De
vez em quando sou surpreendido por um
conhecido ou até mesmo desconhecido no meio da rua. São muitos esses
surpreendentes cidadãos, de todas as religiões e times de futebol, que exalam
humor negro ou de A Vida é Bela. Alguns aparecem-me como assombração (daqueles
de Machado de Assis ao descrever o horror da meia noite) com uma lista dos que
morreram, outros dos nascidos. Uns declinam nomes de sobreviventes e outros de
uma vida nova e cheia de luz. A maioria, contudo, traz uma resma de reclamações
contra mim e contra tudo. Uma delas com a seguinte pergunta: “Por que você
escreve pouco ou quase nada sobre política partidária municipal?” Olha, sei
responder, mas fico mudo por uns tempos, a voz embargada dá tempo de meu
interlocutor fugir no meio do povo na sua dura missão de atravessar uma rua que
tem mais veículos que gente.
Como
a mudez segue em frente e o cliente exasperado desaparece (hoje em dia ninguém
quer ouvir ninguém, só falar), resolvo manifestar aqui a minha explicação.
Primeiro, quero dizer que, ao me afastar da função jornalística desisti de
fazer politicagem de boteco e esquina. De repente, entro na politicagem
nacional por força de uma necessidade imperiosa. Ao farejar, ver, sentir e
apalpar essa obrigação de engajamento ao sentido pátrio do termo, recordo-me
que na ditadura militar brasileira fui um atacante de ponta-esquerda e ao mesmo
tempo uma vítima. Não sofri repressões imediatas como se podia prever nos fatos
que aconteciam e se repetiam, mas tive uma pena imputada e que até hoje me
rende ação contra uma empresa.
Ao
me lembrar dos fatos que começaram a se suceder em 1964, digo de mim para
mim:
que
saudade tenho do Armando Bello! Prejuízo inestimável a sua partida prematura.
Já disse isso, inclusive numa reunião do Rotary Clube de Itabira, que me
agraciou com um troféu honrosamente emoldurado no nome dele. Armando combatia
noite e dia o comunismo como se esse comunismo estivesse ali na primeira
esquina. Fernando Silva e eu ríamos dele numa diversão que levava horas de
debates.
Como,
numa época anterior, o meu MDB era apenas contra o militarismo, não avaliei o
que fosse uma simples ditadura. Um dia, porém, ele me convenceu. Foi tanto o
convencimento que um ex-professor, catedrático, PHD, se exasperou comigo com a
seguinte frase: “Retiro todas as notas máximas que lhe dei nos trabalhos
acadêmicos, tanto em graduação quanto em pós-graduação, se você continuar
escrevendo essas baboseiras sobre comunismo!”
Mais
tarde, constrangido, se explicou: “Qualquer ameaça de comunismo no Brasil, os
Estados Unidos intervêm, não permitem que ocorra aqui”. Mas discordei e
cortamos relações políticas durante uns dois anos. O golpe de estado que está
se armando contra o Brasil é sorrateiro, em conta-gotas e começou oficialmente
com a edição do Foro de São Paulo, em 1990, documento assinado por Fidel Castro
e Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, ou melhor, a partir do primeiro
mandato de Lula, até mesmo os céticos já ouviram o ex-presidente explicar e
detalhar os planos chamados de “Projeto do PT” que nos conduzem de olhos
vendados ao fim do mundo. Logo em seguida, enfileiram atos lentos e gradativos
no rumo da ditadura comunista, notadamente os mais incisivos assinados pela atual
presidente, Dilma Rousseff, muitos doutrinados pelo dinossauro Franklin Martins.
Não vou me alongar nesta tentativa de convencimento. Receito a leitura de um
importante livro que ensina e alerta (CARVALHO, Olavo de (2013); O mínimo que você precisa saber para não ser
um idiota. São Paulo: Editora Record, 615 p.).
O
que me intriga de fato é a existência dos que ousam reclamar de mim, quando, a
maioria, condena o chamado “golpe” por uns e “revolução” por outros, de 1964, e
nem percebem uma conspiração silenciosa ocorrendo neste PPP (País da Piada Pronta,
criação inteligente do José Simão) e de
estúpidos pseudoletrados, ou supostos intelectuais, rumo ao
socialismo/comunismo (que são a mesma bizarrice), que degola a população, como
estava sendo feito na Argentina e foi interrompido recentemente por Maurício
Macri e em processo de extinção na Venezuela, pequeno-rico país que se tornou,
em olhar incrédulo, uma pobre-coitada nação em que faltam até pastas de
dentifrício e papel higiênico, para não dizer o essencial.
Amarga
incoerência: ser contra a ditadura militar que não era comunista e a favor de
uma fabricante de lambedores de rapadura
que são os povos conhecidos da América Latina, aos quais essa nossa futura
ditadura ainda tem o descaro de enviar bilhões de dólares e de euros para
cumprir os desígnios do maldito Foro de São Paulo.
O
Brasil está à beira do comunismo, construído paulatinamente, às custas de uma paciência
de Jó, com uma esperança da miséria total. As diferenças dos golpes são: de
direita, na cara, imediato, como foi o de 1964; de esquerda, traidor, vagaroso,
falsamente conduzido, como agora. Neste momento, indescritíveis escândalos de
corrupção se escancaram às nossas vistas e bolsos, há uma pressa sendo imposta
pelo petismo para acelerar a tomada do poder. E, então, a amada democracia
escorre por água abaixo, queira ou não queira, não vê quem não quer. Mais
desastrosa que corrupção, a falta dela abre caminhos para infinitos assaltos na
calada dos decretos, MPs e até leis.
Se o
que tento explicar do fundo do coração sincero não é entendido, vai o último
apelo: basta a quem tem um mínimo de consciência e inteligência para ver a
teoria e prática do que foi feito neste atual (des) governo e o que deu como
resultado. Assim, está aí o meu desafio, a começar por Itabira, a que prometo
me dedicar quando o pior for evitado: agora ou nunca contra as filosofias
malogradas mundo afora. Nunca antes neste mundo nenhum regime da natureza
dessas doutrinas criminosas deu certo. Nem Engels nem Marx, nem Lênin nem
Stálin, nem Fidel nem Chávez! E não serão heróis os incapacitados Lula e Dilma!
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