sábado, 7 de setembro de 2013

Que independência é essa?


O grito às margens do Ipiranga realmente aconteceu? “Laços fora, independência ou morte”, disse Dom Pedro I, repercutindo na Colônia e na Metrópole. Segundo os humoristas de plantão, teria sido esse o verdadeiro grito do Imperador, erguendo a espada, como se vê em pinturas esplêndidas espalhadas por aí: “Lanço-a fora (a espada), deficiência no corte!”

Ironia à parte, a independência realmente funcionou na teoria e um pouco na prática, porque mudava o comportamento de um grande país submisso aos seus descobridores. Mas a dependência econômica, inexplicavelmente, continuou. A se considerar rica a terra que tem riquezas do próprio solo e até no fundo do mar, o Brasil seria, àquela altura da história, e mesmo hoje, o país mais rico do mundo.

— Por que não é? — Quantas vezes ouvimos esse questionamento. A resposta da maioria de brasileiros parece unânime: sempre fomos roubados, desde a Colônia até os dias de hoje. Antes, carregaram o nosso ouro, abasteceram Portugal, reconstruiram Lisboa assolada por um terremoto e mandaram para outros países, principalmente a Inglaterra. Hoje, pelo que consta, os políticos são os vilões: além de roubar, deixam de aplicar em nosso futuro.

Então, se pode concluir que independência não é realidade. Talvez ainda possamos falar o que queremos, há a liberdade de expressão. Há forças no ar circulando boatos de uma ditadura por vir. A desconfiança maior vem do cada vez mais paternal socialismo empregado pelo governo na forma de bolsas e outras benesses. Não se tem certeza alguma desse caminhar para uma nova e ainda mais cruel ditadura, mas um aviso aos herois de plantão nunca é demais para que arregalem os olhos o quanto puder.

Algo que, aparentemente pelo menos, choca a nossa soberania são as denúncias de que o Brasil estaria sendo espionado pelos Estados Unidos da América. Todo mundo sabe que há prostituição e tráfico humano avacalhando a vida humana, mas fica encoberta; é verdade que a droga é até uma força econômica, falam em acabar com ela, mas nada se faz objetivamente; há corrupção sendo praticada por minuto ou segundo nas hostes  governamentais e políticas, mas somente discursos em torno do tema são proferidos em lugar da ação de pulso forte.

Obama e Dilma se encontram para resolver o caso da espionagem. Tradicionalmente, os EUA são reconhecidos como espiões. Os próprios filmes americanos contam  casos dessa atividade praticamente normal naquele país. Aqui no Brasil também existe a espionagem. Em todas as cidades de médio porte para cima, quem sabe até nas menores, estão vasculhando as nossas vidas sem o mínimo pudor. Mas ninguém fala, ninguém pia o A.

  
Imagino um encontro entre Dilma e Obama feito na base de intérpretes. Muito cordial. Muito ameno. Ninguém manda o outro à PQP por meio terceirizado. Até muito mais, de acordo com as fotos divulgadas, houve ternura nos contatos entre ambos os governantes. Então, não há o que esperar de sensacional. Obama vai pedir desculpas publicamente, mas a espionagem vai continuar. E acho até que o Brasil nada tem a esconder. Dessa espionagem só podem sair piadas, como os humoristas nunca perdem. Mais um beijinho e tudo acabou. Pode até nascer o amor, quem sabe? Cuidado Michelle!

Enquanto isso, a independência de um país perdeu mais um ligamento com a realidade: entram em nossas vidas particulares sem cerimônia e descobrem amores e ódios que nutrem a vida de um ser humano habitante de país de terceiro mundo. Nada mais a declarar.

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