Não
há mais espaço para contar a história macabra do campo de futebol de minha
terra, São Sebastião do Rio Preto. Digo macabra porque o meu vocabulário não
tem outra expressão mais condizente com as matanças de esperança que ocorreram
nesse filme de terror. Se aparecer por aí um escritor anônimo ou não que queira
escrever um livro sobre o tema, será um bom assunto para contar parte da
história triste são-sebastianense. Por isso, vou resumir em apenas um tópico:
uma fábula verdadeira de dois réus e quatro vítimas. Réus: Departamento de
Estradas de Rodagem (DER) e Prefeitura de São Sebastião do Rio Preto; vítimas:
comunidade local, São Sebastião Futebol Clube, mocidade e o futuro.
Mas
vamos colocar um ponto final em alguns desses dramas porque, no dia 1º de
março, data de aniversário da cidade, deverá ser reinaugurado o campo, originário
de doação de meu avô Godofredo Cândido de Almeida (fato que me dá alguma
autoridade para escrever por minha família – além de outros netos, há dois
filhos em plena consciência, graças a Deus –) denominado por lei, de autoria do
prefeito Luiz Gonzaga de Almeida, Estádio Dr. João Rodrigues de Moura.
Posso
dizer aqui que o crime contra as vítimas citadas tem praticamente dez anos de
vigência, paciência e tortura. Uma tortura silenciosa, que eliminou duas
gerações de adolescentes e jovens, que se abstiveram de praticar o esporte no
praticamente único local para tal na cidade. Quantos se descambaram para as
drogas por falta de lazer? Não se sabe. Levando em consideração que o futebol
no Brasil é um passo para alguém ser famoso e rico, quantos não puderam mostrar
o seu talento no campo que já contou com bons jogadores noutros tempos? Não se
sabe. Destruído o palco do esporte pelo DER, a Prefeitura teve mais que
paciência para tolerar a imposição sobre o
nosso terreno, demorou a tomar decisões e, no final, finalizou um
trabalho que foi interrompido por uma empreiteira. Sem esclarecimentos, nem há
pistas de como e onde a Prefeitura conseguiu verbas para concluir a obra. A
Anglo American participou com um valor que acabou sendo insuficiente.
A
data de reinauguração está marcada? Nada oficial e nem se sabe o motivo porque
faltam somente dez dias para a “festa”. Escrevi “festa”, mas pergunto: será que
haverá festa? Festa de quê? Comemoração? Não acredito. Creio, sim, que deveria
haver um ato público de “Solicitação Oficial de Perdão” às vítimas desse crime
para mim hediondo que se cometeu contra as vítimas já citadas. Para explicar o crime,
deixo para outra ocasião, caso haja a necessidade ou a obrigação de fazê-lo.
Mas, se preciso for, irei aos tribunais
para defender o que afirmo: crime hediondo, não prescrito no nosso Código
Penal, mas com todas as características que um bom advogado poderia, sim, enquadrar.
Mas
o momento é de agradecimentos – e há tempo para preparar o programa da “festa”,
já que faltam dez dias e ainda não foi feito – a gratidão não pode faltar. Primeiramente, a José Eugênio Gonçalves, que, além
de exercer as funções cumulativas de presidente da Câmara Municipal e
secretário Municipal de Obras, fez tudo pela reconstrução da obra. Esse moço
teve uma reunião com a Diretoria do SSFC, na minha presença e da saudosa
Raimunda Almeida Dias, em sua casa, ela como membro do Conselho Consultivo. Na
reunião, prometeu o seguinte: quando tudo estiver regularizado, ou o campo
pronto, devolve ao clube o registro de sua propriedade que foi indevida mas
reconhecidamente passado em nome da Municipalidade sem o conhecimento e a
participação do verdadeiro dono do terreno.
E
outros agradecimentos, até mesmo a Anglo American que, na verdade, com o
problema nada tem a ver, apesar de ter, sim, outras dívidas, tanto sobre a passagem de carretas nas ruas
como do mineroduto que não traz progresso. Poderia ser uma estrada de ferro,
não? Mas agora não é hora de tratarmos de problemas vencidos. Acertos são
outros e, alguém vai ter que explicar na hora certa o porquê de construir
arquibancadas detrás do campo e não numa das laterais. Vejam bem: em todos os
jogos de profissionais, os preços de ingressos atrás das traves são a metade do
preço, sinal de que a localização feita
não é a melhor. E nós, torcida, nada merecemos?
Só
isto basta para concluir este mal traçado texto. Sem polêmica, como se fosse
um escrivão de Paz, instalo a paz. Que a verdade seja sempre dita e respeitada
e que a nossa terra se livre para sempre da terrível politicagem que a persegue
e trava o seu caminho rumo ao progresso. E assino.
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