Os jogadores de
futebol fazem atividade regenerativa. Treinamento físico sem bola. Corrida em
volta do campo. Dois toques. Treinam bola parada. Coletivo. Treino recreativo.
E tantos outros treinos e atividades que nem sei enumerar agora. Só quero saber
o seguinte: que hora treinam
— Fundamentos teatrais
de futebol,
— Mergulho nos pés do
adversário,
— Atividade de vítima do
marcador,
— Arte de jogar o juiz
contra o público,
— Como dar mil capotadas
no chão,
— A frieza de simular
agressão, faltas e
— Como cavar
penalidades?
Quando um juiz
dá cartão para quem entra na área adversária dando saltos e rodando no chão,
ele e nós pensamos que a palhaçada dentro das quatro linhas já acabou. Mas,
não. De repente, começa tudo de novo, ele se engana redondamente quantas vezes
for preciso para ser chamado de trouxa ou conivente. No futebol de hoje, além
de dribles, tabelas, lançamentos precisos, jogadas geniais, existe a arte de
cavar faltas e fazer expulsar o jogador do outro lado.
Se eu fosse juiz
de futebol daria cartão vermelho para todo jogador que grita, roda, rola, faz
gestos grotescos, ilusionistas e escandalosos
quando choca com o adversário. Pela aparência dessa “vítima” ela deve ser levada imediatamente para o hospital, internada em UTI, enquanto o
“agressor” tem que ser entregue naquele momento ao Delegado de Polícia da
região correspondente ao local da correspondente partida.
Eis o que
acontece depois da cena digna: o sujeito levanta mancando, andando com
dificuldade, ainda praticando o contorcionismo,
depois batendo os pés no chão e, em menos de vinte segundos, dispara no meio da
arena como se nada tivesse ocorrido. Seria neste exato momento que o expulsaria
de campo. Uma cena tão dramática, que chama a atenção de milhares de pessoas, se
convertida em volta cem por cento ao jogo se mostra como uma contundente malandragem
que deve ser punida.
Mas, não. O juiz
pensa que está certo. O adversário que “agride” se revolta. Mas a torcida
“agredida” completa a revolta que exige punição. Depois aparecem os ditos
comentaristas de arbitragem e ainda dizem tranquilamente que o juiz estava
certo, que aquilo foi uma agressão. Dificilmente não caem no conto da
simulação. É o fim, qualquer pessoa normal pensa de si para si.
E
volto ao treinamento desses grandes artistas do malabarismo: que hora eles
treinam atividade enganosa de juízes, narradores, comentaristas e de nós,
pobres mortais que sustentamos a palhacice?
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