sábado, 9 de agosto de 2014

Cadê o legado da Copa?



E cada momento que abro o facebook em pequenos intervalos sempre há uma surpresa agradável ou o contrário, mais o contrário do que de satisfação, me atropelando no computador. Desta vez era um neocomunista, deste regime já considerado espécime em extinção na floresta dos erros do mundo. Ele não me chamava em nome do partido de Marx, mas, despistadamente,  pelo PT Lulista, ou Dilmista, que queria falar bem da Copa do Mundo. Olha, que precipitação: o evento acabava de ser aberto em São Paulo mas, para amenizar talvez as vaias que ensurdeceram o Itaquerão, segundo intempestuoso Luiz Inácio, eram da “elite branca”, o seguidor de Lênin e Starlin, soltou a sua análise precipitada: “José Sana, venha ver aqui em BH o sucesso da Copa do Mundo!”

O que era o sucesso apregoado por ele? Apenas a sua co-relação com a Capital dos Mineiros, que estava em júbilo incontido por causa da volta de sua liberdade de viver. Enfim, todo mundo podia sair às ruas, avenidas e praças à vontade, gritar nomes de países,  empunhar bandeiras de todas e quaisquer cores e não havia ladrões, pivetes, malandros, seja o que for de ruim para incomodar. A imprensa noticiava e as pessoas confirmavam: vinte mil policiais estavam perambulando pelas esquinas e garantindo esse bem-estar do belo-horizontino e dos visitantes, de ambos os sexos. A partir de então, na calada da noite, havia algum  trabalho da polícia, sim, mas com colombianos, chilenos e argentinos, uma multidão calculada em 160 mil turistas, a maioria pobre ou miserável, atraída pela fama de corrupto e desorganizado que o Brasil segue distribuindo no mundo da fama.

O convite do “meu caro fulano de tal” para ir a Belo Horizonte já tinha sido experimentado várias vezes por mim pois, vizinho da Capital, estou e estive sempre no centro das atenções mineiras. E sabia, também, que aquilo era um fogo de palha, se bem que chegamos a comentar o seguinte: bem poderiam os poderes públicos deixar que os  20 mil policiais continuassem nos protegendo pois, afinal, a segurança pública é um dever intocável e inalienável do Estado. Em outras postagens, o dito cujo “caro fulano de tal” continuava batendo na mesma tecla. A sua tropa toda, que assimilava ordens vindas de “blogueiros”, segundo o também “caro” Ramiz Bretas, usava de forma insistente no estilo “água morna em pedra dura”, ou mais especificamente “mil mentiras repetidas viram uma grande verdade”, a regra do nazifascismo, abocanhada pelo comunismo, seus desafios que eram assim intitulados #nãovaitercopa ou #vaitercopa. Ah, que Copa cara!

Este foi, então, o primeiro legado da Copa do Mundo no Brasil: segurança nas ruas. Até uma semana depois do jogo final foi, sim, o grande legado. Mas, em seguida, ocorreu uma inversão de resultados: tornou-se drama para todos, não só belo-horizontinos, mas brasileiros, o direito de ir e vir pelas vias públicas de nosso pobre-rico país voltou a ser cassado inapelavelmente. Aí estão os resultados: mais assaltos à mão armada, mais furtos, mais mortes, mais medo, mais horror. Nada bom, complete-se, muito antes pelo contrário. E nós voltamos a ser múmias neste país galopadamente desgovernado.

Também na Copa ficou claro que não era o torneio mais importante do mundo do futebol. Os preços não tinham acessibilidade nem pela classe média. Esse sofrido maior aglomerado de gente e famílias, o mais atropelado por  impostos e taxas abusivos, os utilizou, sim, mas com compras por longínqua antecipação e por jogos insignificantes.  Por isso, não foi difícil ao incauto Lula da Silva chamar de “elite branca” todo o Itaquerão que dirigiu uma vaia histórica à presidenta brasileira, enroscada quase debaixo de uma mesa ao lado do presidente da Fifa, ou melhor, verdadeiro presidente do Brasil naquele momento, já que era ele o todo-poderoso da pátria amada, idolatrada, salve, salve. O legado dos preços altos serviu para continuar no fraco futebol brasileiro, que não sabia  também que era um legado inesquecível.

Uns dias antes da Copa, tive que ir a São Paulo e passei debaixo de alguns viadutos na Avenida Dom Pedro I, região da Pampulha, para alcançar embarque no Aeroporto de Confins. Naturalmente, não sabia que um desses elevados cairia sobre pessoas inocentes, matando duas e ferindo dezenas. Uma pergunta do leitor: “Mas o que o viaduto da Pedro I tem a ver com a Copa do Mundo? Simples e fácil: ele foi uma das centenas de obras espalhadas por este Brasil gigante, praticamente todas feitas a toque de pressa, correria e pressão de um tal Jerome Valcke, o secretário das cacetadas dadas e por vezes recuadas na incompetência eterna brasileira.

Investigações e perícias procuram os culpados da queda do viaduto, um velho costume brasileiro. Sempre assim: todos sabem quais são os culpados, mas precisam engambelar, enrolar, tapear, então, chamam para os cansativos interrogatórios aqueles pobrezinhos faxineiros, auxiliares de nada, poia assim ganham tempo e a população cai em mais uma cilada. Pois é. Sabiam o exato nome do responsável pelo Mensalão, mas esse continua blindado. Ora, ora, o governo precisava  de votos a favor no  Parlamento, então, a solução encontrada foi adquirir, a preço de dólares pagos mensalmente, a consciência dos eleitos pela burrice popular. O real, incontestável, insofismável, interessado era o senhor Presidente da República Federativa do Brasil. Ele é quem governa e ele é quem precisa de votos para nadar em águas mansas, fazer o que quer, pular em cima de normas e fechar os olhos para as senhoras irregularidades. Até hoje ficam cutucando os responsáveis, até prenderam os subchefes, mas o real responsável continua blindado. Ele até faz como aquele freguês de boteco que não pagou a conta e ainda quer o troco, ao afirmar que “o Mensalão nunca existiu.” Vejam bem: ele é o Doutor Não Sabe de Nada, mas, inesperadamente, se torna o Doutor Sabe de Tudo, imperceptivelmente. Pobre-rico Brasil!

Alguém pode pensar que me desviei do assunto, juro que os catadores de equívocos estão até gemendo pela minha puríssima metonímia. E quero ficar no mesmo assunto: investigam o assunto e o responsável inarredável chama-se pressa por incompetência. As obras brasileiras tiveram sete anos de prazo, que cujo prazo daria para construir e deu para seis estádios que agora são elefantes brancos, mas porque era um viaduto, candidato a ruir, ah, esse não tem problema. E ruiu a tal obra, então escorada, feita  talvez com  tijolo de cimento, aqueles que só conseguem ser mais intocáveis como tijolos de papel. O legado da Copa em BH passa a ser, também, o custo de bilhões de um viaduto que precisa ser reconstruído e que, talvez pensem os incautos, será reerguido com dinheiro da empresa que cometeu a irregularidade determinada pela gerência geral da Copa do Mundo. O legado é o seguinte: nós, povo brasileiro, vamos pagar tudo, já que a origem do dinheiro é o PAC, de que a digníssima presidenta é a sua caríssima mãe.

São muitos os legados dessa maldita Copa do Mundo e, infelizmente,  todos negativos. Diria, por exemplo, a venda de bebida alcoólica nos estádios. O povo sente a pusilanimidade de nossos poderes ao permitirem que tal prática, super proibida durante o dia a dia normal, se torne um fato comum, ou seja, todos podem beber, encharcar-se, babar em cima das camisas na Copa do Mundo. Fora dela, aí não, a bebida é recado do diabo, provoca brigas, absurdos e até mortes. O legado é o seguinte: não se pode mais beber nos estádios, nem uma gota de líquido tirado de dentro dos bombons de luxo, o que leva todos a pensar o seguinte: que autoridades submissas ao dinheiro, ao mais forte, ao poder, mesmo que corrompido!

Para encerrar, apenas um legado que ainda não calhou na cabeça de nossas autoridades futebolísticas: os treinadores que militam na pátria amada são cegos, mudos, surdos e mancam de uma perna. Como diz sempre em sua coluna no jornal Estado de Minas, o mui lido Jaeci Carvalho, os chamados técnicos de futebol do Brasil apenas ganham altos salários e quanto mais dispensados são melhor novo emprego encontram em outro clube. Para gerar outro legado que bem poderia ser positivo, levamos uma lavagem de goleada da Alemanha na semifinal, a cuja etapa jamais deveríamos ter chegado e ali estávamos graças a um único lance praticado pelo futebolista Fred: ele caiu na área para o juiz marcar pênalti contra a Croácia. Depois foi o empate injusto com o México e a decisão em penalidades máximas com o Chile. Alemanha 7 x Brasil 1, a maior goleada em Copa do Mundo, principalmente levada por um anfitrião. Que vergonha!

Finalmente, vamos recapitular: não temos Segurança, não temos Saúde, não temos Educação e não temos Esperança. Porquanto, não tivemos Copa. Alguém tem alguma contestação às minhas palavras, que não venha com afirmativas politiqueiras, sem eira nem beira.

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