terça-feira, 17 de março de 2015

UM PAPO MUITO ANTIGO: O GOLPE DO JOÃO-SEM-BRAÇO

Desde as mais remotas eras  os  presos das cadeias públicas brasileiras comentavam entre si: “Estamos aqui por causa de meia dúzia de galinhas que roubamos e fulano de tal roubou milhões e continua solto”. Apesar do choro, que é livre, ninguém ouviu as lamúrias dos pobres-coitados. Os tempos passaram, pelo menos deixaram uma saída para os condenados de hoje.

Dizem que avançam as investigações da tal Lava a Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa dos pré-condenados, que a inteligência popular brasileira sabe quem são, se alicerça de várias formas. Primeiro, nomearam um tal de Dias Toffoli para presidir o julgamento do STF. É a mesma história do galinheiro, cuja tomadora de conta, a Senhora Raposa, jamais oferece segurança, nem para as galinhas e galos, nem para os amantes das aves indefesas.

A outra defesa dos futuros réus é mais uma escapatória: “Já que estão mexendo aqui, então vamos fazer uma limpeza geral”. Querem dizer, se não pegarmos todos os bandidos não haverá bandidos. Essa  é de amargar. Como dói! Dói mais que a última estrofe de Carlos Drummond de Andrade em Confidências do Itabirano. Ah, os ladrões de galinhas reclamaram faz tempo, mas somente agora lhes dão ouvidos? Convém cair no golpe do joão-sem-braço?

Assim caminha a humanidade: pequei, errei, cometi absurdos, mas vou pagar se todos pagarem. Se não houver uma unanimidade de condenações, estou livre, absolvido, sem culpa alguma.Bem, convenhamos afirmar que aqui o mundo é imperfeito e cheio de defeitos. Não tem como esperar endireitá-lo para proceder ao julgamento. Em outras palavras, não existe agora clima para um Juízo Final. E Juízo Final não é com a gente aqui neste buraco negro.

Na área política existe mais um obstáculo que os novos condenados mencionam. Muito simples e todos aceitamos estas alegações: bandido não pode julgar bandido. E mais uma que destrona a idéia do “todos condenados” e cito-a me lembrando de palavras de um ex-juiz de Direito de Itabira: “A Justiça só age de ofício”. Quer dizer, o julgamento é dos fatos conhecidos, denunciados, colocados ao alcance dos tribunais, que fazem parte do processo e não de possíveis defeitos humanos tomados num todo.

Então, fica assim o que queria dizer por hoje: deixem as águas rolar. É provável que o Brasil continue como está. Provável e o pior: se perdoarem os atuais corruptos que, por exemplo, quebraram literalmente a Petrobras, haverá uma desvairada corrida para a sujeira ainda mais alucinada. Lama sobre lama. E o que mais nos ameaça a esta altura do tempo sabem o que é? A grande divulgação internacional sobre o que está ocorrendo no Brasil. Antes, lia eu jornais de vários países, como Le Monde e Le Figaro, da França; El País, da Espanha; Clarín, da Argentina, Corriere Della Serra, da Itália: New York Times, dos EUA; BBC, da Inglaterra; Correio da Manhã, de Portugal e muitos outros que  nada falavam do Brasil. Agora somos alvo de piadas e da chacota por milhares de órgãos de imprensa do mundo todo. É triste, viram?


Cada um que procure melhorar a si próprio, porque somente assim alcançaremos o futuro esperado. Mas não vamos esperar esses gloriosos dias para darmos o golpe já falado, o do joão-sem-braço. Muito cômodo e golpista esperar  todos  melhorarem para julgar a manada toda. Sendo assim, teríamos que acabar com os presídios e as cadeias do baixo  meretriz. Seria uma bagunça mais que geral. Um salve-se sem puder de arregaçar a vida de todos. Isso não! Alto lá!

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