O
grito às margens do Ipiranga realmente aconteceu? “Laços fora, independência ou
morte”, disse Dom Pedro I, repercutindo na Colônia e na Metrópole. Segundo os
humoristas de plantão, teria sido esse o verdadeiro grito do Imperador,
erguendo a espada, como se vê em pinturas esplêndidas espalhadas por aí:
“Lanço-a fora (a espada), deficiência no corte!”
Ironia
à parte, a independência realmente funcionou na teoria e um pouco na prática,
porque mudava o comportamento de um grande país submisso aos seus
descobridores. Mas a dependência econômica, inexplicavelmente, continuou. A se
considerar rica a terra que tem riquezas do próprio solo e até no fundo do mar,
o Brasil seria, àquela altura da história, e mesmo hoje, o país mais rico do mundo.
—
Por que não é? — Quantas vezes ouvimos esse questionamento. A resposta da
maioria de brasileiros parece unânime: sempre fomos roubados, desde a Colônia
até os dias de hoje. Antes, carregaram o nosso ouro, abasteceram Portugal,
reconstruiram Lisboa assolada por um terremoto e mandaram para outros países,
principalmente a Inglaterra. Hoje, pelo que consta, os políticos são os vilões:
além de roubar, deixam de aplicar em nosso futuro.
Então,
se pode concluir que independência não é realidade. Talvez ainda possamos falar
o que queremos, há a liberdade de expressão. Há forças no ar circulando boatos
de uma ditadura por vir. A desconfiança maior vem do cada vez mais paternal
socialismo empregado pelo governo na forma de bolsas e outras benesses. Não se
tem certeza alguma desse caminhar para uma nova e ainda mais cruel ditadura,
mas um aviso aos herois de plantão nunca é demais para que arregalem os olhos o
quanto puder.
Algo
que, aparentemente pelo menos, choca a nossa soberania são as denúncias de que
o Brasil estaria sendo espionado pelos Estados Unidos da América. Todo mundo
sabe que há prostituição e tráfico humano avacalhando a vida humana, mas fica
encoberta; é verdade que a droga é até uma força econômica, falam em acabar com
ela, mas nada se faz objetivamente; há corrupção sendo praticada por minuto ou
segundo nas hostes governamentais e
políticas, mas somente discursos em torno do tema são proferidos em lugar da
ação de pulso forte.
Obama
e Dilma se encontram para resolver o caso da espionagem. Tradicionalmente, os
EUA são reconhecidos como espiões. Os próprios filmes americanos contam casos dessa atividade praticamente normal
naquele país. Aqui no Brasil também existe a espionagem. Em todas as cidades de
médio porte para cima, quem sabe até nas menores, estão vasculhando as nossas
vidas sem o mínimo pudor. Mas ninguém fala, ninguém pia o A.
Imagino
um encontro entre Dilma e Obama feito na base de intérpretes. Muito cordial.
Muito ameno. Ninguém manda o outro à PQP por meio terceirizado. Até muito mais,
de acordo com as fotos divulgadas, houve ternura nos contatos entre ambos os
governantes. Então, não há o que esperar de sensacional. Obama vai pedir
desculpas publicamente, mas a espionagem vai continuar. E acho até que o Brasil
nada tem a esconder. Dessa espionagem só podem sair piadas, como os humoristas
nunca perdem. Mais um beijinho e tudo acabou. Pode até nascer o amor, quem
sabe? Cuidado Michelle!
Enquanto
isso, a independência de um país perdeu mais um ligamento com a realidade:
entram em nossas vidas particulares sem cerimônia e descobrem amores e ódios
que nutrem a vida de um ser humano habitante de país de terceiro mundo. Nada mais a declarar.
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