segunda-feira, 25 de novembro de 2013

As coisas findas, lindas, também são abençoadas, segundo Drummond



(Discurso proferido por mim na noite de Prêmio DeFato 20 anos, em 23/11/2013, em Itabira)

Ao ser convocado a pronunciar algumas palavras neste evento histórico, perguntei a mim mesmo: o que externar, o que explicar ou o que dizer? Nada mais teria  a acrescentar: a festa não é de quem se afastou, mas daqueles que entram em cena.

Talvez tenha que deixar escrito nesta história a repetição mais que necessária de agradecimentos perenes.

Agradecimento a Deus, sim, não apenas porque permitiu a realização de um sonho bem amplo, do começo ao meio e por estar abençoando o seu desenrolar.

Agradecimento, sim, aos que sempre caminharam ao nosso lado, tanto os colaboradores diretos como outros inimagináveis para os quais não foi possível conhecer a história que ainda se desenrola, principalmente a minha companheira de vida, Marlete, que soube se integrar ao sonho com relativa facilidade e tomar a frente desta obra.

Agradecimento, sim, aos milhares de leitores que chegaram sedentos de informações no transcorrer de quase 18 anos de trabalho incansável, seja na forma não apenas das autoridades regionais, mas do próprio povo que se espalha em mais de uma centena de municípios mineiros. E de continuarem firmes com os nossos sucessores e com eles comemorar esses passados 20 anos de glória.

Agradecimento, sim, aos que acreditaram ou não acreditaram em nossa audácia, de construir um vínculo que pudesse integrar a região, um modo ou meio de atá-la em suportes vindos de cada lugar, cada pedaço, cada anseio e cada proposta ou promessa.
Agradecimento, sim, não para citar nomes dos que além de acreditar, participaram da construção da caminhada.

Para fazer o real e devido agradecimento, não precisamos recorrer aos momentos de alegria ou de tristeza, às lutas ferozes e aos obstáculos que se apresentavam intransponíveis, nem lembrar as melhores reportagens, algumas que duraram até mais de um ano para se redigir um simples lead, ou seja, o início de um texto.

Apenas recorro às regras básicas ditadas pelo empreendedorismo: o primeiro passo é o sonho, o planejamento, a montagem da planilha de trabalho; o passo seguinte é a execução de cada etapa, a colocação em prática desse sonho e o seguir adiante. Mas e um passo indispensável no conjunto de ações, qual seria?

Muitos caminhos foram tentados. Um deles teve como enredo influenciar pelo menos a dois filhos que, no caminho do jornalismo, a principal exigência dessa proposta, assumissem a frente do empreendimento que não poderia, nunca, morrer. Como nem sempre os desígnios nossos se realizam tal como queremos, por tal estrada não foi alcançado o objetivo. Cada filho seguiu o seu caminho, como é próprio de cada um escolher a própria jornada.

Como sem saber a que conclusão chegaríamos, um dia adentrou a minha sala de trabalho uma pessoa que conseguiu fazer com que deixasse de lado uma de minhas inadiáveis  tarefas diárias. E pelo dia e até no limiar da noite surgiu a troca de informações, ideias, pensamentos, no narrar das experiências. Constituiu-se esse um pequeno passo à frente, embora despretensioso. Essa pessoa tem um nome quilométrico, tão grande quanto a confiança que nela depositamos desde o primeiro instante: Kelly Cristina Duarte Eleto Landim. E foi a ela e ao seu irmão, Marcelo Duarte Eleto, que entregamos, confiantemente, o futuro da revista.

Como filho adotivo de Itabira por mais de 45 anos. Como ser completamente entrosado nos costumes e na cultura itabirana. Como amante de seus valores, que são incontáveis, ao encerrar devo citar os nomes dos que seriam dentro das leis naturais, os nossos seguidores.  Kelly e Marcelo Eleto e torná-los responsáveis por várias partes deste projeto, incumbidos de não deixar a peteca cair. Que sigam à frente

Digo que me lembro de uma construção inigualável de Drummond, o representante máximo de nossa cultura no mundo, não pelo final que parece nostálgico, mas muito mais pelo sentido de perenidade dado ao poema

MEMÓRIA

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.


Obrigado.

(Obs.: Este texto foi “enxugado” para se enquadrar nos 3 minutos exigidos para a sua leitura. Mas acabou sendo mais resumido ainda e falado por tópicos, de "improviso")

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