O mundo começou numa verdadeira desordem. Terra, água se
misturando, seres brotando do chão, os primeiros que habitaram o planeta.
Ninguém reparou que desde o passo inicial entrou em vigor várias leis que se
perpetuaram: de transformações e de evolução. Quer dizer que Charles Darwin
tinha mesmo razão, apesar de se passar longos anos ouvindo desaforos e até sendo humilhados. Somente
agora, morto que está, a humanidade o consagra como um grande cientista, talvez
o maior de todos, o que deu mais luzes à descoberta de nossa origem numa época de plena escuridão.
Descendentes ou não do macaco, pouco importa. Só quer dizer que
já fomos hipopótamos, rinocerontes, monstros, macacos e outros bichos, tudo
isso está provado pela ciência, que ainda se debate para concluir como foi o
início, se foi um big-bang ou se existiu mesmo o casal Adão e Eva. Esses tão
econômicos que só tiveram dois filhos. E o pior: dois homens. Piorando mais: um
matou o outro. Haja lógica nessa história, menos real que a da Carocinha, Lalau
Lili e o Lobo, Branca de Neve e os Sete Anões, e a lenda da Mula Sem Cabeça.
Temos que começar do princípio total ou do meio para desvendar a
nossa própria origem? E para saber o que estamos fazendo aqui neste mundo enrolado,
o que devemos fazer? E o que fez este complicado mundo chegar a um ponto cada
vez mais confuso? Eis aí o problemão a que me refiro no título deste texto.
Problemão abandonado, deixado de lado, pouco caso total e absoluto do ser
vivente. Para tornar-se ainda mais misterioso, deixamos o tempo rolar irresponsavelmente.
E cuidamo-nos de tratar das questões de somenos importância, os probleminhas como
brigas, guerras, criar terrorismo, debates desnecessários, perda de tempo,
ingenuidades pouco interessantes.
Se somos pessoas organizadas, ao começarmos o dia, listamos as
ações que precisamos resolver, classificamos todas em lista de mais importantes
ou prioritárias, e partimos para a procura de soluções. Todos acordamos dia
após dia com o problemão, que é, espontaneamente deixado de lado. E, então,
vamos procurando resolver as picuinhas, pagar as contas no banco, comprar
alguma coisa que falta na casa, consertar a fechadura da porta da rua, fazer
revisão do carro, comprar um presente para alguém e por aí vai. Ao chegar ao
final do dia, pegamos a lista feita na parte da manhã e analisamos se todos os
itens tiveram solução e quais os que foram empurrados para o dia seguinte.
E o tempo passa
irreversivelmente, vamos ficando cada vez mais velhos, vêm os cabelos
brancos, as rugas, conseguimos levar os dias e as noites com certa dose de
expectativa sobre o que pode acontecer imediatamente, preocupamo-nos com a
saúde da família e com todas as importantes ou frívolas atividades. Mas não
chegamos ao problemão nem que a onça beba água. Ou se começamos a
pensar a respeito do problemão, logo aparece um amigo ou amiga que diz
algo sobre religião ou falta dela, focaliza os mistérios, fala que a nossa
missão não é essa.
Tudo bem se pensamos que
a nossa incumbência não é resolver o enigma ou pepino ou rabo de foguete. Mas todos sabemos que,
cedo ou tarde, quer queiramos ou não, temos que um dia partir para uma nova
postura porque quem vai desvendar, cedo ou tarde, o mistério mais importante da
humanidade será nós mesmo.
E fim de papo.
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