Desde as mais remotas
eras os presos das cadeias públicas brasileiras comentavam
entre si: “Estamos aqui por causa de meia dúzia de galinhas que roubamos e
fulano de tal roubou milhões e continua solto”. Apesar do choro, que é livre,
ninguém ouviu as lamúrias dos pobres-coitados. Os tempos passaram, pelo menos
deixaram uma saída para os condenados de hoje.
Dizem que avançam as
investigações da tal Lava a Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa
dos pré-condenados, que a inteligência popular brasileira sabe quem são, se
alicerça de várias formas. Primeiro, nomearam um tal de Dias Toffoli para
presidir o julgamento do STF. É a mesma história do galinheiro, cuja tomadora
de conta, a Senhora Raposa, jamais oferece segurança, nem para as galinhas e
galos, nem para os amantes das aves indefesas.
A outra defesa dos
futuros réus é mais uma escapatória: “Já que estão mexendo aqui, então vamos
fazer uma limpeza geral”. Querem dizer, se não pegarmos todos os bandidos não
haverá bandidos. Essa é de amargar. Como
dói! Dói mais que a última estrofe de Carlos Drummond de Andrade em
Confidências do Itabirano. Ah, os ladrões de galinhas reclamaram faz tempo, mas
somente agora lhes dão ouvidos? Convém cair no golpe do joão-sem-braço?
Assim caminha a humanidade:
pequei, errei, cometi absurdos, mas vou pagar se todos pagarem. Se não houver
uma unanimidade de condenações, estou livre, absolvido, sem culpa alguma.Bem,
convenhamos afirmar que aqui o mundo é imperfeito e cheio de defeitos. Não tem
como esperar endireitá-lo para proceder ao julgamento. Em outras palavras, não
existe agora clima para um Juízo Final. E Juízo Final não é com a gente aqui
neste buraco negro.
Na área política
existe mais um obstáculo que os novos condenados mencionam. Muito simples e
todos aceitamos estas alegações: bandido não pode julgar bandido. E mais uma
que destrona a idéia do “todos condenados” e cito-a me lembrando de palavras de
um ex-juiz de Direito de Itabira: “A Justiça só age de ofício”. Quer dizer, o
julgamento é dos fatos conhecidos, denunciados, colocados ao alcance dos
tribunais, que fazem parte do processo e não de possíveis defeitos humanos
tomados num todo.
Então, fica assim o
que queria dizer por hoje: deixem as águas rolar. É provável que o Brasil
continue como está. Provável e o pior: se perdoarem os atuais corruptos que,
por exemplo, quebraram literalmente a Petrobras, haverá uma desvairada corrida
para a sujeira ainda mais alucinada. Lama sobre lama. E o que mais nos ameaça a
esta altura do tempo sabem o que é? A grande divulgação internacional sobre o
que está ocorrendo no Brasil. Antes, lia eu jornais de vários países, como Le
Monde e Le Figaro, da França; El País, da Espanha; Clarín, da Argentina,
Corriere Della Serra, da Itália: New York Times, dos EUA; BBC, da Inglaterra;
Correio da Manhã, de Portugal e muitos outros que nada falavam do Brasil. Agora
somos alvo de piadas e da chacota por milhares de órgãos de imprensa do mundo todo. É triste, viram?
Cada um que procure
melhorar a si próprio, porque somente assim alcançaremos o futuro esperado. Mas
não vamos esperar esses gloriosos dias para darmos o golpe já falado, o do
joão-sem-braço. Muito cômodo e golpista esperar todos melhorarem
para julgar a manada toda. Sendo assim, teríamos que acabar com os presídios e
as cadeias do baixo meretriz. Seria uma
bagunça mais que geral. Um salve-se sem puder de arregaçar a vida de todos.
Isso não! Alto lá!
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