A festa começou. Que festa? — Alguém pode perguntar. E lá vai a
resposta: da eleição, uai! As pessoas xingam o tal horário eleitoral gratuito,
ou humoral e não entendo o porquê. Olha, esse programa radiofônico ou televisado
é interessante demais. Paro totalmente para vê-lo e ouvi-lo do princípio ao fim.
Ninguém tira a minha atenção. Parece um jogo decisivo do meu time em final de
campeonato. É, sem sombras de dúvidas, o melhor instante de humor que é
apresentado nos dias de hoje. Pena que acaba em breve. Coitados de A Praça é
Nossa, Sai de Baixo ou Zorra Total.
Algum desavisado pode perguntar: o que de engraçado ocorre nesses
horários de propaganda política? É fácil responder. Primeiramente, a cara de
alguns candidatos que querem, antes de tudo, chamar a atenção. Dificilmente
aparece aquele ou aquela que poderia ser
chamado de gente de boa aparência. Existem muitos engraçados. Em segundo lugar,
é de se perceber a facilidade com que
cada pretendente a deputado se esnoba na numerosidade dos problemas que são
anunciados e na facilidade apresentada como
solução dos desafios.
As promessas, que aparecem a seguir, são mesmo uma avacalhação de
doer. Diante delas, os candidatos dizem: se prometer, riem de mim, se não prometer,
me criticam. Um dito cujo candidato prometeu dar casas para todos os
desabrigados deste país. Pela grandiosidade da promessa, fez lembrar o eterno
candidato a prefeito e a deputado, Nelson Thibau, que anunciou a chegada do mar a Belo Horizonte. Numa de suas épicas
empreitadas, construiu um navio e o instalou na Lagoa da Pampulha. Não ganhou,
não trouxe o mar. Pelo menos se livrou de uma espalhafatosa promessa.
Um amigo nosso ligou de uma cidadezinha por aí em que a energia
elétrica estava dando black-out diariamente e
até no dia do comício. O candidato a deputado chegou a dizer do palanque
e com solene eloquência o seguinte: “Um dia depois de minha posse eu aqui virei
e aqui eu darei a luz”. Eu mesmo entendi: “... darei à luz”. E um caipira,
fumando o seu cigarrinho de palha, soltou um rugido ao pé de ouvidos ali
presentes: “Esses caras pra entrar na política topam qualquer negócio.”
Outro amigo sugeriu que iria atrás de um candidato e proporia a ele
o seguinte: “Você pega o microfone, estufa o peito, enche o pulmão de ar e
solta a frase mais interessante dessa
jornada eleitoral.” A frase sugestiva é: “Sou candidato e não tenho vergonha em
dizer. Entro na política somente para levar vantagem. Prometo roubar do primeiro ao
último dia de mandato. Muito obrigado”. Quem ouviu a ideia saiu deslumbrado e
achou-a uma forma inteligente de conquistar o voto com galhardia e honestidade.
No horário eleitoral, rimos de graça. Por exemplo, os nomes dos
candidatos, na maioria, são engraçadíssimos. É de dar dor de barriga. Até o
momento, selecionei alguns, que compartilho com vocês: Botelho Pinto Duran, Zé
Macedo Acorda Cedo, Buchudo, Cara de Hambúrger, Hilda da Maçã do Amor, Hilda
Furacão, Ronaldinho Cover, Lucas de Lima do Amor Sem Fim, Mestre Drácula,
Mestre Dejair Canibal, Cosme Barack Obama, Pão Torrado, Osama Bin Laden e Nego
Jiboia.
Em Itabira, um publicitário me disse que a campanha está muito
fria, considerando que estamos a pouco
mais de um mês do pleito eleitoral. Realmente, tudo frio, mesmo com a
proximidade da primavera. E qual a razão? Não há polarização na cidade,
enquanto a campanha tem sido limpa, sem ataques e insinuações. Minto. Hoje me
entregaram na rua um panfleto em que não se faz campanha para ninguém, mas que
prega o voto contra alguém subentendido. Nesses casos, incrivelmente, o tiro pode
sair pela culatra.
Então, concluindo: o horário eleitoral gratuito é coisa boa, sim.
Dá para cada um ver, nos olhos dos novos ou velhos políticos, a vontade de fazer
alguma coisa pelo bem-estar geral de nosso
município, estado ou país. Se rir faz bem à saúde, em 6 de outubro
estaremos todos tão saudáveis quanto um índio de Carmésia ou um havaiano de filme.
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