AMOR A
TODO VAPOR E
DOR A TODO
CALOR
(Capítulo
7)
.— Vocês
estão ouvindo a Rádio Cata Prego, 95,7 FM e estamos no ar com o programa “Prego
no Sapato e no Coração”. Bom dia, ouvintes! Hoje, 14 de setembro de 2009,
segunda-feira. Que vocês tenham um excelente início de semana.
Esta
a voz do locutor Nielsen José que, de segunda a sexta-feira, é líder de audiência
no seu horário. O disc-jockey também é grande amigo de Karen que, quando pode,
o ouve até esperando que decline o seu nome. Afinal, quem não gosta de ser
lembrado? Sempre um abraço, como este agora:
—
Alô, Karen Helena, pessoa feliz, menina ligada no programa. A você um abraço e
muito grato por aumentar a nossa audiência.
Por
perto, as colegas de Karen sorriem e uma ou outra resolve perguntar, admirada:
—
Que felicidade é essa, hein Karen?
— Eu
sempre sou feliz. Quando a felicidade não vem, eu vou atrás dela. — retrucou
sorrindo a balconista da loja especializada em moda feminina. E o trabalho
continua. Karen em pleno horário de trabalho e com alguns clientes sendo
atendidos, outros aguardando atendimento.
Os
comentários, mais frequentes às segundas-feiras, prosseguem entre fregueses da loja
e vez por outra na voz de Nielsen José,
quase sempre se referem aos graves acidentes que ocorrem na BR-132, que requer
duplicação. Algumas pessoas dizem que a obra foi iniciada. Mas, não, é apenas
engambelo, “enrolo”, para diminuir a revolta do povo. Mais uma vez pessoas da
cidade, muito conhecidas, perdem a vida ou são gravemente feridas na tenebrosa
estrada que liga também os cata-preguistas à capital. Uma das clientes da loja,
Maria do Rosário, traz nomes de pessoas e famílias que viveram dramas no último
fim de semana.
A
emissora também trata de problemas sentimentais, de coisas do coração. Abraços e mais abraços de Fulana para Beltrano.
“Maria oferece a José a melodia que vamos tocar agora e manda um recado:
‘venha me ver que estou com saudade’, e me faço de cupido” — floreia o
jovem radialista muito ouvido na terra do sol quente sem mar, isto é, de Minas
Gerais. Há comentários sobre textos nos sites locais e o horóscopo do dia
paralisa várias pessoas para ouvir. É assim: desligam as máquinas de lavar
roupa, as enceradeiras ou os liquidificadores que, por ventura estejam
funcionando. A maioria, mulheres, diz que, ora não acredita nas previsões, ora
comenta: “Meu Deus! Hoje deu certinho pra mim!”
A
notícia mais esperada do dia não sairia divulgada no rádio, pois consistia na concretizada transferência de Marcos
Aurélio, de João Pessoa para Pinhais, ou seja, do Nordeste ao Sul do País.
— Ele está aqui bem pertinho de nós,
Karen! Agora você pode vir vê-lo.
—
Que nada, Nieta! Você me faz de boba. Estive olhando no “Google” e constatei
que a distância ficou praticamente a mesma coisa. Então, estou feliz porque ele
teve uma melhora salarial e ainda mudou de clima, se é que estava saturado do
calor de sua terra.
— No detalhe clima, acredite, ele se
assustou, mas isso passa. Aqui é um pouco frio para ele, que já adquiriu umas
blusas. Que tal você dar a ele de presente um blusão de couro? —
cutucou a amiga cupido.
—
Boa ideia! Vou ver o preço aqui e você veja aí pra mim. Onde for mais barato e
melhor nós compramos.
— OK.
E em
breve, questão de duas horas e meia de intervalo, já estavam as duas com preços
nas mãos.
—
Achei um modelo aqui que custa caro demais, Nieta!
— Quanto?
— Você não acredita: R$ 550,00, a que achei
mais bonita.
—
Nossa! Aqui é muito mais barato, apenas R$ 425,00 e mercadoria
excelente.
— Então eu faço a transferência de depósito
para você e você compra aí mesmo! Me mande a foto dela pelo Zap-Zap ou inbox. E
também os dados de sua conta bancária.
Tudo
foi feito e, em pouco tempo a transferência de valores estava realizada.
Agora
o telefonema de agradecimento, tarde da noite, como sempre:
— Alô, querida Karen!
—
Oi, Marquinhos!
— Que lindo!
— O que lindo?
—
Você me chamar de Marquinho, ô xente!.
— Uai, pode me chamar de Karinha.
—
Tá, Karinha! Que lindo o blusão de couro que me enviou!
— Gostou?
—
Se gostei! Acabo de receber o seu presente. Nem era para me dar presente
fora de época. Meu aniversário é em
maio, o Dia dos Namorados em junho...
— É um presente de Natal adiantado.
— Quero te ver lindo vestindo esse blusão!
—
Vou esperar você aqui.
—
Combinado, Marquinhos! Vou aí, sim, estou combinando tudo com Nieta. Espero que
ela cumpra comigo e iremos em fevereiro.Um beijo!
— Ela me disse. Vou ficar esperando. Mil
beijos!
O
namoro de Karen com Marcos Aurélio já caminhava para completar, em mês de
fevereiro, um ano de profícua existência. Ambos mostravam-se felizes e havia
uma expectativa muito forte para o tal encontro que planejavam. Apesar da
expectativa, existia um controle feito até por Dona Querenina, mãe de Karen:
— Se
eu fosse você esperaria um pouco mais de tempo para conhecer esse rapaz.
E
Karen jamais discordava, pois via a mãe com todas as virtudes brilhantes e
desejáveis. Contudo, Querenina não deixava de amenizar o seu palpite:
— Só
quero que você seja feliz, desejo-lhe o melhor.
—
Sempre concordei com a senhora, Mãe, mas conhecer o namorado é a primeira
necessidade de um relacionamento amoroso, não acha?. Como vou continuar
trocando mensagens com ele, já nos gostamos muito, mas sem nos encontrarmos?
—
Não, filha, você está certa. Espero que faça o melhor! Isso foi o que disse.
A
história continuava. O telefone, se não tocasse ao meio-dia e quarenta e cinco
minutos, hora do almoço, chegavam mensagens via MSN. E na hora de dormir. Todo
dia e toda noite, sem uma falta só, mesmo que ocorresse imprevisto chegaria
imediatamente, justificativa, como: estava sem internet ou linha de celular;
tive que me ausentar; precisei ir a um evento. As justificativas eram de ambas
as partes. Ninguém falhava. Brigas? Não, nunca, pelo menos até essa altura do
tempo. As fotos passaram a ser trocadas com mais frequência e foi por isso que,
Karen conversava a respeito de uma imagem que mandou: ela estava ao lado de
dois colegas de trabalho, dois rapazes. Comentou com a amiga Nancy, esposa de
Nielsen:
—
Ele fez um monte de perguntas sobre o Carlos e o Jerônimo, que trabalham na
loja.
E
Nancy:
— Já
começou o ciúme! Tomara que não siga à frente.
Chegou
o Natal e fizeram uma festa particular pelo telefone. Karen, que só bebe sucos,
nem refrigerante aceita, fez um caprichado de laranja com adoçante, enquanto
Marcos, do lado de lá da linha, abriu uma garrafa de vinho. Ele já está morando
em Pinhais há duas semanas. O seu amigo Geraldo, namorado de Antonieta,
preparou tudo e agora moram juntos num apartamento. Pagam aluguel, mas estão na
expectativa de receber o apartamento do senhor Joaquim, pai de Marcos Aurélio.
Ele está sendo pintado.
Também
a família de Marcos já estava quase toda no Sul, mais precisamente em Curitiba:
Seu Joaquim e Dona Francisca, mãe e pai dele. Coincidência ou não, os pais de
Marcos já tinham imóveis no Sul, tanto em Curitiba quanto em Pinhais e também
em Londrina. Um desses estava destinado ao Marcos e o amigo Geraldo. Mudariam
mais tarde. Joaquim, aposentado, mas ainda empresário forte, vive de alugueis
também, com imóveis em João Pessoa e em Recife, além de outros empreendimentos
de loteamento e fábricas de “sei lá o que”, como diz Antonieta, que sempre completava:.
“Um bem de vida ou bom da boca”, difundia, afirmando que Karen deu sorte até em
entrar para uma família simples e rica. Seu Joaquim, autêntico cabeça chata da
Paraíba, sempre desejou e conseguiu trabalhar no Sul por causa do clima e de um
ambiente mais adequado econômica e financeiramente. Os outros filhos, irmãos de
Marcos, dois rapazes e uma moça, ficaram na Paraíba por enquanto.
Os
namoradinhos falavam em casamento. Sim. Assunto de todas as conversas. Em
formar família. Apesar dos três filhos de Karen com Enéias, ela, com quase 35
anos, queria pelo menos um casal para completar a sua felicidade. Com encontro
marcado para daqui a apenas um mês, Karen acabava de receber uma surpresa pelo
Correios: a famosa “aliança de compromisso”, que gera uma expressão assim no
Facebook: “em um relacionamento muito sério”.
Além
da aliança de prata, chegou uma foto de Marcos com Karen, que ela agradeceu
surpresa, assim: “Meu gato, já estamos juntos! Que este sonho se realize!” Obra
de um amigo de Marcos, foi feita uma montagem via photoshop e postada na página de ambos. E era nada mais, nada menos
que os dois abraçados à beira de uma cachoeira. Paisagem indescritível ao
fundo. Nunca tanta sede de amor desfilou pelas páginas internacionais do
Facebook, se bem que trocadas apenas entre duas pessoas. Estamos ainda em
janeiro e a expectativa do encontro deixava Karen de coração batendo mais
forte. Quando abriu o seu Face, em Pinhais, já tarde da noite, o paraibano não
se conteve ao ler que era o gato e que
estava junto da gatinha, se inspirou, em forma de agradecimento, por naquele
momento, e postou a mensagem:
“Te
amo. Com todas as letras, palavras e pronúncias. Em todas as línguas e
sotaques. Em todos os sentidos e jeitos. Com todas as circunstâncias e motivos.
Simplesmente, te amo” — assinado: Marcos Aurélio.
Nunca, em todo o quase um ano de namoro Karen se emocionou tanto. Chorou. As
lágrimas faziam curvas no seu rosto arredondado como se não estivessem querendo
cair. Ela não se conteve. Dona Querenina entrou no seu quarto e viu aqueles
olhos vermelhos:
— O
que é isso, minha filha? O que aconteceu?
—
Nada, Mãe! É uma mensagem linda que recebi aqui. Depois mostro à senhora.
Preciso aproveitar o momento de inspiração e ver se consigo dar resposta.
E a
resposta não tardou: “Que não faltem bons sentimentos. Que nos falte egoísmo.
Que nos sobre paciência. Que não nos falte esperança. Que cada caminho
escolhido nos reserve boas surpresas. Que cada um de nós saiba ouvir cada
conselho dado por uma pessoa mais velha. Que não nos falte vontade de sorrir.
Que nenhum de nós se esqueça da força que possui. Que não falte fé e amor.”
Assinado: Karen Helena. Depois disso, aliviada pelo susto de uma bater forte no
peito, dormiu como um anjo faria, segundo dizeres das mais cândidas amigas.
Mas
vem o imprevisível, nos últimos tempos rondando a vida de Karen. Foi o
seguinte: Marcos não quis telefonar, alegou que estava muito ocupado com a nova
mudança e encarregou a sua amiga Antonieta de resolver o assunto. Assim:
— Karinha, minha filha, tenho uma
notícia para você. Nem o Marcos quis dá-la de primeira mão!
— Meu Deus, o que aconteceu? Diga logo porque o
meu coração bate muito forte!
—
Acalme-se! É o seguinte...
E a
ligação caiu. Demora de uns dez minutos e novamente o telefone toca:
— Alô!!! Essa porcaria de operadora de
telefonia celular está me dando raiva — esbravejou Antonieta lá das terras de
Pinhais.
— Me
diga logo, antes que caia a ligação de novo, Nieta!
— É o seguinte: a empresa em que Marcos
trabalha o convidou ou o promoveu a fazer um estágio em Portugal. Ele ainda não
deu a resposta, mas quer que você se inteire do assunto e dê o seu palpite.
—
Nossaaaaaaa! Que loucura! Estávamos pensando em uma ida aí em fevereiro, na
data de comemoração de um ano de namoro. Não é possível!
—
Olha, Karinha querida, ele vai conversar com você. Pediu-me apenas para
preparar a sua cabeça. Ele vai telefonar-lhe hoje mesmo, à noite, e expor a
situação. Pelo que ele me disse, a resposta será sua. Marcos quer ouvir a sua
opinião.
—
Tudo bem. Vou aguardar. Quem sabe ele muda de ideia, né?
— Ou lhe mostra um planejamento mais
interessante. Que tal vocês morarem em Portugal?
—
Não sei não, viu? Tenho a minha família, a vida pra mim está mudando muito
rapidamente, estou me assimilando, mas mudar de país agora não é meu desejo.
Despediram-se
com Karen completamente muda, olhando para o teto, as pessoas fitam-na naquela
hora de almoço também assustadas, cada uma com uma cor diferente. Wilton avança
sobre ela:
— O
que foi, Mãe?
—
Nada! Vamos almoçar, querido!
Para
aliviá-la — quem sabe! — entra em ação num parêntese, a famosa conselheira particular,
a Onça Parda, lá da terrinha chamada Zumbeta e falar de amor. Mas logo uma
onça? Ela, que aparece muito pouco, pelo menos é frequente nas ocasiões que
ocorrem as emoções. E ela defende o amor incondicionalmente. Diz com euforia e
autoridade: “Os brutos também amam”. E o intermediário desta descrição
passional pergunta: “Dona Onça Parda, isso é nome de filme”. A resposta da
selvagem: “Certo, correto, concordo. E se refere a um ser humano brutalizado.
Como sou uma declarada feroz e selvagem, digo que entro no lugar do principal
personagem, que é humano que se transforma”. Assim, a onça quer dizer que o
amor existe entre os animais irracionais assim como os racionais, que se
propõem a ser realmente humanos. Graças às palavras do segundo maior felídeo
neotropical, menor apenas que a onça-pintada, pode ser esclarecido que amar por
correspondência ou online também é
amar. Depois de deixar a sua mensagem, a Onça Parda fecha o parêntese e se
despede.
Chega
a noite fatídica e Karen não tinha mais paciência de aguardar o chamado de
Marcos. Mas, finalmente, lá pras dez da noite, a ligação ocorre:
—
Alô, Karinha!
—
Alô, Marquinhos! Não aguento mais esperar. O que está acontecendo? Antonieta me massacrou com uma
notícia que acaba com a nossa possibilidade de nos ver em fevereiro. Você não
pode fazer isso comigo! Vem cá, pelo amor de Deus!
—
Não, meu amor! Vou viajar para Portugal amanhã. É uma oportunidade que nunca mais
terei na vida. Vou trabalhar numa empresa em sistema de treinamento e ao mesmo
tempo de monitoria. Ou seja, vou ensinar e aprender. Nada está selado como
definitivo sobre ficar lá ou não. Faço-lhe uma
promessa: já conversei por telefone com diretores da empresa e eles autorizaram
a minha vinda em fevereiro ao Brasil. Então, desde já, adianto a você que o
nosso encontro não está adiado. Palavra de honra que estarei aqui no país com
você.
Foi
um alívio para Karen que está cada vez mais apaixonada. Deixava transparecer,
embora dissesse pouco. E aí estão as maravilhas acontecendo. Falta o quê?
Logicamente, a promessa do encontro. Anteriormente, o dia 13 de fevereiro tinha
sido marcado, agendado. Onde seria? Os detalhes iriam ser acertados mais na
véspera. Agora o que interessava é que dois pombinhos seriam soltos em algum
lugar de Belo Horizonte, ou Cata Prego, ou onde fosse, até mesmo no Jardim
Zoológico.
Uma vida
toda mudada. Karen nada queria mais na vida fazer, principalmente naqueles
dias. Uma expectativa que não a deixava concentrar-se sequer no trabalho. Dia
desses deu um troco errado para uma cliente na loja. Sorte que era amiga dela e
também honesta. Seria um prejuízo para si própria, pois o caixa diário não
fecharia. A menina tentava se concentrar, mas não conseguia.
Outra
vez foi a uma lanchonete no centro da cidade e pediu um suco e uns salgadinhos.
Depois um chocolate — como ela ama essa
guloseima! Ao sair, não pagou a despesa. Em compensação, esqueceu a bolsa numa
cadeira. A movimentação de clientes na lanchonete ainda permitiu um milagre:
uma garçonete pegou a bolsa e guardou. Junto dela estava a “comanda”. A bolsa
foi aberta e lá estão, de cara, documentos de Karen. Em poucos minutos, ela
recebe um telefonema. Era do local em que havia lanchado. Imediatamente, ela
retorna e lá paga a despesa.
—
Meu Deus, não sei o que está acontecendo comigo! — exclama com a balconista e a
caixa.
—
Fique tranquila, moça, você é de confiança! — essa a resposta que recebeu.
Conversas
todos os dias. Desta vez internacionais. Falavam mais por mensagens escritas.
Acertaram, finalmente: 13 de setembro, domingo, à tarde, Marcos chegaria ao
Aeroporto Presidente Tancredo Neves, em Confins, região de Belo Horizonte. Só
faltava confirmar a hora da chegada. Grande dia seria. Ela de aliança de
compromisso e esperando que ele chegasse assim também. Haveria um abraço e um
beijo cinematográficos. Karen já conhecia Confins de algumas viagens. Queria ir
lá sozinha, mas Antonieta se adiantou e disse que iria com o seu namorado
Geraldo Bonifácio.
Nas
conversas entraram as belezas de Lisboa. O rapaz estava, parecia, também
apaixonado pela terra de Camões e Fernando Pessoa. Lá ele conheceu grandes
paisagens e se encantou com a educação do português. Não era um povo de que
diziam absurdos como, por exemplo, piadas. E estava programando passear um dia
com Karen nas cidades próximas, como Aparecida, de que ouvia falar belezas e
mais belezas. Ele católico meio relapso e Karen mais dedicada um pouco, achava
que gostariam de passar pelo menos algumas horas na cidade, distante cerca de
100 quilômetros. Ele descrevia as belezas de Portugal para a namorada, ao
telefone. Aos poucos ela começava a gostar, também da cidade.
Contudo,
vai chegando a hora do casal no Brasil. Hoje é 10 de fevereiro de 2010. O
telefone toca e Karen se precipita para atender, atropelando cadeiras e mesas.
A voz do lado de lá é de Antonieta, cujo zunido desaparece num segundo. Karen
repõe o aparelho no gancho. Espera tocar novamente. Não toca. Resolve discar o
número de Antonieta. Telefone ocupado, é o sinal que recebe. De novo no gancho,
o telefone fixo da casa de Dona Querenina não toca mais. “Cadê o meu celular?”
Wilton, seu filho, corre ao seu quarto onde ele toca também. Atende-o e dispara escadaria abaixo para entregá-lo
à mãe. Karen diz um alô quase afônico, já que aquele momento estava um tanto
quanto tenso. Antonieta dá uma informação do lado de lá.
E Karen emudece. Esfria. O que
aconteceu? Não acredita. Olha para cima e para os lados procurando constatar se
era mesmo verdade a notícia que recebia. Nem um pio sai de sua boca. Respiração
funda começa a chorar.
— Meu Deus! — só isso diz e parece
desmaiar no sofá. Silêncio...
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