falta de dinheiro, a exemplo do seu dia a dia
Nesta quarta-feira, 4 de junho de 2025, no auditório da Funcesi, durante a Conferência Municipal de Assistência Social, o vice-prefeito Marco Antônio Gomes, representando o prefeito Marco Antônio Lage, fez uma declaração que a população de Itabira pode entender assim: a prefeitura, finalmente, está em processo de falência.
O médico Marco Gomes não é nenhum difusor de fofocas, nem gosta de soltar “bombas” no ar, mas engoliu palavras que comprometem a administração, que desconhece governar em cima de coisas públicas, onde a lei prevalece acima de qualquer decisão vinda dos sentimentos. O seu comparecimento ao auditório, repleto de curiosos, já representa que algo complicado está ocorrendo no terceiro andar. Quieto em seu gabinete, Marco Lage só esperava de seu parceiro muita ponderação.
Notícia Seca, os blogs “Notas de um repórter em extinção”, “Zé do Burro e Vice-Versa” e outros repórteres independentes, além do vereador Luiz Carlos de Souza, de Ipoema, vêm repetindo, assiduamente, que a insolvência está próxima de ocorrer na cidade, uma das mais ricas do Brasil Ele, Marco Lage, já ouviu de várias bocas a frase: “O senhor é o maior gastador de dinheiro de todos os tempos”. Certa vez, fi-lo ao telefone e ele tremeu aparentemente.
A causa ninguém duvida: a gastança que tomou conta da Prefeitura de Itabira, principalmente em 2024, ano eleitoral, quando obras e mais obras, pequenas e supérfluas, eleitoreiras, desenrolaram-se no vasto município. O resultado não seria outro, mesmo quando a municipalidade arrecadou, no ano passado, mais de R$ 4 bilhões, notadamente algo acima do esperado, marca estupenda de uma receita quase toda tirada da mineração. Só não quis aceitar, na prática, que a cidade estava caminhando para o caos, mesmo alertado, algo assim que, desde 1942, tinha anúncio da própria mineradora: “Cuidado com a ameaça horripilante do ‘bolsão de pobreza!”’
A SENTENÇA MARCO GOMES
De muita confiança do titular, o reserva Marco Antônio Gomes foi convocado a fazer a abertura da conferência que já requeria corações nas mãos. Todos já sabiam de que se tratava, na verdade, de aceitação de um tiro do prefeito no próprio pé, na esperança de tremular e acertas as partes de cima, como cabeça e peito. Reflita quem sabe ler e pode até ser analfabeto para entender a gravidade das palavras do vice-prefeito:
“Marco é um bom governante. Tem experiência, mas de empresas particulares. Quando se depara com o governo, tudo se faz através das leis. As leis nos impedem muitas coisas que o coração gostaria de fazer”.
(Marco Antônio Gomes na Conferência Municipal de Assistência Social )
— Marco Lage não sabe governar empresa pública, ou seja, uma prefeitura; está, pois fora de função vocacional:
— Marco Lage fez coisas fora das leis, que somente o coração permite fazer; ele trabalha ilegalmente.
— Marco Lage só agiu com o coração e esqueceu as leis.
— Diz o ditado: “Para bom entendedor, meia palavra basta.”
A SENTENÇA VALE
Para complicar, a Vale está arrumando as malas e as gavetas para “tirar o time de campo”. Avisou que até 2041 estará longe daqui. Não aceita ingerência de quem quer que seja em seu processo legal em pleno trabalho de “fechamento de mina”. Tudo isso ainda mostra o pior: os impostos estão em franca recaída. No primeiro trimestre deste ano chegou a uma queda de quase 30%.
O que diz o prefeito? Seus últimos pronunciamentos não condizem com a verdade. Está dizendo que a Vale atrasa o pagamento dos royalties. Não é verdade. Se aqui ocorresse essa falha, noutros municípios mineradores também ocorreria. Foi apurado que o disparo para baixo só ocorre em Itabira. Agora, temos o certo: a Vale não está em bancarrota, o próximo a falir é a Prefeitura. Até os municípios próximos tremem. O prefeito de Itabira não cumpriu o compromisso de ser polo de verdade.
GOVERNO SOCIAL?
Para dar uma pior tonalidade à crise que bate às portas de Itabira, eis que os primeiros cortes de Marco Lage já foram divulgados: “Tiremos R$ 8 milhões de entidades filantrópicas. A Associação de Pais e Amigos de Excepcionas (Apaae) já foi avisada que não terá mais sua verba — cerca de R$ 190 mil. A pretensa saída para a Apaee está sendo espalhar outdoors pela cidade, pedindo ajuda. Dura tarefa.
E vêm mais aí: Conselho Municipal do Bem-Estar do Menor (Combem), Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP) e outras entidades. Na porta da prefeitura, onde teimavam em protestar alguns atingidos pela crise, havia um zum-zum-zum sobre o seguinte tema: “Os primeiros a pagar pela má administração são os ‘pequenos’, os que mais necessitam”.
As respostas aos participantes da triste reunião do dia 4 ficaram na fase de apenas questionamentos:
— Vão enfiar mais dinheiro no Valeriodoce?
— E do xodó do prefeito, as festanças?
— E a obrinhas de inglês ver serão canceladas?
Com a palavra quem queira dar a esta altura da vida em que Itabira começa a provar o pão amassado pelo demônio.
José Sana
Em 06/06/2025
Fotos: Arquivo e Redes Sociais
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