sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

EM NOME DA PAZ AGORA E SEMPRE

Não há mais espaço para contar a história macabra do campo de futebol de minha terra, São Sebastião do Rio Preto. Digo macabra porque o meu vocabulário não tem outra expressão mais condizente com as matanças de esperança que ocorreram nesse filme de terror. Se aparecer por aí um escritor anônimo ou não que queira escrever um livro sobre o tema, será um bom assunto para contar parte da história triste são-sebastianense. Por isso, vou resumir em apenas um tópico: uma fábula verdadeira de dois réus e quatro vítimas. Réus: Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e Prefeitura de São Sebastião do Rio Preto; vítimas: comunidade local, São Sebastião Futebol Clube, mocidade e o futuro.

Mas vamos colocar um ponto final em alguns desses dramas porque, no dia 1º de março, data de aniversário da cidade, deverá ser reinaugurado o campo, originário de doação de meu avô Godofredo Cândido de Almeida (fato que me dá alguma autoridade para escrever por minha família – além de outros netos, há dois filhos em plena consciência, graças a Deus –) denominado por lei, de autoria do prefeito Luiz Gonzaga de Almeida, Estádio Dr. João Rodrigues de Moura.

Posso dizer aqui que o crime contra as vítimas citadas tem praticamente dez anos de vigência, paciência e tortura. Uma tortura silenciosa, que eliminou duas gerações de adolescentes e jovens, que se abstiveram de praticar o esporte no praticamente único local para tal na cidade. Quantos se descambaram para as drogas por falta de lazer? Não se sabe. Levando em consideração que o futebol no Brasil é um passo para alguém ser famoso e rico, quantos não puderam mostrar o seu talento no campo que já contou com bons jogadores noutros tempos? Não se sabe. Destruído o palco do esporte pelo DER, a Prefeitura teve mais que paciência para tolerar a imposição sobre o  nosso terreno, demorou a tomar decisões e, no final, finalizou um trabalho que foi interrompido por uma empreiteira. Sem esclarecimentos, nem há pistas de como e onde a Prefeitura conseguiu verbas para concluir a obra. A Anglo American participou com um valor que acabou sendo insuficiente.

A data de reinauguração está marcada? Nada oficial e nem se sabe o motivo porque faltam somente dez dias para a “festa”. Escrevi “festa”, mas pergunto: será que haverá festa? Festa de quê? Comemoração? Não acredito. Creio, sim, que deveria haver um ato público de “Solicitação Oficial de Perdão” às vítimas desse crime para mim hediondo que se cometeu contra as vítimas já citadas. Para explicar o crime, deixo para outra ocasião, caso haja a necessidade ou a obrigação de fazê-lo. Mas, se preciso for,  irei aos tribunais para defender o que afirmo: crime hediondo, não prescrito no nosso Código Penal, mas com todas as características que um bom advogado poderia, sim, enquadrar.

Mas o momento é de agradecimentos – e há tempo para preparar o programa da “festa”, já que faltam dez dias e ainda não foi feito  – a gratidão não pode faltar.  Primeiramente, a José Eugênio Gonçalves, que, além de exercer as funções cumulativas de presidente da Câmara Municipal e secretário Municipal de Obras, fez tudo pela reconstrução da obra. Esse moço teve uma reunião com a Diretoria do SSFC, na minha presença e da saudosa Raimunda Almeida Dias, em sua casa, ela como membro do Conselho Consultivo. Na reunião, prometeu o seguinte: quando tudo estiver regularizado, ou o campo pronto, devolve ao clube o registro de sua propriedade que foi indevida mas reconhecidamente passado em nome da Municipalidade sem o conhecimento e a participação do verdadeiro dono do terreno.

E outros agradecimentos, até mesmo a Anglo American que, na verdade, com o problema nada tem a ver, apesar de ter, sim, outras dívidas,  tanto sobre a passagem de carretas nas ruas como do mineroduto que não traz progresso. Poderia ser uma estrada de ferro, não? Mas agora não é hora de tratarmos de problemas vencidos. Acertos são outros e, alguém vai ter que explicar na hora certa o porquê de construir arquibancadas detrás do campo e não numa das laterais. Vejam bem: em todos os jogos de profissionais, os preços de ingressos atrás das traves são a metade do preço, sinal de que a  localização feita não é a melhor. E nós, torcida, nada merecemos?

Só isto basta para concluir este mal traçado texto. Sem polêmica, como se fosse um escrivão de Paz, instalo a paz. Que a verdade seja sempre dita e respeitada e que a nossa terra se livre para sempre da terrível politicagem que a persegue e trava o seu caminho rumo ao progresso. E assino.

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